Uma Aposta Para Dois escrita por Karina Guerim


Capítulo 9
Capítulo IX - Bárbara Fernandez




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O dia amanheceu com um sol e tanto, eu estava dormindo tão bem, que se não fosse pela luz em meu rosto, não teria acordado tão cedo. Antes de levantar, olhei para o relógio na mesinha de cabeceira.

Nossa, sete da manhã! E já tem um sol desses? Como consegui acordar a essa hora depois da faxina de ontem?

Ainda que quisesse descer correndo para ver se Lucas já havia acordado e como ele tinha dormido, me controlei e desci tranquilamente.

Cheguei à sala e não vi ninguém, nem rastros ou pistas de que pudessem estar em casa.

Era só o que me faltava, me largaram aqui sozinha sem ao menos avisar pra onde iam e eu não conheço nada por aqui...

Já estava prestes a ligar para Bruno quando vi um bilhete preso na porta.

“Bárbara,

Eu e seu irmão fomos à praia. Eu pensei em te acordar, mas não tive coragem quando vi você dormindo tão tranquilamente. Deixei seu café pronto na cozinha. Se estiver afim, encontra a gente na praia, estamos no quiosque da Luna, são três quadras de casa. Se não encontrar me ligue.

Beijos, Lucas”

Esse definitivamente não se parece com o Lucas que eu conheço. – ri enquanto pensava.

Rapidamente tomei meu café, coloquei um biquíni e saí para encontra-los.

Tá legal, onde é esse tal quiosque da Luna? – disse olhando para o telefone.

Me desculpa, - disse um rapaz que passava ao meu lado. – eu não pude deixar de ouvir você falando, está procurando o quiosque da Luna?

Estou, você sabe onde é?

Sim, a Luna é uma velha amiga, aliás, eu vou passar por lá, estou indo pegar meu carro no mecânico que é praticamente em frente, se quiser, pode vir comigo.

Não sei não, eu nem te conheço. – disse sorrindo.

Ah claro, me desculpe, meu nome é Pedro Guerra, eu tenho vinte e seis anos, acabei de me formar em engenharia, a propósito, estou aqui de férias, meu cpf é... – ele disse estendendo a mão para me cumprimentar.

Ei! - eu disse o interrompendo enquanto ria – Está tudo bem, eu sou Bárbara Fernandez.

É um prazer conhecê-la Bárbara, agora podemos ir?

Sim, vamos!

Fomos conversando enquanto caminhávamos pela beira da praia. Não pude deixar de perceber sua beleza, seu sorriso com covinhas e seu jeito meigo de falar.

Mas então, seu sobrenome é mesmo Guerra?

Sim, ele riu as pessoas às vezes zoam, eu confesso.

Que nada, é diferente. – eu ri.

– Está vendo, se tivesse gostado, teria falado logo de cara. Diferente não quer dizer bonito.

– Mas eu não disse que era feio, pelo contrário, eu gostei.

– Não tem problema, Fernandez também não é dos melhores...

– Agora vai sobrar pra mim? – eu ri

– Não, só estou brincando. – sorriu – Bom, este é o quiosque da Luna. – ele disse do outro lado da calçada.

Virei-me para tentar encontrar os rapazes e vi Lucas caminhando em minha direção.

– Muito obrigada por me trazer até aqui.

– Por nada. Quer saber? Vamos sair mais tarde, eu posso te mostrar mais lugares por aqui, pelo que eu vi, você não...

– Ei, se ela quiser conhecer algum lugar por aqui eu a levo ok? – disse Lucas o interrompendo.

– Lucas! Não seja grosso, ele só estava sendo gentil. – eu disse dando um leve tapa em seu braço.

– Se ela quisesse sua ajuda, ela teria vindo com você Luponni.

– Espere ai, vocês se conhecem? – arqueei a sobrancelha.

– Não. – disse Lucas enquanto me puxava pelo braço.

– Você está louco? O que foi isso? – eu disse tirando as mãos dele de mim.

– Esse cara não é boa companhia, fica longe dele.

– Ah é? Não foi o que me pareceu.

– Claro, isso porque você conhece ele a anos não é? – ele disse irritado.

– Ei, ei, o que está acontecendo? – disse Bruno.

– O Lucas está pirando aqui e eu não sei o motivo. – eu disse virando as costas.

– O que foi cara? – disse Bruno.

Eu nem quis escutar a explicação do Lucas, logo me virei a fim de sair dali. Fui até o quiosque pedir uma água, pra tentar relaxar.

Argh, é incrível como ele consegue acabar com a felicidade de alguém em questão de segundos.

– Ei, uma água, por favor. – Pedi à atendente.

– Com ou sem gás?

– Sem gás. Você deve ser a Luna, né?

– Sim, - ela sorriu – e você deve ser a irmã do Bruno, Bianca, não é?

– Não, é Bárbara.

– Ah sim, me desculpe. Aqui está sua água Bárbara. O que houve com Lucas?

– Ele se aborreceu por causa de um cara, nada demais. Aliás, como conhece meu irmão?

– Nossa, eu conheço seu irmão há muitos anos, ele vinha muito pra cá quando era mais novo, eu era vizinha da avó do Lucas.

– Ah sim... Olha Luna, eu gostaria muito de conversar com você, de verdade, mas agora eu preciso procurar uma pessoa, o tal cara que aborreceu o Lucas, não comenta nada com ele, por favor.

– Sim, sem problemas.

– Podemos conversar mais tarde? Aqui está meu número, pode me dar o seu também? – disse enquanto passava meu número pra ela.

– Posso, vou te dar um toque, e você grava no seu celular, pode ser?

– Sim. Eu estou indo, foi um prazer conhece-la.

Olhei para trás apenas pra ter certeza de que Lucas não iria me ver saindo. Ele estava ocupado demais discutindo com Bruno. Continuei andando pela areia até chegar à rua.

Certo, ele havia dito que estaria em um mecânico em frente ao quiosque...

Não precisei andar muito, por mais que não fosse em frente, era próximo dali, fiquei em dúvida sobre entrar e perguntar por ele, ou espera-lo lá fora. E enquanto tomava coragem, ouvi alguém se aproximando.

– Bárbara?

– Pedro, eu estava mesmo te procurando. – disse ao me virar.

– Se é por causa do Lucas, não esquenta com isso, a gente...

– De forma alguma, – interrompi – eu não sei o que há com vocês, mas ele não tinha o direito de te tratar assim.

– Eu também não o tratei tão bem.

– Você apenas revidou a forma que ele se dirigiu a você.

– Olha, eu não espero mais nada vindo dele. Há muitos anos que eu decidi não me importar mais.

– Estou um pouco confusa sobre o que está acontecendo. Pode me contar?

– Sim, claro. Vou pegar meu carro lá dentro e podemos ir a uma lanchonete.

– Ok. Vou ficar aqui esperando.

– Eu não demoro. – ele disse saindo.

Como o Lucas é uma pessoa volúvel! Ontem mesmo ele estava um amor de pessoa. Hoje de manhã foi um doce, deixando aquele recado na porta, e agora, com a aparição desse tal Pedro, ele ficou todo estranho, tratando mal as pessoas, me puxando pelo braço... Eu preciso saber o que aconteceu, e pra saber a verdadeira história, eu tenho que ouvir a versão de cada um.

Enquanto pensava, senti meu celular vibrar. Como já era de se esperar, a ligação vinha do celular do meu irmão, que estava com Lucas há dias, eu não ia atender, mas ele insistiu.

– O que foi?

– Onde você está? – disse Lucas.

– Eu não tenho que te dar satisfações do que eu faço.

– Eu sei, me desculpa, eu te tratei mal, você tem razão em querer dar uma volta pra esfriar a cabeça, mas já pode voltar, vamos conversar...

– Eu não fui esfriar a cabeça.

– Você não está voltando pra sua casa né? Isso não foi nada, é só uma bobeira minha, me fala onde você está que eu te conto tudo e se depois disso, você ainda quiser voltar, eu mesmo te levo.

– Relaxa Lucas, eu não vou embora. Eu só fui procurar uma lanchonete para comer algo.

– Tem comida aqui no quiosque.

– Eu quero ficar um pouco sozinha ok?

Então Pedro saiu com o carro e gritou:

– Vamos?

– Sozinha né? – disse Lucas.

– Depois conversamos Lucas. – disse desligando o telefone.

Entrei no carro de Pedro e ele parecia ser muito cuidadoso, estava tudo limpo e cheiroso, apesar de ter acabado de estar saindo do mecânico.

– Você está com fome? – disse Pedro.

– Não e você?

– Também não. Acho melhor irmos para outro lugar então...

Eu estava tão desligada que nem reparei pra onde estávamos indo. Talvez eu estivesse fazendo o maior drama por causa de uma bobeira, como disse Lucas. No fundo eu sabia que se eu deixasse isso pra lá, a história só iria aumentar enquanto ficássemos por ali, ainda mais pelo motivo de todos se conhecerem, menos eu.

– Chegamos. – ele disse.

– Onde estamos?

– É só um lugar que eu costumava vir quando morava por aqui, se sair do carro, vai poder ver o motivo de eu ter vindo pra cá.

Saí do carro e me surpreendi com a vista. Era linda demais, nós estávamos no mirante de uma serra.

Ele se sentou no capô do carro sorridente apenas observando minha reação.

– O que achou?

– Sensacional! Juro que eu não esperava por isso. – disse sentando também no capô.

– Eu costumava vir pra cá quando chateado, e já que você está se sentindo assim hoje, achei que esse seria um bom lugar para conversar.

– É um ótimo lugar mesmo.

– Mas diz aí, o que quer saber?

– Ah vai dizer que você não sabe?

Ele riu – Sei, mas acho que você devia conversar isso com seu namorado.

– Quem? Lucas? Nem se eu quisesse, ele é impossível.

– Ah que bom, me sinto mais aliviado.

– Por quê?

– Lucas não é a melhor pessoa quando se trata de relacionamentos... E como você parece ser uma pessoa legal, eu acho melhor ficar do jeito que está.

– Sabe, eu não entendo ele, uma hora está amigável e outra está explosivo.

– Está aí uma característica impressionante dele. Mas tenho que admitir, ele nunca fica explosivo atoa, só quando algo tem uma verdadeira importância.

–Ele só pode ser louco! – disse com a mão na testa. – Mas não me enrole, como vocês se conhecem?

– Tudo bem. – ele riu – Como você deve saber, o Lucas vivia por aqui na casa da avó e nós costumávamos brincar juntos, eu, ele, nossa vizinha Luna e às vezes seu irmão vinha pra cá também. Daí nós fomos crescendo, e a amizade com a Luna começou a se transformar em desejo de adolescente, como os três ficavam sempre juntos, ela se sentia mal em escolher um de nós. – ele disse meio tímido – Logo, a avó do Lucas veio a falecer, e ele ficava muito tempo sem vir pra cá, consequentemente, seu irmão também não vinha. Então sem os dois, a Luna e eu namoramos durante alguns meses antes dele reaparecer. Assim que o Lucas ficou sabendo que estávamos juntos, ele surtou, achou que eu tinha o traído. Mas verdade a Luna sempre gostou mesmo do seu irmão, ela só tinha medo de magoar Lucas e eu.

– E quando foi isso? Quer dizer, quantos anos vocês tinham?

– Eu tinha dezenove, a Luna dezesseis e o Lucas quatorze. Ele era uma criança

Olhei para a paisagem e respirei fundo tentando buscar maneiras de não parecer tão obvia.

– Ele gostava mesmo dela?

– Sinceramente, eu acho que não. Vocês já se conheciam né?

– Já, porém não éramos próximos, mas ainda assim eu não faço ideia de como só fui descobrir isso agora. E outra, é estranho, eu cheguei aqui ontem com os meninos, e o Bruno foi direto atrás dela.

– Sério? Será que eles não se encontraram por acaso?

– Não sei, talvez.


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