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POV Flaviana.

Acordei e tomei um banho. Meus pais já haviam saído, e eu nem estava com fome e por isso não tomei café. Fui logo andando para o colégio, e desviei das pessoas o máximo possível. Não aguentaria olhar para a cara de Marcelo, e muito menos da periguete da Alice. Cheguei lá e encontrei Karina.

— Oi. — falei, esfregando os olhos.

— Oi... — ela disse, estava olhando pra um carinha.

— Hello?

— Fala Flaviana.

— Credo! — disse. Ela estava olhando para Vitor. Hm, sinto cheiro de romance no ar. Mas é melhor eu parar com essa de cupido e resolver minhas coisas — É o Vitor, né? — ri.

— Não acredito que você também... — ela revirou os olhos para mim.

— Tá na cara que você gosta dele, e ele de você. Vocês não param de se olhar, todo mundo percebe. — gritei, porque sou dessas que ama dar uma de cupido...

— É, Flaviana, e agora ele mesmo percebeu. — ela respondeu gritando comigo e saiu. Ai, que grossa! Além de eu estar mal com o meu namorado, também agora com uma amiga, a Tina nem veio na escola pra falar comigo... Já estou vendo que esses dias vão ser os piores, e além do mais tem o lance com o meu pai, que droga que eu tô vivendo. Fui pra sala correndo e me descabelando inteira, porque dormi sentada num canto do banheiro e não ouvi tocá-lo, e por sorte, o professor me deixou entrar. A aula foi uma chatice, como sempre, e aleluia o sinal tocou novamente. Fui a primeira a sair da sala, e sentei por aí para comer. Marcelo veio conversar comigo.

— Oi... — ele disse se aproximando de mim.

— Fala logo o que você quer — me afastei.

— Flaviana, para.

— Parar com o que? A Alice me disse que vocês ficaram, Marcelo! — falei gritando mais uma vez. O que estava acontecendo comigo? Eu tô ficando paranóica, louca, maluca... Eu sei!

— Você vai acreditar nela, não é? — ele se virou e respondeu. Ambos já estávamos perdendo a pouca paciência que nos restava.

— É, Marcelo, pior que vou sim. E sabe por quê? — já era óbvio que todo o colégio estava assistindo a nossa DR no meio do pátio. Além de sem amigas, agora estava sem namorado, e ainda sendo exposta à todo o colégio. Parabéns Flaviana, você é uma completa idiota!

— Por que?

— Porque ela é muito, mas muito mais sincera do que você, Marcelo. Você mentiu pra mim. Você só queria ficar aí, curtindo com as suas periguetes como a Sofia, Meg e até a própria Alice! E eu sei que você andou se encontrando com a própria na casa dela, ela mesmo me disse! — gritei, acho que me escutavam no bairro todo. Não deixei ele terminar uma palavra sequer, e já saí e fui pra casa, nem esperei as outras aulas acabarem, sei que eu ia levar uma ocorrência e uma bronca dos meus pais, então decidi ir para a academia malhar.

POV Karina.

A Flaviana tá cada dia mais impossível, chata é elogio pra ela nesse momento. Mas eu tenho meu próprio problema, bom, meu próprio menino pra resolver... Tenho duas irmãs insuportáveis e uma amiga que não está nem ligando mais pra mim! Isso é sinônimo de que eu também não devo ligar pra ela, é. Cheguei em casa depois das idiotas das minhas irmãs, que provavelmente estavam falando mal de mim para minha tia.

— Boa tarde, sobrinha querida! — ela veio toda melosa pra cima de mim, desviei do beijo nojento dela.

— Oi, gente. — fitei minhas irmãs com os olhos e subi. Fiz o dever (eu tava no tédio, mesmo!) e fiquei stalkeando o Facebook do Vitor. Não sei se eu gosto realmente dele, eu só não quero parecer oferecida, e a Flaviana poderia me ajudar com isso, ela sabe muito do assunto quando se trata de garotos. Eu fui criada dentro de uma casa cheia de mulheres e um homem que não está nem aí pra nada! Eu não consigo achar reflexo nenhum pra eu crescer... Eu só queria entender porque é tão difícil ser a filha mais nova, eu sou mais nova, mas não quero ser a mais esquecida... Eu só queria a Flaviana (e o Vitor...) aqui do meu lado, agora! Fui interrompida de meus pensamentos por Alice, com aqueles problemas de periguete que não sabe com qual salto alto vai à sua próxima balada.

— KARINA! — ela berrou pra cima de mim — A Meg não vai poder ir comigo na baladinha de hoje... Então...

— Ah não, Alice, não. Eu não vou pra balada com você de jeito nenhum! — já respondi sem deixá-la terminar de falar

— Por favor, faz isso por sua irmãzinha... Todo mundo da sua classe vai estar lá, e da minha também. A Sofia já avisou a mamãe que iríamos sair hoje à noite e eu convenci-a de deixar sair com o Lucas!

— Pera aí. — pensei — Todo mundo da minha classe vai estar lá?

— Vai... A Larissa, Mariana, o Vitor... Enfim! — sem pensar duas vezes, aceitei seu pedido.

— Claro que eu vou, eu não tenho nada pra fazer mesmo!!! — respondi, toda ansiosa, é lógico que eu não iria perder uma festa com o Vitor.

— Então, ok! O Lucas vem me pegar às 21h, então é bom você estar pronta até lá. Vou ao shopping com as meninas comprar uma roupa nova, depois to aí, tchau. — ela saiu correndo pro colinho daquelas outras periguetes que davam em cima de qualquer moço com carinha bonito que viam pela frente. Agora eu preciso de uma roupinha emprestada de Flaviana, será que ela vai me emprestar. Mandei uma mensagem no Whatsapp dela:

— Me dá um help?

— O que foi?

— Vou numa festinha da minha irmã hoje, eu sei que você não gosta dela, mas está totalmente convidada para a festa e pra me dar umas dicas... O Vitor vai estar lá, me ajuda?

— Você acha que não vou te ajudar? Tô indo aí com o básico do básico pra você, beijo, fui!

Ela desligou e saiu. Agora meu último problema era o “sim” (ou não) que o Vitor iria me dar hoje à noite, eu quero ficar com ele mas não sei se ele quer ficar comigo, e isso é mais um problema pra ficha completa! Me acabei em pensamentos sobre ele e a Flaviana chegou com uma maleta enorme, cheia de roupas, “frusfrus” e babados, e muita, mais muita maquiagem! Ela terminava de passar uma sombra marrom e mim que me veio um assunto:

— Ana, você vai na festa? Vai ser legal, até eu vou... — olhei-a e fiz biquinho. Queria muito ter um ombro amigo se ele me dissesse que não. E queria alguém pra comemorar, se sim...

— Por você ou pelo Marcelo?

— Por mim, é lógico. Quem aqui liga pro Marcelo? — falei, animada. Mas Flaviana não teve a mesma reação, parou de borrar/passar sombra em mim e sentou-se na cama, bufando e olhando para cima.

— Eu ligo, amiga, eu ligo... E ligo tanto que eu sinto uma saudade apertada aqui, sabe? Aqui dentro, saudade de ficar quentinha perto dele, ficar abraçada com ele... – ela fez um bico que me bateu uma dó!

— Amiga... — sentei ao seu lado — Vamos pra essa festa, esquecer tudo isso? Se for verdade ou não, você uma hora ou outra iria acabar descobrindo, e o pior de tudo é que a Alice é a minha irmã, que nem é muito chegada a mim. Vamos!!!

— Tá bom. Mas se perguntarem, eu fui por você, e não por ele. Ainda mais se ele aparecer lá com a Alice, certo?

— Certo. Ah... E a Alice, vai com o Lucas! Agora termina de me maquiar que já ta quase na hora.

Ficamos conversando e se maquiando. Não passaram nem 15 minutos e as loucas das minhas irmãs, o Lucas e as outras periguetes chegaram num carrão que eu adoraria saber de quem é. Eu e Ana entramos e nós fomos na direção da festinha. Chegamos lá e estávamos procurando nossos “boys magia” por todos os lados.

— Aquele ali não é o Vitor não? — Flaviana indagou para mim, gritando um pouco por causa da música alta naquele lugar.

— Como eu estou? Meu cabelo está bom? É ele mesmo, e ele está vindo pra cá, disfarça! — olhamos para os lados e fingimos estar dando risada de canto.