Dear Angel escrita por LalaMarry


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Heey cupcakes! Aqui estou com uma nova fic. Espero que gostem, podem falar o que curtirem ou não na fic, estou aberta a opiniões. o/ Isso vai meio que funcionar como um capítulo experimental, é uma introdução a história então pode ser que tenha um poco de lenga-lenga, mas é importante de qualquer forma.
Sem mais delongas...
Boa Leitura!



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-Tome, para você. – sua minúscula mão esticou-se e soltou algo nas mãos do homem.

Ele abriu lentamente as mãos em concha e analisou o pingente de um passarinho dourado que parecia voar com suas singelas asas abertas.

-É lindo. – passou o indicador meticulosamente sobre os detalhes da pequena figura e logo depois dirigiu um sorriso cheio de ternura para a menina.

-Você vai voltar? – perguntou, os olhos claros brilhando em expectativa.

Edward sentiu seu corpo ficar tenso, como dizer que não voltaria? Que um grande futuro como um renomado engenheiro esperava por ele em outro estado, na melhor faculdade do país, e que depois viajaria pelo mundo à trabalho? Mas era impossível não dizer que voltaria para aquela pequena e radiante figura.

Fechou a mão sobre o cordão e agachou-se sobre o solo argiloso, depositando um beijo em sua cabeça.

-E porque não voltaria?

Colocou uma mecha loira do cabelo dela que caía sobre seus olhos atrás de uma orelha e sorriu novamente, tentando não deixar a culpa dominá-lo, como podia mentir para ela?

O som de cascalho sendo esmagado ecoou pela estrada de terra e um Honda prata estacionou em frente a casa onde morou durante dezoito anos e estava prestes a deixar. Uma buzina soou alta e irritante.

A janela automática do carro abaixou, revelando um garoto tão ruivo quanto Ed.

Uma senhora saiu a passos rápidos de dentro da casa, segurava uma mochila vermelha em uma das mãos.

-Obrigado mãe. – pegou a mochila de suas mãos e deu-lhe um abraço forte, um abraço de quem já estava com saudades. – Cuide bem dela. – pediu baixinho.

-Pode deixar meu filho.

Ed pegou a menina loira que estendia os braços em sua direção e girou-a no ar, não lembrava exatamente quando se apegara tanto a ela, talvez desde que a vira pela primeira vez.

Os melhores amigos de seus pais haviam ido visitá-los e uma criatura saltitante e minúscula correra para o seu lado, os cabelos cacheados balançavam à medida que se movia e um dente incisivo faltava em seu sorriso.

Como sempre fora minúscula, ela esticou-se para alcançar a barra da blusa de Ed, na época um adolescente rebelde e quase alcoólatra de tanto que bebia.

“-Cabeio de fogo. – dissera rindo, correndo para perto dos pais logo depois.”

Desde então, algum tipo estranho de relacionamento foi evoluindo entre eles e tornando-se cada vez mais forte. Ninguém nunca vira problema nisso, nem mesmo os pais da pequena.

-Você vai ver, vou estar um galã quando voltar. – brincou enquanto Rupert ria horrores no carro.

-“Galã” – fez aspas enquanto falava, rindo ainda mais.

-Vai se ferrar. – Ed jogou a mochila pela janela, atingindo o colo do amigo.

Ela riu da cena, uma gargalhada sonora e boa de ouvir. Ele lascou-lhe um beijo na bochecha antes de botá-la no chão e entrar no carro, acenando enquanto Rupert dava a partida.

Observou pelo retrovisor os pais dela chegando e acenando de dentro do carro de vidros transparentes, a mãe perto do cercado, os olhos lacrimejando ao ver seu único filho tomando as próprias rédeas de sua vida e aquele pequeno ser, com o nome de Sasha, correndo pela rua de terra, tentado alcançar o carro que se distanciava ,a cabeleira loira revoltando-se com o vento, e por último, seus lindos olhos azuis que choravam e sorriam.

Por algum motivo ateve-se a eles.

5 anos depois

Estava prestes a pegar seu diploma e não parecia acreditar naquilo, o último semestre havia sido um tanto cansativo, prazos terminando, trabalhos acumulando e provas finais se aproximando.

Seu cabelo ruivo ficara maior, já que não possuía mais tempo de ficar indo ao barbeiro, mas prometeu a si mesmo que trataria daquilo assim que saísse, trabalhava durante a madrugada em uma lanchonete 24 h e conseguira juntar dinheiro, junto com a ajuda do pai, para comprar o seu próprio carro, agora não dependia mais de Rupert para sair.

Seus pais aplaudiram orgulhosos quando entregaram-lhe o canudo e comemorou rapidamente com os colegas de classe antes de ir receber as congratulações dos pais.

-Muito bem filho. – o pai não escondeu o quanto estava emocionado e a mãe não parecia querer largá-lo.

-Eu sei que você largou a bebida há tempos, mas um drink não vai te fazer mal. – aproximou-se Rupert junto com uma garota de cabelos loiros tão claros que eram quase brancos, sua atual namorada. – O que acha de irmos ao Candace´s mais tarde?

O Candace´s era um bar sem muitos atrativos aparentes, porém era inegável o fato do quão bom seus drinks eram.

Vestiu uma jaqueta sobre a blusa vermelha que usava e calças escuras, raios ainda iluminavam as ruas e jogava sombras nos becos, mas o vento frio já indicava uma noite gélida se aproximando.

Deixou Rupert ir à frente para pegar mesa e decidiu dar uma última volta na cidade, como se fosse uma despedida, na manhã seguinte iria para um país vizinho, não queria perder tempo, afinal ele não se sustentaria trabalhando em lanchonetes para sempre.

Estacionou na calçada da praça central para inspirar o ar filtrado que vinha das árvores e seu cheiro amadeirado, a verdade é que não sabia o que o esperava do outro lado da fronteira, amanhã ele seguiria um caminho totalmente sozinho, nem mesmo Rupert estaria com lá para ajudá-lo, pois o ruivo decidira ir com a namorada arranjar um emprego mais próximo de seu antigo lar, enquanto Ed decidiria exatamente o contrário.

Algumas crianças brincavam ali próximas do banco onde sentou por um instante, exceto uma que estava isolada das outras, suas pernas balançavam no ar e não era possível ver seu rosto coberto pelos longos fios castanhos escuros.

Aproximou-se sorrateiramente da criança para não assustá-la, sua mente vagou para o rosto de Sasha e a culpa pesou-lhe novamente depois de anos.

-Ei, por que não brinca com os outros?

Remexeu-se desconfortável, havia tocado em uma lembrança antiga.

“-Ei, por que não vai brincar com os outros? – indicou com o queixo um grupo de meninas e meninos que corriam para todos os lados soltando gritinhos de surpresa quando eram pegos e rindo quando escapavam em meio a um jogo de pega-pega.

Seus pequeninos olhos voltaram-se para ele, singelos traços desenhavam seu rosto de pele alva, os pés balançavam nervosos, ameaçando arremessar para longe as sapatilhas que calçava.

-Não quero brincar com eles... – deu de ombros. –Você quer brincar comigo?

Ele ergueu uma sobrancelha.

-Eu? Brincar com uma piralha como você?

A menina encolheu-se, evidentemente magoada pela grosseria dele.

-Não sou piralha, você que é um idi...idi...ota! – quase gritou irritada, correndo para o meio das crianças em seguida.

-Parabéns, Ed, nem tentar não ser detestável para uma criança você consegue. – pegou a pequena garrafinha de bebida que carregava consigo e deu um longo gole antes de seus pais chegarem com o casal de amigos.”

Ela não pareceu perceber sua presença, pois nem ao menos se moveu.

“Talvez eu mereça isso.”

-Ei, menina. – chamou um pouco mais alto.

-Ela não consegue te ouvir. – uma voz soou alguns metros de distância, onde uma das crianças que estavam brincando parou. – Ela é surda. – indicou os ouvidos enfatizando o que dissera.

-Ah... – sua boca abriu em surpresa. – Sendo assim, desculpe-me por incomodá-la.

Saiu rapidamente de lá, um pouco envergonhado, enquanto a menina permanecia na mesma posição, alheia ao que havia ocorrido a sua volta.

-Até que enfim! – Rupert jogou os braços para cima teatralmente quando Ed entrou no bar.

Cumprimentou todos os seus colegas e sentou-se na ponta da mesa, o único lugar vago.A conversa fluía em pequenos grupos e ás vezes com todo o grupo, entretanto Edward não se sentia como se estivesse ali, mas sim na menina que encontrara no parque.

Como seria não poder ouvir? Não saber o que as pessoas estavam dizendo a sua volta, não poder ouvir o som relaxante do movimento das folhas quando venta, do mar batendo na areia, e da chuva na janela? Ele não conseguia se imaginar vivendo sem aqueles sons.

-E você Ed, vai trabalhar aonde?

Sentiu um cutucão nas costelas e Rupert ergueu as sobrancelhas aguardando resposta, só então percebeu que todos olhavam para ele.

-E-eu vou tentar entrar para alguma empresa na costa oeste do país. –respondeu quase que atropeladamente.

Assim que a atenção voltou-se para outra pessoa, Rupert olhou para o amigo preocupado.

-Ei, cara, o que houve? Estava em Marte ou Saturno?

-Eu apenas me distraí um pouco... – deu de ombros casualmente.

Edward’s pov

No dia seguinte, tomamos rumos diferentes, Rupert foi para o interior, iria passar em casa e rever todo mundo. Já eu segui para o exterior, irei fazer uma entrevista à tarde e já estou suficientemente nervoso.

Chego adiantado demais para a entrevista e minhas mãos suam mais que o normal, ai droga.

As pessoas vão sendo chamadas e nada de chegar minha vez. Rodei a sala mais uma vez, antes de pegar mais um copo de água, ir ao banheiro e finalmente aquietar-me em um banco próximo ao balcão de atendimento.

- Edward Christopher Sheeran.

Respirei fundo uma última vez e entrei pela porta de cabeça erguida, aquele emprego já era meu.

-É sério! Eu consegui! – eu quase gritava de tão extasiado que estava. – Sim, vou para aí amanhã de manhã.

Joguei na cama do hotel barato em que eu estava hospedado para passar a noite, já usando apenas uma bermuda, afinal eu acordaria bem cedo no dia seguinte e iria para minha terra natal.

Uma semana depois de minha entrevista, exatamente às 15 h daquela tarde, me informaram que eu havia sido escolhido para a equipe especial da empresa, onde visitaríamos locais de construção feitos por ela em diversos países.

Um sonho finalmente concretizado.

Eu não poderia deixar de dar uma passada para rever minha família e meus amigos antes de ir.

Não poderia deixar de ver Sasha.

Envolvi minha mão sobre a pequena ave dependurada em meu pescoço. Talvez assim eu não estivesse quebrando minha promessa.

A estrada de terra continuava a mesma, porém haviam mais casas, mais movimentação, menos calmaria.

Parei em frente a familiar cerca, com tinta branca nova sobre a velha descascada. A casa onde passei minha infância ainda era simples e com dois andares, minha mãe jamais gostara de coisas muito emperequetadas.

Ajeitei minha blusa xadrez antes de receber um abraço caloroso e fraternal de minha mãe, uma senhora que parecia cada vez mais baixinha toda vez que a via.

-Como está o meu menino?

-Bem... – pronunciei pensativo, os olhos correndo por todos os lados a procura do óbvio.

-Se estiver procurando pela Sasha, ela não está. Deve aparecer mais tarde com seus pais para jantar conosco. – nada parecia escapar daqueles olhos tão observadores.

Escolhi minha roupa mais apresentável e praguejei ao lembrar que não passara no barbeiro, meu cabelo parecia um emaranhado de fios flamejantes, ajeitei-o da melhor maneira possível e cheguei a pensar se ela se incomodaria com o fato de eu ter deixado a barba crescer, abolindo um pouco o uso da Gilette.

A campainha tocou no primeiro andar e eu olhei-me mais uma vez, eu precisava aprender a controlar minha ansiedade, porém a ideia de ver Sasha depois de mais de cinco anos me deixava tão nervoso quanto fazer uma entrevista de emprego.

Os sons de conversas e saudações já se espalhavam pela sala, mas eu ainda não ouvira a voz dela.

-Ed, mas quanto tempo!

Impressão minha ou os pais da Sasha estavam estranhamente tensos?

-Realmente faz bastante tempo... – meus olhos percorreram o local, absolutamente nada.

-Querido... Ela está te esperando lá fora. – finalmente a senhora Pieterse falou o que eu ansiava ouvir.

Tentei sair o mais educadamente possível, do lado de fora, a luz da varanda iluminava uma pequena silhueta.

-Ed? – ouvi aquela voz, já não mais infantil, me chamando.

Encurtei nossa distância até seus braços envolverem minha cintura, seu cheiro doce impregnando-se em mim. Ela visivelmente estava mais alta, o cabelo havia perdido seus cachos e batia no meio das costas. Eu podia enxergar o sorriso que seus lábios formavam agora tão próximos dos meus.

-Nunca senti você tão cheiroso antes. – murmurou.

Desvencilhou-se de meu abraço, afastando-se da luz e dificultando minha visão de seu rosto.

Por um instante ela ficara tão feliz de me ver ali e no instante seguinte afastara-se acanhada, como se quisesse encolher até formar uma bola que a protegesse de tudo.

-Sasha, você está... – estiquei meu braço para tocá-la.

Entretanto ela afastou-se novamente, parecendo desorientada, com medo.

-Eu não vou conseguir. – murmurou consigo mesma.

-O que você não vai conseguir? Por favor, Sasha, me fala o que está acontecendo.

Ela deu mais um passo e tropeçou, indo de encontro ao chão.

-Ai. – gemeu encolhendo-se em posição fetal.

Ajoelhei-me ao lado dela e cuidadosamente segurei seu rosto.

-Sasha, olha pra mim.

Seus olhos abriram-se momentaneamente antes dela tentar esconder seu rosto entre as mãos.

Eu estava em choque, em estado catatônico talvez.

Havia abandonado-a por todos esses anos, me preocupando com meus estudos e carreira. Então eu volto e todos os meus esforços não possuem mais sentido, não sabendo daquilo, não tendo que aceitar esse fato.

Ela havia ficado cega. Meu pobre anjo não enxergaria nunca mais.


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Notas finais do capítulo

Então gente o que acharam?
Desculpem qualquer erro.

Kissus



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