Um mês antes

– A garota não vai abrir a boca - Robert McNaughton murmura para Vincent. - Ela é fiel demais a aqueles merdas. Todos eles são.

– Ainda não acredito que esses imundos fizeram uma lavagem cerebral na minha filha - Vincent rosna. - Esses Apátridas malditos, Hillary era a minha herdeira! Christopher tem três anos e aprendeu a escrever semana passada. Uma guerra vai eclodir e eu posso morrer a qualquer momento. O que vai ser do norte sem os Fieldmann no poder?

– Sua filha vai colocar aqueles manipuladores no poder, com certeza - Robert opina. - Como Primeiro Conselheiro de Meurer, eu não posso deixar isso acontecer, senhor. Eu o sirvo de todo o meu coração, mas fui juramentado a cidade de Meurer. Eu devo defender a minha nação acima de tudo e se a sua filha não acordar a tempo...

– Nós faremos isso por ela - Vincent diz. - Mataremos todos.

– Como? - Robert pergunta, curioso.

– Carrick Hillbrand ainda está nas masmorras?

– Há uma semana. O capturamos desviando remédios do hospital para a ralé. Parece que o inventor da famosa pomada milagrosa é um homem solidário.

– Kalxifor - Vincent murmura - é a prova de como a medicina no norte é avançada. Carrick é um gênio, mas não tem ambição. A sua generosidade o condenou.

– O que o senhor está pensando em fazer?

Melanie Hemingski ouve tudo em silêncio com as mãos amarradas ao pé da cama. Vincent Fieldmann sorri sarcasticamente para ela e a morena já sabe que ele está com mais um dos seus planos malignos na cabeça.

– Já acabamos com Apátridas suficientes no momento. Eles querem proteger o povo? Então vamos fazer com que eles percam o grande trunfo.

– Desculpe, senhor, mas estou confuso...

Vincent olha para Robert, descontente pelo atraso do subordinado. Apesar disso, ele volta a sorrir quando diz:

– Mande Carrick preparar os antídotos para os nobres conseguirem pagar por eles - o Senhor de Meurer olha para Melanie pelo canto do olho. - A praga está de volta.

Dias atuais

– É um assunto delicado - Erik se manifesta depois de um tempo em silêncio -, mas nós devemos pensar em um bem maior e não no bem de um grupo de rebeldes.

– Eu concordo - Katerina fala. - Se acabarmos com o PMI estaremos colocando um país inteiro em risco. Eu não posso deixar que mais pessoas sofram por caprichos.

– A senhora já visitou o norte? - Melanie pergunta e antes que Katerina possa responder, a morena continua: - Não a parte rica do norte, mas o verdadeiro norte. Setores de produção, dos operários e dos menos favorecidos? O inverno é tão rigoroso que a mais leve tempestade de neve arranca o telhado das casas de madeira. Tive a sorte de viver durante muito tempo em uma casa boa em um setor de classe média, mas tive o azar de cruzar o caminho de Vincent Fieldmann. Tudo de ruim que aconteceu naquela país é culpa daquele homem e nós queremos mudar isso.

– Vocês são revolucionários e eu admiro muito o ato de bravura de todos vocês, a maioria herdeiros de pessoas importantes no norte, de estar aqui para clamar por ajuda para os pobres e eu atenderei qualquer reivindicação sobre saúde, educação, moradia ou outras condições básicas de sobrevivência, mas eu não vou acabar com o PMI.

Ela se levanta da cadeira e cruza os dedos em frente ao corpo.

– Meus seguranças acompanharão cada um até o seu quarto. Vocês podem ficar o tempo que quiserem.

Ela olha para todos eles.

– Quem tiver mais ideias sobre como eu posso ajudar os nortistas podem entrar em contato comigo. Como nossa amiga Melanie deixou claro, eu não conheço o norte o bastante para saber do que eles necessitam - ela olha para a morena. - Vocês são todos bem-vindos.

E assim todos fizeram uma reverência quando ela se dirigiu até a porta. Todos menos Melanie.

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Katerina está há vinte minutos alisando a barriga em frente ao espelho. Ela olha de um ângulo, depois de outro e assim segue até que a porta sendo aberta a surpreende. Erik a abraça por trás e lhe dá um beijo na bochecha.

– Fiquei orgulhoso de você - ele fala. - Manteve a sua opinião até o fim. Você está certa, Kate. Não podemos acabar com o PMI.

– Fiz o que achei mais sensato - ela diz. - Não posso atender aos pedidos de todo mundo, não é mesmo?

– Você fez o que era certo.

Katerina olha para o seu marido e sorri. Então ela pensa por um momento e decide dizer a verdade. Erik é loiro de olhos azuis e Fabrizio tem a mesma aparência quando é Francis. Independente de quem fosse o filho, se puxasse ao pai...

Erik estava sendo tão bom para ela que Katerina se sentia culpada por estar mentindo para ele sobre algo tão sério quanto uma gravidez. Mesmo assim, ela pensou que um filho poderia ser uma alegria e...

– Eu preciso contar algo.

– É uma boa notícia?

– Talvez seja.

– O que é, então?

Erik ainda está a abraçando por trás. Ela pega os braços dele e conduz as suas duas mãos grandes e macias até a barriga dela, onde faz as mãos pararam. Erik fica com as mãos ali, por um momento, olhando-a pelo reflexo do espelho.

Então ele entende.

Sua boca se transforma em um O de surpresa e ele emite um ruído que Katerina não consegue decifrar. Logo depois, um sorriso é formado em seus lábios.

– Eu sou o homem mais sortudo de Frömming.

Erik a gira e Katerina ri. Erik a beija calmamente e ela retribui. Seus lábios são tão macios quanto sua pele e ela sente como se fosse um algodão doce pronto para se desmanchar ao toque da saliva.

Os braços de Erik a envolvem pela cintura e a conduz até a cama. Apesar disso, quando os dois se deitam, ele fica ali ao lado dela, apenas a beijando e acariciando o seu rosto e a sua barriga por cima do vestido.

Talvez essa gravidez possa finalmente me trazer felicidade, Katerina reflete.

+++

– Obrigada por virem, Apátridas - Melanie diz, se sentando na cama. - É bom saber que vocês estão tão insatisfeitos quanto eu.

Melanie Hemingski, Joshua e Andrew Duninghan, Matthew McNaughton, Savannah Huddington, Hillary Fieldmann e Martin Torkeach se reúnem no quarto da morena, sentando no sofá, na cama, na cadeira e Andrew sentou-se no chão.

– Katerina não vai nos ajudar - Joshua fala. - Temos que dar o nosso jeito.

– O que vocês pretendem? - Savannah pergunta. - O que a sua mãe nos disse para fazer?

– Ela quer que vinguemos a morte do meu pai e para isso Joffrey precisa ser preso. Assim que o tio cair, Vincent também cairá aos poucos e Hillary ascenderá ao poder, conseguindo tudo o que precisamos - Melanie fala.

– Meu pai sempre nos disse como Kurt era um bom governante - Andrew fala. - Até os nortistas o amavam e durante o seu reinado os Apátridas não atacaram. Ele nos ajudou em tudo o que precisávamos e quem odiou isso foi Vincent.

– Deve ser difícil escutar tudo isso sobre o seu pai - Matthew fala para Hillary. - Conosco não é diferente. As únicas pessoas cujo pai presta são os Duninghan e Melanie.

– Meu pai morreu antes mesmo que eu pudesse conhecê-lo - Melanie fala -, mas eu acredito no que diziam sobre ele. Eu quero acreditar.

– Kurt foi o melhor rei que Frömming já conheceu - Joshua fala, abraçando a namorada. - Nós vamos vingá-lo, Mel. Vamos tirar de Joffrey os anos que ele tirou do seu pai. O faremos pagar pela ausência do seu pai.

– Às vezes eu nem acredito que eu sou filha dele - ela sorri enquanto olha para o nada. - Eu sou filha do grande Kurt Archiberz - ela olha para os amigos. - Eu sou irmã da rainha Katerina.