Isso tudo é carma na minha vida, não é? O que foi dessa vez? Ah! Isto esta acontecendo porque pisei naquela formiga? É sério! É muita sacanagem! Há muito tempo que nós não nos divertíamos juntos. Um momento desses entre Thomas e eu, tem que entrar pra história. Mas como tudo o que é bom dura pouco, certa vaca da Tasmânia tinha que aparecer e estragar o momento. Estávamos nos entendendo, depois de três anos só trocando farpa. Esse momento é, ou melhor, era raro, até essa fazendeira surgir do nada.

_Vaca oxigenada, vai pastar no polo sul. Sai da minha frente antes que lhe transforme em churrasco. _A encaro, com uma sobrancelha erguida. Como queria ter visão de raio-x agora. Ela gargalha com sua risada irritante e estridente. Além de ser uma vaca, agora tem o poder de derreter o ouvido das pessoas. Só pode ter ganhado os poderes de tanto usar essa massa de reboco na cara todos os dias, a qual ela chama de maquiagem. Legal! A sem cérebro é radioativa.

_Acho melhor você ficar quietinha, antes que eu chame um padre pra benzer essa sua cara feia, ou um exorcista pra te mandar de uma vez por inferno. De onde não deveria ter saído. Ladra de namorados! _Aponta o dedo na minha cara, com a unha pintada de rosa. Se fosse outra cor, diria que o mundo tá acabando.

_Tira esse dedo da minha cara, antes que quebre ele. _Levanto-me, batendo as mãos na mesa, elevando o tom de voz. Todos que estão na sorveteria para nós encarar.

_Tenta a sorte filha do demônio! _Desafia-me. Não perco tempo, partindo pra cima dela. Mas antes que consiga aranhar a cara de porcelana daquela vaca, Thomas me impede. Segurando-me pela cintura. Ele teve que usar um pouco da força para me segurar. Pois quero a todo custo quebrar a cara dessa vaca.

_Thomas! _Ela choraminga, com uma expressão de inocente.

_Chega! As duas! Podem parar! _Thomas grita. O que assusta a todos, incluindo nós duas. Ele solta a minha cintura.

_Thomyzinho...

_Quieta Briana! _Ordena. Sei que é algo infantil, mas não resisto à vontade de mostrar a língua a ela.

_Será que não podemos conversar tranquilamente sem fazer uma guerra? _Questiona, encarando a nos duas com um olhar repreendo. Apenas reviro os olhos, Briana encara a parede.

_Impossível! _Bufa Bri/ vaca.

_Dessa vez tenho que concordar com a vaca. _Dou um pequeno sorriso. Divertindo-me com está cena totalmente fora do normal.

_Pensei que diriam isso, mas vamos tentar. _Thomas volta a senta-se, e ela não perde tempo, sentando ao lado dele, logo tratando de grudar em seu braço, como uma sanguessuga. Encaro-a com nojo. Vendo minha expressão, não perde a chance de implicar:

_O que foi? Está enjoada com seu perfume de enxofre? _Dar o seu melhor sorriso, mostrando todos seus dentes brancos.

_É que olhar pra você me dar enjoo. Quase me esqueci, antes quando me chamou de “ladra de namorados”, então admite ter perdido o Thomas pra mim. _Ergo uma sobrancelha.

_Nem sonhando! Vai ter que passar por cima de mim antes. _Cruza os braços, estressada.

_Como adivinhou o que pretendo fazer? _Sorrio.

_Ei! Meninas, eu estou aqui! _Thomas tenta desviar nossa atenção, para que paremos de brigar, mas apenas o ignoramos.

_Presta atenção garota, você não tem chances. Nunca teve. Por que não desiste e some de uma vez das nossas vidas.

_A água oxigenada tá afetando seu cérebro, tá? _Falo como se estivesse conversando com uma criança pequena.

_Sua estranha! Meu loiro é original! _Enrola uma mexa do cabelo no dedo, sorrindo.

_Já o seu cabelo, se é que pode ser chamado de cabelo, essa lixeira que você tem ai em cima da cabeça.

_Vou te mostrar a lixeira! _Grito. Não pensando duas vezes, pego um dos potes com sorvete, derrubando no cabelo dela. A vaca grita histérica, sacudindo as mãos como uma louca. Ela me olha com um olhar maligno, e antes que eu possa esboçar qualquer reação ou bolar um jeito de fugir. Meu cabelo está coberto por sorvete, assim como o dela.

_Sua... _A encaro, ferozmente pulo, subindo em cima da mesa que nos separa, puxando os cabelos dela, completamente enraivecida. É hoje que ela fica careca! Ela apenas grita mais histérica do que antes, me arranhando, com suas unhas enormes.

_Já chega! _Grita Thomas irritado. Nos duas nos soltamos, olhando para os lados, vendo todos a nós encarar, repreendendo nossas atitudes. O pai com as crianças tapa os olhos delas, em seguida as levando embora. O casal de namorados cochicha, em seguida saindo da sorveteria também.

_Eu estou cansado das duas! Parem de brigar por mim como se eu fosse alguma espécie de premio. Olha! Que saber... Esquece! _Thomas se levanta, saindo da sorveteria. Largando a gente sozinha, com cara de taxo.

_A culpa é sua, filhote do demônio! _Grita Bri/vaca.

_Cala a boca, antes que resolva termina meu trabalho de lhe deixar sem cabelo.

_Vou ter que pedir que as duas se retirem. _Um jovem, bonito vestindo o uniforme da loja, pede, ou melhor, ordena sério. Levanto-me, saindo da sorveteria. Essa vaca estragou tudo! Quando Thomas e eu estávamos começando a nos entender... Pelo jeito, o destino tá de sacanagem com a minha cara.