Enquanto Finn seguia Rachel e subia as escadas da casa da morena, ele contava nos dedos os meses, desde janeiro de 1995 até abril de 1996. Faltaram dedos.

Faziam 15 meses que Finn não subia com Rachel para o quarto dela. Um ano e três meses. Antes disso, a casa de Rachel era sua segunda casa. Mas, naquela noite que Finn ainda considerava trágica, ele entendeu mal as coisas e achou que ela queria mais que amizade.

Ela não queria.

Quando finalmente chegaram ao último quarto do corredor, o quarto de Rachel, a garota apontou para o computador.

–Aqui está.

–Legal – Finn comentou enquanto sentava em frente ao computador, observando a proteção de tela que faz parecer que você está andando em um labirinto de paredes de tijolo.

–Mexa no mouse – Rachel fala, sentando-se ao lado de Finn – E me diga o que você vê.

Finn faz o que Rachel pediu. A parede de tijolos congela e depois desaparece. O que ele vê em seguida é um site com palavras e fotos espalhadas para todos os lados.

–Essa mulher parece um pouco com você – Finn observa – Quer dizer, seria parecida, se você fosse mais velha.

–O que mais você está vendo? - Rachel pergunta.

–Ela tem o seu nome, só que com o sobrenome St. James – ele fala e logo em seguida, encara Rachel – Não foi você que fez isso, né?

–Que? - Rachel o encara com as sobrancelhas erguidas.

–Não que você não seja capaz – Finn tratou de consertar sua frase. Ele está estudando “Processamento de Texto I” no colégio, que mostra como criar, alterar e salvar arquivos no computador. Já Rachel está em “Processamento de Texto II”.

“Parece que Rachel criou esse site como projeto de aula e inventou um futuro para ela mesma”, Finn pensou, “Ela diz que Rachel St. James estudou na nossa escola, agora mora na Flórida e se casou com um cara chamado Jesse St. James. O nome do marido dela parece falso mas pelo menos ela não colocou o nome de Rachel Weston, por causa daquele cara da equipe de vôlei. Nem Rachel Anderson por causa do atual namoradinho”.

–Finn, seja sincero comigo. Como você fez isso? - Rachel pergunta, tirando Finn de seus desvaneios.

–Hã?

–Foi você quem me disse pra fazer o download do CD.

–Mas eu achei que fosse alguma coisa pra criar um e-mail, sei lá. Eu nem sei mexer direito no computador, Rachel. Você acha que eu conseguiria fazer isso?

–Tudo bem – Rachel suspira – Você acha que pode ser um vírus?

–Ou uma piada – Finn fala, observando a tela.

–Se for piada, não entendi – Rachel disse – Qual o significado disso?

–Querem que pareça que é do futuro – Finn responde – Talvez signifique que você vai ser famosa. Olha a quantidade de... Qual o nome disso aqui?

–Acho que são... “curtidas”?

–Que nome estranho.

–Pois é – Rachel concorda – Mas como é que eu ficaria famosa? Cantando? Com o vôlei?

–Talvez o vôlei se torne o esporte olímpico do futuro – Finn fala, entrando na onda de Rachel.

–Talvez o Brody se qualifique no vôlei e então nós iremos para as Olimpíadas juntos! - Rachel falou e bateu palminhas, fazendo Finn revirar os olhos. É sério, ela fazia isso de propósito. Finn detestava o jeito que ela tinha que incluir o nome de Brody em todas as conversas.

–O que é isso? - Finn aponta para o fim da página.

Rachel Berry

Alguém quer adivinhar onde meu lindo marido e eu passamos o último final de semana inteiro? - com Jesse St. James

Embaixo desse texto, há uma foto.

–Será que eu devo clicar para... - Finn pergunta, passando o cursor em cima da foto.

–Não! - Rachel o interrompe – E se for mesmo um vírus e quanto mais a gente abrir, pior vai ficar? Não quero estragar o computador novo.

–Ah, por favor Rachel. Mesmo que seja uma piada, você não vai querer ver com quem dizem que você vai casar?

–Está bem – Rachel assente e olha novamente para a tela. Finn clica na imagem que demora um pouco para carregar mas logo aparece bem grande na tela.

Na imagem aparece a Rachel St. Berry e ao seu lado, um homem loiro sem camisa e de óculos escuros que segura um peixe espada. Os dois estão abraçados em um barco de pesca.

–Que peixe enorme! - Finn exclama – Onde será que eles... Quer dizer, onde será que vocês estão? Parece ser a Flórida mesmo.

–Ele é gostoso – Rachel fala, observando Jesse – Para um cara mais velho. Onde será que arrumaram essa foto?

Finn abriu a boca pra responder quando eles se assustaram com uma batida na porta. A mãe de Rachel entra no quarto sem pedir licença, como sempre faz.

–Finn! Que surpresa boa! - Shelby o cumprimenta com um beijo na bochecha – Vocês estão navegando na internet com aquelas horas grátis?

–Estamos fazendo uma pesquisa sobre peixes-espada – Rachel responde.

–E futuros maridos – Finn sussurra para que só Rachel possa ouvir e recebe uma cotovelada de leve.

–Será que vocês podem trabalhar nisso mais tarde? Will precisa fazer uma ligação e não pode fazer isso enquanto você está na internet.

–Mas não terminei – Rachel responde – E se não conseguirmos voltar a esse site?

–Só tem uma linha de telefone. Anote o nome do site num pedaço de papel e volte mais tarde.

–Tudo bem – Rachel obedece a mãe, mas Finn percebe que ela está um pouco contrariada, do jeito que fica quando a mandam fazer algo que não quer. Ela suspira fundo e fecha a página. A voz eletrônica diz um “Até logo!” e o computador desliga.

–Obrigada – Shelby fala – Finn, quer ficar para o jantar?

Rachel olha para Finn esperançosa, acreditando que depois desse tempo que passaram juntos, ele vai abaixar a guarda.

–Não, obrigado Shelby. Meus pais estão me esperando.

Outra desculpa esfarrapada. Os pais de Finn quase nunca jantam em casa, estão sempre trabalhando.

Shelby vai descendo as escadas e Finn e Rachel descem logo atrás dela. Shelby se despede de Finn e Rachel o acompanha até a porta.

–Vou tentar entrar na internet mais tarde – ela sussurra chegando bem perto do garoto e o deixando arrepiado.

–Certo – Finn responde segurando o skate na frente de seu corpo, quase que como um escudo que o fosse proteger de se sentir atraído por Rachel Berry – Me ligue se precisar de alguma coisa.