Raio de Sol escrita por Han Eun Seom
Capítulo 18 – Linda profissão
Houve um tempo em que Raiane não se importaria em ir para o hospital por causa da sua doença pulmonar. Na época do colégio sua doença se manifestou em algumas tosses espaçadas com sangue, mas era apenas tomar o remédio que tudo estaria bem. Sua última crise foi quando tinha por volta dos oito anos desde então não tinha ficado internada.
Sentira-se mal logo após o filme e tomou logo dois comprimidos para cortar qualquer chance de recaídas, mas não adiantou. Deitou-se para dormir e foi acordada por sua própria garganta arranhando. Eram três horas e quarenta quando tentou se levantar para tomar um copo d’água e talvez mais um comprimido, mas assim que levantou seu corpo vomitou.
Estava escuro demais para saber se tinha vomitado sangue ou não e o que ocupava a mente dela naquele momento era a ardência em sua garganta. Sua cabeça rodou e ela começou a tossir. Colocando a mão na boca ela cambaleou até sua escrivaninha para pegar uma cartela extra do remédio acendendo a luz e acabou vomitando mais uma vez em todos os cadernos.
Caiu arrastando boa parte das coisas com ela. Foi um barulho muito alto e foi ai que Ismael acordou. Ela se arrastou até a porta antes dele tentar abri-la bloqueando ela com o seu peso.
Mal conseguia manter o foco e tossiu mais um pouco, os gritos de Ismael eram difíceis de entender, mas respondeu o que achava que ele tinha perguntado.
Ela sabia que tinha que ter aberto aquela porta, mas não queria que ele a visse naquele estado. Foi irracional, infantil e orgulhoso o que tinha feito analisando bem, mas não era como se pudesse pensar direito na hora. Mesmo assim sua mente resolveu apagar de vez e quando voltou a si já estava no que imaginava ser a portaria depois disso só se lembrou de acordar no hospital.
Viu o rosto do médico e dos enfermeiros, mas estava desesperadamente procurando por ele. Onde estava? Começou a se debater na maca.
– Calma garota – o som era distante e um pouco brincalhão. – Cuidaremos de você primeiro e depois poderá vê-lo.
Apagou de vez. Não se lembrava de absolutamente mais nada até Ismael entrar no quarto novamente e dizer aquilo com aquele olhar magoado. Ele saiu do quarto e ela se xingou mentalmente inúmeras vezes. Uma hora depois o médico checou como estava e disse que talvez demorasse mais dois dias para que pudesse voltar para casa.
Não ficou feliz de ter que esperar mais dois dias, mas só de ouvir casa se animou. O médico a deixou sozinha no quarto com seus pensamentos.
E do nada ela decidiu. Queria passar a vida inteira ao lado dele.
Enquanto isso Ismael foi para o apartamento e tomou banho, trocou-se e ainda comeu um sanduíche em apenas meia hora, mas gastou duas horas explicando a situação para o porteiro. Embora isso não tenha o incomodado, ele queria voltar para o hospital o mais rápido possível.
– Ismael!
Ele parou de falar com o porteiro e viu Chris com algumas sacolas de compras na mão. Ele sorriu e deu um abraço em Ismael. Logo perguntou como Raiane estava e Ismael praticamente recitou o prontuário médico dela. Chris deu algumas batidas no ombro dele e disse que passaria a noticia para sua esposa.
– Muito obrigada Seu Chris – Ismael sorriu e Chris percebeu que ele parecia outra pessoa. – Não sei o que teria acontecido se não fosse por você e Dona Helena.
– Não há o que agradecer Ismael, não tínhamos como deixar vocês dois sem ajuda-los – tirou um embrulho de dentro de uma das sacolas, era uma caixinha quadrada listrada de preto e branco com mais ou menos vinte centímetros. – Nós queríamos dar direto para Raiane, mas já que está aqui pode fazer isso por nós.
Despediu-se com sorrisos – tanto de Chris como do porteiro – e seguiu para o metrô escutando música. Estava levando consigo uma mochila com carregador de seu celular, o embrulho e mais documentos dela. Levou um tempo até chegar à estação e quase correu até o hospital.
Chegando lá conversou com as enfermeiras e elas disseram que o horário de visitas estava começando e que se fosse a tal balcão poderia ser levado até o quarto dela.
Mal sabiam elas que já tinha estado lá e, portanto seguiu diretamente para o quarto. Abriu a porta daquele quarto pela segunda vez no dia e encontrou-a sentada na cama olhando a janela. Estava com menos aparelhos ligados, mas ainda tinha o inalador preso ao seu rosto.
– Oi – seu tom saiu animado e ela virou o rosto rapidamente e sorriu. – Como está?
Raiane suspirou e tirou o inalador do rosto e sobre os protestos de Ismael falou com um tom baixo e rouco.
– O médico disse que eu posso estar saindo em dois dias.
– Que ótimo! – ele se sentou no meio da cama ao lado dela. – Aqui – tirou o pacote da mochila. – Dona Helena e Seu Chris mandaram para você.
– Então foram eles...
– Sim – entregou a caixinha para ela. – Eles que nos ajudaram e nos trouxeram aqui agora abra logo!
Ismael fez Raiane colocar o inalador novamente e ela abriu o pequeno presente sentindo um alivio. Respirar com o inalador era muito mais tranquilo. Olhou o que tinha dentro e sentiu seu coração derreter. Aquilo era obra de Helena e ela sabia muito bem disso.
Um cordão prateado com o bordão de Asclépio, o símbolo da medicina, e sabia que Helena que havia escolhido por que somente ela de todos os seu colegas e amigos sabia diferenciar o bordão do caduceu de Hermes.
Mas a verdadeira surpresa estava logo abaixo do cordão, dois anéis prateados. Raiane reprimiu uma risada para não forçar seu pulmões e mostrou a caixa para Ismael que riu livremente e pegou a caixa de sua mão.
– Parece que alguém já os comprou para nós.
Raiane parou de segurar seu riso e no mesmo instante olhou para Ismael. Ele tinha aquele sorriso maroto e os olhos emotivos. Ela não chorou, mas sentiu um nó na garganta quando ele tirou os anéis da caixa e colocou na mão direita dela dando para ela o anel maior para colocar em seu dedo.
Um momento que durou pouco mais que segundos pareceu uma eternidade para os dois, uma eternidade boa e com um ar leve e um pouco romântico e, com certeza, feliz.
Após aquilo, os dois dias no hospital passaram extremamente rápidos. Ismael ficava o horário de visitas inteiro com Raiane apenas trocando olhares ou falando em monossílabos. No segundo dia, ela não precisava ficar com o inalador o tempo inteiro e já conseguia falar melhor.
– Bem, vou receitar estes remédios aqui – era Tales que entregava a receita. – Faça inalação pelo menos duas vezes por dia por duas semanas direto sem falta, garota.
Raiane e Ismael estavam em pé na frente da mesa dele e pegaram a receita. Ismael a guardou na mochila e sorriu para o médico. Tales suspirou e escreveu mais uma receita.
– Quero que faça a inalação com algumas gotas desse aqui – se encostou à cadeira e passou a mão no rosto sorrindo para ela. – Você tem pulmões resistentes como eu já disse, mas trate de cuidar muito bem deles, você não tem nenhum reserva garota.
Raiane rolou os olhos e assentiu sorrindo.
– Obrigada, doutor Tales – ela apertou a mão do médico e Ismael fez o mesmo gesto.
– Agradeço por tudo que fez.
– Por favor, não me agradeçam – ele levantou as duas mãos após os cumprimentos. – Apenas faço o meu trabalho.
– Pois tem um lindo trabalho – Raiane sorriu e os dois saíram da sala.
Não perceberam que Tales ficou atônito olhando para a porta por onde saíram. Soltou uma gargalhada e assim que conseguiu parar apoiou os cotovelos na mesa e seu rosto entre suas mãos dizendo para si mesmo.
– Eu sei.
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O que acharam??? Me digaaaaam!!! Espero que tenham gostado, eu amei escrever este.