Os Fantasmas de Ian escrita por Luna Amaratto


Capítulo 11
A morte é doce, o difícil é a vida.


Notas iniciais do capítulo

Oieeee!

Bom, não tenho nenhuma objeção a fazer, então, Bom Capítulo!



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Ai... Minha cabeça... –Ian não sabia onde estava. Só sentia uma enorme dor no corpo inteiro...

Estava tudo escuro. Mas depois de alguns instantes, ele escutou um estalar de dedos, e a luz finalmente veio. Estava numa rua desconhecida, deserta. Estava de noite ali,então a única iluminação era a dos postes e a lua.Depois de um tempo parado,sentado no meio da rua-coisa que nunca fez antes e nunca pensou em fazer,o que só provava como ele estava perturbado- começou a escutar passos lentos.Foi vendo a silhueta de Natalie chegando até ela ficar ao seu lado.Olhou para baixo, sem expressão e disse:

–Por que está sentado na rua?

–Ahn... o que?Ah, eu... Não sei -Ele se levantou- Por que está com um guarda-chuva?

Natalie tinha em suas mãos um grande guarda-chuva cor-de-rosa escuro. Ela deu de ombros.

–Proteção- Disse apenas. Então:

–Quero te mostrar uma coisa, Ian.

Ela segurou sua mão, e o levou até uma parte mais deserta ainda- se é que era possível- da rua. Lá só havia alguns prédios vazios e escuros, e um carro. Uma Ferrari preta para ser exato.

–O que meu carro está fazendo aqui?!

–Não faço a menor ideia.Bom, vamos começar, então.Ian...Agora eu vou lhe mostrar em uma quantidade real o seu...Novo jeito de ser...Usando de exemplo as garotas-

Ela andou com ele até um bar.Ele tinha algumas pessoas rindo,e um pequeno grupo de amigos bêbados.Nat então apontou para o balcão,onde os bancos estavam todos cheios.Depois de um segundo,Ian percebeu algo.Neles só tinham mulheres.Mas que isso;só tinham mulheres cujo Ian já tinha...Como dizer...Visto despidas.

–Mas que diabos...

–Não terminou ainda, não.

Ela o puxou mais para perto das garotas, e virou a cabeça dele para o lado. Quando viu, soltou um UOU, escandaloso. Parecia ter dezenas de garotas, talvez até umas centenas...

–286 para ser exata- Disse Natalie, lendo seus pensamentos.

–COMO?!

–286, e você pode até ser surdo, mas eu não sou-Disse enquanto massageava a orelha.

–Du- duzentos e... oit- oitenta e seis o que?

–Mulheres com quem você dormiu desde a minha morte.

–O QUE?Por favor, claro que não. Impossível!

–Se fosse, nós não estaríamos aqui, não acha?-E deu um sorriso irônico-Agora, meninas...

De repente, todas se viraram para ele... e começaram a falar ao mesmo tempo.

–Ian!Há quanto tempo!Lembra-se de mim, não?Sou Margareth, da fabrica de molduras para quadros.

–Eu sou a Claire, da contabilidade... não se lembra?Fizemos à três,esqueceu?

–Ian!E eu?Como pode não me ligar?Você disse que eu era especial...

–Ele disse que eu era especial!

–Ele me disse que eu era muito especial!

–Ora, por favor, ele só disse isso por desânimo, pois teve que sair da Itália, e não me ver mais, não é, meu ragazzo querido?

–Avá!Façam-me o favor, todas vocês!

–E quando nós ficamos no avião?Duvido que ele tenha feito isso com qualquer outra pessoa aqui!

Elas começaram a discutir, falando vez ou outra: O Ian gosta de mim!Não gosta de mim!Foi comigo que ele fez em cima de uma máquina de Xerox, queridas, perderam... E por assim foi. Aeromoças, secretárias, garotas de programas... tudo o que você podia imaginar.Ian estava se sentindo sufocado.

Natalie... Tire-me daqui.

Natalie estava séria. Na verdade, ela não queria fazer isso. Não gostava de ter que fazer isso com o irmão. Por isso só viria se fosse estritamente necessário. Mas precisava. Era para o bem dele.

–Você não gostava da atenção delas, Ian?Não adoraaava quando elas gritavam o seu nome?Então: Agora tem todas de uma só vez.

Natalie parecia seca. Amarga.

–Nat... Por favor.

–...

–Nat...

As garotas estavam levantando e indo em direção dele. Começaram a brigar por ele. O puxavam e empurravam.

–NATALIE!

Ela finalmente estalou os dedos e eles então desapareceram. Voltaram para a rua de antes. Ian nunca se sentiu tão aliviado por estar em lugar completamente deserto e escuro. Suspirou de alívio.

–Obrigada, Nat.

–Tudo bem. Agora...

Ela abriu o guarda-chuva e se colocou sobre ele. De repente, Uma chuva horrível começou a cair. Parecia um dilúvio.

–ARGH!O QUE É ISSO?

–São todas as lágrimas que já choraram por você, Ian.

Depois de poucos segundos, ela parou.

Depois, lenços de papéis começaram a cair. Centenas de lenços, talvez mais.

–E agora, os lenços que usaram pelo choro e lágrimas que você causou.

Os lenços duraram um pouco mais de tempo, mas logo cessaram.

Ian olhava para aquilo tudo estaticamente.

Agora... uma chuva de camisinhas.

–Nem preciso te dizer, não?-Disse Natalie com uma voz irônica.

–Argh!-Disse Ian, indo para dentro do carro,tentando se esconder daquilo.Mas logo,essa chuva acabou também.

Natalie bateu da janela do carro.

–Ande logo, Ian!Não seja molenga!

–NÃO É VOCÊ QUE TEM CAMISINHAS CAINDO NO SEU CORPO!

–Abra logo a porta!

Relutante, Ian saiu do carro.

–E agora?

–Agora são as caixas de bombons e flores que você deu às suas namoradas.

Ian se encolheu todo, se preparando para a queda. Mas nada aconteceu. Depois de longos segundos, uma caixa caiu e dois buquês de flores, um na cabeça dele. O primeiro eram de rosas negras,e o outro, lírios modificados em laboratórios, ficando da cor verde-jade.

–Ahn... Só isso?-Perguntou Ian.

Em vez de responder, Natalie apenas pegou o buquê de flores verdes, disse:

...Flores únicas para uma garota única. Sabe disso, não sabe?Tudo o que olho, tudo o que sinto... São seus olhos verde-jade tão especiais. Quero que saiba o quanto é especial para mim. O quanto é única.Foi o que disse a Amy quando lhe deu essas flores, se lembra?Na verdade, essa ultima chuva; Se é que pode se chamar de chuva, foi só dela. Nunca deu muito chocolate à Amy, pois ela não era muito a fim. E as flores, bom, você sempre preferiu dar jóias.você entende,Ian?Entende o que quero dizer a você?O que todas nós queremos dizer?

Ian estava estático. Ele focava em um papel, um bilhete, preso à caixa de bombom. Nele estava escrito: Para o meu amor. Minha vida.

Se lembrou do que a Amy velha tinha dito.Será que era verdade?Será que ela ainda o amava?Será que... Que ainda teria chance para consertar pelo menos uma coisa na vida dele?

–Ainda dá tempo, Ian. Você não pode consertar as coisas comigo agora, mas pode consertar com ela. Pode consertar com todos.

Ela ficou ao lado dele, largando o guarda-chuva, e apertando seu ombro de maneira carinhosa.

Ele a encarou com lágrimas ao rosto. E nem sabia dizer o por quê. De que.

–Natalie...

–Você pode fazer isso. Tem que fazer isso. Senão, você vai arruinar sua vida, ainda mais do que antes. Adeus, meu irmão. Foi uma alegria sem tamanho poder te rever; poder conversar novamente com você.

Por favor... não vá.Não de novo.

Ela sorriu docemente para ele. Ian realmente sentia por saber que não veria esse sorriso de novo.

Antes de tudo ficar escuro, Ian pode escutar a voz de Nat, distante, indo embora...

E não deixe o babaca do Rosembloom ficar com ela!Lembre-se do seu lema, irmão: Os Kabras nunca perdem!

A última coisa que viu foi o brilho de sua irmã. Ficou feliz de certo modo, pois sabia que tinha feito o que desejava a mais de três anos: Ouvir, mesmo que implicitamente, o perdão de sua irmã.


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