The Forest City escrita por Senjougaha


Capítulo 84
Capítulo 84 - Espionada


Notas iniciais do capítulo

Mil desculpas pela demora.
Como eu disse em After the Twilight:
GENTE
Se alguém fizer uma fic da minha vida me manda o link pu favo.
Vê se tem condição de eu fazer algum capítulo assim:
Estudo das 7:40 as 11:00 e vou direto pro trabalho.
Vou almoçar e volto pro trabalho.
Lá eu TENTO organizar o blog, a fanpage e fazer o meu TCC, além de cuidar de outros assuntos de trabalho que surgem (acreditem, muitos, eu sou secretária).
Mantenho meu relacionamento a distância
Tento ser sociável
Volto pra casa as 18 ou 19 (dependendo se tem cliente) e janto, faço yoga, tomo banho e capoto.
As vezes consigo assistir algum episódio de anime e depois durmo pra no outro dia começar tudo de novo.
NUM GUENTO! HAHAHAH
Mas cá estou eu, fiz um capitulo e espero que vocês gostem.
Beijos!
Me desculpem pela demora, mesmo.
Me parte o coração não poder postar tanto quanto antes eu podia.



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Daniel estava claramente brincando comigo.

Embolei minha roupa suja e joguei no cesto do banheiro.

Papai surgiu, me assustando.

Franziu o cenho e pegou um amontoado de roupas para lavar.

— Algum problema, querida? – perguntou.

Balancei a cabeça freneticamente em sinal negativo.

— Mamãe já correu atrás de você depois de já terem se separado? – perguntei antes que ele saísse do banheiro.

Fui surpreendida com sua gargalhada.

— Não – respondeu prontamente.

Não que eu conseguisse imaginar Adalind demonstrando algum sentimento que não fosse indiferença.

E indiferença nem deveria ser considerado um sentimento, certo?

Talvez eu tenha pensado que um dia ela fora diferente?

A  lembrança da conversa que ela e meu pai tiveram na sala me veio à mente.

Parecia bem preocupada comigo para alguém que não se importava.

— Algum motivo em especial pra perguntar? – meu pai franziu o cenho.

Neguei com um aceno de cabeça.

— Não – respondi.

E era verdade.

A pergunta era sem sentido e sem finalidade alguma.

Afinal, por que Daniel se daria ao trabalho de demonstrar interesse em mim só pra depois dizer que não faço seu tipo?

Bufei.

Meu pai franziu o cenho e se afastou, quase de fininho.

Eu não devia ter sido tão afetada pela resposta, afinal eu mesma perguntei.

O que queria?

Que o dragão mentisse?

Fechei a porta do banheiro e me joguei na cama.

Fiquei em posição fetal, apenas sentindo.

Já tinha passado uma semana desde aquilo e eu tentara, de todas as formas, trocar de turma.

Mas o dragão provavelmente já se prevenira quanto a isso, pois funcionário algum na secretaria permitia a minha mudança e grade.

Senti Liam, bem no fundo da nossa ligação já fraca.

Eu não sabia o que o vampiro fizera pra que isso acontecesse, já que sempre era forte e estável mesmo depois de muito tempo.

Fechei os olhos e notei pela primeira vez o quão solitária eu estava voltando a ser.

A diferença era que dessa vez isso me incomodava.

E eu sentia.

E odiava.

Soquei o travesseiro numa tentativa de afofá-lo e adormeci.

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Acordei me sentindo observada.

E não era como se alguém estivesse me olhando com bons olhos.

Um arrepio percorreu minha nuca e instintivamente olhei para a janela.

Olhos vermelhos me encaravam, mas não pude enxergar no escuro, pois tinha acabado de acordar e não estava raciocinando bem.

Mas eu senti.

Aquela pressão no ar, como se ele fosse demais pra eu até mesmo olhar.

Eu estava sendo intimidada por alguém que não conseguia ver.

Me levantei sobressaltada e acendi a luz.

Abri a janela e me atrevi a colocar a cabeça para fora, procurando qualquer pista.

Qualquer coisa serviria.

Além do fato de que o espião tinha olhos vermelhos.

Fechei a janela e respirei fundo.

Contava aquilo para Yukina? Iria? Seth? Solara?

Ambos iriam se preocupar demais.

Provavelmente era fruto da minha imaginação ou até mesmo algum curioso.

Afinal eu era uma princesa.

As pessoas iriam querer saber quem eu era, certo?

Sejam demônios ou elfos.

Engoli em seco e olhei para o relógio digital.

3 horas da manhã.

Não era um costume meu acordar nas madrugadas, o que fez com que meu cérebro entrasse em estado de alerta, gritando “não foi sua imaginação”, mas resolvi ignorar.

Convenhamos, era assustador demais me conformar com a ideia de que um par de olhos vermelhos e nada amistosos me encarava na escuridão da noite.

Papai não iria gostar daquilo, e do jeito que era (tanto sua falsa personalidade quanto seu ego demoníaco) faria tempestade em um copo d’água.

Me deitei novamente, mas não conseguia pregar os olhos.

A manhã chegou logo e para a minha surpresa, me levantei da cama nervosa e cheia de energia.

Talvez fosse adrenalina.

Talvez o meu corpo estivesse exagerando.

Me sentei e devorei uma tigela de cereal sem cerimônia.

Papai me observava em silêncio e tentei comer mais vagarosamente.

Agir normalmente.

— Bom dia – ele disse, quando finalmente terminei de comer.

Sorri e embora eu estivesse nervosa, o sorriso foi sincero.

— Bom dia papai – respondi e me levantei pra lhe depositar um beijo na bochecha.

— Tem algo que queira me contar? – ele perguntou, franzindo o cenho.

— Ahn... – tentei pensar em algo que pudesse me ser útil e não lhe dar pistas sobre o ocorrido – na verdade eu tenho uma pergunta.

— Olha, se for sobre a sua mãe... – papai coçou a nuca.

Soltei uma risada e fiquei surpresa com sua preocupação.

— Não! – cortei – eu quero saber quais criaturas possuem olhos vermelhos.

Papai me encarou, sério.

A menção ao mundo das sombras em que vivíamos o deixava uma pilha de nervos.

Ser um rei deve ter sido traumatizante.

— Por que está perguntando isso? – semicerrou os olhos, já ficando vermelhos.

Engoli em seco.

— Por favor, pai – mordi o lábio – eu preciso saber.

Ele rolou os olhos carmesins e eles voltaram a serem verdes. Humanos.

— Vampiros – ele respondeu – ghols e alguns demônios.

— Ghols existem? – franzi o cenho.

Papai não respondeu.

Apenas continuou me fitando nos olhos, desconfiado.

— Por que só alguns demônios tem olhos vermelhos? – perguntei o que me veio à mente.

— Selene, já é hora de estar na faculdade – ele desviou o olhar e estendeu a chave da Laranja Berrante.

Uma ponta de mágoa me cutucou.

Se até meu, normalmente, dócil pai me dispensava, provavelmente o problema era eu.

Com certeza o problema era eu.

Peguei as chaves e subi a passos pesados os degraus da escada.

Peguei minha mochila e agarrei sua alça firmemente.

Desci a escada aos pulos e me senti mal por ter ignorado o “boa aula, querida” que papai dissera.

E que fora abafado pelo baque da porta batendo.

—-------------------------------------------------------

Me joguei na cadeira ofegante.

Meu pai tinha razão: já era hora de eu estar na faculdade.

Não de sair de casa.

O dragão dourado me encarava de soslaio, curioso.

Mas nada disse.

Ele tinha se mantido em silêncio desde a nossa ultima conversa e eu agradecia mentalmente por isso.

Não saberia reagir caso continuasse insistindo em algo.

Cometi o erro de encará-lo abertamente.

Encontrei seus olhos preocupados e antes que pudesse desviar, senti suas mãos pegarem meu queixo bruscamente.

— Você parece ter visto um fantasma, está pálida – grunhiu.

Suas mãos estavam quentes.

Tão quentes que foi impossível não compará-las com as de Liam.

Tentei me libertar de seu aperto, mas era impossível.

Me faltava força de vontade.

Daniel estalou os dedos e o tempo parou novamente.

— Não acho que deveria fazer isso mais vezes – reclamei, ainda que sentisse sua mão queimar em mim.

E não era uma queimação ruim.

Daniel me soltou.

Arfei e percebi que estava segurando a respiração por todo aquele tempo.

— Selene, estou tentando manter a distância que você tanto quer – ele rangeu os dentes – não faça essa cara de moça em perigo quando estou tão irritado.

— E por que estaria tão irritado? – franzi o cenho.

— Não lhe diz respeito – ele me cortou – soube que Liam te deu um fora.

Fechei a cara.

Não era com ele que eu queria falar sobre o assunto.

Provavelmente nem Yukina sabia.

Eu não tinha contado pra ninguém.

— Não lhe diz respeito – repeti suas palavras e cruzei os braços.

Alguns minutos de silêncio se instalaram.

Me recusei a encontrar seu olhar, pois sabia que o dragão dourado me encarava com raiva.

— Eu lamento pela minha humanidade, por ter se apaixonado tão perdidamente por um ser como você – bufou.

— Bom, você demonstrou interesse, então pode lamentar por si mesmo também – disparei, olhando-o nos olhos por instinto.

Ficamos nos fuzilando por alguns segundos longos.

Até que Daniel soltou um meio sorriso.

Pisquei, confusa.

— Qual é a graça? – perguntei.

Coloquei uma mecha de cabelo rebelde atrás da orelha, me perguntando o que tinha de errado comigo pra ser engraçada.

Estava com a blusa do avesso?

— É a garota mais teimosa que já conheci – ele disse.

O encarei de soslaio, me perguntando se aquilo seria um insulto.

A sala voltou a ter vida.

Os alunos murmuravam entre si enquanto Coraline deslizava seu giz colorido de um lado para o outro no quadro negro.

Ela parou abruptamente e nos encarou com expressão sagaz.

Franzi o cenho e olhei para Daniel.

Ele parecia tão surpreso quanto eu.

Deu de ombros e abriu o caderno.

Eu fiz o mesmo.

Como se nossa conversa cheia de insultos estranhos nunca tivesse acontecido.

E como se minha tia, uma elfa exilada, não tivesse deixado claro que estava de olho em nós dois.

Ou que um maluco de olhos vermelhos me observava enquanto eu dormia.


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Notas finais do capítulo

E aí?



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