Medo de Amar escrita por valdz


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Oe. Fui rápida né? u-u



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Capítulo 5 – Consequências do meu erro.

***

Enxuguei as lágrimas que ainda escorriam pelo meu rosto em um movimento rápido, cheio de dor, ódio e sofrimento. Enxuguei-as em tentativa de mandá-las embora junto com minhas lembranças sobre Phobos. Junto com tudo que senti por ele, tudo que sei sobre ele, tudo que passei com ele. Eu queria apenas apaga-lo de minhas memórias, como se ele nunca houvesse existido para mim. Queria apaga-lo da minha vida por completo.

Respirei fundo, tentando me acalmar. Olhei para a pequena cômoda de madeira escura que havia do lado da cama. Estava com um copo d’ água e um vaso de flores, e naquele vaso estava a minha rosa negra. Gemi só de pensar na tristeza que os olhos de Phobos me encararam pela última vez...

Agarrei o copo e bebi um gole, mas aquilo não me acalmou nem um pouco. Então segurei o copo encima do meu colo, encarando-o.

Bufei e joguei a água na cara. Água. Isso me lembrou de Percy, o acampamento, meu pai.

Eu tinha me esquecido deles. Era a mais pura verdade. Eu havia pensado tanto em Phobos que tinha me esquecido da vida. Tinha me esquecido dos estudos, amigos. Até dos monstros! Monstros... Eu nunca matei um. Sempre fora meu pai quem os matava. Na verdade nunca toquei em uma arma. Isso é constrangedor.

– Rox! – exclamara Perseu ao entrar no quarto. Só foi aí que eu notei que encarava o nada. Virei o rosto para encará-lo. – E-eu pensei que... Você... Tinha morrido! Você está bem?

Morte. Aquilo veio à cabeça. Seria tão fácil! Eu poderia morrer e tudo isso acabaria. Meu sofrimento instantâneo por conta de Phobos iria embora. Tudo iria embora. Eu iria esquecer tudo. Monstros, responsabilidade, deuses...

– Quem dera eu estivesse morta, Percy. – murmurei.

– Nunca, nunca mais fale isso na minha frente, entendeu? – ralhou ele. Seu tom era sério.

– Ninguém iria sentir minha falta. – resmunguei. – Aposto que em menos de dois meses já me esqueceriam.

– Rox...

– Mas eu estou bem. – finalmente respondi a sua pergunta. – E você, está bem?

– Estou bem sim. – disse rapidamente. – Mas quero que entenda uma coisa. Eu não quero perder você.

Eu não entendi o que ele quis dizer com aquilo.

– Como assim “eu não quero perder você”?

– Significa que a sua morte está na minha lista de “coisas que eu não quero que aconteça”, sacou?

– Saquei, saquei. – soltei um riso. – E o que mais está na sua lista?

Ele fez uma cara de quem não gostou. – Que acabe a comida azul no mundo.

E fingiu um choro de criança que perdeu o doce. O que me fez rir ainda mais.

Ele se aproximou e me abraçou e cerrou o punho, esfregando-o na minha cabeça.

– Ei! – gritei indignada.

– Você é uma das minhas melhores amigas, pirralha.

– Você também é um bom amigo, Percy. E eu não sou pirralha! Sou só alguns meses mais nova que você!

– Ok. Entendi não-pirralha. – fiz uma careta e ele sorriu. – Acho melhor chamar seu pai. Ele tá reclamando com a enfermeira que não o deixou entrar antes...

– E então você veio sem ele ver.

– É. – ele coçou a nuca e foi andando de costas até a porta. – Nos vemos depois, não-pirralha.

Mostrei a língua pra ele antes que ele saísse, e ele, como um amigo maturo, mostrou a língua pra mim, chamando-me de “não-pirralha” de novo. Preciso arranjar um maldito apelido pra ele!

Respirei fundo, imaginando a “cascata” de perguntas que meu pai faria a mim. Vários “por quê?” “quem?” “quando?” “como?” “onde?” e vários outros tipos de questionários que ele provavelmente faria questão de perguntar e obter a resposta.

Afinal, eu devia isso a ele. Eu sumi do meio da madrugada, não avisei á ninguém e quando dei sinal de vida, eu estava era quase morta, drogada, em um hospital.

Lógico que eu mentiria algumas partes... Certo, talvez todas. Só precisava apagar Phobos da história.

Eu poderia dizer que eu era sonâmbula! Ou que um monstro me levou enquanto eu dormia! Ou... Certo, nenhumas dessas ideias são uteis. Na hora eu invento.

Meu pai abriu a porta, revelando sua expressão nervosamente aliviada por me ver respirando. Ele me abraçou, mas depois me soltou de vez, me segurando pelos ombros e dizendo:

– Precisamos conversar.

É... Eu estou ferrada. Completamente ferrada!

***

Meu pai abriu a porta do meu “estúdio” para somente sua cabeça passar e avisou-me.

– Filhota, vou sair.

– Com a mulher do 319 de novo, papai? – perguntei sem tirar a atenção do par de olhos “chamativos” que eu sempre me perdia.

O quadro estava de costas para a porta, então não me importei. Meu pai nunca vê meus quadros, pois eu não deixo. É como se eu deixasse que ele me visse nua. Eu sei! Exagero meu, mas eu me sinto assim quando deixo alguém ver meus quadros.

– Sim. – respondeu-me. – Mas, não se preocupe, chamo Lucca e Joey para ficar aqui com você.

Joey era o filho mais velho da vizinha. Ele tinha 16 anos quando o conheci. Agora, 17; e Lucca era o caçula, com apenas 8 anos de idade. Eram grandes amigos meus.

Lucca era muito animado, e bem danado pra sua idade. Já Joey, era tímido, calado, mas um cara legal quando conhece.

Eu os conheço faz três meses e meio. Ah, esqueci-me de dizer. Já se passaram quatro meses desde que sai do hospital após a enorme bronca que levei de meu pai.

E ainda não consegui esquecer Phobos. Nunca consegui tirá-lo da cabeça. Aposto que ele nem sabe mais de minha existência.

– Preciso ir, senão irei me atrasar. Tchau, filha! – e saiu.

No mesmo segundo, terminei o quadro. Era Phobos coberto por uma fraca luz com seu típico sorriso sedutor, encarando-me. Era como se ele estivesse ali. Mas não estava.

Dei um sorriso e peguei-o. Agarrei uma moldura e coloquei-a no quadro, e em seguida, o colocando na parede. Admirei-o por um tempo, até que me estiquei e bocejei.

Sentei-me na poltrona que tinha encostada na parede, ainda admirando o quadro. Bocejei mais uma vez.

– Que saudade de você. – murmurei.

Bocejei mais uma vez. Que sono.

– Aposto que nem sentiu minha falta! – murmurou alguém ao meu lado.

Vire-me e vi Phobos, sorrindo pra mim. Levantei-me e abracei-o.

– Pensei que me odiasse...

– Pensei que você me odiasse! – interrompeu-me com um sorriso no rosto.

– As pessoas mudam não é? – sussurrei, envergonhada.

– É. – concordou com ironia. – Mas eu também disse que te amaria por toda a eternidade.

Dei um sorriso, e fechei os olhos por dois segundos inteiros e os abri novamente. Phobos estava sumindo.

– Não. – gritei – Não me deixe!

– Nunca irei deixá-la. – sorriu.

– NÃO! – levantei-me em um pulo da poltrona.

Fora um... Sonho.

Engoli em seco e respirei fundo, tentando não chorar.

A campainha tocou.

Sai do quarto e corri até a porta.

– Oi meninos...

Foi que me toquei que não eram os garotos.

– O que faz aqui? – falei em um tom frio.

– Olá para você também, mocinha.


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Notas finais do capítulo

Reeeeeeeeviews? :3



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