Minha doce fera escrita por C0nfused queen


Capítulo 2
Capítulo 2.


Notas iniciais do capítulo

Capítulo totalmente dedicado a RaiaraBorges que foi a primeira pessoa a comentar a fic.
Comentem sempre.



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Caminhava sozinha pela imensa floresta, o frio era cortante e meus pés pareciam afundar na densa relva, as lagrimas caiam de meus olhos como cascatas e eu tentava desesperadamente fugir daquele lugar, à medida que eu caminhava as árvores grossas pareciam me acompanhar, minha capa de veludo azul engatou em um dos arbustos o que me impeliu bruscamente para trás, impedindo-me de continuar minha sombria caminhada eu tentei em vão me soltar dos arbustos, mas isto parecia impossível, me desfiz da capa e continuei a caminhar até uivos cortarem a noite a alguns metros lobos me observavam com olhares ferozes e famintos lentamente eu comecei a dar passos inseguros na tentativa de me afastar sem fazê-los me perseguir, mas minha tentativa de fuga não deu certo e os lobos iniciaram uma perseguição. Corria desesperadamente e os lobos logo a meu encalço, eu não sabia o que fazer aquele provavelmente seria o meu fim e eu não poderia fazer nada até avistar um enorme castelo, aproximei-me e esmurrei o portão este logo se abriu o que me fez cair no chão com forca e logo empurrei o mesmo com o pé o trancando e impedindo a entrada dos lobos.

Olhei ao redor, o local parecia totalmente desabitado, o que antes era um lindo jardim agora possuía rosas mortas, o chafariz de mármore que deveria ser belíssimo agora estava completamente em ruínas, havia muitas janelas quebradas e a grande porta estava entreaberta me convidando a entrar, este convite logo foi aceito e eu adentrei o local, peguei um candelabro que se encontrava em um uma mesinha de madeira, segui pelo castelo que se ainda se encontrasse em seus momentos de glória possuiria um belo interior, deparei-me com uma escada em ruínas e prontamente subi, no topo da mesma encontrava-se um espelho muito luxuoso, porém destruído, aproximei-me dos cacos de vidro e os observei aquilo provavelmente havia sido quebrado por uma pancada, mas quem seria capaz de esmurrar um espelho daquela maneira.

Continuei a subir as escadas e me deparei com um amplo corredor, no final do mesmo havia uma enorme porta que com certo esforço eu consegui abri-la, ela dava para um quarto altamente destruído, na parede pendia um retrato bastante rasgado, com dificuldade eu consegui reconstruí-lo revelando um belo rapaz, um barulho do lado de fora me fez seguir para a sacada e lá se encontrava um belo jovem de 17 anos, eu acredito, ele estava na amurada.

Tentei chamá-lo, mas ele não me ouviu, parecia falar sozinho, eu me aproximei dele e o encarei.

–O que me impede de quere me libertar?

–Por que se libertar, você é lindo, o que pretende fazer. – toquei seu ombro, mas ele não me sentiu.

–Não há esperança para mim... Nunca houve, nem nunca vai haver.

Eu o observei tristemente, eu queria abraçá-lo, mas ele foi mais rápido e se atirou da sacada.

Eu cheguei para mais perto da amurada e tentei em vão agarrá-lo, mas ele já havia ido e desta vez eu não havia conseguido impedi-lo.

Acordei em um sobressalto e levei minhas mãos ao peito, eu chorava descontroladamente e não sabia o que fazer, olhei ao redor e percebi que não estava mais na floresta ou no castelo em ruínas, mas sim em meu quarto, com livros espalhados por todo canto.

Levantei-me ainda atordoada e segui para a janela, o dia ainda não havia raiado, pela janela pude observar a floresta ao longe, a tentação de praticar aquele sonho era enorme, será que aquele rapaz realmente existia e se resistia ele realmente havia pulado daquela amurada e se eu pudesse impedir?

Como ele era bonito, alto, novo, cabelos castanhos, olhos claros acolhedores, lindo. Mas não seria possível, ele provavelmente era um dos personagens de meus livros, voltei para cama, mas não consegui pregar os olhos em momento algum, pois quando fazia lembrava dele.

A noite passou assim, eu caía no sono e me imaginava novamente tentando agarrar aquele rapaz, depois acordava aflita até que isso uma hora tornou-se insuportável e me obrigou a levantar da cama. Como sempre realizei minhas tarefas de sempre, arrumar a cama e cuidar do papai, suas invenções cada vez mais o deixavam mais doente isso me preocupava bastante, ele passava horas e horas em sua oficina na tentativa de criar algo que realmente funcionasse.

Depois de colocar um vestido confortável e de me certificar de que meu pai já se encontrava em sua cama, peguei Filipe nosso cavalo e segui para meu refúgio.

Quando tinha 8 anos, meu pai me contou que minha mãe havia partido, logo descobri que isso era o codinome para buscar algo melhor, um futuro diferente, mas naquela época eu havia ficado inconsolável, como pode uma criança, ainda mais uma menina viver sem a mãe ao lado, era inaceitável. Eu fiquei tão magoada, desapontada que fugi, corri sem rumo até achar uma espécie de campina, isolada com um pequeno lago, fiquei ali escondida até meu pai me encontrar, então fizemos daquele lugar nosso refúgio, onde passávamos horas e horas discutindo assuntos diversos e criando idéias para suas invenções. Hoje, porém não o freqüentávamos mais como antes e eu já o usava para ler meus livros em um local quieto.

Passei toda uma tarde comendo algumas coisas que eu havia preparado e lendo meu novo livro, na volta para casa decidi passar antes na vila e visitar o senhor Saint Claire, mas algo naquele lugar hoje estava diferente, os olhares haviam mudado as pessoas pareciam me julgar com maior intensidade, eu realmente estava confusa será que eu havia feito algo de errado.

À medida que adentrava a vila os comentários pioravam se tornando cada vez mais agressivo, eu praticamente fugia daquelas pessoas até avistar ao longe a livraria e adentrar o local com um desespero evidente. O senhor Saint Claire ao notar meu estado pegou um banquinho de madeira e entregou-me um copo de água.

–Está tudo bem minha querida? – a esposa dele, Marie, agora falava enquanto afagava meus cabelos.

–Eu... Eu não sei ao certo. – eu balbuciava palavras sem sentido.

–Por que esse estado meu bem. – Ela me abraçou, Marie havia substituído minha mãe, estando presente sempre que possível e sabia como ninguém quando havia algo errado.

–As pessoas Marie, parecem mais maldosas hoje. – ela me fitou com seus pequenos olhos como contas e falou:

–Minha criança... Acalmasse tudo irá se resolver.

Eu chorei em seus braços por algum tempo até notar que já era hora de ir para casa, me despedi dos dois e caminhei solitária, os olhares continuavam os mesmos de repreensão, eu penas abaixava a cabeça e caminhava com as lagrimas escorrendo do rosto.

Quando cheguei em casa, abri a porta rapidamente e tratei de procurar meu pai, ele estava sentado em uma velha cadeira de balanço de madeira no canto da sala, com seu cachimbo em mãos. O fitei confusa, por que ele não estava em sua oficina?

–Papai... O que você faz aqui? O indaguei, ele deixou seu cachimbo de lado.

–Minha filha... Você é meu bem mais precioso e com o passar do tempo vejo que você envelhece, ainda aqui, presa nessa vida, sem ninguém.

Eu tentei o interromper mais ele continuou:

–Então hoje mais cedo fui à vila e conversei com o jovem Gastón, ele está apaixonado por você e com certeza será um excelente partido, então eu aceitei o seu casamento com ele, além do mais ele me ofereceu certa quantia em dinheiro com ela eu poderei financiar minhas pesquisas.

Levei minha mão à boca completamente tomada pelo pavor, o que ele havia feito, ele havia me vendido?

–O que você fez? – eu praticamente gritava – Como pode?

–Bela, eu não fiz isso pelo dinheiro, fiz por você.

–Não diga que fez isso por mim, não lhe passou pela cabeça que talvez eu não tivesse planejado isso ou que talvez eu nem ao menos o ame.

–Ler demais fez você ter uma visão distorcida das coisas minha filha.

–Ler demais me fez ver com clareza aquilo que estava ao meu redor, se você cometeu esse erro... Pelo menos assuma as conseqüências.

Ele não disse nada, me olhou tristemente, eu sai da sala altamente magoada, dirigi-me para meu quarto e fui para cama, enterrei meu rosto em meu travesseiro e chorei compulsivamente. Eu fugiria daquele lugar, disto eu tinha certeza. Ele havia tomado aquela decisão e não eu, não era minha obrigação assumi-la agora.


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