The Forest City escrita por Senjougaha


Capítulo 79
Capítulo 79 - Perseguida


Notas iniciais do capítulo

Não consegui corrigir todinho esse capítulo, então se encontrarem erros de digitação por favor, me apontem! hauehaue
Espero que gostem ♥
AH
CARA
FIZERAM UM TUMBLR P TFC
DÁ PRA ACREDITAR????
www.theforestcity.tumblr.com



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Não contei nada sobre o ocorrido entre Michele e eu.

Pra ninguém.

Já tinham se passado duas semanas, a laranja berrante estava de volta à garagem e eu não tinha coragem de exigir uma conversa de meu pai sobre…

Bem, sobre ele ser o rei dos demônios e eu a princesa das trevas.

Bati a colher na gelatina, vendo-a balançar.

— Michele não tem vindo, isso é estranho - Iria olhou pra mim, desconfiada.

Não a olhei de volta.

Continuei torturando a gelatina com a colher e suspirei de tédio.

— Provavelmente morreu - Daniel deu de ombros.

Ele tinha reagido de forma muito indiferente quando Yukina e Iria deram a notícia sobre Michele.

Tinha dito que a garota pediu por aquilo.

Revirei os olhos.

— Ela não está morta - respondi - eu rasguei seu livro de magia e está escondida em algum lugar por aí.

— Você o quê?! - Iria falou alto demais.

Alguns alunos do refeitório nos encararam, curiosos.

— Eu estava passando e vi a garota usando magia negra, esperava que eu fizesse o quê? - dei de ombros e comi uma colherada.

Daniel suspirou.

Seth me observava com seus olhos risonhos e Solara tentava a todo custo chamar sua atenção.

— Ela não deve ter desistido tão fácil - Seth disse e empurrou sua bandeja para mim - e você deveria comer algo mais nutritivo, tem comido só porcarias.

— Obrigada, daddy - fiz um biquinho e empurrei a bandeja de volta.

— O que Seth quer dizer é que provavelmente Michele arranjou outro livro - Solara completou - poder vicia humanos.

— Eu sei - respondi - mas se ela tivesse encontrado teria voltado.

— A não ser que vocês tenham tido uma conversa - Yukina deu seu palpite.

Não respondi.

Empurrei minha bandeja para longe e me levantei.

— Estou sem fome.

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Narrado por Daniel.

 

Pouco me importava a humana.

Quero dizer, era uma pena Michele ter se embrenhado na magia negra.

Me sentia tolo por não ter percebido antes e ainda mais tolo por ter sido Selene quem notou.

Sua indiferença perto de mim estava incomodando há tempos e eu não sabia mais o que fazer pra aplacar isso.

Além disso, a elfa saía com o vampiro com frequência e aparentava feliz com o novo relacionamento.

Mas eu ouvia bem as batidas do seu coração quando eu me aproximava demais.

O Daniel humano saberia o que fazer?

Yukina me contara sobre o olho negro da híbrida e me implorou pra que eu fingisse de nada saber.

— A não ser que vocês tenham tido uma conversa - Yukina cruzou os braços e disse.

Selene ficou pálida.

Podia até jurar que seus olhos tinham escurecido.

Empurrou a própria bandeja ainda cheia de comida, se levantou e foi pra sala.

— O que deu nela? - Solara perguntou.

Seth abriu um sorriso que eu conhecia bem.

Ele tinha Solara, o que queria com Selene também?

Me irritei.

— Se importa em trocar de lugar comigo na aula de hoje, irmão? - perguntou.

Eu me importava sim.

Mas se dissesse isso pareceria que estava apaixonado pela elfa.

Dei de ombros, mas quando Seth se levantou, Iria usou sua força animalesca para o jogar de volta no banco.

— Você - apontou pra mim - vai atrás da Selene e tira algo dela e você - apontou para Seth - senta na porra do banco e não sai daqui até Daniel voltar com algo.

— Yukina e você são amigas dela - cruzei os braços - por que não vão?

Iria revirou os olhos.

— Porque Selene não confia em mim - respondeu escondendo a mágoa que sentia - e não é por mim que ela morre de amores.

Bufei.

Levantei da mesa e fui atrás da elfa encrenqueira.

Ela estava de volta ao seu lugar habitual por insistência de Coraline.

Rabiscava freneticamente o caderno e parecia em transe.

Seus cabelos que tinham sido presos por uma caneta velha estavam se soltando e ela ficava linda daquele jeito.

Me joguei na cadeira ao seu lado, fazendo barulho.

Selene sequer me olhou.

Continuava em seu mundo de desenhos particular, ainda em transe.

— Selene - chamei, estalando os dedos.

Ela não me ouviu.

Sua respiração ficava cada vez mais ofegante a cada vez que apertava mais a caneta no caderno.

— Selene - arranquei a caneta de sua mão e a joguei do outro lado da sala.

Algumas alunas me olharam, com sorrisos nada tímidos.

— Saiam da sala - eu disse.

Elas me encararam, confusas.

— Saiam agora - repeti.

As humanas saíram em fila pela porta e a ultima teve a decência e fechar.

— O que há com você? - perguntei, ainda sem olhar pra elfa.

O silêncio continuava lá.

Olhei para ela, irritado.

Selene estava de cabeça baixa e algumas lágrimas escorriam pelo seu rosto.

Me afastei, assustado.

— O que aconteceu? - perguntei, sem saber o que fazer.

Ela usou a manga da blusa pra enxugar, mas acabou borrando a maquiagem.

— Droga - resmungou e tirou um espelho da bolsa.

Observei enquanto ela pegava um algodão e retirava toda a máscara de cílios.

— Selene… - a chamei de novo.

— Nada - ela me cortou - não está acontecendo nada!

Seus olhos bicolores me encaravam arregalados e diziam o contrário.

Ela estava assustada.

Cheguei mais perto e toquei seu braço por impulso.

Ela se afastou.

— Não se aproxime de mim, por favor - fechou os olhos com força e segurou a beirada da mesa.

Aquilo me irritou.

— A poucos meses atrás você implorava pela minha atenção - peguei seu braço e a levantei - agora eu estou aqui, e você vai me dizer o que tem de errado com você.

— Daniel, está me machucando - ela reclamou.

Mas não liguei.

Selene abriu os olhos e de soslaio vi uma sombra em forma de espada se aproximar de mim em alta velocidade.

Desviei.

— Isso é sério? - perguntei, rindo.

— Eu disse pra não se aproximar de mim - ela tocou o braço no lugar em que a segurei.

Respirei fundo.

Eu não conhecia Selene como o meu lado humano conhecia, mas podia apostar numa coisa: ela não estava bem.

E eu a queria bem.

Porque ela dava trabalho quando não estava.

— Como você faz isso? - ela perguntou, apontando pra própria cabeça.

Franzi o cenho.

— Como eu faço o quê? - perguntei.

— Esquecer alguém tão fácil assim - ela respondeu.

Cruzei os braços.

— Quer saber o que está acontecendo, Daniel? - perguntou ela, irônica.

Esperei por sua resposta em silêncio.

— Eu tento todos os dias esquecer a droga que é amar você - ela socou a mesa e senti cheiro de sangue - e quando estou perto de conseguir você vem e… volta a notar que eu existo, qual é o seu problema?

— Pediram pra eu vir falar com você, eu vim - dei de ombros.

— Ah, claro - ela revirou os olhos - eu devia ter adivinhado.

Selene juntou suas coisas na mochila e foi em direção a porta.

Sempre fui péssimo em magia, mas sabia como trancar uma.

Selene girava a maçaneta e quando viu que não abriria, jogou a mochila do outro lado da sala, frustrada.

— O que você quer comigo? - ela gritou.

— Selene, calma, não precisa gritar - levantei as mãos em rendição.

— Sim, eu preciso! - ela bateu o pé - eu sinto que minha cabeça vai explodir sempre que você está envolvido em algo que eu estou, sinto que erro com Liam cada vez que penso em você e sinto que poderia te odiar, mas não quero!

— Me odeie - sorri - você é uma elfa e eu um dragão, isso não seria incomum.

— Eu sou um demônio também - ela sorriu de volta - não se esqueça disso.

Selene socou a maçaneta da porta, destruindo-a completamente.

Tinha sangue por todo lado, mas ela não parecia sentir dor e muito menos ligava.

A híbrida saiu da sala, deixando suas coisas pra trás.

Algo me dizia pra ir atrás dela.

Ou ela faria merda.

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Selene não parava de andar.

Ela percorreu quase a cidade toda segurando o casaco fino contra o corpo e parecia sentir frio.

Revirei os olhos.

Ela deveria simplesmente ter deixado de ser boba e ido pra casa.

Notei que a segui até a floresta e isso não foi nenhuma surpresa para mim.

— Quando vai parar de me seguir? - ela perguntou, irritada.

Olhei para os lados e não a vi.

Do nada, Selene apareceu na minha frente e seu pé estava a centímetros do meu rosto.

Agarrei sua perna por reflexo e a joguei longe.

Uma sombra a segurou e ela se recompôs de pé no chão.

— Onde aprendeu a fazer isso? - perguntei, surpreso.

— Eu ganhei algumas habilidades extras - ela confessou - por que está me seguindo?

— Você está estranha, Selene - coloquei as mãos nos bolsos do jeans.

— Eu estou fugindo de um ex namorado - ela disse, sarcástica - é claro que estou estranha.

— Não finja que não está gostando - pisquei e a vi ficar pálida - você me ama.

Selene fechou os olhos.

Parecia ainda mais furiosa.

Mas o que eu disse não era verdade?

Senti a presença de alguém além de nós.

E estava certo.

O vampiro com quem Selene estava saindo apareceu bem na nossa frente.

— Selene, o que foi? - perguntou, preocupado.

Trinquei o maxilar.

— Liam? O que está fazendo aqui? - perguntou ela, confusa.

— Você ainda pergunta? Que surto de raiva foi esse? - ele abraçou Selene.

— O que diabos você faz aqui, vampiro? - perguntei.

Cruzei os braços.

— Agora entendo o motivo da raiva - ele colocou a elfa atrás de si.

— Liam, vamos embora - ela puxou a manga do vampiro, mas ele a ignorou.

Soltei uma risada.

— Do que está rindo, Daniel? - Liam perguntou.

— De você - apontei - acha que pode fazê-la feliz?

— Garanto que estou fazendo - o vampiro cruzou os braços também.

Selene ficou pálida.

— É verdade Selene? - perguntei - está mais feliz com ele do que era comigo?

Ela soltou uma risada nervosa.

— Do que está falando? Você nem se lembra de nada, não tem o direito de comparar - ironizou.

— Eu não me lembro, mas você sim - insisti - por favor, quem sabe você não refresca minha memória?

Se Selene mentisse, Liam saberia.

Mas o que eu ganhava com aquilo?

Por que a necessidade de criar intrigas entre os dois?

— Por favor, responda - Liam pediu, olhando para o chão.

Selene encarou o vazio, pensativa.

Me enviou fragmentos de suas memórias comigo.

A primeira vez que nos vimos.

O momento em que ela notou que estava apaixonada.

Eu a ensinando a usar seus poderes.

Nosso primeiro beijo.

Algumas aventuras perigosas em que Selene colocava a vida em risco.

Vários fragmentos e em todos eles, ela não era a única a estar feliz.

Eu também estava.

Eu amava Selene.

Não era um amor banal.

— Em toda a minha vida eu nunca fui feliz como fui com você - Selene respondeu, sincera e com a voz trêmula - mas você é passado, e o que eu quero agora é um futuro.

Suas palavras continham lâminas que retalhavam meus órgãos vitais.

— Espero que um dia eu consiga te esquecer por completo e você consiga amar alguém de novo - ela deu a facada final.


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