Me levantei e comecei a caminhar em direção a arena, não sabia o que ela queria, estava desconfiado, acada passo a poeira sacudia forte lançando pó pra todo lado! Quando cheguei um rapaz todo barulhento se levantou e me abraçou, era magro, e alto, e não sei o que ele estava fazendo, era tão grande que até assustava, loiro, musculoso, soava tanto que brilhava, e ao olhar para cima, vi que uma coisa lhe faltava: o olho!

–Michael?

–Joe?

–Michael?

–Joe?

–Michael. - Falei por último acabando com a sequência! -Você voltou champs, como ficou tão grande?.

–Nem acredito que estou te vendo de novo, da última vez ainda eramos moleques. Temos tantas conversas para colocar em dia parceiro! Adotei essa bandana, meu novo estilo agora, e outra, tenho uma cicatriz: "La antica", fiz ela com um prego em homenagem ao orfanato! Nunca devia ter saído de lá... Aqueles malditos que me adotaram, desgraçados, vagabundos, nunca esquecerei o que tentaram fazer comigo!

–Calma rapaz... O que eles fizeram contigo Michael?

–Tentaram me vender como escravo para um mercado negro. Mas depois de tantos planos de fuga, eu finalmente consegui colocar. Eu jurei a mim mesmo que voltaria e mataria aqueles bandidos, mas eles foram pegos pelo xerífe e outras crianças o mataram tancando pedras.

Enquanto conversava com meu velho amigo, Ana e George saíram da arena e foram embora, nunca saberei o que a enfermeira queria me dizer...
Saí daquele lugar e fui a um bar colocar a conversa em dia, ele me contou horrores, e eu contei tudo que tinha feito desde a última vez que nos vimos. Disse que estava lá só até conseguir um dinheirinho, e depois entraria na guerra. Ele não era caçador de recompensa, mas aprendeu a atirar com intuito de matar os velhos que os adotaram.

Eis que surge uma ideia: E se meu antigo e atual companheiro nos ajudasse a capturar Jack? Vou caça-lo nem que seja no inferno!

Anunciei a ele que aceitou logo de cara, contanto que partíssemos naquele mesmo instante, chamei Mira e disse para ela toda a história, e então ela foi ao quartinho que ficávamos, encheu a bolsa de comida e também colocou todo nosso dinheiro lá!

Michael puxou um charuto e começou a fumar, a espora da sua bota era afiada, e Mira pediu para que ele tirasse, afinal, ela ama animais. Ele não discutiu, tirou no mesmo instante, o que me soou bem esquisito, até por que ele sempre foi um marrento respondão.
Montamos cada um em seu respectivo pangaré, e ao passar pela portaria, um velho barrigudo nos disse:

–Se vocês saírem antes do fim da competição, terão que pagar uma nota!
Não íamos pagar, nem tínhamos dinheiro suficiente, então só havia uma coisa a se fazer: "pernas pra que te quero", botamos os cavalos para correr... Mas o do grandalhão não estava rápido suficiente, devido a falta das esporas, ele estava acostumado a correr somente com aqueles bicos afiados cortando-o. Só havia uma coisa a fazer: Um treinamento de emergência!

Reduzi a minha velocidade e avisei para o camarada que iriamos trocar de cavalo, mas não poderíamos parar, iriamos fazer isso com eles correndo.
Me equilibrei de pé no cavalo, Michael fez o mesmo, comecei a contar: 1,2, 3 e já! Pulamos em sincronia, fechei os olhos com medo de errar e cair no solo duro e quente, mas ao abri-los, estava montado em um belo cavalo preto, e acenei para meu mais novo companheiro de viagem, que estava montado no meu lindo pangaré castanho, Mira estava lá na frente e nem viu este acontecimento. Michael acelerou, e eu fiquei para trás tentando fazer com que o animal corresse de forma mais veloz, fiz barulhos, gesticulei, e quando finalmente pronunciei: CORRA! Ele assim o fez, tive que me segurar bem para não cair, ele correu tanto que ultrapassou Michael e também a Mira que ficou boquiabertos com tanta velocidade, assim como eu.

Passaram cerca de dez minutos de corrida firme e os guardas desistiram, desaceleramos e logo e pouco tempo depois paramos para que os pobres cavalos pudessem descansar também. Nos escondemos atrás de uma pedra enorme caso os seguranças voltassem.