Unapologetic escrita por oakenshield


Capítulo 36
Apátridas


Notas iniciais do capítulo

Vocês não me disseram do que acharam da minha ideia para uma segunda temporada, então creio que seja um não. Bom, eu ainda aguardarei os comentários, tanto positivos quanto negativos. Eu gostaria muito de saber a opinião de vocês para saber se devo continuar ou não.



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Francis bate a porta de Hana já no fim do dia.

– O que você faz aqui? - ela pergunta, fechando o casaco ao redor de si. - Meu marido está aqui.

– Eu vim avisar que estou indo embora.

A ruiva fica surpresa.

– Mas por quê?

– Katerina sabe onde eu moro. Se algum dia ela quiser me procurar, ela sabe onde me encontrar.

Hana resiste ao impulso de contar a ele que a irmã está grávida e que tem cinquenta porcento de chances de ele ser o pai. Esse segredo não é dela para revelá-lo para quem quiser. Ela não contou nem para Don e guardar isso dele havia sido difícil, mas ela estava conseguindo.

Há duas semanas que Katerina descobriu que estava grávida por um teste de farmácia. No dia seguinte as irmãs foram até a médica e fizeram o exame de sangue, mas o resultado foi o mesmo: grávida. E ela estava grávida de dois meses, o mesmo período do casamento, o que anulava a suspeita de Hana de que poderia haver um terceiro envolvido na história. Certa vez ela flagrou Katerina sussurrando com Michael pelos corredores, um sempre muito próximo do outro... Ela desconfiou, mas a sua suspeita se dissipou com o teste.

– Se você acha que assim é melhor... - ela consegue dizer. - Faça boa uma boa viagem.

– Obrigado por tudo - ele agradece. - Pela sua vontade de me ajudar, mas estou começando a achar que o meu caso não tem solução.

– Tudo tem solução - ela diz, tocando-lhe o rosto. - As coisas vão dar certo no final.

Hana lhe dá um beijo na bochecha e os dois se despedem com uma reverência curta. É verdade que nas últimas semanas eles haviam se aproximado bastante a fim de aproximar Francis e Katerina. Hana poderia até chegar a considerá-lo como um aliado, mas ainda não como um amigo. Por mais que ele tenha confiado a ela o seu passado, Hana não sabia se poderia fazer o mesmo.

Sendo assim, ela adentrou o seu quarto e deitou ao lado do seu marido, fingindo que nunca havia levantado.

+++

Katerina andava nervosa nas últimas duas semanas. Francis havia lhe pedido mais uma vez perdão e mais uma vez ela o negou. Erik estava sendo carinhoso demais com ela e a ruiva estava começando a desconfiar disso. As reuniões aconteciam com mais frequência, havia assuntos de estado para ser resolvido, visitas a obras de caridade para se fazer e ainda tinha a sua gravidez inesperada...

– Então, Majestade?

– Oi - ela diz, balançando a cabeça. - Me desculpem. O quê?

– Lembra que a senhora convocou o chefe dos Apátridas? - o Primeiro Conselheiro. - Ele não veio, mas eles mandaram um grupo de juramentados.

– Quem? - ela pergunta. - Eu quero nomes.

– Eles estão nas masmorras, Majestade.

– Quem mandou colocarem meus convidados nas masmorras?

– Lorde Archiberz.

Ela fuzila Joffrey.

– Eu não sabia que ainda tinha interesse em falar com aqueles selvagens do norte, Majestade.

– Pois saiba que eu tenho. Dê a eles um quarto privado com banheiro, comida e depois peça a eles para me encontrarem na sala de reuniões do terceiro andar em uma hora - ela olha para todos os Conselheiros. - Esta reunião está encerrada.

Katerina foi para o seu quarto trocar de roupa. Ela sempre soube que a população do norte era muito humilde e ela não queria ostentar as suas roupas feitas sob medida e nem as suas joias encomendadas.

Sendo assim, ela coloca um vestido vermelho carmim liso, apenas com alguns detalhes em dourado na região da cintura, onde o vestido tomara-que-caia abria-se. Ela tirou a coroa da rainha e pediu para as criadas fazerem uma trança de lado nos seus cabelos ruivos. Katerina tira os seus brincos e a única joia que ela usa é o anel com o selo de Frömming: o leão imponente com a juba em tons avermelhados e com o rugido na ponta dos lábios. Os Archiberz são conhecidos pela sua linhagem de ruivos, então o leão com a típica juba dourada foi adaptado para a juba avermelhada, como se estivesse pegando fogo.

Katerina ajeitava o vestido no corpo quando Erik entrou nos aposentos reais. Ele a abraçou por trás e lhe deu um beijo na bochecha.

– Onde você está indo?

– Tenho uma reunião com os Apátridas - ela murmura para que as criadas não ouçam. É claro que ela confia nas três, mas assuntos de estados não devem ser revelados. - Você gostaria de me acompanhar?

– É claro - ele a puxa pela mão para fora do quarto. - Em qual sala será?

– Na do terceiro andar.

Nervosa, ela caminha com Erik até lá.

+++

Ao entrar na sala de reuniões, Katerina se deparou com jovens, algo inesperado. Ela esperava homens fortes de trinta anos, não homens e mulheres na faixa dos vinte. E o pior de tudo era que ela conhecia cada um deles.

As memórias vieram fortes e dolorosas como pedradas e tudo voltou a sua mente de uma forma muito clara.

Dois anos atrás

Katerina usava a coroa prateada cravejada em diamantes da princesa com um vestido preto aberto nas costas e com as mangas compridas em tule escuro. Ela encontrou com pessoas importantes de Meurer, a maior cidade do norte de Frömming. O Senhor de Meurer, lorde de todas as terras do norte, recebeu a Katerina e Joffrey Archiberz com um caloroso cumprimento.

Estavam presentes o Senhor de Meurer Vincent Fieldmann; o Primeiro Conselheiro Robert McNaughton, o Duque Conrad Beckering, o Marquês Herbert Duninghan e o Conde Frederick Whitmore. Os homens mais importantes do norte estavam reunidos em um lugar com o Regente Joffrey Archiberz e a princesa herdeira Katerina.

Juntos deles estavam os treinadores do Programa Militar Intensivo: Joshua Duninghan, Amber e Tyler Whitmore e Savannah Huddington. O PMI funciona a cada cinco anos, um programa onde os jovens do norte de dezesseis a vinte e cinco anos passam por uma prova, onde os vinte melhores são selecionados para participar de em um treinamento de três meses, onde suas habilidades físicas e psicológicas serão testadas para ver se eles estão aptos a assumir patentes militares ou qualquer outra posição alta na sociedade nortista. Em época de guerra, o norte fornecia soldados para defender Frömming.

Todos estavam reunidos em uma sala no alto com um vidro de proteção, visualizando os testes finais dos jovens. Aquelas pessoas devem ter a idade de Katerina e vê-los todos tão fortes, portando armas de forma tão imponente a deixava com uma pitada de inveja.

Uma garota a chamou atenção. Ela é alta, sua pele é bem bronzeada e seus cabelos são castanhos escuros e lisos, enquanto seus olhos são castanhos esverdeados e ela não exibe nenhum sorriso.

Amber Whitmore, uma garota tão loira e pálida que parece um fantasma, beija Joshua Duninghan de forma sensual. Katerina não deixa de notar o olhar fixo da garota morena nos dois. Ela pega uma faca e mira no alvo a sua frente, que é um boneco humano de papel.

– Qual é o nome dela? - a princesa pergunta.

– Melanie Hemingski - o Senhor de Meurer responde. - É a garota mais pobre do programa. A encontramos nas ruas.

Para Katerina, aquilo foi um comentário preconceituoso. Ela viu um certo desprezo nos olhos de Vincent e o repudiou desde o primeiro momento por isso.

– Ela é boa?

– Nunca a vi - ele diz, dando de ombros.

– Ela é - Joshua Duninghan entra na conversa. - É a melhor garota do programa. Ouso a dizer que é a melhor participante deste ano.

– Já conversei uma vez com a garota depois do treinamento - o pai de Joshua, Herbert, confirma. - A garota é realmente muito boa não só no treinamento, mas de cabeça também.

Katerina também nota o olhar fixo de Joshua na garota. Seus olhos azuis escuros brilham e gotas de suor começam a surgir na testa dele, deixando seus cabelos loiros mais escuros. Ele está nervoso.

Quando a primeira faca da garota acerta o centro do alvo, ele esboça um sorriso contido. Ele está orgulhoso dela.

Melanie vira de costas e gira para a esquerda, jogando a faca e acertando no círculo do meio, depois vira para a direita sem nem ter tempo de esperar e lança a segunda faca. Por último, ela fica de frente e joga a quarta faca.

– Ela é muito boa - ela concorda.

Amber volta a beija Joshua. Katerina sente fome e se levanta para pegar um pedaço do carneiro assado na mesa dos fundos, quando ouve um estrondo de vidro quebrando e logo em seguida sente seu braço latejar.

– Argh! - ela geme e olha para o braço e vê o sangue ensopando o tule. A faca lançada por Melanie está cravada na parede e Katerina a olha rapidamente, com raiva. Apesar disso, ela vê pesar nos olhos da garota.

Eu sinto muito, ela vê os lábios da garota se mexerem sem som algum e depois ela é carregada por seguranças para fora.

– Katerina - Joffrey vem até ela.

– Está tudo bem - ela diz. - Só precisarei fechar. Está tudo bem.

Ela olha para Vincent.

– Não culpe a garota. Não a quero presa.

– Mas ela a atacou.

Katerina olha para Amber rapidamente e sente que Joshua entendeu o porquê de tudo, assim como a ruiva.

– Não foi culpa dela. Apenas não a prenda, ok? Nem a expulse do programa. Ela é boa demais para voltar para as ruas. Em um guerra ela seria a nossa melhor arma. Quem imagina que em Frömming garotas bonitas recebem treinamento militar assim? Melanie é a nossa melhor chance.

Dias atuais

E hoje ali estava ela: Melanie. Junto dela Joshua Duninghan; Hillary Fieldmann, primogênita do Senhor de Meurer; Savannah Huddington, uma das treinadoras do PMI e outros treinandos do programa que ela não reconhecia, mas lembrava de seus rostos.

– Então vocês vieram - ela diz, se sentando na cadeira da ponta de veludo vermelho. - Vocês fizeram a melhor escolha.

– Fomos amordaçados, acorrentados e jogados nas masmorras por dois dias - Melanie se manifesta. - Não sei se foi a melhor escolha.

Erik se senta na outra cadeira da ponta, na extremidade oposta da mesa. Ele fica em silêncio na maior parte do tempo, deixando Katerina tomar as decisões sobre o seu país. Ela admira isso nele.

– Este ocorrido não foi mandado por mim - Katerina fala. - Eu não sabia que vocês estavam aqui. Espero que levem isto em consideração e perdoem os nossos seguranças. Eles prezam primeiramente pelo meu bem-estar.

– Nós viemos em busca de um acordo - Joshua fala.

– Sim?

– Queremos Joffrey preso.

– Mas... - Katerina se sente confusa. - Ele não era o chefe de vocês?

– Quando sua mãe fugiu foi a gota d'água para nós. Joffrey não possui mais o poder para nos liderar, pois ele queria nos usar para ficar no poder. Boa parte dos nossos morreu em invasões como no seu aniversário e no casamento de Michael. Tivemos várias pessoas fugindo das nossas instalações por medo da morte. Nós lutamos por uma causa justa e não para manter um corrupto no poder.

– Por quais causas vocês lutam?

– Queremos melhorias para o norte - Savannah, a treinadora de cabelos liláses diz pela primeira vez. - Na saúde, na moradia e na educação. Também queremos acabar com o PMI.

Katerina dá risada da última parte.

– As primeira condições eu posso atender, agora acabar com o programa? Isso é impossível. Nós precisamos dele.

– Nossos segredos mais íntimos são revelados para os treinadores durante a época do PMI - Melanie fala. - Nós queremos privacidade.

– Quando você decidiu fazer a prova, você sabia que isso aconteceria. Todos vocês assinaram um contrato.

– As coisas não funcionam assim, Majestade - um homem de cabelos escuros e olhos azuis fala. É o filho de Robert McNaughton, é impossível não reconhecê-lo. - Há muitas coisas erradas acontecendo lá.

– Eu e Erik nos casamos para assinar a paz entre Frömming e Ahnmach. Apesar disso, nosso país ainda tem uma rixa com Altulle impossível de ser esquecida. Se uma guerra eclodir teremos o apoio de Ahnmach e de Las Mees, mas Hahle com certeza ficará ao lado de Altulle. Somos fortes, mas os outros dois países são grandes. Precisaremos de soldados, pessoas treinadas para isso. O PMI será o nosso ataque surpresa. Nenhum outro país sabe dele, por isso o implantamos no extremo norte, para não sermos descobertos.

– O norte é terrível - Hillary, a filha de Vincent, se manifesta. - O frio durante o inverno é de matar e o verão é apenas uma trégua passageira, pois ainda é frio. As pessoas pobres não recebem ajuda alguma do governo, vivem em bairros pobres e cortiços, não tem acesso à educação e a saúde pública é tão precária quanto de um país emergente. O meu pai não faz nada pelos necessitados e eu me juntei aos Apátridas com o intuito de poder conversar com a senhora sobre isso. Eu quero melhorias para o meu povo.

A garota pálida tem os cabelos escuros lisos e os olhos azuis escuros. Ela esboça um sorriso com seus lábios carnudos e avermelhados.

– Majestade, a senhora deve entender isto melhor do que ninguém. Enquanto o seu tio reinava e a senhora não podia fazer nada para ajudar as pessoas a quem queria, aos necessitados que clamam por ajuda, mas que nunca a recebem.

Sim, Katerina era a que mais entendia isso, mas ela não podia...

– Os nortistas também são o meu povo e eu farei o que estiver ao meu alcance para ajudá-los, mas eu não posso acabar com o PMI, porque os sulistas também são o meu povo e a guerra se aproxima, nós precisamos dos soldados.

– Eles mataram Beatrice e Benjamin - Melanie rosna. - Eles entraram na nossa mente e expuseram os nossos segredos para todos, eles riram nas nossas costas, nos usaram para matar os Apátridas e ainda nos torturaram. Nós cansamos disso, queremos a nossa liberdade.


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Notas finais do capítulo

As coisas não estão ficando mais fáceis. Os Apátridas finalmente deram as caras e ao longo do tempo vocês poderão saber mais sobre os rebeldes nortistas.



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