The Forest City escrita por Senjougaha


Capítulo 1
Capítulo 1 - Observada


Notas iniciais do capítulo

Nada de notas.



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Acordei com a cortina esvoaçando no meu rosto e o vento frio da janela me fazendo arrepiar. Cocei os olhos preguiçosamente e nesse instante, o despertador tocou, me irritando. Não que eu seja do tipo de pessoa que o joga na parede todas as manhãs por odiar levantar da cama e encarar humanos. Não. Eu simplesmente senti que se saísse do quarto hoje, acontecimentos estranhos iriam mudar a minha vida.
- Hora de acordar, preguiçosa! - gritou meu pai com seu tom carinhoso e brincalhão.
Então minha irritação se foi. Que se danasse meu mau pressentimento!
Levantei-me num pulo e fiz minha higiene. Me dei ao trabalho de escolher a roupa que vestiria. Uma grande atitude vinda de alguém que simplesmente pega a primeira peça que vê pela frente. Uma jardineira, suéter e coturnos. Até tentei me maquiar, mas por ser aberracionalmente (se a palavra não existe, acabo de inventar) ruim nisso, limpei tudo e deixei apenas o rímel. O cabelo seria do mesmo jeito de sempre, afinal, por que diabos eu me arrumaria pra ir à escola? Só estava animada e agradecida por ter meu pai gritando meu nome todas as manhãs, e só.
Já estava na escada quando voltei correndo e busquei minha mochila velha, pra logo depois descer de dois em dois degraus em direção à cozinha. O cheiro de panquecas era um imã para mim.
- Ansiosa para a volta às aulas? - perguntou papai com um brilho no olhar.
- Aliviada! - respondi me sentando e revirando os olhos - mas não por muito tempo, logo vou estar de saco cheio novamente.
Comi vorazmente minhas panquecas e não foi diferente quando ele colocou diante de mim um copo de suco de laranja.
- Seus preferidos. - disse papai se orgulhando de suas habilidades culinárias.
- Porque foi você que fez. - revirei os olhos.
Olhei o relógio de parede e respirei fundo.
- Estou indo. - disse eu e lhe dei um beijo na bochecha.
Ele me acompanhou até a porta e torcia o guardanapo em suas mãos. Já estava no pequeno portão de nossa casa quando ele me chamou e virei para ver o que era. Com certeza eu ja imaginava.
- Tente fazer amigos. - disse ele com um olhar aflito.
Era uma súplica.
- Eu farei. - respondi.
Dessa vez, tentaria de verdade. Ou ao menos fingiria, só pra não ter que olhar aquela expressão novamente.
Gostava de caminhar, e por isso não peguei o carro exageradamente chamativo de papai ou o ônibus que passava à alguns metros de casa. Resolvi fazer o de sempre: ir pela floresta.
Motivos pra odiar aquela cidade eu tinha muitos. As velhas que cochichavam toda vez que eu passava diante delas. As velhas que passavam aos seus filhos e seus filhos aos seus netos a história de que, um dia, uma bruxa apareceu na cidade e seduziu um humano, tendo depois uma filha com ele. Bufei chutando um graveto. Velhas idiotas. Não que eu ligue de estarem chamando minha mãe de bruxa, na verdade, tanto faz.
Mas motivo para amar aquela cidade, eu só tinha um: a floresta que começava logo atrás da minha casa. Bem na minha janela. Ah, eu amava isso.
Quando eu era pequena, ficava maravilhada com os barulhos noturnos, enquanto meu pai suava frio e a cada duas horas de noite, ia fechar minha janela que eu insistentemente abria para ouvir melhor. Do meu quarto, podia ouvir tudinho. Os carros que passavam na estrada em frente de casa, os grilos que estavam por toda parte e os animais da floresta.
Parei de caminhar e procurei a trilha tão familiar, escondida entre os arbustos. Não que eu precisasse procurar. Podia chegar nela facilmente no escuro, de olhos fechados. Entrei na trilha e comeci a caminhar com o passo firme, grata por não ter escolhido vestido ou um suéter quente demais.
Já estava na metade do caminho quando parei para respirar melhor. Suspirei e olhei para cima, tirando a franja comprida dos olhos e observando por alguns segundos as nuvens. Iria chover naquela tarde.
Um graveto se quebrou atras de mim e um vento rápido soprou em minha nuca. Me senti observada e aquilo, por mais que tivesse me deixado com medo, também me irritou. Detestava sentir medo. Bati os pés e dei alguns passos, tentando tirar da minha mente o pensamento de que continuava sendo observada.
- Mas que droga. - resmunguei olhando para traz franzindo o cenho.
Resistindo ao desejo de circular por ali para ver quem era, dei de ombros e fui pra escola.


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