I'm begging Please Stay escrita por lovemyway


Capítulo 1
I'm begging Please Stay


Notas iniciais do capítulo

Só um surto de criatividade. Espero que gostem! :)



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Há uma garota sentada debaixo de uma árvore

Ela esteve deitada observando as estrelas

O Sol brilha em seu rosto, e isso lhe dá coragem

Quando ela se levanta, pode ser tarde demais.

Não há absolutamente nenhum som quando ela termina de falar. Seus olhos estão fechados, como estiveram enquanto ela recitava as palavras com tranquilidade, mas seu coração traidor a entrega, batendo rápido demais em seu peito. Ela está nervosa demais para abrir os olhos, embora saiba que precisa fazê-lo. Tomando coragem, ela os abre lentamente, respirando com força, buscando manter o controle de suas mãos, que tremem.

Há exatamente cinquenta e três alunos na aula de Literatura. Ela sabe porque geralmente senta em uma das últimas cadeiras e, quando está entediada, conta-os. Ela já não se lembra quantas vezes fez aquela mesma contagem só naquela semana. Entretanto, ainda que haja outras cinquenta e duas pessoas, seus olhos voltam-se somente para uma. A única com quem ela realmente se importa. A única com quem ela sempre se importou. Ela morde os lábios involuntariamente — um sinal de nervosismo —, fixando o olhar numa garota sentada na terceira cadeira da última fileira.

A garota parece pequena demais, muito embora esteja sentada. Suas pernas estão cobertas por uma meia escura, que combinam com sua saia xadrez, que, por sua vez, faz um conjunto com o moletom horroroso de gatinho que a garota está usando. Ela sente o coração despencar no peito ao perceber que a garota sequer olha em sua direção. Sabia que não deveria estar tão surpresa. Ela estava esperando por algo assim acontecer, cedo ou tarde, mas havia uma parte de si que ainda tinha esperanças. Esperanças que a garota estivesse esperando por ela, mesmo depois de tudo.

Ela suspira, virando-se na direção da professora, esperando um aceno de cabeça permissório para que ela possa retornar ao seu lugar. A professora, todavia, levanta as sobrancelhas, e ela pode jurar que a professora lança um olhar na direção da garota — a que está sentada na terceira cadeira da última fileira, e agora observa uma árvore pela janela como se fosse a coisa mais interessante que já viu na vida. Ela franze o cenho para a professora, confusa. A professora não diz nada. Apenas sorri. E, então, confirma com a cabeça, permitindo que ela retorne ao seu lugar.

Ela não tem certeza do que acabou de acontecer, mas sente que deveria ser algo importante. Aquela não é uma professora qualquer. É uma substituta chamada Holly Holliday, que também substituiu para o professor do clube do coral, o senhor Schuester, algumas semanas atrás. Desde então, a professora parecia estar dedicando um tempo especial as crianças do clube. E ela era uma delas.

Ela entrou no clube no segundo ano do Ensino Médio, e sua vida parecia ter virado de cabeça para baixo desde então. Ela nunca imaginou que um pequeno grupo de pessoas pudesse ter um impacto tão grande em sua vida. Ainda mais nela, que estava acostumada a não depender ninguém; a não ter amigos — só aliados —, e a não esperar que alguém jamais se importasse com ela. Não quando nem mesmo seus pais o fizeram. Mas seu pai não está mais por perto. E sua mãe parece estar mudando, também. Por que ela não poderia?

Ela caminha lentamente até sua própria carteira, procurando evitar lançar mais olhares na direção da garota. Ela gostaria de lhe dizer muitas coisas — e esperava que seu texto o tivesse feito por ela —, mas não tinha certeza se a garota gostaria de escutá-la. Ela não acha que escutaria, se a situação fosse inversa. Ela tem sorte de sequer ter sido ouvida. Por muito tempo, ela transformou a vida da garota em um inferno. Ela fez a garota sofrer, chorar, ser alvo de piadas e humilhações. Ela fez tudo aquilo que um dia sofreu, quando ela era como a garota. E ela se detesta por isso.

Mas a garota não a detesta.

Ela ficou maravilhada ao constatar isso. Ela não conseguia compreender — como alguém podia não guardar rancor depois de tudo o que sofrera? Como alguém podia perdoar a pessoa que fora seu pior pesadelo durante dois anos inteiros? Mas a garota disse que a perdoava. E ela acreditou. Ela sempre acredita na garota. Acredita até mais na garota do que em si mesma. Talvez porque ela ama a garota mais do que jamais se amou.

Ela pode admitir, agora. Ela a ama. A garota que atormentou. A garota que fez sofrer. Ela nunca imaginou que seu coração fosse capaz de sentir com tamanha intensidade, porque ele tem sido apenas um peso morto em seu peito durante anos. Só que, agora, ele está bastante vivo. Agora, ele tem seus próprios desejos. Agora, ele a quer.

Ela se senta e abaixa a cabeça, encarando as próprias mãos fingindo interesse. Ela está bem ciente dos olhares que está recebendo dos outros alunos, mas procura ignorá-los. Houve uma época em que ela se importava com o que os outros pensavam. Essa época acabou. Ela não quer mais saber o que eles pensam sobre ela. Ela apenas se importa com o que pensa sobre si mesma. E com o que a garota pensa.

— Muito bem — diz a professora, batendo palmas, chamando a atenção dos alunos que ainda olhavam para ela. Ela permanece com a cabeça abaixada, embora. — Quinn, seu texto ficou excelente. Realmente bom. Quem gostaria de ser o próximo?

Ela quase pode ouvir a mão da garota se erguer no ar. É típico da garota, e isso quase a faz rir. Ela tinha sido a primeira. Naturalmente, a garota deveria estar chateada. A garota sempre gostava de ser a primeira. Até mesmo quando se tratava de apresentar trabalhos. Ela deixa escapar um suspiro e decide, enfim, levantar a cabeça, apenas para observar a garota se levantar de sua cadeira e caminhar até o centro da sala.

A garota se vira na direção dos alunos, e lança um olhar na direção dela. É rápido, mas o bastante para fazer o coração dela saltar novamente no peito, esperançoso. Ela se inclina sobre sua carteira, os olhos fixos na garota, a respiração presa na garganta, o corpo tremendo em expectativa.

A garota lança um olhar rápido na direção da professora, que pisca para ela e dá um aceno de cabeça. A garota sorri — um sorriso amplo, digno de Rachel Berry —, e o olhar da garota encontra o dela novamente. Dessa vez, a garota não desvia. Ela mantém o olhar, e, então, começa a falar:

Havia uma garota sentada debaixo de uma árvore

Ela esteve deitada a noite inteira.

Ela suportou o frio, o medo e a solidão

E ela o fez em silêncio.

Quando o Sol nasceu, a garota estava cansada.

Ela se levantou e quis ir embora.

Mas, então, a garota olhou para trás.

E ficou.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? :D