I don't wanna give in I don't wanna concede

[Yuu POV]

Sabe quando todos os seus valores se confundem, mas ainda do que já são confusos normalmente? Pois é, eu também não. Eu realmente não entendo o que esta acontecendo comigo de algumas semanas pra cá. Acho que as coisas começaram a ficar estranhas no primeiro dia do Suzuki aqui na empresa.

Foi um dia bem estranho, mesmo, pra começo de conversa eu notei a troca de olhares entre o Kou e ele, mais dele do que do Kou, e tive que ficar o dia inteiro ouvindo o Kou me dizer o quanto o Suzuki era bonito, misterioso e blá, blá, blá...

Não é que eu já não tenha reparado nisso quando ele chegou aqui, ele é bem estranho, e desastrado também. Quando ele veio me entregar os papéis que eu fui lhe dar mais cedo ele derrubou todos no chão, acho que foi na hora em que ele viu o Kou parado ali, o encarando. E eu achando que ele iria demorar mais pra esquecer o Ruki. Ta, ele ainda não esqueceu o Ruki, mas eu juro que eu não agüento mais ouvir o Kou falando do Suzuki!

Agora ele quer que eu descubra se ele é gay, veja se tem cabimento uma coisa dessas, eu não posso simplesmente chegar e perguntar “Hey, Suzuki, tudo bem? Mas e aí, você é gay?” totalmente fora de cogitação.

- AOOI-CHAN! – Um ser loiro e saltitante entrou no meu quarto sem bater e pulou em cima de mim.

- Sai de cima de mim Uruha! – Falei o empurrando, percebendo o grau de felicidade da criatura – O que aconteceu pra você ficar tão feliz?

- Você sabe aonde nós vamos hoje à noite Aoi-chan?

- Nós? Eu não vou a lugar nenhum, eu vou ficar aqui, descansando dessa semana horrorosa.

- Ah não, você vai sair comigo hoje à noite, e nós vamos naquele pub inglês que fica perto da empresa, e vamos beber até cair, ou melhor, eu vou beber, e você vai me trazer embora. – Seus olhos brilhavam, eu falo sério.

- Pode parar, eu não vou sair com você e ter que ficar aguentando bêbado, de novo. E você nem gosta daquele pub.

- Aah, mas eu descobri que o Suzuki vai lá hoje à noite, com um amigo dele, então você vai comigo sim! – Maldita seja essa obsessão!

- Então eu vou, mas só se você me prometer que não vai beber demais, por favor, não agüento mais te trazer bêbado pra casa.

- Por mim tudo bem, eu quero embebedar outra pessoa mesmo. – Ele saiu do meu quarto, mas uma vez saltitante.

Preciso dizer que essa coisa dele ficar tão obcecado com o Suzuki me incomoda? Não tanto pelo Kou, mas se ele ainda gosta do Ruki, ele não vai querer nada sério com o Suzuki, isso é claro, se ele for realmente gay. E eu não quero que meu empregado fique deprimido.

Ta, ele não é só um empregado, eu gosto dele, gosto bastante, ele me transmite confiança, e um brincalhão idiota, um pouco boca suja devo acrescentar, mas ainda assim, ele é incrível. É estranho que do nada apareça uma pessoa que me fizesse rir com tanta facilidade.

Geralmente eu só era uma pessoa realmente alegre quando estava com o Kou, mas o Suzuki tinha o dom de me deixar mais alegre, só por vê-lo, assim, distante mesmo, não sei como. Ainda não tive coragem, ou vergonha na cara, como preferir, de contar isso para o Kou.

Eu quero que ele tenha esperanças novamente, mas não quero que seja com o Suzuki, meu grau de possessão com as pessoas que eu gosto são realmente assustadoras. Mas o mais assustador é eu ficar tão encantado assim com o Suzuki, nós mal conversamos, mas é inevitável ficar olhando pra ele quando ele chega, eu acho que ele já percebeu que eu o olho, mas não disse nada, bom pra mim.

Já me peguei sonhando com ele, acordado mesmo, não de uma forma despudorada, mas sim de uma forma calma, eu realmente acho que preciso de tratamento, tratamento pra parar de encarar ele, pra parar de dar ouvidos ao Kou, e definitivamente parar com as minhas tendências homossexuais, se eu não quiser que o Kou me mate, e eu realmente não quero.

[Akira POV]

Semana estranha essa, eu ando achando que a secretária do Yuu anda me espionando, ah, e sim, eu me dei essa intimidade de chamá-lo de Yuu, mas isso só nos meus pensamentos. Voltando a secretária, ela vai aonde eu vou hoje mesmo eu achei que ela estava escutando minha conversa com o Kai no telefone.

E o Takashima não sai da empresa, mais especificamente do lado do Yuu, e me da uns ciúmes, sério, não que eu ame o Yuu, mas ele é bonito, e já não basta o Takashima ter ficado com o meu namorado, ainda quer o meu chefe, que ele conhece bem antes de mim, mas isso não vem ao caso.

Takashima fica me encarando o tempo todo, toda vez que eu vou à sala do Yuu ele está lá, e fica me encarando, certamente ele já percebeu que eu era o namorado do Ruki, mas será que ele precisa ficar com o olhar fixo, sem nem piscar, toda vez que eu passo perto dele? Descrição mandou lembranças.

Andei reparando que o Yuu também me encara ás vezes, e nem de longe é tão indiscreto quando o seu amigo, às vezes eu acho que ele tem medo que eu quebre alguma coisa, ou erre em algum documento sei lá, mas é inevitável, eu sou desastrado mesmo, e com dois homens bonitos me encarando a toda hora, como me concentrar?

Mas, essa noite é festa, é, dessa vez vai ser legal, eu o Kai vamos para o pub chato que ele diz ser legal, segundo ele, ele tem pressentimentos maneiros pra essa noite, estou começando a confiar nos instintos do Kai.

- REITA, ANDA LOGO OU VAMOS NOS ATRASAR! – Kai quase arrancou a porta do banheiro no murro, falando sobre o diabo...

- Eu já saio, é só tentar não arrancar a porta do banheiro da minha casa!

- Ta, ta, mas você fica três horas no banheiro pra arrumar esse cabelo, quanta frescura. – Dizia Kai enquanto sua voz diminuía de volume.

Terminei de arrumar o meu cabelo o mais rápido possível, sabe como é, portas estão caras hoje em dia...

- Vamos nessa Kai. – Dei um empurrão de leve em seu ombro, mostrando minha animação.

- Se me empurrar de novo fica sem a mão. – Ele saiu da minha casa, me lançando um olhar mortal. Hoje ele não está tão animado, então a noite vai ser boa! Já disse que adoro provocar o Kai?

Fomos até a garagem em silêncio, eu apenas observava Kai, de canto, esperando o melhor momento para o ataque, eu estava me sentindo um leopardo! Quando Kai foi descer as escadas, para ir até o carro eu lhe dei um empurrãozinho de leve, fazendo-o quase cair no chão.

Kai apenas virou de costas e me encarou, mortalmente, me puxou pelo braço e quando eu achei que ele ia me dar um soco Kai me passou uma rasteira e me derrubou no chão, sujando toda a minha camiseta branca.

- Nunca mais faça isso Suzuki Akira, entendeu? – Só consegui afirmar com a cabeça. – Vai trocar essa camiseta, agora.

Levantei-me calmamente e entrei em casa novamente, começando a rir como um idiota, cara, eu adoro provocar o Kai!

[Yuu POV]

- Aoi, eu disse que era pra gente vir, esse lugar é muito legal. – Me dizia Kou, meio pulando, meio dançando, enfim, não queria entender. – Será que eles já chegaram?

- Sei lá Kou, eu vou sentar e beber, você pode fazer o que quiser. – Evidentemente eu estava irritado, eu não queria sair à noite não.

Deixei o Kou parado á porta do pub enquanto fui procurar uma mesa, que desse pra olhar a entrada do bar, eu não ia deixar o Kou realmente sozinho, isso estava fora de cogitação. Ele ainda me olhava estranho quando eu me sentei e o olhei parado na porta, mas deu de ombros e foi comprar bebida.

Eu estava absorto em pensamentos, olhando algum ponto fixo perto da porta, mas não vendo nada na verdade, até que eu vi um rosto conhecido, nunca imaginei que iria encontrá-lo ali, ele era tão contra sair na noite quanto eu.

Ele também me avistou, e ficou me encarando, como se fosse pra descobrir se era eu mesmo, e pelo jeito ele tirou a conclusão de que realmente era eu, afinal ele abriu um sorriso, mostrando suas covinhas, Kai veio em minha direção, acompanhado de ninguém mais, ninguém menos que o Suzuki.

- Yuu? – Kai perguntou, ainda sorrindo, sendo encarado por Suzuki, que estava claramente não entendo nada.

- Kai. – Sorri verdadeiramente. – Quem bom te ver depois de tanto tempo.

- Imaginei que nunca mais fosse te ver, você sabe, realidades diferentes. – Disse ele fazendo uma careta.

- Por que mesmo que eu não sabia que vocês se conheciam? – Perguntou Suzuki, um tanto irritado.

Kai virou pra ele, com a cara fechada e respondeu:

- Porque eu conheci o Yuu no colégio interno, aquele que eu ganhei uma bolsa de estudos, e você fez birra pra eu voltar.

- E por que você não me contou nada?

- E por que eu saberia que o seu chefe é o mesmo que estudou comigo no colégio interno?

Quando Suzuki ia responder Kou chegou à mesa aos tropeços, com alguma bebida não identificada nas mãos, não que eu quisesse imaginar o que ele estava bebendo. O sorriso que ele abriu ao ver Suzuki foi enorme, indescritível, sério.

- Que coincidência Suzuki-san, você por aqui. – Kai virou o rosto quando notou que Kou estava ali, e o mirou de cima abaixo, fazendo uma careta logo em seguida.

Kai cochichou alguma coisa com o Suzuki antes do próprio responder o Kou, e virou pra mim, sorridente de novo, como se não tivesse acontecido uma quase discussão agora a pouco.

- Posso me sentar? – Perguntou ele ainda sorrindo, eu acenei positivamente com a cabeça. – Reita vai pegar alguma coisa pra gente beber.

Suzuki saiu prontamente da mesa, duas coisas que eu não sabia sobre ele, que ele tem um apelido, e que ele é bipolar. Kou foi atrás de Suzuki prontamente, ainda sorrindo, só que dessa vez seu sorriso se dirigia a Kai.

- Seu amigo é gay e quer dar alguns amassos no meu amigo. – Ele foi direto, cara, ele não mudou nada.

- É verdade, não sei se você é perceptivo, ou se o Uruha é que é da muito na cara.

- Os dois eu acho. – Ele sorriu de novo. – O Reita também é gay se quer saber.

- Na verdade eu queria, Uruha tem uma tendência a dar em cima de heterossexuais.

- Não se preocupe o máximo que pode acontecer é ele levar um fora, mas eu acho que isso não vai acontecer. – Kai olhava para o balcão do bar, onde podia se notar Kou flertando descaradamente com Suzuki, que pegou uma cerveja e veio meio correndo pra nossa mesa.

- Toma Kai, uma cerveja. – Suzuki se abaixou um pouco, acho que pra eu não escutar o que ele ia dizer, mas era meio inevitável, já que se tinha que falar um pouco alto - Eu não quero desistir, eu não quero ceder ¹ - disse ele, eu já imaginava que se tratava de Kou.

Kai o empurrou, e fez uma careta enfezada, como se dissesse “Vai logo idiota!” e Suzuki fez uma careta estranha também, e voltou ao bar, onde Kou o esperava, Suzuki mal chegou ao bar e Kou o puxou para um canto afastando, Kai e eu apenas observávamos.

Kou o empurrou contra uma parede e o beijou, a última coisa que eu queria que acontecesse, o que eu posso dizer? Eu só não queria que o Kou beijasse o Suzuki, não sei o motivo.

Levantei-me e fui até o bar calmamente, podia ver o Suzuki correspondendo ao beijo, com muita vontade, diga-se de passagem, pois é, ele queria mesmo o Kou, eu não sabia por que isso era ruim.