Capitulo 6

Alguns dias se passaram. De acordo com a contagem de Samantha, vinte e dois dias, sete horas de quatorze minutos. Como Alice ainda estava desacordada, Samantha estava governando como rainha. Sempre que tinha tempo, sentava ao lado da irmã e cantava para ela, ou as vezes só falava o que havia acontecido em seu dia.

No quarto dia de sono de Alice, Samantha percebeu uma pequena mancha se formando no ombro esquerdo da irmã. Depois de mais dois dias, essa mancha já formava um borrão de um símbolo. E agora, o símbolo estava mais claro.

– Matthew! John! Venham aqui ver isso! – ela chamou os meninos, que entraram no quarto rapidamente. – Eu disse que aquela mancha não era normal! – ela disse.

– Isso é...

– Um floco de neve? Sim, é. – ela disse agitada. – Eu tenho que ir em um lugar. Alguém fique aqui com ela. Eu volto já. – ela se levantou e saiu correndo do quarto.

Foi até seu cavalo e montou no mesmo, saindo em disparada por um caminho que se lembrava vagamente. Quando chegou, desceu de seu cavalo, indo até o meio do grande gramado.

– Eu preciso de ajuda. Por favor, apareçam. – ela pediu e logo doze espíritos saíram de dentro da terra, a rodeando.

– Princesa Samantha, filha do rei Jones e da rainha Anna. Em que podemos ajuda-la, princesa? – um deles perguntou.

– Minha irmã está com problemas. Eu acho que a esquentei demais, eu não sei. Sei que eu tentei reviver ela com meu poder, mas acho que alguma coisa deu errado na hora e... – ela respirou fundo. – Uma mancha, ou melhor, um símbolo surgiu no ombro esquerdo dela. É um floco de neve. Eu não sei por que, mas sei que surgiu. – ela disse nervosa.

– Uma boa forma de congelar novamente o que foi derretido é colocar novamente no gelo, não acha criança? – um deles disse. – E sobre a marca, é normal. Logo aparecerá em você também. Não se preocupe. – concluiu.

– E boa sorte. – falaram juntos e desapareceram.

Depois de muito pensar, ela finalmente entendeu. E num pulo, subiu em seu cavalo e foi em direção a casa de August. Quando chegou, desceu do cavalo e correu até a porta, batendo fortemente. Quando August abriu, ela deu um suspiro de alivio.

– Samantha? – ele perguntou pasmo.

– Preciso de ajuda. Explicações no caminho. Vem! – e o puxou para o cavalo.

Os dois subiram no mesmo e ela foi rapidamente para o castelo. Quando chegaram, desceram do cavalo e ela foi puxando ele para o quarto de Alice. Entrou com tudo, vendo John sentado ao lado dela segurando sua mão. Esse logo se levantou ao ver os dois entrarem no quarto.

– Samantha? Quem é esse? – ele perguntou.

– Um amigo. – ela disse. – August, preciso que congele a Alice. – os dois homens arregalaram os olhos.

– Não! – falaram juntos.

– Se nenhum de vocês quiser ficar no estado dela é melhor me obedecerem! – ela disse com uma bola de fogo em cada mão. August engoliu em seco e se aproximou de Alice.

– Como você sabe que isso vai dar certo? – John perguntou quando August ergueu as mãos.

– Ele tem razão. Não é certo disso funcionar. – ele disse.

– Só faz! Eu sei que vai dar certo! – ela disse e August suspirou.

Ele fechou os olhos e concentrou todo o seu poder em suas mãos. Os outros dois no quarto viram a mão dele começar a brilhar em um azul intenso e o gelo saindo de suas mãos. O gelo foi se espalhando pelo corpo de Alice, cobrindo todo ele. Então ele afastou a mão e abriu os olhos, dando um passo para trás.

– Samantha, você praticamente derreteu ela. – ele disse pasmo e Samantha abaixou o olhar. – Mas a salvou de qualquer modo. Ela só não resistiu a tanto e teve, como eu posso dizer, uma recaída e desmaiou. Eu consegui “congelar” ela de novo, então logo ela acorda. – ele fez aspas quando disse congelar.

Samantha sorriu e correu até ele, pulando em seus braços e o abraçando bem na hora que Matthew entrou no quarto. Ele, ao ver a cena, saiu novamente. Samantha soltou August e sorriu para ele.

– Muito obrigado mesmo! – ela disse sorrindo.

– Não precisa agradecer. – ele disse sorrindo para ela, que deu um beijo na bochecha dele.

– Samantha, porque não fala de Alice para Matthew? – John, que viu a cena do irmão, falou.

– É claro! Vou atrás dele! Já volto! – então ela saiu do quarto.

Andou um pouco mais pelo corredor e encontrou a porta de Matthew, batendo levemente. Ele logo abriu a porta e a deixou entrar. Samantha sentou-se na ponta da cama.

– August salvou a Alice. Ela logo irá acordar! – ela disse sorridente. Matthew não deixou de sorrir.

– É uma ótima notícia! – ele disse. – Porque não conta aos outros? – ela ergueu a sobrancelha.

– O que aconteceu? – perguntou e foi a vez dele erguer a sobrancelha confuso. – Você nunca me tratou dessa forma. O que eu fiz agora? – ela se levantou.

– Nada demais. Só não gostei muito desse garoto, o August. – ele disse.

– Por quê? O que ele te fez? – ela perguntou indo até ele.

– Ele te roubou de mim. – ele disse olhando nos olhos dela e Samantha viu que nunca Matthew tinha falado uma coisa com tanta convicção dessa forma.

– August é apenas meu amigo, Matthew. – ela disse e ele sorriu, a puxando pela cintura e a beijando.

Samantha relutou por um segundo, mas se entregou ao beijo. Se separaram pouco tempo depois e olharam nos olhos um do outro.

– Eu amo você, Samantha. – ele disse.

Então ouviram um barulho na porta e olharam, vendo August parado na mesma. Ele arregalou os olhos quando o viram.

– Desculpe, eu não queria atrapalhar. Só vim avisar a Samantha que eu já estou indo. – ele disse.

Samantha foi até ele e o abraçou, dando um beijo em sua bochecha.

– Obrigada, August. Você me ajudou muito. – ela disse sorrindo.

– Eu já disse, Samantha, não precisa agradecer. Só fiz isso para ajudar. – ele disse sorrindo e ela sorriu mais.

– Tudo bem. Nos vemos depois então! – ela disse e ele assentiu, saindo do quarto. Ela fechou a porta e olhou Matthew.

– Matt, eu quero, melhor, eu preciso te falar uma coisa. – ela disse e puxou ele para sentar na cama. – Quando nos conhecemos eu senti uma coisa forte por você, não posso negar. Assim como eu não posso chamar aquilo de amor. – ela disse escolhendo bem as palavras. Fez uma pausa por um segundo, mas logo continuou. – Eu nunca amei ninguém, e não posso chamar uma coisa que eu não conheço de amor. – ela se levantou. – Eu sinto muito mesmo. – então saiu do quarto.

Foi para o quarto da irmã e viu John com um rosto cansado ao lado de Alice. Foi até ele e colocou a mão em seu ombro. Ele a olhou e ela sorriu.

– Porque não descansa um pouco? Eu fico aqui com ela. – ele assentiu e se levantou, dando um beijo na testa de Samantha e saindo do quarto, fechando a porta. Samantha se sentou ao lado da irmã e segurou a mão dela. – Sinceramente irmã, eu preciso de você mais do que nunca agora. Lembra de quando éramos pequenas e sempre quisemos um rapaz bonito, elegante e desejável que nos amasse assim como amassemos ele? Então, eu estou com dois desses na mão, mas eu não sei o que eu sinto por nenhum dos dois. E... Eu estou confusa. Preciso da minha irmã mais velha para me ajudar. Então por favor, acorda. – ela suspirou e deu um beijo na testa da irmã, saindo do quarto em seguida.

***

Mais dez dias se passaram. O clima de tensão entre Matthew e Samantha ficava cada vez maior e eles não se falavam normalmente. Samantha não viu mais August depois do ocorrido. Ela achava que ele voltaria no dia seguinte, mas não voltou. E nem no outro, e no outro. Ela sabia que havia alguma coisa errada, mas não queria deixar o castelo, pois sentia que sua irmã iria acordar logo. E não bastou mais nenhum pensamento naquela tarde de sábado.

Ela estava sentada ao lado de John no quarto de Alice. Os dois tomavam chocolate quente. O frio estava quase se acabando do lado de fora e a cada dia os dois ficavam mais preocupados com Alice.

– Eu vou atrás do meu irmão. – John disse se levantando. – Se ela acordar...

– Não hesitarei em te chamar, John. – ela disse e ele sorriu de leve, saindo do quarto.

Depois de cinco minutos, Samantha caiu no sono. Quando acordou, viu a irmã sentando na cama. Seus olhos se arregalaram e ela esfregou os mesmos, achando ser ilusão.

– Alice! – ela gritou feliz e agitada, pulando em cima da irmã e a abraçando.

– Samantha, o que foi que aconteceu? – ela perguntou com a voz fraca.

– Eu te esquentei demais. – Samantha disse um tanto envergonhada. – Você não aguentou. August disse...

– August? – Alice perguntou com um meio sorriso no rosto. – Eu ouvia vocês falando. Então você está com problemas amorosos, não é maninha! – ela empurrou levemente Samantha, que corou violentamente.

– Acho que eu não sou a única com amores, mana! – ela disse. – John! – gritou e o garoto apareceu correndo na porta. – Eu vou deixar os pombinhos sozinhos... – ela se levantou com um sorriso travesso e saiu do quarto.

***

– Olá John. – Alice disse sorrindo quando o menino sentou ao seu lado.

– Você se sente bem? Sente dores ou algo do tipo? – ele perguntou. Ela sorriu e fez que não. Ele a abraçou. – Eu estava tão preocupado. – ele disse e ela o abraçou de volta.

– E eu não acredito que ainda está aqui. – ela disse e ouviram um barulho na porta. E logo um murmúrio de irritação. Alice olhou. – Você deve ser o August, não? – perguntou e o loiro corou levemente. – Minha irmã está lá fora. – ele assentiu. – E obrigado. – ele sorriu e saiu.

– É, vai dar problema. – John disse e Alice voltou a se sentar na cama, mas de frente a ele.

– Então, me conte o que ocorreu nesses dias que eu dormi. Preciso saber tudo do meu reino, não? – ele riu fraco e começou a contar.

***

Samantha entrou no quarto e viu um vestido pendurado na porta do closet.

– Detesto rosa! – ela murmurou e num movimento com as mãos, o vestido queimou e ficou vermelho.

– Princesa Samantha? – bateram na porta e ela olhou.

– Entre. – falou e Matthew entrou no quarto. – Diga, Matthew. – ela sorriu levemente.

– Eu gostaria de conversar com você. – ela assentiu e se sentou na cama. Ele sentou ao seu lado. – Eu percebi que você tem razão. Não podemos chamar um sentimento que não conhecemos de amor. – ele disse. – Não que eu não te ame, mas eu vi que quem ama deixa o outro livre para amar quem quiser. Se você ama o August, vá em frente, fique com ele. Amar alguém não é prender uma pessoa a si mesmo. E se você for feliz com ele, eu ficarei bem. – ela sorriu e o abraçou.

Exatamente nesse minuto, August passou pela porta. Ao ver os dois abraçados, deu meia volta e foi embora. Samantha soltou Matthew e o olhou.

– Um dia você vai achar alguém bom para você do mesmo jeito que você foi para mim. E eu só desejo que vocês sejam felizes. – ela disse sorrindo. – E você vai saber quando é assim que essa flor – ela passou uma mão por cima da outra e uma flor flamejante surgiu – se apagar. Assim você terá certeza de que é aquela mulher que te fará tão feliz. – ele sorriu e ela o entregou a flor. – Agora, Alice acordou. – ele sorriu mais largamente. – E seu irmão está lá com ela. – um sorriso de felicidade se transformou em outro, um tanto quanto... malicioso.

– Então? Vamos atrapalhar os pombinhos? – ele perguntou e ela sorriu, se levantando.

Foram para o quarto de Alice e quando entraram viram Alice e John abraçados na cama. Se entreolharam e pularam em cima deles, que deram um grito de susto. Os dois caíram na gargalhada e depois de uma bronca, Alice e John riram também.

– Então, onde está August? – Alice perguntou e Samantha rapidamente parou de rir.

– Na casa dele, onde mais? – Samantha perguntou confusa.

– Você expulsou ele? – Alice perguntou de olhos arregalados e Samantha se levantou.

– Ele estava aqui? – perguntou nervosa. O vestido já começando a queimar.

– Sim, ele veio falar alguma coisa para... – então Samantha correu para fora do quarto. – você... Ela me impressiona às vezes! – Alice comentou.

– Só a você?! – os irmãos disseram olhando arregalados o ponto onde Samantha estava antes.

***

Samantha saiu correndo pelos portões, indo direto para a floresta. Avistou a cabeça de August entrando entre as arvores correndo e ela o seguiu ainda correndo. Então alguma coisa aconteceu e ele foi muito mais rápido. Ela correu o mais rápido que pôde, mas o perdeu de vista. Então começou a o gritar, mesmo sabendo que não adiantaria. Então ela viu um rastro de gelo subindo a montanha e sorriu.

Começou a correr para lá e quando chegou, viu ele jogando bolas de neve em cima de uma escada de gelo. Então lembrou de como os dois se conheceram e sorriu.

– Ei você! – ela gritou e ele a olhou, olhando de volta para o horizonte. – Sério que eu vou ter que fazer isso? – perguntou e ele a ignorou. Então, num movimento com a mão, ela derreteu toda a escada, fazendo ele cair. Ela correu até ele, ajoelhando. – Você está bem? – perguntou.

– Se você chamar dolorido e irritado de bem, eu estou ótimo. – ele disse debochado.

– Olha, se você viu alguma coisa com o Matt hoje eu quero que saiba que eu não gosto dele, ok? – ela disse.

– Para quem não gosta você abraçada a ele hoje é uma coisa incompreensível. – ele disse novamente debochando e ela deu um beijo forte em seus lábios, separando logo depois.

– Eu amo você, seu bobo. – ela disse e ele sorriu. – Eu amo você, e não o Matt. Nós só nos abraçamos porque nos entendemos. Ele se declarou para mim e eu disse que nada sentia. E ele compreendeu. Por isso nos abraçamos. Mas eu realmente amo você, August. – ele deu um beijo leve em seus lábios.

– Eu também amo você, Samantha. – ele disse e ela sorriu largamente.

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August: