Já é quase hora do jantar. Draco está há horas deitado em meu colo com a cara emburrada e se recusando a me dizer o que aconteceu. Se bem que o motivo só pode ser um, Harry.

— Eu vou ter que te obrigar a falar? Ou talvez eu possa perguntar pra ele o que houve com você. Já que pra estar com essa cara emburrada e esse bico enorme, o motivo só pode ser ele. – Digo parando o carinho em seus cabelos e me levantando de uma vez quase o jogando ao chão, o que causa um olhar indignado direcionado a mim.

— E porque ele tem que ser o motivo? Meu mundo não gira ao redor dele, sabia? – Diz se jogando de bruços e segurando o travesseiro contra o rosto.

— Ah, claro que não. Só seus pensamentos que giram ao redor dele mesmo. – O observo resmungar alguns insultos a mim abafados pelo travesseiro enquanto esperneava como uma criança fazendo birra. – Dray? – Sento ao seu lado segurando suas pernas. – Sério, qual o problema?

— Aquele Francis é o problema.

— Como assim? Você nem conhece o cara. Como ele seria um problema?

— Ele falou com o fulano pelo celular hoje. E o fulano do início ao fim da conversa estava dando em cima dele descaradamente. – Diz rápido e num tom irritado.

— E como você sabe dessa conversa? – Digo arqueando uma sobrancelha.

— Eu ouvi. Eu tava saindo do banho, indo pro quarto. Então ouvi o primo dele falar sobre mim de toalha na cozinha e que ele ficou me olhando...

— Duda ficou te olhando? – Perguntei, cortando sua frase. Será que Duda é...

— Não, ele não. O Harry.

— Ah! – Suspiro aliviada. – Que susto!

— Susto, por quê? – Pergunta sorrindo pra mim. – Por acaso você...

— Irmão querido, o assunto aqui é você. Não mude de assunto. Continue o quê contava. – Desconverso rapidamente. Ainda não quero discutir esse assunto. Afinal se ele perguntar o que eu sinto... O que responderia? Nem eu mesma entendo ainda. Prefiro adiar um pouco o assunto “Duda”.

— Hum, ok. Enfim... Ai o celular do Duda tocou, e era o fulano. Ai eles conversaram um pouco sobre algo que tinham combinado pra hoje. Ai o Duda falou que estava aqui na casa do Harry, então o fulano perguntou se Harry estava perto e ele disse que sim e meio que forçou ele a falar com o fulano, porque ele claramente não queria. Acredita que o fulano disse “falar com você melhora meu humor a níveis inimagináveis”? Pode isso? Que sujeito brega. Ai quando Harry pergunta se ele está precisando de algo ele solta um “Você”. Da pra acreditar? O Harry ate se engasgou, coitado. Ai pra melhorar o fulaninho fala “não quero ficar viúvo antes de nos casarmos”. Aí antes que eu entrasse naquele quarto e dissesse umas verdades pra esse cara, eu sai de lá e vim pra cá. A se esse sujeitinho cruzar o meu caminho. Ele vai aprender a não mexer com o que é meu.

Se ele está irritado? Não, que nada. Ele tá furioso mesmo. Andando de um lado pro outro enquanto gesticula com os braços e ocasionalmente para e me olha com um olhar indignado. Definitivamente, nunca o vi falar tanto.

— Seu? Draco, vocês não tem nada. – Ele me olha indignado novamente. – Não faça essa cara. Você sabe que é verdade. Se não disser o que sente logo...

— Foda-se! – Grita ele pra mim. Logo após, ouvimos uma batida na porta. Ele vai ate ela como um trem soltando fumaça e a abre de uma vez. – Que é?

— E-eu ouvi uns gritos, só queria saber se tá tudo bem e se vocês precisam de al... – Ele fala baixo, mas pela voz é o Duda. Parece um pouco acanhado em falar algo. Não o culpo, Draco é assustador quando irritado.

— Tudo ótimo! – Grita de novo com o coitado e bate a porta na cara dele. Só tive tempo de vislumbrar seus olhos verdes arregalados antes da porta se fechar novamente.

— Draco! – Grito também indo ate a porta e a abrindo, nem sinal dele no corredor. Fecho-a e viro para olha-lo. – Precisa tratar o coitado assim? Ele não tem culpa.

— Como não? Ele atendeu a porra do celular. Ele disse que o Harry estava perto. Ele o fez falar com o fulaninho mesmo ele dizendo que não queria. Então sim, é culpa dele.

— Tá, nesse ponto você está certo. Mas tenho certeza que ele não fez por mal, não o trate assim. Você assustou o garoto, tadinho. – Digo vendo-o bufar e sentar na cama. Abro minha bolsa e tiro dela duas barras de chocolate branco. Jogo-as na cama ao lado dele. – Come. Isso te acalma. Eu vou ver o que descubro sobre essa história e quem de fato é esse “fulaninho”. – Digo sorrindo ao dizer “fulaninho”.

— Vê não vai falar demais em? – Exige enquanto abria uma barra e comia um pedaço fechando os olhos e encostando-se ao travesseiro.

— Relaxe. É comigo que você está falando, lembra? – Pisco um olho em sua direção e saio. Okay, hora de ouvir o outro lado da história. Se você pensou que eu vou falar com Duda, errou feio. Sim, pretendo falar com ele. Mas antes, quero ver com Hermione se Harry falou sobre isso. Gostaria de saber o lado, mas por motivos óbvios não posso perguntar diretamente sem parecer suspeito.

Desço as escadas e vou ate a cozinha ao notar que o trio de ouro não se encontrava na sala. Talvez estejam juntos. Ao me aproximar ouço Harry dizendo que estava farto de algo e que Rony lhe passasse uma late de leite condensado.

— Lata de que? – Pergunta o ruivo assim que entro na cozinha.

— Isso! – Me pronuncio andando ate o balcão e pegando a lata, levando-a ate Harry. – Desculpe, não queria me intrometer.

— Ah, não! Está tudo bem. Certo, Harry? – Diz Hermione puxando uma cadeira ao seu lado e gesticulando para que eu sentasse.

— Certo. – Fala com um grande sorriso enquanto abria a lata e despejava dentro de um liquidificador.

— E do que falavam?

— Do carinha que tá afim do Harry. E que não sabe o significado de um “não”. Até eu já estou puto com esse sujeitinho, Harry. – Diz Rony.

— E eu não. Merlin ele não sai do meu pé por nada. E Duda não ajuda em nada me obrigando a falar com ele. Espero que depois de hoje ele tenha entendido que eu não quero ter contato com Francis.

— Ah, acho que isso é um assunto de vocês. Eu vou deixar vocês conversarem em paz e...

— Nada disso. – Hermione me puxa pelo braço e me faz sentar de novo. – Você é parte do grupo agora, sua opinião é importante.

— Isso aí. – Harry estica a mão com um ‘joinha’ pra trás pouco antes de ligar o liquidificador.

— Está fazendo pavê? – Pergunto logo após ele desligar o liquidificador.

— Bom, não tem biscoito em casa então... – Diz levantando ambas as mãos pra cima.

— Mousse. – Mione e eu dizemos ao mesmo tempo e nós três começamos a rir.

— Do que estão rindo afinal? – Rony pergunta confuso o que só nos faz rir mais ainda.

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— Como sempre você só faz merda Eduardo. Se não bastasse Harry estar puto com você, você ainda vai lá incomodar e terminar por irritar o Draco também. É você está de parabéns mesmo. Muito bom. Excelente. – Sussurro a mim mesmo andando de um lado pro outro no quarto. Ouço leves batidas na porta e caminho ate ela a abrindo, dando de cara com olhos azuis me encarando seriamente.

— Posso entrar? – Pergunta o loiro. Só abro passagem para que entre enquanto o observo caminhar pelo meu quarto ate perto da janela e repousar suas mãos sobre ela observando lá fora.

Puta merda, eu devo correr e me esconder? Questiono-me em pensamento enquanto fechava novamente a porta.