Legado de Semideuses! escrita por Lucas Lyu Santos


Capítulo 5
Reunião do Conselho na grande mansão.




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Eu e ela; Os sóis gêmeos entraram numa fria, ao que tudo indicava. Estávamos na grandiosa mansão que ocupava o centro daquele imenso acampamento. Ela tinha pilastras de mármore e decoração arrojada. Possuía pedras de rubis que deixavam o mármore mais vivido, brilhante e majestoso. No andar de cima havia três enormes janelas e uma sacada com vista para todo o acampamento. Definitivamente, a mansão era a sede.

Nós fomos designados a um enorme salão que tinha como destaque enormes estátuas de figuras gregas; Doze Olimpianos com poses magníficas, cada uma ocupava um determinado espaço das laterais do recinto. No epicentro havia uma mesa tão grande quanto às figuras de pedra. A mesa era composta de vinte e cinco cadeiras – todas ocupadas por garotos e garotos - e tinham formatos diferentes, também pude perceber uma espécie de contagem do 1 ao 23, apenas duas não tinham numeração e elas estavam bem na ponta. Em uma das cadeiras na qual não tinha números estava à senhora Helena que esbanjava um sorriso amigável e reconfortante. Ela nos indicou duas cadeiras improvisadas de madeira ao seu lado. Sentei-me a direita, Alinne na Esquerda.

– Vocês já sabem o porquê de estarmos aqui. – Ela disse. – O problema é que não temos sequer uma confirmação da origem deles, mas tudo indica que são os dois sóis.

– Só á um jeito de descobrir. Eles são Gêmeos, pelo menos é o que explica a profecia e também foi o que Hera havia soltado intencionalmente na última vez que fomos ao Olímpio. – Mama explicou. Ela ocupava logo a primeira cadeira ao lado de Helena. O assento tinha um formato de uma entrada de uma gruta/caverna, mas ela tinha traços coloridos e era infinitamente decorada com algumas bijuterias, além de possuir um espelho e um guarda-escova que ela usava para pentear suas madeixas de vez em quando. Atrás do assento não tinha número, mas sim, uma frase que estava grifada da seguinte maneira, famosinha. A ruiva ainda vestia a toga branca com algumas manchas de cores múltiplas de tinta, parecia que ela simplesmente havia tentado pintar um quadro e espirrou na veste. Mesmo assim, Mama me parecia muita a vontade da forma que a roupa lhe caia sobre seus ombros e tampouco se importava com os olhos curiosos que eu a lançava.

– Mas eles não se parecem a ponto de serem gêmeos. – Um garoto alto de cabelos escuros se intrometeu. Ele tinha um colar de contas com três globos na corda e usava aparelho nos dentes. Possuía um olhar traiçoeiro e um sorriso que deixava qualquer um desconfiado, ainda mais quando gesticulava com o seu baralho na mão pronto para gritar truco. Sua cadeira tinha um formato diferente - era uma espécie de all star com asas -, e o número era Onze. Ele era o conselheiro de Hermes, era isso que estava escrito próximo ao seu assento.

– E qual é o problema nisso Thalles? Você e o Bieringuer se parecem e não são gêmeos, por que simplesmente no caso deles não podem ser o contrário? Além do mais a aparência não é questionável, pois sabemos que a profecia recitada é dita que eles tenham nascidos no mesmo dia, não da mesma mãe. – Todos olharam sem entender. – Eu quero dizer que eles realmente não são Gêmeos, mas de acordo ao livro de minha mãe “Orgulhos do Olímpo” há cada um milênio duas crianças de sexos diferentes de um mesmo deus nascem em lugares diferentes, mães diferentes. – Os olhos da garota brilharam ao aprofundar o assunto. – Eles nascem na mesma hora, no mesmo minuto, no mesmo segundo e tem como destino se reencontrarem num futuro e ajudar o Olímpo com algo grande. Eles literalmente têm um laço afetuoso. Não interessa como e quando eles irão ficar juntos, mas quando estas duas forças se unem, são invencíveis... – A garota da voz se revirou no assento, eu lia em suas expressões que ela estava cintilando por compartilhar um fato importante na qual apenas ela sabia. Ela possuía olhos azuis que mais pareciam cinzas, e seus cabelos claros eram facilmente chacoalhados conforme ela falava. Havia um amontoado de números e uma forma um pouco intrigante em sua cadeira. Eram centenas de traços, curvas, nervos e tudo isso com decimais, painéis, teclado e alguns visores que eram especialmente feito para anotar cada palavra proferida naquele recinto. O número era o Seis, filha de Atena.

– Acho que sei por que você está sentada nesse cérebro, é um computador ambulante. – Thalles reprimiu um sorriso enquanto começava a embaralhar as cartas em sua mão.

– É, antes um computador com cérebro, do que um sem processamento. – Todos em volta riram.

Se estivesse no meu lugar você poderia ver claramente que nem todos estavam se importando com a reunião. Dudu estava preocupado em mostrar seus bíceps para a conselheira de Hécate – Frascolli – que ficava olhando com expressões de “Nossa esse menino deve ser ppkudo, por que né.” enquanto Rô não deixava de tomar o vinho – que mais tarde eu descobri que era um suco especialmente para os filhos de Dionísio; Groselha misturada com suco de uva. A filha de Afrodite, Babu, estava com um espelho se maquiando para talvez um encontro mais tarde. Thalles estava jogando cartas com o único ser que me parecia um cabrito ou talvez um bode, franzi a sobrancelhas com aquela criatura estranha. - como um animal humanoide poderia existir?

Batistão realmente não ligou com os insultos e decidiu focar em um cálculo que só ela podia ver no visor, enquanto Mama estava com uma tela em branco e pincéis na mão. A conselheira de Poseidon se chamava Orsi, - ou talvez seu sobrenome, não consegui entender – ela estava conversando com a Munhoz, filha de Zeus. O filho de Hades, Vinicius estava com o seu fone de ouvido cantando alguma música que falava em “people”, o que me fez pensar que poderia ser “Village People”, acho que ele manjava dos paranaué do macho-man. O filho de Hypnus dormia e os dois conselheiros de Hefesto e Apolo estavam discutindo alguma teoria sobre Batman e Flash, não liguei. A moça que estava sentada no trono de Ártemis estava prestes a debulhar Dudu que não parava de mostrar os bíceps pra Frascolli, o que me fez pensar se aquela garota que se chamava Maary era afim de algum deles, mas era óbvio que não seria o grandalhão, pois ela virava a cara com expressão de nojo. Os filhos de Nike e Tike estavam formando uma dupla num jogo de bolinha de papel com o filho de Jano e Éolo, sendo que a filha de Hebe fizera alguns agrados organizando alguns papéis.

Os falatórios aumentaram e vi a senhora Helena se sentar sem ao menos se importar com aquela situação, ela já deve estar acostumada com aquilo tudo, presumo. Olhei ao lado e Alinne estava tentando ver o que a moça da toga-colorida fazia com os pincéis nas mãos que não cessavam os rabiscos na tela branca. Quanto a mim, não sabia o que fazer se não olhar com tédio nos olhos para a imensidão do nada.

– CALEM A BOCA! – Uma garota com cabelos negros gritou – Que merda! Vocês são filhos de deuses, haja como tal! – Ela esmurrou a mesa sólida. - Ou simplesmente vou ter que socar a cara de cada um até engolirem a língua? – Arrepios me passaram quando a vi sentando num banco cheio de lanças nas extremidades. Quem tocasse ali poderia perder o braço facilmente. Havia também alguns retalhos de espadas que davam realidade ao medo. Até mesmo a almofada tinha imagens de destruição, sem contar que nas bordas do banco havia uma grande e sangrenta representação de Guerra; Cinco, Ares. Eu acabei de testemunhar o temperamento de Lorenna, a conselheira de Ares que tinha salvado Alinne das mãos das delicadas e mortais filhas de Afrodite.

– Dizem... – Uma garota com a coroa de flores sibilou. Sua cadeira tinha trigos, cereais e algumas folhagens. Logo, eu vi que ela era a representante de Deméter – Eles foram concebidos para serem como Apolo e Ártemis. – Seu cabelo negro balançava conforme ela falava. Sempre que seus olhos castanhos iam de alguém para alguém, ela fazia um bico e concordava consigo mesma. – Isso é uma hipótese. – E abocanhou o mamão que estava perto de si.

– Malu mamão, Malu mamões, Malucomemamões, Malumões – O conselheiro de Hermes sussurrou o trava língua.

– Thalles, qual o nome daqueles homenzinhos bem pequenos e tal, eles até fizeram um filme com a branca de neve...

– Anão?

– Aquele que te acerta com mamão!

O mamão se espatifou na testa do garoto e os carocinhos negros ficaram pendurados sobre o cabelo do filho de Hermes. Um segundo depois todos estavam rindo da cara do garoto que mesmo sem graça ergueu a língua e comeu um pedaço da fruta que escorria do seu rosto. Eu não vou mentir, eu achei muito bem feito aquilo ter acontecido com o sabichão. Malu estava sorrindo meio sem graça, mas ignorei e me pus a rir também.

– O problema é que eles não sabem como se defender, lutar, atacar ou mandar algum monstro para o tártaro. – O garoto do trono dourado disse com as mãos na mesa. – Sendo o conselheiro de Apolo, fico encarregado em treinar os dois, já que são meus irmãos. – Todos olharam para ele.

– Eu discordo Martinato. – Questionou Munhoz. – Por que não os filhos de Zeus? Temos a vantagem de sermos os melhores em combate. A prova disso equivale a nossa gloriosa vitória no caça-bandeira de hoje. – Ela fulminou Helena. – Eu e minha irmã podemos ensiná-los tudo sobre como manejar uma espada. – Ela se sentou e virou o rosto para cada conselheiro, ameaçadoramente trincou os dentes e cerrou o punho. – Alguém aqui duvida de nossa capacidade?

– Filhos de Zeus se acham por serem filhos de quem é. Ares é o deus da Guerra – Lorenna levantou os punhos até a altura do pescoço. Virou o rosto e encarou a filha de Zeus com a mesma expressão de raiva nos cantos dos olhos. A treta estava se formando... - Vocês sabem usar espadas? Ótimo. Mas com uma lança e um escudo pode ter certeza que nem seu pai te salvaria da minha ira. – Ela findou, o clima pesou.

– Meça suas palavras para falar comigo sua... – Munhoz esbravejou.

– Tudo bem, já ouvi o bastante. – Helena se levantou. – Faremos o seguinte. Por serem filhos de Apolo, Martinato ficará encarregado de ensiná-los o uso do Arco. Ajude os a distinguir as flechas e suas finalidades, como também fazer curativos. - Ele concordou. – Munhoz, você vai cuidar do combate com espadas, enquanto Lorenna cuidará para que eles saibam usar um escudo e uma lança apropriadamente. – Elas iriam questionar. – Sem mais! Dudu, você ficará encarregado de mostrar a eles como se comunicar na rede-social da sua mãe, Íris. – Ele recuou os bíceps e fez que sim com a cabeça. - Batistão, Atena ficaria orgulhosa se conseguisse mostrar a eles como formar estratégias na hora do combate. – A nerd acenou. – Pedro, como filho de Hefesto mostre-os como se cria alguns instrumentos com o mínimo dos recursos. – O garoto de cor moura jogou um jatinho improvisado de folha e alumínio. - Frascolli, você vai ficar encarregada de explicar toda e qualquer magia que mantém o acampamento seguro, incluindo as saídas e entradas mágicas que se tem pela cidade. – A garota parou de olhar Dudu e Maary, então concordou com a cabeça fingindo que tinha entendido. – Maary, você pode mostrar a Alinne como ser uma mulher poderosa. As filhas de Afrodite podem ensinar como se usa uma adaga, Babu. – A garota do coração na ponta do nariz concordou. – Orsi, eu quero que os ensinem a montar nos pégasos. – Helena por fim olhou para a filha de Hebe. – Acomode-os de forma confortável até o chalé sete, por favor, Marea. – Ela concordou. Helena rapidamente registrou seus olhos sobre um papel que estava na mesa em sua frente "Data de nascimento:16/03/1998" Eles sabiam que nós fazíamos aniversário no mesmo dia, aquele era nada menos que meu registro de nascimento e não duvidava que o papel de baixo seria o de Alinne – Por fim, alguém tem alguma dúvida?

Nitidamente eu fiquei perplexo por saber que teria que aprender tudo aquilo sendo que nunca havia pegado numa faca para me defender. E que história era aquela de ser filho de Apolo? Meu pai era um simples idiota que abandonou minha mãe quando eu nasci, e isso não era desculpa alguma para que dezesseis anos depois uma louca aparecesse diante de mim e dissesse que sou filho de um deus grego. A começo de conversa isso não existe! Apolo, Poseidon, Hermes, Hera, Zeus, pégasos, sátiros, isso tudo não passava de simples mitos... Por que eu deveria acreditar?

Então, eu ergui minha mão na esperança que alguém me entendesse. Eles me fuzilaram com olhares, até mesmo o filho de Hypnus acordou e ficou me olhando de forma sonâmbula. Aonde eu vim parar? Se eu não disser nada agora serei submetido a todo esse treinamento, um treinamento sem fundamento. Então, eu tenho que ser corajoso e mostrar á eles que o único que manda na minha vida, além da minha mãe, era eu!

– Posso pelo menos avisar pra minha mãe que não volto pra casa hoje?


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