Um Ano Com Você escrita por Madame Baggio


Capítulo 6
Setembro




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Setembro

Darcy queria morrer agora mesmo! Já!

Onde estava o apocalipse zumbi quando precisava dele? Se bem que, com a sorte que tinha, ao invés de Brad Pitt ou Norman Reedus salvando-a, ia terminar com Devin-zumbi num vestido de noiva perseguindo-a.

Tinha que existir um jeito de fugir! Não conseguia acreditar que estava sem opções! Pelo amor de Deus, trabalhava numa agência que lidava com o impossível. Alguém tinha que ter uma solução.

Ela estava ferrada. Um pouco mais que o normal.

Darcy deixou sua testa cair contra a mesa sem um pingo de dó. Quem sabe a batida a colocava em um coma. Isso seria uma boa desculpa para faltar ao casamento.

A culpa era dela, isso sim. Ficou evitando pensar no casamento, deixando pra depois e depois, como se isso fosse fazer o evento sumir. No fim só adiou o inevitável. Sua mãe ligara ontem, exigindo saber quando ela chegaria.

–Darcy?

A morena levantou a cabeça, os óculos tortos em seu rosto e deu de cara com Phil olhando-a como se fosse uma bomba relógio.

Ótimo.

–Eu esqueci seu café, chefe? –ela perguntou, porque não queria ter essa conversa.

–Não. –Phil respondeu com cuidado –Mas eu gostaria de falar com você na minha sala.

Darcy lançou um olhar desconfiado a ele, mas levantou-se. Phil fez um gesto para ela ir na frente e, quando ela entrou na sala, ouviu-o trancar a porta.

Darcy teve que parar um minuto e pensar: estava dormindo? Porque muitos sonhos dela começavam desse jeito e avançavam em várias direções alternativas (de “Agente Coulson é mau”, até “senta no meu colo enquanto eu dito uma carta”).

O que? Ela era uma jovem saudável e sexualmente ativa (Ta, não tão ativa assim nos últimos tempos).

–Sente-se, Darcy. –Phil pediu, indicando a cadeira em frente a sua mesa.

Darcy sentou, mordiscando o lábio inferior e perguntou-se o que tinha feito dessa vez.

–Eu sou inocente. –ela declarou tão logo Phil tomou seu lugar do outro lado da mesa.

Phil arqueou a sobrancelha.

–Inocente de que? –ele quis saber.

Darcy sentiu seu rosto começar a queimar.

–Hum...Nada. O que você queria, chefe?

Phil estreitou os olhos, mas decidiu ignorar o deslize e focar no problema.

–O que está acontecendo, Darcy? –ele quis saber.

–Minha irmã caçula vai casar esse fim de semana. –Darcy admitiu num muxoxo.

–Esse fim de semana? –Phil perguntou chocado –Por que você não pediu licença, Darcy? Eu teria te liberado...

–Esse é o problema, chefe. Não tem nada que eu queira mais do que NÃO comparecer a esse casamento.

Isso fez Phil parar.

–Eu acho que não entendi. –ele falou por fim.

Darcy bufou, apoiou os braços na mesa e deixou a testa cair sobre eles. Se tinha uma coisa que ela queria discutir menos do que o casamento era o seu motivo para não querer ir. Seus pais sempre a fizeram parecer dramática e egoísta quando ela falava dessas coisas, então aprendeu a não falar.

–Darcy... –Phil tocou o braço dela suavemente –Pode me falar. Eu não vou te julgar.

E o pior era que ela acreditava nele. E queria falar com ele.

–A Devin é minha irmã caçula. –ela começou com cuidado, sem levantar a cabeça –Fora ela tem o Dylan, o meu irmão mais velho.

Phil sorriu diante dos nomes.

–Meus pais tem uma coisa por nomes que são unissex e com D. –ela comentou revirando os olhos –Eles são pais normais, eu acho, sempre se dedicaram para dar tudo o que a gente precisava. Meu pai trabalhava muito, mas sempre deu um jeito de arrumar tempo pra gente e minha mãe é dona de casa.

Darcy parou e tentou organizar seus pensamentos. Então levantou um pouco a cabeça, apoiando o queixo nos braços.

–Meu pai é um advogado bem sucedido, sócio num escritório bom da Filadélfia. Eles não são cheios da nota, mas vivem muito bem. Minha mãe foi criada para ser o que é, e aparentemente adora. Quando eu vejo os dois juntos eu penso naqueles seriados de antigamente, minha mãe segurando uma torta de maçã e parece que só falta a bandeira americana tremeluzindo no fundo, sabe?

Phil riu, porque conseguia imaginar a cena (embora não soubesse a cara dos pais de Darcy) e era meio o que ele pensava de Steve.

–Eles são pé no chão, sérios, calmos... Meus irmãos são assim. Dylan virou um cirurgião cardíaco e já está virando estrela no hospital dele, casou com uma Barbie, que ironicamente chama Susie, e os dois são a versão jovem dos meus pais. E agora tem a Devin, casando com um promotor fodidão. –ela bufou –Ela estava fazendo Direito, mas agora que agarrou um marido deve largar e virar minha mãe. Eu sou a única que não se encaixa.

Phil arqueou a sobrancelha, mas não disse nada.

–Eu sempre fui a que falava alto, a que não ligava de se sujar de lama. Era eu quem queria ser bailarina, astronauta, presidente, chef de cozinha... –ela suspirou e afundou a cabeça nos braços mais uma vez, fazendo suas palavras saírem abafadas –Eu não sou como eles.

–Darcy, isso não é uma coisa ruim. –Phil falou com simplicidade.

–Quando eu era criança não era. –ela concordou, agora sentando-se reta –Acho que eles esperavam que eu “crescesse” ou coisa assim. Mas quando ficou claro que não era uma fase, que eu era mesmo diferente... –ela suspirou de novo –Eu queria estudar arte, viajar o mundo com uma mochila nas costas, ver todos os países e experimentar comidas e bebidas. Quando eu pedi pra mochilar pela Europa minha mãe ficou horrorizada. Foi tudo ladeira abaixo daí.

–Eu tentei estudar Ciências Políticas, porque era a única coisa que eu achei que conseguia tolerar. –ela continuou –E eu gostei do curso, de verdade, mas eu não sou como eles. Eu não quero um trabalho chato e repetitivo, que eu vou largar eventualmente pra ser dona de casa. Eu gosto daqui porque nenhum dia é igual ao outro, porque vocês não ligam pros meios, mas sim pros resultados.

–E eu achando que era pela permissão para carregar seu taser. –Phil provocou suavemente.

Darcy sorriu bem de leve, nem de longe um sorriso normal para ela.

–Eu nunca me dei bem com a Devin. Ela se sente a filha preferida, com suas amigas perfeitas e seu namorado perfeito. Eu nunca liguei muito porque ela é fútil e vazia, eu não quero ser como ela. –Darcy suspirou –Mas não vou negar que me deixa bem chateada ver que ela está certa, que meus pais preferem ela, no mínimo porque conseguem se entender com ela e não comigo. Ela nem me chamou para ser madrinha dela, porque eu sou morena e vou destoar de todas elas que são loiras. –ela repetiu com uma careta -E minha mãe acha isso um motivo justo.

–Meu pai as vezes tenta entender, mas ele sempre acaba frustrado comigo e vice-versa. –ela deu de ombros –É por isso que eu não quero ir no casamento. Vai ser mais uma celebração de como Devin é perfeita, meus pais vão me cobrar, querendo saber quando eu vou ter um “emprego de verdade”, minha família vai querer saber da minha vida romântica e... Sério, eu não quero ir.

Bom, Phil não sabia o que dizer, isso era óbvio. Darcy não queria a pena dele, também não queria ouvir que esse problema com sua família era coisa da cabeça dela. Já escutara isso milhares de vezes e nunca serviu de consolo. Não tinha ideia do que Phil poderia fazer, ou o que ela queria que ele fizesse, mas, por algum motivo, sentia-se feliz por ter contado para ele.

–Não tem como escapar mesmo? –ele perguntou de forma prática.

–Não vai valer a pena todo o drama que vai vir depois. Minha mãe já está enchendo meu saco porque eu não fui no almoço de 4 de julho deles. –Darcy suspirou –Eu não devia ter ficado empurrando isso pra depois. Eu já inventei uma desculpa para não passar o fim de semana. Eu vou chegar para o casamento, talvez ficar para a festa e vir embora na mesma noite.

–Por que você não leva alguém com você? –Phil sugeriu.

–Eu pensei nisso. –ela admitiu –Mas eu conheço poucas pessoas aqui e não tem chance de eu levar o Stark. Clint e Natasha estão fora numa missão, Steve também. Bruce não iria nem que eu pagasse com uma strip-tease. Eu sei, porque eu ofereci. Eu adoro o Thor, mas ele vai mais ajudar do que atrapalhar. Pepper vai finalmente tirar o fim de semana de folga, eu não posso atrapalhar isso. O James nem merece ser citado como opção. E Jane tem planos com Thor, então... Não sobra ninguém.

Phil arqueou a sobrancelha.

–Eu sou invisível? –ele perguntou.

Darcy olhou chocada para o seu chefe.

–Phil, eu não posso te pedir... Você é meu chefe e... Isso não é contra alguma regra da SHIELD? –ela concluiu por fim.

–Não é contra regra alguma. –então ele parou e pensou –Você não vai me fazer passar por seu namorado, como naquelas comédias românticas, né?

Isso finalmente fez Darcy sorrir.

–Não, chefe. Você só tem que ficar do meu lado a noite toda. –ela advertiu –Nada de aproveitar o clima de festa pra pegar as outras madrinhas.

–Eu tenho cara de quem faz essas coisas? –ele perguntou arqueando a sobrancelha.

–Eu nunca te vi em ação, chefe. –ela provocou –Até onde eu sei você pode ser o James Bond da SHIELD.

Phil revirou os olhos.

–Eu não vou fingir que sou seu namorado. –ele reforçou sério.

–Relaxa, chefe. –Darcy falou –Nem precisa. Minha família vai tirar as próprias conclusões e nada do que a gente diga ou faça vai convence-los do contrário.

Phil pareceu pronto para dizer mais alguma coisa, então mudou de ideia. Darcy agradecia. Não tinha nada que gostasse menos do que pessoas que tentavam dar opinião na vida familiar dela sem conhece-los antes. Se depois que Phil conhecesse os Lewis, achasse que que Darcy era dramática (nunca tinha acontecido), daí ele podia dar palpite. Antes não.

–OK. –ele falou por fim –Quando vamos? Aliás... Pra onde nós vamos?

XxX

Out Door Country Club, York, Pensilvânia

Darcy não acreditava no que estava fazendo. Ou que Phil tivesse topado.

Mas lá estavam os dois a caminho do casamento em Lola, o Corvette 1962 vermelho paixão que Coulson tinha. Ah, Lola era conversível. Como se Darcy precisasse de ainda mais um motivo para achar Phil o máximo.

Ela tinha quase derretido ao sentar no banco de couro da carro. Queria fechar os olhos e fingir que os dois estavam indo pra qualquer lugar que não fosse o casamento. Mas cedo demais eles chegaram ao Country Club.

Claro que tudo no casamento de Devin seria grandioso. A Lewis mais nova provavelmente desmaiaria se alguem sugerisse algo simples na vida dela. Ja na entrada do salão onde a cerimônia se realizaria havia vasos e mais vasos de flores, velas, cristais e, obviamente, um foto gigante do casal.

Darcy tinha tentado enrolar Phil, para que os dois chegassem pouco antes da cerimônia começar (com sorte até depois do começo), mas o pentelho fizera questão de chegar vinte minutos e foi assim que eles deram de cara com a mãe de Darcy.

–Darcy! –Patty Lewis parecia realmente surpresa por ver a filha –Oh graças a deus você está aqui! O que todos iam dizer se você não viesse ao casamento da sua irmã?

Darcy achou melhor nem responder e abraçou sua mãe. Era incrível como toda vez que via sua mãe pensava naquele filme “Mulheres Perfeitas” e, levando em conta a história do dito filme, era até assustador.

–Você ganhou peso, Darcy? –sua mãe perguntou tão logo terminaram o abraço.

–Não. –Darcy respondeu –Mesmo peso desde a última vez que nos vimos.

–Hum... Você está parecendo mais gordinha... Devem ser os seus seios, como sempre. Cirurgia de redução seria a melhor escolha, querida.

–Certo. –Darcy revirou os olhos –Mãe, deixa eu te apresentar, esse é Philip Coulson, ele trabalha comigo. Phil, essa é minha mãe, Patty Lewis.

Os olhos de Patty voltaram-se para Phil como uma mira laser. Ela o mediu de cima a baixo em uns dois segundos. Um sorriso ofuscante tomou conta do rosto dela.

–Senhor Coulson! Que prazer tê-lo conosco. –ela disse –E vindo de tão longe para o casamento...

–É um prazer estar aqui. –Phil falou com um sorriso charmoso que Darcy desconhecia e já não estava curtindo –E, por favor, me chame de Phil.

–Só se você me chamar de Patty, querido. –a mãe de Darcy falou, rindo como uma adolescente desmiolada.

Era isso. Tinha acontecido! Darcy caíra num universo alternativo.

–Vocês trabalham juntos então... –Patty estava comentando, provavelmente avaliando a (super) qualidade do terno de Phil –Darcy nunca explicou muito bem o que ela faz...

–Nós trabalhamos para o governo. –Phil explicou rapidamente –Com segurança para ser mais preciso. Mas é um monte de burocracia e chatice, eu não iria querer entedia-la, Patty.

Darcy ia matar Phil! De verdade, se sua mãe desse mais uma risadinha, ele estava morto.

–Brendon, venha aqui! –Patty estava sinalizando para o famoso senhor Lewis –Venha conhecer o novo namorado da Darcy!

Phil olhou em pânico para Darcy e olhar dela só dizia “Eu avisei”.

–Mãe, o Phil não é meu namorado. Nós só trabalhamos juntos. –Darcy falou, embora soubesse que era inútil.

–Brendon, venha. Ela finalmente trouxe alguém decente. –Patty continuou acenando, ignorando os dois.

Darcy até pediria desculpas para Phil pelo constrangimento, mas no momento ele bem que merecia.

Seu pai sempre parecia um homem tão grande... Tudo bem que Darcy não era nenhuma top model na altura, mas seu pai sempre parecia um colosso. E um político. Darcy conseguia imagina-lo perfeitamente em cima de um palanque beijando bebês.

–Olha minha Darcy! –Brendon comentou exuberante, abraçando-a –Você está muito linda, querida. Ter um trabalho sério fez maravilhas por você.

Darcy adorava o pai, mesmo porque não tinha nada em comum com a mãe, mas ele também não sabia a hora de parar.

Brendon também mediu Phil de cima a baixo, mas seu olhar era diferente do de Patty. Enquanto ela estivera buscando sinais de dinheiro, checando por alianças, o pai procurava por motivos para desaprovar Phil. Era o passatempo preferido dele: reprovar os namorados de Darcy.

–Brendon Lewis. –ele falou oferecendo a mão para Phil.

O olhar dele ainda era cheio de desconfiança, mas Coulson apertou sua mão como se nada estivesse acontecendo.

–Philip Coulson. –o agente se apresentou.

–Você não é velho demais para minha filha? –Brendo perguntou direto.

–Pai! –isso era demais, Darcy estava passada –Número um, ele não é “velho demais” e dois, nós não estamos juntos.

–Darcy, eu estou apenas tomando conta de você. –Brendon declarou sem um pingo de culpa –Você é muito ingênua e não sabe escolher namorados.

O que era um absurdo! Ta que ela ja namorara dois ou três roqueiros tatuados e mais do que alguns perdedores, mas quem tivera um namorado com mão pesada e um viciado em jogo fora Devin, não ela. Mas eles tinham dinheiro, então pode né?

–Eu acho melhor a gente sentar. –ela declarou –Nos falamos depois.

Sem pensar muito Darcy agarrou Phil pela mão e o puxou para dentro do salão onde as cadeiras estavam arrumadas para a cerimônia.

–Eu não queria dizer “eu avisei”, mas... Eu avisei. –ela declarou se um pingo de bom humor.

–Está tudo bem, Darcy. –Phil falou calmo –Eu já passei por situações piores.

Darcy tinha suas dúvidas.

Os dois sentaram-se na segunda fileira do lado da noiva. Darcy respirou fundo e pediu força aos céus. A cerimônia nem tinha começado ainda.

Phil estava olhando em volta, provavelmente acessando o nível de ameaça (-2), procurando todas as saídas e pensando em rotas de fuga. Darcy aprendera que, para pessoas como ele, isso era normal. Eles viviam olhando para trás, esperando o próximo ataque.

Ninguém devia ter que viver assim.

OK, quem ela queria enganar? Não queria que Phil vivesse assim, mas não era só porque estava ridiculamente apaixonada por ele. Phil era um homem fantástico: justo, inteligente, honesto e corajoso. Ele era uma boa pessoa e um bom chefe. Phil merecia um pouco de paz.

–Ei. –ele chamou –Você está bem? Você parece séria.

–Eu estou bem. –Darcy garantiu rapidamente –Eu não sou chegada em casamentos. –o que era verdade, embora não fosse o caso.

–Por que não? –Phil perguntou confuso.

–Eu sempre associei casamento com perda de individualidade. –ela admtiu –E com a taxa de divórcio hoje em dia, é até obsceno gastar essa quantia de dinheiro em um dia só.

Phil ficou olhando como se Darcy fosse um grande mistério. Ela não sabia se isso era uma coisa boa ou não.

–Você não para de me surpreender, Darcy. –ele comentou –Eu sempre pensei que você fosse romântica.

–São os óculos. –ela informou –Eles me fazem parecer uma daquelas bibliotecárias tímidas, que lêem romances picantes e esperaram o princípe encantado.

Phil explodiu em risadas.

–É. Talvez seja isso. –falou ainda rindo.

–Se serve de consolo, eu adoro aqueles romances picantes. –ela ofereceu.

–Eu aposto que sim. -ele provocou.

Foi a vez de Darcy rir.

–Seus pais são... Únicos. –Phil falou de forma neutra.

–Esse é um jeito de ver as coisas. –ela revirou os olhos –Desculpa por tudo. Você não precisava ouvir tudo aquilo.

–Eu estou bem mais preocupado com você do que comigo. –ele falou sincero –Se você quiser eu invento uma emergência e nós vamos embora.

–Não me tente. –ela suspirou.

Phil deu um sorriso reconfortante.

Daí que ela percebeu que, esse tempo todo, desde que fugiram dos pais dela, os dois estiveram de mãos dadas, dedos entrelaçados. E agora o polegar dele estava fazendo círculos na mão dela de forma acolhedora.

OH-MEU-DEUS!

O que ela devia fazer? Será que ele percebera o que estava fazendo?

Meu Deus! Ela devia soltar a mão dele agora. Seria estranho ficar segurando né? Mas não seria mais estranho soltar de repente? E se ele ficasse sem graça? Mesmo porque... A mão dele era confortável em volta da dela, com seus calos e seu calor.

Ela era uma idiota.

Felizmente nessa hora (e Darcy nem tinha visto o tempo passar) a marcha nupcial começou a tocar , dando a ela a desculpa perfeita para soltar da mão de Phil.

Devin estava linda. Não que Darcy esperasse o oposto. Ela parecia extremamente satisfeita consigo mesma, como se isso fosse uma grande realização. Na cabecinha dela devia ser mesmo.

As duas não podiam ser mais diferentes: Devin (como a mãe delas) optara por ser loira tão logo foi permitida usar tinta, tinha olhos castanhos como o pai delas e um corpo bem menos “volumoso” do que o de Darcy.

Naqueles anos infernais da adolescência, Darcy invejara o corpo da irmã mais do que qualquer outra coisa. Hoje em dia ela agradecia todos os dias por nunca ter aceitado fazer redução, como sua mãe sempre insistira.

A cerimônia em si passou bem rápido. Então veio a primeira parte do jantar, as puxações de saco entre padrinhos, noivos e sogros, fotos e finalmente a pista de dança (e o álcool!) foi liberadada.

O pai de Darcy, junto com seu irmão Dylan e o novo marido de Devin, tinham cercado Phil e agora ele estava numa rodinha de homens, falando sabe-se la do que.

Enquanto isso ela tinha ido parar numa roda com Devin, Susie, sua mãe e duas das madrinhas loiras e desmioladas das quais ela não lembrava o nome.

Darcy ja tinha se feito de besta quando perguntaram de seu trabalho e do seu relacionamento com Phil, fingido interesse na lua de mel de sua irmã, escutado uma conversa muito maldosa sobre pessoas que ela nem imaginava quem eram. Até que...

–Darcy, você precisa arrumar um bom vestido. –sua mãe estava falando.

–Oi? Pra que? –ela perguntou confusa.

Susie e Devin reviraram os olhos.

–O jantar do seu irmão dia 15 de novembro. –sua mãe explicou pacientemente –É para a promoção dele no hospital e toda a família tem que estar lá. Você pode até levar Phil. Ele te faz parecer mais madura.

Darcy ignorou tudo isso e se focou na boa notícia: dessa vez nem precisava inventar uma desculpa para não ir. Ela tinha um motivo!

–Eu não posso ir. –falou sem esconder sua satisfação com a situação -Eu vou ser madrinha em um casamento.

–Darcy, francamente. –sua mãe bufou, enquanto Devin e Susie trocavam risinhos -Você e suas desculpas para não participar dos eventos em família.

–Não é uma... –ela parou, porque tinha alguém ali que teria mais credibilidade do que ela –Phil! –acenou para ele até ele olhar em sua direção -Phil, vem aqui. –ignorou sua mãe mandando parar -O que vai acontecer dia 15 de novembro? –perguntou tão logo ele parou ao seu lado.

Phil pensou um segundo.

–15 de novembro é o dia do casamento. –ele lembrou -Você vai estar lá, né? Aquilo seria insuportável sem sua presença. –então ele pensou um pouco mais -Espera aí! Você é uma das madrinhas! Você tem que estar lá. A Pepper ficaria muito chateada se você não estivesse.

–Eu vou estar. –ela assegurou antes de virar-se para sua mãe -Viu? Casamento.

–Pepper? –Susie perguntou curiosa.

–Sim. –Phil respondeu por ela -Pepper Potts. Ela e Tony Stark vão estar casando dia 15. Darcy é uma das madrinhas e o vestido dela é muito bonito. Combina com a cor dos olhos dela. –sorriu carinhosamente para Darcy.

A vontade dela foi perguntar se ele estava bebâdo ou atuando, porque tinha alguma coisa errada nessa cena.

Pelo menos as caras de sua mãe e irmã estavam valendo cada segundo!

–Como a...

–Darcy, vamos dançar. –Phil declarou puxando-a para a pista de dança, antes que Susie tivesse a chance de abrir a boca.

Quando os dois ficaram frente a frenta na pista (de saltos Darcy tinha exatamente a mesma altura dele) ela caiu na risada.

–Essa foi brilhante! –ela falou em meio as risadas.

–Que bom que você achou. –Phil falou com um pequeno sorriso –Mão esquerda no meu ombro. –ele indicou.

Darcy fez o que ele disse automaticamente, só para então perceber que ele tinha a mão direita dela na sua.

–A gente não pode ir embora? –ela perguntou, tentando esconder seu nervosismo.

–Sim, mas depois dessa música. –ele falou pousando a outra mão na cintura dela –Eu adoro essa.

Darcy decidiu prestar atenção em qual era a tal música. E um sorriso enfeitou seu rosto.

–“The way you look tonight”? Eu devia imaginar que você preferia os clássicos. –ela comentou deixando Phil conduzi-la.

–Eu sou meio a moda antiga. –ele falou.

–Ninguém disse que isso não é bom. –ela respondeu –Principalmente quando você sabe dançar desse jeito. Eu geralmente sou desajeitada.

–Você só tem que me deixar tomar conta de você. Daí tudo vai dar certo. –ele sorriu para ela mais uma vez e Darcy sentiu aquele solavanco no seu estômago que era tão familiar e mesmo assim tão novo.

Ela deixou Phil conduzi-la calmamente pela pista, tentando esquecer por alguns minutos onde estava e com quem realmente dançava. Segunda-feira ia chegar logo logo e ele voltaria a ser seu chefe. E ela ia ter que fazer alguma coisa.

A música estava quase acabando quando o telefone de Phil tocou. Os dois pararam e ele atendeu.

–Coulson. –essa era a cara de Agente dele. Nada de brincadeiras, agora era sério –Estaremos aí em dez minutos. –ele desligou o aparelho –Nós temos uma emergência e precisamos ir. Agente May está pilotando o avião e virá nos buscar em 11 minutos.

–Por isso temos que estar lá em 10, saquei. –E ela sabia que se eles atrasassem May era capaz de ir embora sem eles –Eu vou me despedir dos meus pais.

–Eu vou com você.

Felizmente Patty e Brendon estavam na beira da pista, tendo uma intensa conversa em cochichos, que eles brecaram tão logo viram os dois.

–Mãe, nós temos que ir. –Darcy falou apressada –É uma emergência de trabalho e não podemos perder o avião. Dá um beijo na Devin por mim e fala pro Dylan que eu vou ficar devendo o jantar.

–Foi um prazer, senhor e senhora Lewis. –Phil falou rapidamente apertando a mão dos dois (que pareciam congelados) –Pode deixar que eu tomo conta dela.

Patty e Brendon apenas fizeram que sim com a cabeça, enquanto Phil e Darcy se apressavam para fora.

–Isso foi armado, né? –ela perguntou desconfiada.

–Não. Eu admito que tinha um acordo com a Hill para ligar e nos tirar daqui, mas pelo jeito foi desnecessário. Doom resolveu atacar Nova York.

Ela realmente tinha o melhor chefe do mundo.


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Notas finais do capítulo

Comentem, se curtirem ;)

B-jão



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