Megaman 9 escrita por Tronos


Capítulo 12
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

E mais um...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/494682/chapter/12

“Eu não acredito que você ainda esta zangada...”

–Orusai...

“Sinceramente, não foi grande coisa.

–O-ru-sai!

“Afinal, não tem nada aí que eu já não tenha visto, sabia?!”

–ORUSAi!

Um pobre estudante, que passava do seu lado, acabou levando no nariz o golpe involuntário que ela desferiu pra trás, ao levantar as mãos. Ele caiu de costas e ficou ali desmaiado, vertendo sangue a um ritmo alarmante e exagerado.

“Eu sei o que você esta pensando Ryuko... Não faça isso”.

–Fazer o que, seu pervertido?

“Não me afaste do seu coração...” – eu disse, e levantei os olhos pra olhar direto nos seus – “Eu posso aguentar qualquer coisa, mas não ser odiado por você, eu prefiro ser destruído a passar por isso”.

–Senketsu... – ela murmurou, e explodiu em vermelho a um grau que vapor saiu das suas orelhas – Mou... pare de fazer essas coisas!

“Fazer o que?” – eu reparei uma coisa no seu discurso, e na sua cara, que me fez rir.

–O que?

“Você disse Mou...” – eu apontei, e ela piscou ao perceber que eu estava certo – “E você esta fazendo beicinho”.

–Não estou.

“Esta sim...”

–Não estou!

“Ara, quem diria que você poderia parecer uma menina bonitinha”.

–Você não acha que esta muito engraçadinho ultimamente?

“Nós somos amigos, não? Eu pensei que amigos conversavam desse jeito”.

–Tsc... segundo nossos avós, somos noivos... – ela murmurou baixinho, mais pra si mesma do que pra mim. Não perdi a chance de irrita-la de novo, isso era inacreditavelmente divertido.

“Ahh, então devo me corrigir? Já que somos noivos, eu acho que posso brincar com você”.

O rubor no seu rosto se intensificou. Ryuko não era do tipo que corava, mas ela estava fazendo muito isso ultimamente, e não podia dizer que não gostava.

–Você...

“Ne... Ryuko?”

–Não!

“Não o que?”

–O que você ia perguntar!

“E o que eu iria perguntar?”

–Se somos noivos...

“Não ia perguntar isso...”

–Não?

“Nope... perguntar remete a dúvida, eu tenho certeza que somos noivos... minha querida Ryuko-chan”.

Isso pareceu ter atingido um ponto sensível, ela me agarrou pelas dobras e tentou me rasgar pra fora do corpo dela, sem levar em consideração que estava no meio de uma rua que, apesar de vazia, podia ficar movimentada a qualquer momento. Não dei muita bola pra isso, era apenas o constrangimento, não raiva de verdade, eu não levaria uma brincadeira tão longe a ponto dela ficar com raiva de mim, jamais arriscaria isso.

“Não precisa ficar nervosa, eu só estou brincando com você...”.

–Pare, esta ficando chato!

“Então por que você esta vermelha?”

–De raiva!

Tsc... Claro que não, você acha que eu não sei dizer quando você esta com raiva?!

“Seja como for... eu ia te perguntar outra coisa”.

–O que, seu idiota pervertido?

“Você venceu a Satsuki... vai confronta-la hoje sobre o que ela sabe da morte do Isshin?”.

Eu havia percebido que ela ficava desconfortável quando me referia a ele como “pai”, ou a qualquer coisa que nos ligasse como irmãos, e apesar de não entender muito bem esse desagrado, passei a evitar fazer isso.

–Sim... isso não passa de hoje, eu finalmente vou descobrir quem tem a outra metade dessa lamina-tesoura!

“Você não acha que ela mesma pode ter?”

–Hummm... Satsuki é uma vaca, mas não é esse tipo de vaca, eu não acho que tenha sido ela.

“Entendo...”.

–Ne... Senketsu?

“Sim?”

–Como você se sente, tendo uma forma humana?

Isso me animou um pouco, com a própria novidade da coisa toda. Eu podia sentir nas minhas fibras, a possibilidade de muda-las pra uma forma humana, de carne e osso, e sangue e cabelos de verdade. Não sei explicar como isso era, mas acho que é a mesma sensação de um pássaro, que sabe que pode voar com um bater de asas.

“Ótimo! Tem um monte de coisas que eu quero tentar!”.

–Ara... como o que?

“Como correr! Eu sempre quis saber como é correr, e tomar banho numa banheira, e beijar também, eu quero saber como se sente!”.

Ryuko tornou a ruborizar.

–B-B-Beijar?! – ela quase gritou, engolindo em seco – Quem?!

“Ora... você, é claro”.

Eu senti o coração dela falhar uma batida, e em seguida ficar extraordinariamente rápido. Sua respiração acelerou e um arrepio passou pela sua coluna.

–Por que diabos você quer me beijar?

“Ora... não é um jeito de demonstrar afeto? – dessa vez eu não estava brincando, estava realmente confuso – Pelo que eu sei de seres humanos, eles se beijam pra demonstrar que gostam um do outro não? Qual o problema de eu demonstrar isso de vez em quando?!”.

–T-Tem um monte de problemas ora!

“Sério? Quais?!”

–V-Você pode pegar sapinho!

A deixei em silêncio por alguns minutos, enquanto considerava isso. Seu constrangimento não melhorou muito, ela subiu no bonde que levava até a escola com um rubor constante no rosto e um tremorzinho nos joelhos.

“Quer dizer que as pessoas pegam sapos quando beijam?”

–E-É! É horrível!

“Ué... então beijar é um jeito de conseguir alimento?!”

–Não! Eca!

“Mas sapos não são comestíveis?”

–Só pra outros sapos!

Franzi a sobrancelha, e então olhei pra ela.

“Algo me diz que você esta me enganando Ryuko...”.

–Ba-Baka! É claro que não estou!

“Tudo bem, você não tem que me beijar se não quiser”.

Não pretendia que isso soasse tão cabisbaixo quanto soou, mas também não podia evitar ficar deprimido. Beijar significava demonstrar afeto, não?! Se ela não queria me beijar, era por que não gostava de mim, e eu não gostava de saber que ela não gostava de mim, já que eu a adorava, mas também não queria pressiona-la a fazer algo que ela não tivesse vontade e acabar a deixando com raiva de mim, que era pior do que apenas indiferença.

As coisas pareceram ficar tão complicadas desde aquela noite que pedi pra dormir com ela...

Ryuko não falou mais nada por todo o percurso do carrinho, e acabei me conformando com o fato que a tinha feito se irritar comigo. Ela desceu e correu por todo o pátio, em direção a escola, ignorando qualquer um no seu caminho e tirando na base da porrada os que insistiam em para-la. Enquanto isso eu fui pensando numa forma de me desculpar.

Eu só notei que estávamos no banheiro quando ela fechou a porta de um cubículo atrás de si, e se encostou contra ela, profundamente vermelha e com o coração acelerado.

“Ryuko...?”

Ela não respondeu.

“Tudo bem, se quiser usar o troninho é só me guardar na bolsa enquanto isso, eu geralmente reclamo, mas não me importo de verdade com isso, eu...”.

Parei de falar quando ela puxou a gola pra cima, até próximo ao seu rosto, e deu um beijo no tecido. Foi rápido e forte, só um pressionar de lábios contra a parte do ombro da minha lapela, mas me esquentou todo de um jeito que eu não achava ser possível. Não consegui encontrar nada pra falar enquanto ela saía do banheiro, ainda ruborizada e calada, e meio que entendi por que ela estava meio receosa de me beijar antes.

Era inacreditavelmente bom, mas inacreditavelmente embaraçoso também.

A vergonha pelo que tínhamos feito ficou conosco pelo resto do dia, de forma que nenhum de nós lembrou de perguntar qualquer coisa a Satsuki. Voltamos pra casa e jantamos. Tomamos banho juntos mais uma vez, e após isso, fomos deitar no mesmo quarto. Ela me deixou encima de um dos futons e se deitou no outro, de costas pra mim. Mudei minha forma de novo, mexendo os músculos novos e testando a força do meu corpo. Me levantei, o mais silenciosamente que pude.

Ryuko só percebeu que eu estava me aproximando quando minha testa tocou sua têmpora, a mecha vermelha dos seus cabelos acariciando o tapa olho, e meus lábios tocaram a sua bochecha, bem suavemente.

Ryuko ruborizou completamente, mas não fez nada pra impedir que eu me envolvesse nela pra dormir, de volta na minha forma natural. Não dissemos nada um pro outro, mas dormimos confortavelmente com um calor agradável brotando do fundo do peito.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Megaman 9" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.