Legado de Semideuses! escrita por Lucas Lyu Santos


Capítulo 20
Os erros refletem lamentações; Os vilões mostram os rostos.




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– Alinne? – O suspiro da minha voz tomou conta do meu corpo numa frenesi alegria em vê-la diante de mim.

Eu mantinha meus orbes fixos para frente, e, seja lá o que eu estava olhando me mostrava Alinne bem atrás de nós. Virei-me rápido com um giro de 180° graus para me certificar que eu não estava sonhando, e eu não estava de fato, mas ela não estava atrás de nós. Novamente eu voltei a minha vista para frente e lá estava ela novamente com um sorriso no rosto entre mim e Vitória. Parecia um espelho, até que ficou apenas Alinne defronte a nós.

– Lyu, isso deve ser algum truque. – A filha de Nikê falou na esperança que eu a ouvisse.

E quando eu digo “na esperança que eu a ouvisse” eu falo sério, pois tentar chamar minha atenção quando na verdade eu não desviava os olhos daquele espécime de espelho era tão difícil quanto ganhar na loteria. Tal que, meus movimentos ficaram descontrolados, a euforia de ver minha irmã novamente na superfície encheu-me de alegria. O suor másculo nos olhos veio como uma consequência, tal como essa lágrima que escorreu até os meus lábios e adocicou minha amargura pelas lembranças que agora seria passado. Um passado na qual eu não me culparia mais.

Minha visão ficou um pouco atenuada com o excesso de lagrimas nos meus olhos, mas tampouco ligava para isso. Já não escutava as palavras de advertência de Vitória, e eu acredito que isso a aborrecia. Alinne estava mais imponente do que nunca, ela parecia totalmente revigorada e sem quaisquer feridas. Seus cabelos loiros cintilavam e mexiam-se de um lado para o outro, e sua blusa regata do Capitão América a tornava tão bela – era de família. Meus passos ansiosos queriam se certificar cada vez mais rápido de que aquela imagem da minha irmã não se passava de um truque, e assim que cheguei um pouco mais perto dela um buraco se abriu bem diante dos pés da mesma. Meu batimento cardíaco acelerou no mesmo momento que duas mãos grudaram no tornozelo dela, o desespero começou a assumir totalmente o meu corpo.

As mãos a levariam para dentro da terra em questão de segundos e eu teria que impedir isso, pois se da primeira vez eu não consegui tal proeza, o destino tinha me dado à oportunidade de mudar os meus erros com uma segunda chance. Meus olhos se inflamaram e de súbito joguei meu corpo para frente. Eu não fazia ideia de quantos metros tinham até a imagem da minha irmã. Talvez cinco? Sete? Mas isso não importava, eu estava perto o suficiente para que minhas adagas decepassem aquelas mãos e libertasse Alinne de uma vez por todas do submundo.

– Tirem as mãos dela! – Quanto mais eu gritava mais minha voz se perdia.

Ouço o lampejo de uma voz alvorecida em nervosismo, e eu não consigo distinguir as palavras na qual me eram ofertadas como insultos. Meu braço direito é fisgado para trás, estou sendo incapacitado de continuar, mas quem está me segurando? Minha visão se torna relutante em tirar os olhos da minha irmã, entretanto, se eu quisesse chegar até ela eu deveria ao menos continuar a corrida.

– Lyu, é uma armadilha! – Finalmente eu consegui distinguir as palavras vociferadas por Vitória.

– Não! Solte-me! Agora!

A relutância em favor de minha força foi um fator emergencial para que eu me soltasse das mãos daquela garota. Ignorei os apelos dela assim como a melancolia sobre Alinne ser armadilha. Ela me parecia tão real, ela era real! E como um irmão responsável eu a puxaria de volta para a superfície. Nem que eu tenha que ferir Vitória para isso! Tanto que, assim que consegui alcançar uma boa parte do caminho senti algo passar velozmente pela minha orelha. Uma adaga trajada de bronze celestial girava feito um peão pronto para fincar seu corpo na terra. Ele ia exatamente à direção de... Não!

– Alinne! – A adaga ricocheteou-a com facilidade.

Outrora; o sorriso peculiarmente bonito mostrar-me que o meu erro havia sido perdoado, que ela estava novamente conosco, uma falsa realidade. As mãos que muito seguravam o tornozelo dela cessaram, e o corpo dela tombou para trás. Antes que ela se estatelasse no solo eu pude colocar as mãos em volta do corpo da mesma, e assim que me deparei com a cena deplorável de sua respiração entrando em curto – literalmente em curto-circuito – notei a farsa se revelando. Surrei-me mentalmente por ter sido tão tolo a ponto de colocar Vitória em risco. E, assim que a antiga “Alinne” espremeu faíscas e soltou alguns ruídos estranhos, eu a arremessei no buraco – o corpo robótico caiu sem protestar.

Senti o assoalho do pano da minha camisa roçar meus olhos. As lágrimas foram embora e deram lugares a mágoa crescente que meu peito palpitava em ódio.

– Isso se chama metamorfose. Eles são construídos meramente para abrir mais ainda uma ferida que não cicatrizou em seu alvo.

– Como sabe disso?

– Eu já tive alguns probleminhas com esses robôs idiotas em outras ocasiões. Mas, eles só atacam mentalmente os mais vulneráveis. – Ela me olhou com uma centelha de tristeza. – Que no caso foi você. Tá bem?

– Vou ficar. – Tive certeza que meus olhos estavam vermelhos. – Não se preocupe, nunca fui uma pessoa do tipo que cai da primeira vez.

– O problema que essa é a segunda.

– Ah só o que me faltava, tá contando agora?

– Só estou tentando ajudar.

– Conseguiu, vamos ver as câmeras logo.

[...]

Não havia ninguém na sala das câmeras. Quatro visores enormes ocupavam as paredes com inúmeras imagens de todos os arredores do castelo e seus longos cantos labirínticos. Entretanto, notei que todas as câmeras do primeiro andar estavam fora do ar. As únicas imagens que tinham no quatro andar – onde estávamos – pertenciam exclusivamente aos corredores que quebravam nas escadarias da direita e da esquerda – aqueles mesmo que passamos agora pouco e que davam acesso ao laboratório. Tal que, Vitória e eu não fomos nem se quer detectados, pelo menos era isso que achávamos. Mesmo tendo uma falsa certeza, a segurança falha perturbava-me de forma incomoda. Como um lugar cheio de mega vilões e câmeras luxuosas não detectaram nossa presença? Poderia simplesmente tudo isso ser uma armadilha, contudo, isso nós só descobríramos no momento certo. Até por que já tínhamos entrado muito fundo nesse problema. Não era a hora de questionar, mas sim, de agir.

Duas cadeiras giratórias em nossa frente e milhares de imagens além delas. Mas o que me chamou atenção foi outra coisa. Relatórios, muitos, aliás. Todos estavam completamente esparramados sobre os comandos das mesas. Neles tinham fichas de registros e uma série de dados acoplados nos papéis. Tais como; tipo sanguíneo, batimento cardíaco, problemas de saúde, características, entre outros fatores estranhos. Os relatórios possuíam bastante fichas, contudo, as que estavam de vermelho – os principais monstros da força renegada –, estes que estavam com cinco estrelas de quesitos, esses eram os que mais nos interessava.

Julia Gugliemo: Filha de Zeus, loira, alta, e com um olhar que de longe poderia hipnotizar alguém com a sua inocência. Ela possuía uma arma poderosa em mãos – um potente raio dado exclusivamente de Zeus. E, em seu ombro uma tatuagem de um tenebroso relâmpago riscado a descrevia como revolta a seu pai.

Giulia Pezarim: Filha de Poseidon, morena, muito alta e portadora de uma força capaz de devastar muitos semideuses – eu mesmo vi isso por experiência própria. Totalmente capaz de dominar o elemento água, e entendedora de tal força. Ela possuía uma tatuagem de um golfinho envolto de um tridente.

Juliana Saraiva: Uma garota cujos cabelos castanhos claros – quase loiros - transpareciam até as costas, mas que na frente eles faziam uma pequena e bela curva com a exatidão certa para que a deixasse muito bonita. No seu braço direito havia o porta-voz de sua mãe; trigo e sucrilhos, mas, ambos estavam riscados. Até mesmo as filhas da deusa da agricultura tinham seus próprios problemas com a mãe. Será que as relações delas não germinaram em uma feliz amizade entre mãe e filha? Me desculpem a piada, era necessária. Aposto que Malu Mões – a filha da deusa que servia a nossa causa – arrancaria os trigos dela.

Juliana Pimenta: Filha de Ares. Ela possuía cabelos em tom ruivo que mais pareciam chamas acesas. Os olhos castanhos tinham um tamanho um pouco avantajado, e seu rosto tinha algumas sardas espalhadas. Sua tatuagem riscada era um javali com fogo nos olhos.

Giuliana Reis: Filha de Ares. Ela me lembrava Lorenna de um certo modo. Olhos castanhos e cabelos totalmente negros. Sua face tinha a mesma facilidade de arrancar medo que a outra filha de Ares. Seus traços eram belos demais para uma filha de tal deus. Tanto que parecia que ela não seria capaz de enfiar uma arma no peito de alguém por ser tão fofa. Talvez, no máximo ela poderia te seduzir com o poder da perspicácia. Sua tatuagem era nada menos que uma luva encrustada de labaredas de fogo – que por sua vez também tinha um risco.

Bianca Ortiz: Filha de Atena: Seu jaleco de médica era um completo mistério para meu conhecimento. Mesmo com seus dados, eu sabia que poderia esperar muito dela. Sua tatuagem era uma coruja sem asas.

Luckas Nascimento: Óculos totalmente moldados como se fosse um nerd. Rosto amigável, sorriso aconchegante e olhos misteriosos. Ele fazia par com Bianca Ortiz, outro filho de Atena. A única diferença é que esse tinha um jeito ainda mais calculista que sua irmã. Sua tatuagem era uma coruja despedaçada com um risco bem no meio do peito da mesma.

Evelyn Soares: Estranhamente a única Caçadora de Ártemis com o nível de perigo que os outros. Traços loiros, cabelos lisos, e olhos escuros completavam a analogia facial. Sua tatuagem era um animal esfaqueado com flechas.

Laysla Luiza: Minha irmã, uma cria de Apolo. Olhos um pouco puxados e cabelos castanhos. Eu sabia que encontraria irmãos renegados, contudo, não acreditava que pudesse acontecer tão rápido. Se eu a encontrasse arrancaria com muito prazer aquela tatuagem em resposta ao nosso pai.

Apolo Júnior: Filho de... Espera, ele se chama Apolo e é filho de Apolo? Eu acho que a mãe dele se apegou muito ao nosso pai. Ele era loiro, mas em outra foto ele tinha o cabelo preto. Esse deve ser tão indeciso quanto bipolar. Ele tinha muitos riscos de barba por todo a sua face, e seus olhos emaranhados num verde e amarelo era tão confuso quanto a minha cabeça. Sua tatuagem, um sol... Deformado.

Vitor Mesquita: Filho de Hefesto. Além do que eu o conheço sobre ele – de ser um completo maníaco – não havia mais nenhuma informação sobre.

Cody e Yokota: Ambos os filhos de Afrodite que já me deram tantos problemas. Asiáticos – os flangos um e dois, como eu os apelidei carinhosamente – e muito bons de luta, diga-se de passagem. Tatuagens com corações riscados e fortemente armados com espelhos que refletem o golpe do inimigo. Se bem me lembro eles também possuem um poder de lábia capaz de controlar alguém.

Giovana Perin: Filha de Hermes. Agora entendo o que Débora disse ao respeito dela, pois a garota realmente tinha uma face de travessa. Os cantos dos olhos azuis ou verdes – era tão difícil definir, mas sendo uma cor ou outra continuava perfeitamente encaixada nos longos e lisos cabelos castanhos claros que ela possuía. Seu largo sorriso poderia significar as longas e tortuosas pegadinhas de uma filha do deus mensageiro, tive certeza que ela poderia ser um trágico e poderoso perigo. Sua tatuagem renegada era o caduceu com as duas cobras de seu pai.

Caique: Filho de Hermes com cabelos negros e curtos. Na imagem da ficha ele tinha um piercing quase que no queixo, e seus olhos castanhos me fazia pensar se ele poderia trazer algum perigo ou não – já que ele me parecia ser tão quieto. Sua tatuagem era simples, tal que, uma bolsa que a principio pareceu com o logotipo da sedex – que na verdade era hermexpress.

Millene Félix: Filha de Dionísio. Seus lábios roxeados mostravam a total semelhança com Rodrigo. Seus cabelos eram um pouco mais na alturas dos ombros, e tinha a cor tão clara quanto o seu sorriso branco – que por sinal tão formoso quanto seu Nintendo 3ds que servia para jogar na minha cara que eu não o tinha. Eu acho tão incrível até mesmo uma imagem me fazer inveja de que eu não possuo um Mario Kart 8, mas, quem sabe eu poderia roubá-la depois de mata-la? Bem, a única certeza disso tudo era que os cachos de uvas riscados estavam visivelmente no ombro da garota.

Amanda Atanes: Filha de Hades, a cópia maléfica de Débora. Elas eram gêmeas, então, obviamente elas eram totalmente iguais. Talvez a única diferença era a toca de Eevee. Sua tatuagem era o elmo de Hades, completamente depredado com o risco em resposta a sua origem paterna.

E a última da lista era uma garota com o nome de Fátima Gasperini: Filha de Hécate e poderosa em mágica – ao que diz no formulário. Ela tinha cabelos castanhos e seus olhos chegavam a ficar negros quando eu olhava o papel mais de perto. Sua tatuagem era de um caldeirão.

As inúmeras outras fichas tinham níveis inferiores – quatro estrelas, três estrelas – e assim na ordem decrescente. O mais incrível de tudo isso é que eles não se mostravam unicamente como uma sociedade democrata, pois teria que haver alguém que mexesse os panos por trás. Talvez Mesquita? Quem sabe. Como diz aquela famosa frase dos Assassins Creed’, Nada é verdade e tudo é permitido. Talvez eu deva começar a seguir aquela analogia.

Meus olhos latejavam assim que os tirei dos relatórios. Vitória estava totalmente focada em algo no outro lado da mesa. Das câmeras eu conseguia ver a movimentação de todo e qualquer ser que passasse por ali. Por um lado eu estava ficando preocupado com os meus outros colegas, Thay, Fredini, Guilherme, Vinicius e Mama não davam notícias fazia algumas horas, e rezo para que eles tenham conseguido achar Letkaske antes do prazo final – que seria daqui uma hora.

– Temos mais problemas do que imaginamos. – Coloquei as mãos nos olhos para tentar suavizar a dor latejante.

– Sim, e parece que eles sabem tudo sobre nós. Cada semideus, cada arma, literalmente, tudo... – Vitória mostrou papéis semelhante aos que eu vi, porém, com nossas informações.

– Bem, se eles possuem essas informações nós não ficaremos para trás, guarde esses relatórios com você. Será uma boa contra resposta para esses marginais.

– Hm, tudo bem. – Ela espremeu em sua bolsa que estava localizada próxima das duas armas na cintura.

Achei que ficaria cego com a vista embaçada por conta da massagem. Mas, assim que levantei o queixo e mirei para a imagem da câmera 5F, muitos adolescentes sublinhavam uma espécie de mesa quadrada. Todos se sentaram em volta. E um por um eu pude reconhecer, devido ás tatuagens.

– Eles estão se reunindo? – Vitória me perguntou.

– Creio que sim, da pra aumentar aquela câmera lá em cima?

– Vamos ver.

Ser curioso é um dos fatores na qual eu me orgulho. Apertamos os botões até conseguirmos dar um enorme close na imagem da 5F, e, notamos as características de cada um. Os papéis estavam notavelmente perfeitos em cada ponto descrito.

Apenas um banco estava vazio e todos estavam em silencioso. Cada um tentava não se mostrar entediado da maneira que podia, porém, estava visível que eles fingiam mal. Eis que Mesquita invadiu a porta com um sorriso torto por baixo da xícara que ia de encontro aos seus lábios, o vapor do café ficava entre seus cabelos pontiagudos e os olhos do verdadeiro maníaco. Fitei-o mesmo longe como se ele fosse uma ameaça, e poderia ser de fato.

– A espera acabou... – Ele deu um pequeno passo ao lado. – Contemplem nosso comandante.

Do breu denominado como as trevas uma sombra cresceu do escuro para a luz. Tão imponente quanto uma titã ela pisou firmemente com os dois pés decididos. Assim que ela tomou á frente de Mesquita todos os olhos se voltaram a a garota.

Eu esperava um efeito mais impactante nos renegados, mas esse efeito se fez contrário. Vitória esbugalhou os olhos como se fosse um ramster, e, de seus lábios palavras saíram.

– Não acredito... É, ela? – O murro de Vitória esbarrou num botão qualquer.

– Ela quem?

– Ela é...

– Anna Englert, esse é meu nome nenéns. Agora chega de lengalenga e vamos colocar a porra dos planos pra funcionar contra aquele acampamentozinho de bosta por que eu não tenho o ano todo pra reviver nosso mestre. Alguma pergunta?


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