Fronteiras do amor escrita por Cris
– Já chegamos?
– Ainda não..
– Quanto tempo ainda falta?
– Só mais alguns minutos. – Eric respondeu, enquanto dirigia cuidadosamente.
– Nossa, não imaginei que fosse tão longe. – Disse Lexi, pegando um pacote de salgadinhos e devorando tudo aos poucos.
– Calma, Lexi . Antes que você perceba, a gente já vai ter chegado.
– Assim eu espero. Não aguento mais esses mosquitos me picando, eu vou acabar ficando igual a uma galinha de tantas pintinhas pelo corpo.
Eric sorriu, pousando uma das mãos na coxa de Lexi. Na mesma hora ela sentiu todo o seu corpo estremecer e aos poucos, ela teve uma sensação estranha, como se o seu corpo estivesse reagindo a uma dosagem de anestesia. Seu coração bateu em um ritmo acelerado e ela teve a impressão que ele fosse sair pela boca. – Tenho repelente na mochila, pode pegar se quiser. – Ele desviou o olhar por alguns segundos e tirou uma mochila preta debaixo do banco, a colocou sobre o colo da garota que ainda estava imóvel. – Lexi? – Ele a chamou, desviando o carro de alguns buracos que haviam na estrada.
– Claro, sim. – A garota respondeu , abriu o bolso da lateral e tirou o repelente, passando-o em seguida. Sua respiração ainda estava irregular e o seu coração continuava saltitando em seu peito. – O que está acontecendo? – Sussurrou para si.
– Disse alguma coisa?
– Não, não. Eu estava pensando alto, só isso..
– Eu posso saber no que, exatamente?
– Ah, eu estava pensando.. Pensando..
– Pensando..? – Ele sorriu.
– Na Sam. – Disse a garota, observando a amiga que dormia em um sono profundo no banco de trás. A dias que Sam não dormia direito e pela primeira vez, ela parecia estar em um sono muito tranquilo. Seus cabelos estavam presos em um coque e os babados do seu vestido dançavam com o vento.
– Está preocupada com ela, com a Sam? – Perguntou , observando a garota pelo retrovisor.
– Muito.
– Por que?
– A Samantha era uma garota alegre e divertida, eu sempre a tive como uma irmã mais nova. Ela é única, é quase impossível descreve-la. – A garota respirou fundo e tornou a olhar para estrada, seus olhos começaram a marejar. – Depois que a Eva morreu e deixou aquela carta, ela mudou, parece que a Sam determinada, corajosa e amável que eu conhecia, está presa em algum lugar , sem poder sair. Ela está frágil e indefesa, isso me preocupa, tenho medo de perder a minha melhor amiga.
– Entendo.. A Sam logo voltará a ser a mesma de antes, isso é só uma fase. Eu confesso, não teria a mesma força que ela tem. Sabe, suportar tudo isso sem se desesperar. Ela é forte, como a Eva, e vai sair dessa.. – Antes que a garota pudesse dizer algo, Sam acordou assustada.
– O que foi isso?
– Buracos. A estrada está cheia. –Respondeu Lexi, contendo as lágrimas.
– Pensei que já tínhamos chegado.
– Estamos quase lá. – O rapaz sorriu.
– Tem certeza?
– Sim.
– Assim eu espero.
– Eu também. – Disse a amiga. – Estou louca para ir ao banheiro. –Todos caíram na gargalhada e em seguida permaneceram em silêncio durante o resto da viagem , contemplando a paisagem.
Após quase duas horas de viagem, eles chegaram no seu destino. Ou pelo menos, na metade dele. Lexi quase saltou do banco quando viu a enorme placa que dizia: “ Sejam bem-vindos a Rossville”. Sam se contorcia no banco de trás para observar pela janela. Era quase impossível ficar de boca fechada. As casas eram simples, mas bastante bonitas. As pessoas se cumprimentavam e riam á toa. Foi uma passagem rápida, logo eles entraram em uma estrada de barro e então a cidadezinha foi desaparecendo aos poucos. Mais vinte minutos depois eles chegaram em seu destino. O lugar era lindo e não haviam cercas por perto, a casa era enorme , simples e aconchegante. Mais adiante havia um celeiro ainda em reforma, era possível ver árvores de todos os tipos ao redor da casa. Os três se instalaram na casa, já era noite e todos já haviam feito as refeições, eles conversavam na varanda da casa e planejavam o que iriam fazer no dia seguinte.
– Que tal um mergulho no riacho? – Sugeriu Eric.
– Perfeito!. – Disse Lexi, se balançando na cadeira.
– Ah, eu não gosto muito de lagos.. Prefiro andar por aí, fazer trilha..
– Sam! Por que não quer ir com a gente? – Perguntou a amiga.
– Desculpe. Eu não sou muito fã de água, você sabe. Prefiro explorar. Você pode ir com o Eric, não pode? – Ela sorriu e piscou para o rapaz, que retribuiu com um sorriso. Pelos cantos dos olhos dava para notar que a amiga ficara com o rosto vermelho de tanta vergonha.
– Claro, será um prazer. – Ele disse.
– Lexi? – Sam fez um bico. – Por favor!
– Tudo bem.. Mais amanhã o almoço fica por sua conta.
– Gracias, mi amor. – Sam abraçou a amiga e a encheu de beijos pelo rosto. – Temos um acordo ?
– Sim. – Lexi retribuiu o abraço. – Podemos descansar agora?
– Tudo bem.. – Ela virou em direção a Eric. – Ah, você se incomoda se nos retirarmos agora? – Perguntou.
– Não. Por mim tudo bem, eu também irei me retirar logo.
– Boa noite então. Obrigada pela hospedagem.
– Não por isso, Sam. Boa noite, queridas.
– Boa noite, Erick. – Os dois sorriram. Sam subiu para o primeiro andar puxando a amiga pelo braço. As duas estavam cansadas e logo adormeceram, pois o dia seguinte iria ser longo e cheio de surpresas.
Sam acordou logo cedo e tomou o seu café o mais depressa possível, mau podia esperar para a grande exploração. Lexi ainda dormia. Eric aconselhara Sam a não se afastar demais, pois a estrada era fascinante e cheia de belezas em sua volta. Porem, era perigosa para quem a desconhecia. Após o café, a garota pegou sua mochila e caminhou em direção a uma estradinha próximo a casa, estava ansiosa e feliz por explorar a fazenda sozinha. O caminho era estreito e havia mato por todos os lados, mais a frente havia um campo repleto de flores de todas as espécies, de longe dava para ouvir os pássaros cantando. Sam registrou cada minuto com a sua câmera fotográfica. O campo de flores, os pássaros voando em bando, o casal de porcos espinhos tomando banho de sol e um guaxinim, que roubara o seu pacote de amendoim minutos depois da foto ser tirada. Mais vinte minutos depois de caminhada e pronto, Sam estava onde queria, no riacho. A garota largou a sua mochila em cima de uma pedra debaixo de uma árvore ali perto , tirou os sapatos e as roupas que vestia. Ficando apenas de biquíni, a garota correu e pulou na água, não cansava de mergulhar e observar os peixinhos coloridos que haviam debaixo d’água. Quando finalmente voltou a superfície para retomar o fôlego, ela ouviu alguns passos vindo em sua direção. Assustada, a garota olhou em volta , mas não havia ninguém.
– Tem alguém aí? – Ela gritou– Vamos, isso não tem graça. Lexi? – Derrepente, ela sentiu uma forte dor na perna esquerda, cãibras. Seu corpo afundou na água, todo o esforço para voltar a superfície não fora o suficiente, ela já estava sem fôlego e perdendo a consciência.
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