Legado de Semideuses! escrita por Lucas Lyu Santos


Capítulo 3
Conhecendo o meu novo lar.




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Sacudimos nossas roupas e a poeira foi ao chão. Eu recuei segurando a mão de Alinne firme enquanto nós ficávamos cerca de um metro dos trilhos e o metrô passava rasgando qualquer tentativa de vida daquele jovem centauro que havia nos dado uma chance de viver, enquanto ele – ou pelo menos os restos dele - estariam esparramados no chão. Estreitamos os olhos, atentos, sem nos mexer e esperando algum movimento vindo daqueles dois garotos. Um deles tinha os cabelos cacheados, castanhos, porém, bem escuros. Ele possuía lábios meio arroxeados e suas mãos possuíam duas garrafas de cor avermelhada. Ele usava um boné, uma regata com um nome de banda “The Beatles”, e também um short que me parecia bem confortável. Tinha pele morena, nem muito escura nem muito clara. Olhos castanhos e bem vigilantes, muito embora eu acha que ele esteja com sono ou talvez me encarando. Quem pode dizer? O outro por sua vez era maior que o seu amigo ao lado, tinha músculos enormes e também uma barba por fazer da cor do seu cabelo, preto. Ele tinha uma cara meio de animação de desenhos animadas e também vestia uma regada laranja, porém, com o logotipo de um centauro “acampamento meio-sangue”... Uma pontada percorreu minha espinha. Um centauro.

– Vocês estão bem? – O garoto de cabelos cacheados perguntou.

– Rô, eles não morreram por pouco, como você quer que eles estejam bem? – O outro questionou.

– É uma forma de ser educado seu idiota. Sua mãe não te ensinou boas maneiras não Dudu? Não, pera...

– Minha mãe me ensinou da mesma forma que seu pai te ensinou. Otário – Dudu rebateu as críticas.

– Pelo menos não é meu pai que corre nu no final do arco-íris – Rô guardou risos aos cantos da boca.

– Qualé? Só foi uma vez velho. Eu já disse, minha mãe não faz isso com frequência... - Ele esticou os braços como se quisesse gesticular e uma tatuagem de arco-iris coloria a parte dos bíceps.

Eles continuaram a tagarelar por alguns segundos. Eu fiquei imóvel, apenas segurando a mão da loira e sentindo o vulto do metrô se desfazer no breu atrás de nós. O vento invadia o estreito corredor e calafrios percorriam meu pescoço, parecia-me um aviso. Subitamente os dois pararam de falar e olharam para nós. Tudo que pudemos ver, digo, os movimentos foram em um tempo curto, porém, a transição dos olhares foi o suficiente para que nosso “alarme de perigo, nos ferramos” nos alertasse do perigo a seguinte. Alinne e eu vimos; Rô endireitando o corpo e soltando as garrafas de vinho da sua mão em nossa direção. Ele nos acertaria? Agachamos quase que instantaneamente e as garrafas passaram tirando um ruído de nossos ouvidos. Eu por um segundo vi o meu sangue pulsando e quase me agarro ao pescoço daquele cara, o que ele estava pensando? Ele queria simplesmente nos matar? Nos arremessar para dentro do escuro e deixar que as trevas nos consumissem? A loira segurou minha mão e impediu a projeção do meu corpo a frente para começar com o massacre épico da minha morte, mas existe aquele ditado. “Eu apanho, mas bato” pode ter certeza.

– QUE MERDA VOCÊS ESTÃO – Um ruído nos trilhos me chamou atenção. Havia sobrado apenas um lagarto, este, que se estreitou pelo teto e tentou entrar pelo corredor quando foi arrastado pelas garrafas arremessadas. Se não bastasse; Um novo metro esmagou-o por completo.

O silêncio pesou.

Meus pensamentos de estrangulamento foram embora.

Menos a minha cara de sem graça... Eu o devia desculpas.

Subimos ao estreito onde um corredor amplamente grande para nós quatro foi suficientemente rápido para que entrássemos em um porão que tinha um dragão guardando a passagem. Agora eu penso; Eu só estava andando de metrô. Que merda ta acontecendo na minha vida? Qualé, eu atirei pedra no mar e desrespeitei Poseidon? Por favor né, produção. Por favor...

– Ele parece o dragão do Hobbit, qual era o nome dele mesmo? Smaug! – Alinne disse, incrivelmente admirada. Eu admito, ela sempre foi a mais corajosa.

– Bom garoto, mas eles são nossos amigos Smaug. – Disse Rô, acariciando o dragão e jogando-lhe uma espécie de comprimido.

– Sério isso mesmo? – A loira ficou com a boca aberta, olhos arregalados e quase pulando sobre o dragão para dar-lhe carinho.

– Não, foi só uma brincadeira – Dudu completou.

– Haha, muito engraçado vocês dois – Ela ficou séria.

– Desculpe, mas sua cara foi a melhor maninha, hue hue – Ela me deu um soco por essa piadinha, mas valeu a pena caçoar.

[...]

Eu juro pra vocês que o que eu estou vendo deixa Hollywood ao chinelo. Uma porta preta entreaberta nos mostrou um enorme complexo verde com fileiras de chalés em uma determinada posição; ferradura, a letra Ômega. Havia cachoeiras, campos de morangos, florestas e uma grande mansão ao centro. Tudo isso de baixo do metrô, simplesmente, tudo isso no breu do nada! Isso por que eu só consegui ver a parte da frente, haviam muitas dunas ao infinito e não parava, era interminável. Simplesmente me deixou sem palavras.

Nós percorremos a grama e a porta atrás de nós sumiu e tive consciência de estarmos perto de algum estado ou parque, mas não conseguia saber qual.

– Aqui é onde pessoas assim como vocês estarão seguras – Disse Dudu.

– Pessoas assim como nós? Somos mutantes? – Alinne Respondeu.

– Não, vocês só são especiais... – Proferiu Rô.

– Vish, a última vez que falaram isso pra mim o conselheiro da escola veio falar comigo, me chamou de estranho, como é que pode? – Falei, observando tudo em volta.

– Parem, eu os acompanho – Uma mulher apareceu. Ela parecia ter uns trinta e oito anos, na casa dos quarenta, talvez. Tinha cabelos curtos na altura dos ombros e olhos castanhos. Tinha roupas estranhas como se fosse relacionado a “bottons”, eu li “tia dos bottons?” – Dudu e Rô. Como conselheiros de Dionísio e Íris vocês tem que partir agora, pois o caça vai começar dentro de alguns minutos. Preciso conversar com esses dois, e, mostrar o vídeo.

– Vídeo? – Eu disse. – Sem pornografia, por favor, tenho só dezesseis anos...

[...]

Então quer dizer que somos filhos de Deuses com mortais? Semideuses? É isso? Se ta brincando com a minha cara tia? Tsc. Eu só acredito vendo, ou melhor, vendo e sentindo isso por que se eu sou um semideus, quero fazer coisas como Hércules, que tal? Enfim, eu finjo que acredito e solto um riso amigável."

– Quem ta brincando com a minha cara? – Gargalhei. – Onde estão as câmeras?

– Só acredito vendo. – Alinne aderiu as risadas. – Vê se pode Lyu, filhos de um Deus Grego! Cada uma...

– De qualquer forma, vocês verão pessoalmente – Ela terminou, sorrindo terrivelmente.

Aquela frase me fez perder a graça. Parecia que ela tinham planos reservados para que mudássemos de ideia, eu vi o brilho nos olhos dela.

Ela nos deu instrumentos de batalha e colocamos achando que a pegadinha seria desfeita em qualquer momento. Quando chegamos ao topo da montanha, havia mais de sessenta jovens todos enfileirados entre azul e vermelho; Equipes com bandeiras enormes. Estávamos com a cor vermelha, e ficaríamos perto o bastante para ver o show de brincadeirinha começar.

– Escutem todos, heróis! Hoje, o time vermelho: Ares, Apolo, Hades, Dionísio, Íris, Atena, Hefesto e Caçadoras terão dois novos recrutas “não identificados” – Ela escolheu cuidadosamente essa palavra e fez cessar os murmúrios dos outros – Eles ficarão no time vermelho, só tentem não quebrar nenhum membro deles.

[...]

O alarme soou e os guerreiros correram entre as árvores para se atacarem. Pelo que soubemos, Alinne e eu tínhamos que capturar a bandeira inimiga antes que eles conseguissem roubar a nossa bandeira primeiro. Porém era impossível encontrar uma bandeira azul em meio a tantas árvores, por isso, decidimos fazer parte dessa brincadeira de mentira e fomos para os cantos, contornando as árvores velhas e indo nas pontas dos pés, com as espadas nas mãos.

– Sério mesmo que vamos fazer isso? – Ela me perguntou.

– Ah por favor, isso parece um filme. Vamos nos divertir, não vamos morrer – Bradei, ultrapassando os limites da minha curiosidade e entrando no breu de folhas. Assim que olhei a diante, três jovens e belas meninas estavam do outro lado.

Eu nunca vi tanta beleza em um lugar só. E eu posso confirmar isso de boca cheia por que já estive em muitos lugares com todos os tipos de garotas. A primeira menina vestia-se de forma estupenda; camisa laranja com uns detalhes rosas que lhe caia sobre o ombro, como a blusa. Ela tinha um desejo de coração na parte esquerda da bochecha, tinha uma letra escrita “M”. Usava um short bem colado - o que me deixava impressionado pelas pernas serem tão lindas – E, tinha cabelos loiros, um rosto bem calmo como de uma linda princesa. Ela trocava a posição dos pés e seus olhos me intimavam a encará-la como se fosse uma boneca, mas ainda sim eu podia sentir o ódio em seu rosto. Mas naquele momento eu só conseguia pensar em pegar o whatsap dela ou o facebook, por que meu Zeus, me encantei. A segunda tinha cerca de 1,68 de altura e seu cabelo tinha um tom de castanho claro, tão suave que parecia ser loiro quando ela deixava-o ao vento. Ela tinha olhos castanhos também, porém, lindos, tão perfeitamente encantadores como ela. Eu não conseguia desviar o olhar. Ela se vestia da mesma forma, da mesma maneira, porém, elas se comportavam de formas diferentes, eram lindas, porém, cada uma de sua maneira. Na sua bochecha direita tinha uma letra “S”

Já a garota que estava na frente tinha cabelos negros, como seus olhos castanho-escuros. Ela tinha um visual próprio, botas, camisa com uma manga com um desenho de coração e escrito “Conselheira” logo abaixo. Tinha lábios encantadores e um sorriso tão branco que me afetou por olhar diretamente, ela tinha um olhar dócil, no seu nariz havia um coração pintado de rosa, ao lado, um “B”.

– Não to gostando disso não – Alinne falou, segurando meu braço.

– Elas não vão nos ferir, relaxa, isso é uma brincadeira – Sorri.

– Se preparem, ou serão atrofiados – Esbravejou a moça do B.

– Hey, calma, prazer, meu nome é... – Antes de acabar de pronunciar meu nome uma dor me incomodou logo abaixo das pernas. Ela havia chutado meu amigo bem em cheio!

Se você pensa que Alinne atacaria ela nesse momento pra me proteger desse ataque inusitado, você está muito errado. Os amigos apareceram nos piores momentos da sua vida, sabiam? Tipo agora, a loira se esgueirou sobre a floresta e me deixou gemendo de dor no chão com apenas a moça do M me vigiando. Amigos, pois é. As outras duas foram em seu encalço enquanto uma perseguição havia se formado entre as três.

– Sofia, Babu, alcanço vocês já, já! – Ela sorriu para mim.

Eu me preocupei...

– Vamos! Levante, por favorzinho – Ela quase cantou uma melodia graciosa sobre meus ouvidos, eu a obedeci.

– Er... Isso doeu.

– Me desculpe, elas são violentas – Ela se aproximou e me encostou na parede, sem desviar os olhares. Senti o perfume dela invadir o meu coração, era tão doce e gostoso; igualmente o seu olhar que me transmitia tanta delicadeza.

Senti meu corpo ferver por dentro. Por que estaria acontecendo aquilo comigo? Me perdi dentro do encalço de sua beleza. Parei pelos lábios dela e fiquei a olha-lá, até que uma ponta fina arranhou meu braço e meu pescoço. Ela tinha usado a sua adaga em mim, e agora o sangue pigarreava no solo. Quando me dei conta novamente de um ataque, já era tarde demais. Mais uma vez fui chutado naquele lugar onde não devo dizer. Ela me usou e me despachou como se eu fosse um cachorrinho...

– Lembre-se sempre, herói. Você foi imobilizado por mim. – Ela disse ao pé do meu ouvido. – Uma filha de Afrodite. – Virou as costas e caminhou na direção das árvores.

– Posso saber ao menos – A dor me instigou a cair no chão. – Seu nome?

– Mariana – Ela sumiu.

Um coração (B).

Dois corações (S)

Três corações (M)

E foi assim que eu conheci o trio de Afrodite (B, S, M) tomando no meio das pernas. Literalmente.


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