Aos Olhos de Lucy escrita por Giullia In Wonderland


Capítulo 1
♥ Capitulo I


Notas iniciais do capítulo

Tomara que gostem :3



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Eu espero que você saiba, eu espero que você saiba

Que isso não tem nada a ver com você

Isso é pessoal, eu mesma e eu

Nos temos que ajeitar algumas coisas

E eu sentirei sua falta

Como uma criança sente a falta do seu cobertor

Mas eu tenho que seguir em frente com a minha vida

Chegou a hora de ser uma garota crescida

E as garotas crescidas não choram

Big Girls Don't Cry - Fergie

Meu nome é Lucylle Fitzpatrick, mas todos me conhecem como Lucy. Sou uma Seis e há pouco tempo minha vida saiu um pouco do controle.

Eu moro junto com os meus pais em uma casa pequena, e nós não temos muito dinheiro. Então descobrimos que minha mãe, Alyson, está doente. E precisava de cirurgia. Rápido.

Pagamos a cirurgia mas ainda devemos muito. Por isso vou trabalhar na casa de uns Três, a família Marion, onde minha família trabalha há muito tempo.

Neste momento estava me arrumando para ir substituir a minha mãe como empregada. Seria uma coisa complicada, eu sabia, trabalhar em casas de pessoas de Castas mais altas tinha sempre algum empecilho.

Passei a mão pelos cabelos me olhando no espelho. Dava pro gasto, eu estava até bem apresentável com meu vestido xadrez de azul e branco e as minhas costumeiras sapatilhas surradas.

Virei-me para minha mãe, que estava deitada na cama.

– Estou bonita?

– Lucy, querida você é linda- respondeu minha mãe.

Sorri com delicadeza.

Já ouvi pessoas dizendo que eu era bonita. Eu não me achava feia porém também não linda. Meus cabelos eram muito loiros, lisos e finos. Algumas vezes eu até tinha sorte de acordar com algumas ondas nele. De resto eu tinha uma pele tremendamente branca e meus olhos viviam variando entre azul e verde. Mas mesmo que eu fosse a pessoa mais linda de toda a província, os Três ainda me olhariam feio. Eu era Seis.

– Obrigada mamãe- eu disse.

Minha mãe era uma mulher bela. Tinha cabelos castanhos longos, pele rosada, olhos castanhos e expressões calmas. Mas agora ela estava um pouco judiada pela doença. Seus cabelos estavam quebradiços e opacos, sua pele pálida, seus olhos castanhos cansados e mais magra que o normal. Ve-la daquele jeito me doía muito.

– Querida,- ela chamou-me e eu me ajoelhei ao seu lado na cama- tenha calma com eles.

– Eu vou mamãe- eu disse. Era muito raro eu perder a cabeça. Eu sou muito tímida e recatada. Mas não pude corrigi-la.

– Eu odeio a ideia de você ir pra lá.- ela me disse cansada- Primeiro porque não quero ficar longe de você- ela disse acariciando meu rosto. Sorri.- E segundo porque aquela família é muito esnobe... com algumas notáveis exceções... - ela riu.

Eu ia perguntar quem era a notável exceção quando minha tia Cassandra surgiu na porta do quarto dos meus pais.

– Querida, George está te chamando. - ela me disse.

– O.K- eu disse.

Dei um beijo em minha mãe e depois em minha tia. Desci as escadas.

Ao chegar lá embaixo vi meu pai George e meu tio Stephen (marido de minha tia Cassandra) conversando. Por ele estar com sua carroça eu deduzi que iríamos nela. Eu devia saber, seria terrível chegarmos lá suados. Me aproximei e meu pai passou o braço pelos meu ombros.

– Vamos lá, querida- ele disse.

{♥}

Paramos algumas ruas antes da casa, não queríamos dar má impressão. Chegamos na porta da casa e apertamos a campainha. Minutos depois, um homem baixinho, gorducho e com cara de rato nos atendeu na porta. Ele nos olhou de cima a baixo antes de gritar para dentro de casa:

– Senhora Lauren, os Seis chegaram. Estranhei. Se o homem era mordomo provavelmente era Seis também.

– Então mande-os entrar logo, Alvaro!- ouvi uma voz feminina de dentro da casa.

– Entrem- falou o homem.

Quando entramos na casa, vi o quanto era luxuosa. Era cheia de espelhos, com uma pintura clara e móveis e eletrodomésticos de última geração por todo o lado. Então percebi as duas pessoas na sala gigante.

Havia uma mulher (provavelmente Lauren) de cabelos castanhos muito bem feitos, olhos castanhos avermelhados, um rosto fino perfeitamente maquiado e era alta e magra. O homem tinha cabelos acinzentados curtos, pele bronzeada, olhos azuis e rosto solene. Enquanto o homem estava sentado em uma poltrona a mulher estava de pé.

– Você deve ser a filha de George e Alyson- ela disse se dirigindo a mim.

– Sim, senhora. - disse a ela- Meu nome é Lucylle, mas a senhora pode me chamar de Lucy.

– Claro que não vou te chamar de Lucy, menina. Sou sua patroa não sua amiga. - ela vociferou. Abaixei os olhos para o chão, corando.

– George, vá preparando o carro. Eu e meu marido iremos ao teatro.- ela disse se dirigindo ao meu pai. Isso dava para perceber. A menos é claro que os Três usassem saltos altos e ternos em casa.

– Sim, senhora.- ele disse. Mas antes de sair me deu uma olhada como que pedindo permissão. Balancei a cabeça quase imperceptivelmente.

– Seu pai me explicou a situação de sua mãe. Por esse pequeno imprevisto, se você quiser ganhar o bastante para quitar a divida você terá que dormir aqui, servindo em tempo integral- ela me disse.

– Sem problema, senhora- eu disse. – Ótimo- ela disse.

Antes que Lauren pudesse dizer algo mais, uma voz feminina gritou do andar de cima:

– Mããããe, Chris pegou minha escova de cabelo de novo- uma menina desceu as escadas correndo.

– Não peguei nada. Mentirosa! Porque eu ia querer sua escova estúpida? - um garoto veio pulando os degraus, mas antes de chegar embaixo, parou. Os dois me olharam. Pareciam ter a minha idade. A menina tinha cabelos louros quase dourados, pele rosada, olhos azuis brilhantes e rosto redondo. O garoto tinha cabelos louros quase brancos, pele branquinha, olhos azuis e expressões bondosas.

– Quem é essa? -perguntou a menina.

– Sou Lucylle...- pensei em sugerir que me chamasse de Lucy, mas depois de me lembrar da reação de Lauren descartei a ideia- A nova empregada.

A menina me olhou com um falso sorriso afetado no rosto.

– Já errou, queridinha. A empregada só fala quando o patrão se dirige a ela.- ela me disse.

– Deixa ela em paz, Stephenie- o menino disse. Olhei pra ele. Ele me olhava com um pouco de pena.

– Calado Chris- respondeu pela primeira vez o marido de Lauren.

– Sem discussões a essa hora, Rick- ela disse- Como a menina já disse é a nova empregada, mas não importa. - ela se virou pra filha- Queridinha, iremos ao teatro, fique direito aqui e vigie a empregada.

– Sim, mamãe- ela disse com uma voz melosa. – Você Chris, não mecha com sua irmã.- Chris revirou os olhos.

– E você- ela virou-se pra mim- já pode ir se trocando no seu quartinho.

– Sim, senhora- Respondi entre os dentes. Passei por eles tentando não pisar duro.

– Que atrevida!- ouvi a menina falar atrás de mim. Me segurei para não revirar os olhos. Pelo jeito aquele tempo ali seria o inferno na terra. Olhei para o alto da escada. O menino me acompanhava com os olhos. Então ele sorriu pra mim. E seu sorriso era tão bonito que não pude deixar de retribuir.


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Notas finais do capítulo

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