- Chocolates! Chocolates! – cantarolava o loiro enquanto percorria toda a frente da escola, sendo seguido por Mikado.

- Ah... Kida-kun! – chamava o moreno sendo completamente ignorado por seu melhor amigo. – Kida-kun! – Gritou mais alto.

- Nani?Nani? Achou algum?

- Tem certeza que você deveria estar aqui? – perguntou depois de fazer um não com a cabeça.

- Oh não! Você ouviu isso mamãe? – O loiro se mexia como se estivesse apresentando uma verdadeira peça Shakespeariana. – O nosso filinho não me quer por perto! Ah desilusão!

- Kida-kun, – suspirou Mikado – você não é da minha sala. – Hoje era um dia especial na escola destes garotos. Os professores, com a aprovação da direção, organizaram uma caça ao ovo de chocolate. As salas sairiam para procurar pelas guloseimas alternadamente. Aquele que achasse o ovo poderia voltar para a sala, ficando com o tempo restante vago, se o tempo acabasse e o aluno não tivesse achado, o professor responsável entregaria um ovo ao final das aulas. A sala de Mikado era a que atualmente estava na caça, mas é claro que seu melhor amigo Kida se meteu no meio da caçada. – E quem é a mamãe?

-Mamãe? Mamãe é aquela que lhe deu a vida.

- E você é o pai?

- Sim.

- Quem é a mãe?

- Anri-chan, é claro!

- É claro. NANI? – Mikado corou e deu alguns passos para trás tropeçando em uma pedra e caindo sentado no chão.

- HAHAHAHA!Tão inocente! – Kida estendeu a mão para o amigo, quando seus olhos recaíram em um ponto atrás do moreno, onde algo brilhava.

Assim que Mikado estava se levantando, foi logo caindo novamente. Kida havia soltado sua mão e agachado ao seu lado.

- Achei um!Achei um ovo!

- Só pode ser piada. – Mikado virou e viu o ovo embrulhado em um papel laminado prata e vermelho.

- Olha só! – Kida levantou como ovo na mão e foi até a professora avisar que havia achado seu ovo. Mesmo de longe, Mikado ouvia a professora berrando com seu amigo. Algo como: “Volte já para a sua sal e me devolva esse ovo!”. Kida por outro lado, parecia não ouvir, ao contrario disso, ele narrava a sua caça ao ovo como se tivesse sido uma real caça ao tesouro, com piratas de perna de pau e marinha malévola.

- Você está bem Mikado-kun? – A garota de cabelos negros e óculos estendia a mão para o menino que apenas acenou positivamente com a cabeça e aceitou a ajuda para levantar do chão.

- Obrigado. Você achou um ovo!- a garota segurava em sua mão esquerda um ovo de chocolate com embrulho igual ao do Kida.

- Eu ofereceria ajuda, mas assim não teria graça. Esforce-se Mikado-kun!

Após a frase de incentivo, Anri voltou para a sala, assim como Kida que foi interromper a aula de seu professor para contar aos colegas como ele havia achado o ovo. Quanto a Mikado, ele continuou procurando pelo seu ovo de chocolate.

As aulas acabaram, assim como a caça ao ovo. Agora, os três amigos andavam pelas ruas de Ikebukuro conversando tranquilamente.

- Eu queria ter achado um ovo! – reclamava Mikado.

- Não se preocupe. Papai está muito feliz pelo seu esforço! – Kida estava com a mão esquerda sobre o ombro direito do amigo.

- Quer parar com essa historia de família?

- Ouviu isso mamãe? Nosso filinho está ficando cada dia mais rebelde! – Kida colocou a mão na testa e continuou sua encenação. Anri apenas ria e Mikado ouvia o drama quieto. – Então, quem mais não achou o ovo? – perguntou encerrando o teatro.

- Na verdade... – Começou Anri, mas parou olhando para Mikado, como se estivesse perguntando se poderia contar.

- Eu fui o único que não achou. – completou Mikado desanimado.

Kida, não aguentando olhar para o bico do amigo começou a rir. Uma risada escandalosa e divertida, do tipo que faz você querer rir junto.

- Não faça essa cara! É páscoa! – ele passou o braço por cima do ombro do amigo, sem tirar o sorriso da face. – Já sei! Vamos trocar ovos! Vamos comprar ovos e trocar entre nós. Eu dou um ovo para você, você da um para Anri-chan e ela me da um ovo. O que acham? – A empolgação de Kida era tanta, que Mikado e Anri não conseguiram dizer não. – Então nos encontraremos às 19 horas ali. – Kida apontou para o outro lado da rua, onde havia um pequeno parquinho com escorregador, gira-gira e balança.

Com a promessa de se encontrarem mais tarde, os três amigos se separam, cada um foi para uma direção diferente.

Kida foi o primeiro a comprar o ovo.

- Esse! Com toda certeza é esse! – comprou o chocolate na primeira loja que entrou. Mas assim que estava saindo, deu de cara com algo que certamente o faria entrar novamente na loja, se assim pudesse.

- Pra que tanta raiva Shizu-chan? – Orihara Izaya, estava parado bem a sua frente com seu canivete em mãos. – Eu só queria te desejar uma feliz páscoa!

- Maldito! – Heiwajima Shizuo estava ao lado oposto, com os olhos fixos em Izaya. –Como ousa aparecer assim na minha frente?

- O que foi? – Izaya deu um passo para trás o que o colocou ao lado de Kida. – Oh, vejam só! – disse olhando para o garoto que segurava a sacola de forma protetora. – Ah! Não me diga que você está assim porque eu me esqueci de comprar um ovo de chocolate Shizu-chan!

A resposta de Shizuo não poderia ter sido diferente. Usando sua força anormal, ele arrancou um poste de luz e atacou em Izaya, que desviou do ataque pulando para cima. Diferente de Izaya que saiu correndo do lugar rindo e ileso, a loja em que Kida havia comprado o ovo estava destruída. Kida virou para ver se o dono da loja estava inteiro, assim que o viu parado na porta, chorando rios de lagrima pelo estrago de sua loja, foi embora ouvindo os gritos de Shizuo, a risada de Izaya e o som de coisas altamente pesadas sendo jogadas.

Mikado estava em um ponto distante da confusão de Izaya e Shizuo, neste momento ele andava distraidamente. Seus pensamentos estavam a mil. Tinha que comprar um ovo para dar para a Anri, mas qual? Não poderia ser nada muito infantil, mas também nada muito sem graça. Ele não tinha muito dinheiro, então ia ter que escolher bem. Mas onde ele compraria. Tantas perguntas.

Sem prestar atenção por onde andava, acabou esbarrando em alguém. Assim que levantou os olhos para se desculpar com a pessoa, reconheceu Simon.

- Veio comer Sushi? – perguntou sorrindo para o menor.

- Desculpe. Na verdade estou perdido. – disse sem jeito.

- Perdido como?

- Tenho que comprar um ovo para uma amiga, mas não sei onde nem qual comprar. – Mikado suspirou.

- Oh. – Simon acenou positivamente, dando a entender que entendia bem a situação do garoto. – Sabe, tem uma loja aqui perto que está vendendo bastante desses ovos de chocolate. Você poderia dar uma olhada.

- Certo. Então eu vou lá. – Mikado acenou para Simon e foi andando na direção apontada por ele. Isso é claro, depois de garantir que voltaria mais tarde para comer sushi.

Com um pouco mais de pressa e mais atento que antes, Mikado chegou à loja indicada por Simon. Mas parou na pouco longe da entrada e ficou olhando para a figura que saia da mesma. Celty, a motoqueira sem cabeça saia da loja com uma sacola. Parecia com pressa, por assim que saiu da loja, montou em sua moto e partiu, deixando para trás apenas o som inconfundível de seu veiculo.

Mikado sorriu e com uma animação vinda absolutamente do nada, entrou na loja, olhou os ovos. Meia hora depois, ele saia de lá com uma sacola com o nome da loja e um sorriso de satisfação no rosto.

Longe de onde ele estava, Anri se encontrava sentada em um banco. Ao seu lado uma sacola com um ovo de chocolate. A garota olhava distraidamente o céu, estava esperando alguém. Como se estivesse se recordando de algo, ela sorri para o nada. Na verdade, pouco antes, Anri havia encontrado Celty. Elas conversaram um pouco, e quando Celty perguntou para a garota a respeito do ovo, ela lhe contou da promessa feita com Mikado e Masaomi, foi então que a motoqueira se afobou.

Antes de sair de casa, Shinra havia lhe falado da páscoa, ela não tinha entendido muito bem, mas agora sabia que era costume presentear aquele que você gosta com um ovo. Ela agradeceu Anri por lhe contar a respeito e pediu para a mesma esperar por ela um pouco. Disse que iria comprar um ovo, mas queria a opinião da menina.

Assim que Celty chegou, entregou a sacola para a Anri que olhou dentro e viu que ovo havia sido comprado.

“Então?” Anri leu na telado celular de Celty. “Comprei certo?” Ela digitava rápido e não dava chances para outra responder apropriadamente. “Ele vai gostar?” Assim que terminava de ler uma mensagem Celty já estava digitando outra. “Devo comprar outro?”

- Não, este está perfeito. Tenho certeza que ele vai gostar. – Se tivesse uma cabeça, Celty estaria sorrindo agora, com toda certeza. Ela agradeceu e partiu em sua moto.

As horas foram passando e logo o relógio marcava 19 horas. Os três amigos se encontraram, assim como haviam marcado.

- Então, eu vou primeiro. – Kida falou todo animado. Ele se aproximou do amigo e lhe entregou a sacola com o ovo de páscoa. – Quando eu vi o ovo na loja, logo pensei que é a sua cara! – Mikado retirou o embrulho da sacola e leu o titulo: Diamante Negro. – Porque você é igual a um diamante! Ou será futuramente, só precisa ser polido um pouco. Mas é por isso que papai está aqui!

Mikado sorriu e agradeceu. Não entendeu ao certo o que Kida queria dizer, mas fazer o que? Era Kida Masaomi. Não tinha que fazer sentindo, como a maioria das coisas que ele diz e faz.

- Minha vez. – Ele sorriu e foi até a Anri, sua face estava vermelha, igual a uma beterraba. Ele entregou a sacola e pensou em dizer algo, mas acabou ficando quieto.

Anri retirou o ovo da sacola e se deparou com um ovo de páscoa Bis.

- Olha! Meu filinho está crescendo! – Kida olhava para Mikado com os olhos brilhando. – Está dando um Bis, dizendo que ano que vem tem mais, ou quem sabe mais tarde não tenha mais? Oh! Juventude! – Anri riu e Mikado ficou mais corado. – Agora só falta a Anri-chan e o meu ovo! – Anri pegou a sacola e entregou para Kida que rapidamente tirou o ovo de chocolate de dentro. Um Charge. – Aah ~ Só você para me conhecer tão bem Anri-chan. Acertou em cheio!

Os três ficaram no parque um pouco e logo voltaram para suas casas. A páscoa para eles havia sido divertida e diferente, e apesar do dia ter acabado, a lembrança da caça de ovos, dos encontros inusitados que tiveram a tarde e da troca de presentes que fizeram a noite, ficariam gravados em suas mentes, como uma doce lembrança feliz.