Planos! escrita por MarcJunpei


Capítulo 1
Capítulo 1




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Ótimo! Agora eu não consigo dormir. Na verdade eu percebi o porquê disso hoje. Não, essa não é a inteira verdade...eu admiti isso hoje. O motivo da minha perda de sono esteve durante muito tempo na ponta da minha língua, mas eu continuei enterrando isso bem profundamente, pois era absurdo que eu cedesse a algo dessa natureza. Contudo, antes de sair revelando esse segredo, eu queria saber: quando ou como isso começou?

Fazendo uma pequena retrospectiva eu talvez consiga. É isso! Talvez assim eu me acalme um pouco.

Começando pelo início...eu fui para o colégio do norte e bem...minha escolha foi baseada num tal de John Smith que eu conheci a um tempo atrás. Eu queria me encontrar com ele, pois parecia que ele carregava uma espécie de segredo extraordinário.

No fim, eu não encontrei o misterioso John Smith. Ao invés disso, dei de cara com a pessoa mais normal, entediada e entediante que já conheci: Kyon.

Como esperado, ele, do nada, começou a querer conversar comigo. Na minha cabeça Kyon era apenas mais um que estava atraído pela ideia da minha beleza. Apesar das aparências eu sei muito bem o que os homens veem em mim. Entretanto, mesmo após eu recepciona-lo da pior maneira que consegui, ele continuou tentando conversar comigo e, bem, por um momento eu notei que ele aparentemente se interessava de fato pelo mesmo que eu: o sobrenatural e coisas do tipo. Ou pelo menos ele conversava comigo de forma diferente dos outros. Eu não conseguia sentir nenhuma segunda intenção nas expressões dele. Pra ser sincera, eu até arrisco dizer que me senti confortável com nossas poucas interações antes das aulas.

Depois disso, a partir de um discurso ridículo dele, eu tive a maior inspiração que poderia ter até aquele momento.

Acho que nesse exato ponto eu comecei a me enganar sobre minhas próprias intenções. Kyon era um amigo? Talvez sim, isso pode ser bem discutível, uma vez que eu não sabia exatamente o que pensar. Minha única convicção era de que Kyon tinha que me ajudar com a criação da Brigada SOS. Mas por quê? Eu continuava tratando ele mal. Eu queria estar agradecida, mas isso era coisa para os fracos não?

De qualquer forma, juntei os membros da Brigada e pronto. O primeiro passo do meu sonho estava realizado. Mas novamente eu não fiquei 100% realizada. Kyon por vezes me ignorava, reclamava e até mesmo me contestava. Eu ficava frustrada com alguns de seus pedidos, mas passei a atender alguns e pensando bem agora, eu realmente gostava quando ele parecia estar interessado mesmo que isso fosse contrário a minha ideia. Por fim, admito que eu gostava da companhia dele.

Agora vamos avançar um pouco mais. Graças a esse “gostar da companhia” eu criei, ainda mentindo pra mim mesma, a busca de mistérios pela cidade. Eu ficava duplamente frustrada quando via que nunca era sorteada com ele, mas eu me perguntava por quê?

Eu continuava inventando punições, mas Kyon parecia relevar quase tudo. Ele continuava me seguindo, mas mesmo assim eu não estava feliz. Ainda faltava alguma coisa.

Enquanto eu travava uma batalha interna pra suprimir meus pensamentos, comecei a me preocupar com o que Kyon achava de Yuki-chan e Mikuru-chan. Não me entendam mal, não é como se eu desgostasse delas. Elas eram como as irmãs que eu nunca tive.

Em um determinado dia eu pego Kyon flertando ou algo do tipo com Mikuru-chan. Minha reação? Uma raiva descontrolada me tomou. Mas por quê? Eu não gostava de sequer pensar nesses porquês, mas agora olhando para traz era óbvio que eu tive um ataque de ciúmes. Como esse idiota podia me trocar por Mikuru-chan? Fui eu quem melhorou a vida chata dele. Eu dei um motivo pra ele se empolgar com algo e mesmo assim ele me troca por Mikuru-chan? Não, isso estava muito errado.

Eu estava angustiada com minha própria reação, além disso, ainda tinha que aturar minha insatisfação por ver que Kyon não me tratava da mesma maneira que ela. Às vezes eu tenho a impressão que Kyon me vê como alguém que conseguiu transcender os gêneros...

De qualquer forma, o que aconteceu na noite daquele dia acabou de vez com muita das minhas suspeitas sobre meu comportamento. Não que eu estivesse muito feliz com isso...pelo menos na época...

Bem...eu tive um sonho. Mas um muito real. Acho que ninguém consegue lembrar tão bem assim de um sonho. Independente disso, o caso era que eu acordava com Kyon e estávamos presos na escola. Do nada uns monstros estranhos começavam a destruir a escola. Eu ficava realmente feliz de finalmente achar algo misterioso. Pra variar Kyon não achava o mesmo. Ele então fez um discurso confuso sobre o mundo girar ao meu redor, o qual eu sinceramente não dei à mínima. Só que no momento seguinte, ele que parecia um pouco indeciso sobre alguma coisa, mas chamou minha atenção novamente. Foi então que “aquilo” aconteceu.

Não necessariamente com essas palavras, mas traduzindo o que ele falou, ele disse que tinha um fetiche por rabos de cavalo e que eu ficava muito bonita quando me arrumava com um. Depois disso, eu bem...comecei a perder a noção de algumas coisas, eu apenas fiquei repetindo aquelas palavras na minha cabeça como uma boba alegre. Quando não podia melhorar, Kyon resolveu fazer algo...ousado. Ele roubou um beijo meu e depois disso acabou. Eu acordei no chão do meu quarto, estupefata com todo aquele evento em formato de sonho. Eu ainda podia sentir aquela sensação quente nos meus lábios. Eu nem mesmo consegui dormir mais. Se aquele sonho fosse uma gravação em VHS, eu ficaria rebobinando a última cena até não poder mais...

Eu sempre acreditei na minha intuição. Por isso, aquele sonho me acalmou um pouco. O que eu pude intuir? Bem...Kyon aparentemente gostava de mim, isso era suficiente não é?

No dia seguinte fiz um teste, amarrei um rabo de cavalo para ver o que acontecia e bem...Kyon me elogiou!

Assim estava bom, mas em seguida nós brigamos quando fomos filmar nosso produto para o festival da escola. Contudo ele pediu desculpas de alguma forma, e eu não pude evitar de me derreter.

A essa altura eu já questionava se a amizade era algo suficiente, mas continuei cegando a mim mesma.

Depois de alguns pequenos eventos não muito relevantes, Kyon se acidentou quando preparávamos a festa de natal da Brigada. Eu nunca havia ficado tão preocupada em toda minha vida. No que aquele idiota estava pensando? Eu tive que ficar três dias dormindo ao lado dele, torcendo para que não fosse nada sério. Felizmente não foi, mas como sempre ao invés de me aproveitar da situação pra tomar alguma decisão eu simplesmente fiquei embaraçada quando ele me agradeceu por cuidar dele.

Depois disso, continuei minha sina do “está tudo bem do jeito que está”. Não sei se foi por causa do baque na cabeça, mas percebi que Kyon passou a ficar olhando pra Yuki-chan. Deus! Até pra Yuki-chan ele dava mais atenção do que pra mim? Eu pensei em ignorar isso, pois não existia essa possibilidade...não é?

Porém eu não consegui, eu tive que interroga-lo pra saber o porquê daquela atenção repentina pra Yuki-chan. Ele me deu uma desculpa sobre ela estar com alguns problemas e apesar de eu não ficar 100% convencida, acabei aliviada de saber que não era nada demais.

Ai chegou o dia dos namorados e apesar de eu tentar resistir bravamente, não consegui me impedir de criar toda uma bagunça pra disfarçadamente entregar chocolates pra aquele idiota. Ele agradeceu, mas pelo jeito não entendeu ou não quis entender minha mensagem secreta. Aquilo me deixava perplexa. Qual o significado dele não querer entender? Apesar de eu ter alguns pensamentos pessimistas, eu sempre voltava atrás quando Kyon me dava o mínimo de atenção.

Mais pra frente, eu novamente aproveitei uma oportunidade pra tentar descobrir um pouco mais sobre Kyon. Enquanto fomos desafiados por aquele imbecil Presidente do Conselho Estudantil, repassei a Kyon a tarefa de escrever um romance que seria parte da salvação do clube de literatura. Ele obviamente torceu o nariz, mas eu fiquei bastante satisfeita ao deduzir que como seu romance era um total fiasco, ele realmente parecia nunca ter tido nenhum envolvimento do tipo.

Em um de nossos tours pela cidade descobri que Kyon possuía uma amiga próxima!? Mais uma preocupação inútil. Eu lutava de todas as formas contra meu terrível, e agora admitido, ciúmes. Felizmente, nada demais aconteceu entre os dois. Na verdade, minha memória depois desse encontro está um pouco confusa. Mas isso tanto faz...eu acho...

Por fim, eu passei a dar aulas pra Kyon antecipando o sofrimento do ano seguinte. O ano seguinte era o nosso último ano junto, mas eu não deixaria isso acontecer tão facilmente. Eu ia levar Kyon pra mesma universidade que a minha de qualquer jeito!

E agora eu estou aqui, com uma insônia terrível na madrugada do dia do aniversário de um ano da Brigada SOS. Tudo por que Kyon me fez uma surpresa absurda, mas, além disso, ele me deu um presente que, segundo Koizumi-kun, foi pensado diretamente por ele sem nenhuma interferência externa. Como eu deveria me sentir? Ou melhor, como eu deveria me comportar nessa situação?

Algumas tímidas lágrimas começaram a lavar meus olhos, mas eu tive que me segurar afinal toda a Brigada SOS estava ali e eu não podia ser fraca. Outra atitude que tomei foi a de não abrir aquele presente naquela hora, pois eu não sei como exatamente, mas eu tenho certeza de que independente do que estivesse dentro daquela caixa, minha reação imediata seria agarrar aquele idiota e mostrar minhas primeiras, segundas, terceiras, quartas, quintas intenções...

Contudo, eu respirei fundo e mandei minha brigada de volta pra casa. Agora estou aqui admitindo abertamente pra mim mesma: Eu estou apaixonada por Kyon...Mas essa droga toda nunca foi parte do meu plano.

Entretanto eu amo competir e odeio perder, por isso eu vou vencer essa batalha. Isso mesmo! Kyon prepara-se, pois você vai me entender e notar nem que seja a última coisa que eu faça!

Mesmo dizendo isso, eu ressalto que continuo considerando o que estou sentindo uma doença mental temporária. Mas já que isso vem durando há um tempo e acho que a melhor forma de curá-la é desse jeito...

Ah eu esqueci de abrir o presente! Ao abrir o pequeno embrulho, localizei uma pedra estranhamente brilhante e fria. Eu quero dizer gelada! Ela tinha uma coloração azul bem peculiar. Certamente um objeto misterioso. Tinha um pequeno bilhete dentro:

“Desculpe pelo presente, mas eu não achei algo mais interessante.

Quem me vendeu garantiu que essa pedra nunca deixa de brilhar e mantém sempre a mesma temperatura.

Achei que assim você não poderia dizer que não achamos nada misterioso nesse um ano de Brigada SOS.

Kyon”

Maldito seja você Kyon. Essa foi à última gota!


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