Anos em claustrofobia. Anos presa, por correntes psicológicas impedindo-a de disfrutar de seus próprios poderes. Trancada no escuro. Com a janela embaçada, impedindo a de olhar para o mundo exterior.

Esconder, não sentir, controlar.

Esconder, não sentir, controlar.

Esconder, não sentir...

NÃO! Já chega.

A sombria majestade correu os dedos pelos cabelos por um momento. Nunca mais faria isso.

– Mas, Elsa...

– Basta. É suficiente de choramingos. Agora, querida irmã, peço que saia do meu caminho.

– O que você vai fazer? – Anna questionou, colocando quase inconsciente seu corpo entre a porta e a irmã mais velha.

– Vou fazer com que eles paguem. Todos eles.

Anna correu, fazendo menção de tocar nos braços de Elsa, em uma tentativa de fazê-la parar.

Ao sentir o toque morno das luvas em sua pele ela empurrou a garota com violência.

– Não encoste em mim!

– Se você só me escutasse...

– Eu. Não. Quero! – A garota cerrou os punhos e os levantou na altura das bochechas. Com uma explosão de raiva e temor, esquecendo-se completamente de seu objetivo. De seu carma na vida. Proteger a irmã. Ela se esqueceu de tudo, e em um lampejo azulado, gelo explodiu desde seu estomago para a área a seu redor.

Anna foi pega em cheio, encarando incrédula os olhos verdes que a encaravam com apenas um brilho opaco de arrependimento.

Elsa se achegou a princesa caída, com um joelho apoiado fracamente no chão.

– Eu lhe avisei. – Afastou seu rosto do ouvido da irmã, erguendo o corpo em seguida. Um som de passos apressados foi ouvido na escada, e momentos depois um garoto forte de cabelos loiros surgiu ofegante.

– ANNA!

Internamente ela se perguntou quem era ele, porem não pronunciou nada em voz alta. Com uma das mãos, jogou parte de seu vestido para trás e observou, impassível, a pele de sua irmã cobrir-se de desenhos em neve, brancos, que curvavam formando imagens detalhadas.

Eram tão perfeitos, uma pena que logo tudo não passaria de gelo solido.

Beleza única. Glacial.

O rapaz não lhe deu atenção, olhando horrorizado a pele da adolescente cobrir-se de uma camada solida e transparente de gelo.

Tao trágico, perder o amor para sua maior paixão. Quão patético.

Mal pode ouvir os lamentos ridículos que escapavam continuamente dos lábios rosados do garoto.

Por fim, Anna congelou um suspiro, o ultimo folego se condensou a frente de seu rosto.

Tarde demais para um beijo de amor verdadeiro, Elsa se divertiu.

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