A vida era tremendamente chata. Pelo menos era isso que Chihiro, 18 anos, pensava todos os dias. Ela acordava cedo, se arrumava e ia dar uma longa caminhada, ajudava sua mãe e ia trabalhar em um SPA ali perto, não, ela não fazia massagens, nem unhas ou nada realmente estético... Ela era a faxineira do SPA Higurashi.

Chihiro terminara o colégio à um ano, e não quisera ingressar em um curso superior, sua mãe gritara com ela e tentara convence-la do contrario, mas desde os seus 10 anos a vida de Chihiro havia perdido o sentido. Ela se lembrava de ser uma garota feliz e animada, até que se mudaram para essa cidadezinha, e... no dia da mudança eles visitaram um tipo de prédio antigo um parque temático era o que seu pai dizia. Lá, sua vida perdera o sentido. E ela nem mesmo podia se lembrar do por quê! Como tudo tinha se tornado tão irrelevante na sua vida. Exceto... exceto por aquela voz... A voz de seus sonhos.

Toda noite. Chihiro sonhava com coisas estranhas. Os sonhos eram diferentes mas... continham sempre as mesmas peculiaridades que a fazia se sentir intrigada, como se... como se aquilo fosse importante, sempre a mesma voz, o mesmo cheiro, as vezes o mesmo lugar...

Desta vez ela estava em uma ponte. Linda ponte. O trem passava logo abaixo. E uma voz lhe dizia: “Sou seu amigo”. Ela ficava feliz em ouvir aquelas palavras, mesmo sem entender porquê. E então ela sentia que tinha que ir e sair dali. A elado sonho ficava triste mas sabia que tinha de ir. Ainda assim ela pergunta: “... A gente vai se ver de novo?” Ela não pode ver seu rosto mas sabe que esta sorrindo. “É claro” ele responde. “Você promete?” Ela indaga. “Prometo. Agora vá, e não olhe para trás”. Ela começa a andar e só então percebe que estivera de mãos dadas com o dono da voz, ela quer olhar para trás, mas não faz. Não pode. Suas mãos se soltam a medida que ela anda e ele, permanece parado. O frio toma sua mão.

E foi então que Chihiro acordou. Eram três horas da manhã. E seu sono havia desaparecido. Irritada ela se veste e sai para correr na rua. Ele prometeu que voltaria para ela... quem era ele? Que sonho mais estranho parecia... parecia tão real! Quase como uma memória. Mas não seria possível. Seria?

Ela correu sem rumo, o vazio que sentia em seu peito desde que era pequena mais evidente que nunca. Precisava encontrar o que estava faltando ali... mais como, se não conseguia nem mesmo se lembrar do que raios estava faltando?! A voz de seu sonho preencheu seus pensamentos. As lágrimas começaram a escorrer por seu rosto e ela continuou a correr sem tentar entender. Não dava pra entender, era por isso que ia ao psicólogo desde os 10 anos, porque simplesmente não era possível entender.

Ela entrou em uma estreita rua de terra, cercada por árvores. Tudo estava tão escuro... Ela correu durante horas e o dia já clareava quando ela chegou a uma entrada.

—Isso é... — Ela parou ofegante. Aquela era a entrada do prédio antido onde ela e os pais tinham estado a 8 anos atrás.

Não era possível ver o que havia dentro daquele túnel. Chihiro queria entrar, sentia que se entrasse... se entrasse se lembraria do que precisava, de qual era o caminho para ser feliz. “Eu sou amigo...” A voz de seus sonhos disse em sua mente. “Seeen! Vamos!” Outra voz, a de uma mulher disse em sua mente, e era como se o nome fosse dela... Sen... Mas Sen não era seu nome... ou... era?

Ela continuou a olhar para a grande entrada, queria entrar, ao mesmo tempo... não, não podia entrar, seria errado... Por que seria errado? Todo o seu corpo tremia em confusão. Fechando os olhos era como se tivesse voltado ao passado.

“Chihiro tinha 10 anos. Esta ao lado do pai, parada naquela entrada. O vento passou por eles entrando no longo túnel.

—O vento está entrando... — Ela comentou distaída.

Sua mãe saiu do carro e caminhou até eles.

—Que tem aí? — Pergunta ela.

—Tem uma passagem aqui — Ele responde. — Vamos dar uma espiada?

Um calafrio passou por Chihiro e o medo encheu seu corpo.

—Eu estou com medo! Vamos voltar! — Ela disse quase gritando.

—Bobagem! Não tem por que ter medo! Venham, vamos entrar logo. — O pai fala, um sorriso torto no rosto.

—Assim a mudança vai chegar antes de nós. — Sua não parecia muito contente também.

Ela olha de um para outro em pânico.

—Tudo bem. Eles estão com a chave. — Seu pai diz confiante. — Deixe que façam a mudança.

—Eu sei disso mas...

—Não mesmo! Eu não vou entrar! — Chihiro interrompe a mãe. O medo enchia seu corpo de deixava seus ossos gelados.

Ela correu até a pedra, que tinha um estranho rosto esculpido e parou ali segurando a barra de sua camiseta.

—Papai, vamos voltar! — Diz ela nervosa.

—Venha Chihiro, não tenha medo. — O pai começa.

—Não entro aí! — Ela diz brava.

E então olha para o lado, a pedra, tinha esculpido dos dois lados uma face estranha e sorridente. Assustadoramente sorridente. Ela se retraí de medo.

—Então fique esperando no carro Chihiro. —Sua mãe diz chamando sua atenção, seu pai já caminhava dentro do túnel, e sua mãe se virava e fazia o mesmo.

Em pânico total Chihiro começa a esperniar e chama por eles, que não olham para trás. Com um ultimo olhar para a sorridente pedra ela grita:

—Me espera!

E então corre e entra no túnel, agarrando o braço de sua mãe. E ali, sua vida começa a mudar.”

Chihiro abre os olhos e estremece. Olha para o lado. E ali está. A pedra sorridente, coberta de musgos. Sente seus ossos gelarem. Voltando seu olhar para frente ela reúne tada a coragem que tem e marcha em direção a boca do túnel. Para ali, bem perto da entrada. Seu coração acelera e ela começa a pensar que deve se virar e voltar para casa. “E Não olhe para trás” A voz calorosa enche sua mente, ela sente as pernas frouxas e se apóia na parede do túnel. Sua mente dá um estalo, seu joelhos cedem. E tudo fica escuro.