Pov. Bella

A frase de Jasper martelava na minha mente repetitivas vezes, não podia acreditar que meu melhor amigo não sentia suas pernas e o medo foi instantâneo.

— Jasper... — Sussurrei vendo ficar tudo borrado por causa de minhas lágrimas e abracei o meu amigo.

— Eu não consigo, queria tentar. — Ele falava várias vezes baixinho em meu ouvindo enquanto estávamos abraçados.

A porta se abriu e olhei para trás. Lá estavam Alice, Emmett e Edward. Todos estavam tristes e pareciam já terem sido informados.

— Oh céus, você está bem? — Alice já perguntava ao nosso lado preocupada, enquanto Jasper dava um meio sorriso. Mas depois fez uma careta de dor.

— Na medida do possível, obrigado pela preocupação Alice. — Respondeu e vi a hora de Alice chorar em nossa frente por causa da rejeição.

— Que bom.

A médica olhava-nos com certa pena, Emmett e Edward conversavam um pouco com Jasper enquanto eu falava com a médica sobre as possibilidades de ele voltar a andar. Já Alice sumiu pelo hospital dizendo que iria comer algo.

Duvidava que a nanica tivesse posto algo na boca depois da notícia.

— O tratamento é longo e pode não ter 100% da recuperação. — Ela falava.

— Mas, ele tem quantas chances?

— Sinto muito, mas... 15% não é um número alto.

Cobri minha boca com as mãos para abafar um grito de desespero.

— Por favor, diga que tem algo para ser feito.

— Fisioterapia seria só... Uma ajudinha. Temos que ter constantes visitas médicas. — Explicou todo o processo e disse que iria durar por dois longos anos.

Fiquei meio receosa em saber que Jasper estaria nas mãos de várias pessoas todos os dias, mas melhorei assim que a médica falou que iria acompanhar todo o processo dele.

— Tenho que falar às sós com ele. — Falei depois de um tempo vendo Edward e Emmett conversarem normalmente tentando tirar toda aquela energia negativa do ar.

Aproximei-me deles e dei um meio sorriso ouvindo falarem de basquete. Edward estava com um sorriso torto de sempre, já Emmett mostrava suas covinhas e Jasper não sorria para não ter dor.

— Hi. — Cumprimentei.

— Oi Bella, sabia que seria maneiro se quando eu saísse desse hospital fosse para um jogo de basquete? — As palavras dele fizeram uma dor no meu interior, ele teria que ficar por dois longos anos em visitas constantes ao hospital. — Bella? Bella?

Eu não emiti nenhuma só palavra, fiquei ali em silêncio e paralisada com os olhos cheios de lágrimas. Porém não soltava nenhuma.

Só saí do transe quando sentir os braços de Edward ao meu redor, o olhei e o mesmo parecia ter me entendido. Era incrível como nós nos entendíamos só por um olhar e mais nada.

— Bella só está com fome... — Ele mentiu falando para meu irmão que olhava preocupado.

— Então tá, alimente a esfomeada. — Emmett brincou.

Edward deu uma risada baixa e saímos do quarto o mais rápido possível. Já no corredor quase caía, porém ele me segurou e eu o puxei para um abraço e chorei deitada em seu peito.

— Edward... Ele... Jasper... — Murmurei baixinho entre soluços.

— Calma, venha... Vamos comer. Você tá abatida demais.

E então seguimos até uma cafetaria perto dali, pois não queria comer comida de hospital de jeito nenhum.

Sentamos à mesa e fizemos os pedidos, mesmo que a garçonete praticamente com os seios para fora da blusa desse em cima de Edward e eu a ignorasse tudo ocorreu de maneira normalizada.

— Jasper vai ter que ficar dois anos vindo para o tratamento no hospital, além de andar de cadeira de rodas. — Falei suspirando e chorando.

Edward me olhou com pena, mas depois deu um sorriso fraco.

— Olhe pelo lado bom, ele vai melhorar. É só ter fé.

— Edward... Eu não sei se vou conseguir assumir toda essa responsabilidade. Pois o Jasper não tem ninguém além de mim e seus pais, e os pais dele estão velhos.

— Eu te ajudo. Você pode ir revezando os dias comigo, Emmett e Alice. Dois anos passam em um instante.

— Não é bem assim.

— Temos que aceitar o que é nos emposto.

Dei um sorriso para ele e o mesmo me abraçou. Era bom estar nos braços dele, era confortante e me fazia sentir mais segura.

— Obrigada por me ouvir Edward, muitas pessoas odeiam ouvir as tristezas dos outros. — Falei ainda abraçada a ele.

— Vou sempre estar aqui, somos melhores amigos lembra? — Ironizou e deu um beijo em minha testa.

Sorri olhando para ele e voltamos ao hospital onde Jasper já estava transferido para um novo apartamento. Era um dos primeiros andares já que ele iria sair amanhã daqui de cadeira de rodas, esse pensamento fez com que eu me arrepiasse e Edward percebeu.

Fomos até onde Jasper estava com os outros, fiquei meio receosa com Emmett lá vendo eu e Edward abraçados. Mas ignorei porque o alvo principal era Jasper, não eu.

— Gente vocês... — Parei de falar quando cheguei ao quarto vendo Alice dormir nos braços de Emmett, enquanto Jasper não estava na cama e me desesperei. — Onde ele tá?

— Ele deve ter ido fazer algum exame, vem. — Edward me puxou e fomos até os corredores onde dava o consultório da médica. — Bom dia.

A secretária da doutora olhava para Edward como se ele fosse um deus.

— Ér... Bom dia, o que o senhor deseja? — E então a mulher me olhou com desdém.

— A médica está disponível agora? Um paciente, Jasper Hale que é responsável por ela não estava no quarto quando chegamos. — Falou Edward.

A mulher deu um sorriso.

— Ele está fazendo uns exames na sala da médica, se quiser pode esperar no sofá. — Então ela apontou para um sofá em forma de L bege no canto do consultório climatizado.

Edward e eu fomos até o sofá, enquanto eu ignorava a mulher Edward conversava comigo sobre as possibilidades de trocas para trazer Jasper na hora do tratamento.

Em questão de minutos Jasper saía de cadeira de rodas emocionado da sala, enquanto a médica arrastava a cadeira por trás.

— Oh, vocês estão aí. — Jasper falou surpreso dando um suspiro. — Então Bells, meu estilo fiou melhor assim?

Dei uma risada fraca.

— Todos os estilos ficam bons em você. — Falei dando uma piscadela arrancando risadas de Jasper e da médica.

— Bem, Jasper nada de risos exagerados ou algo do tipo. — A médica explicou e olhou pelo canto do olho para a secretária, coisa que percebi que era meio medrosa diante dela. — Megan, estou no apartamento 114 e meus pacientes acabaram por hoje. Prepare os relatórios e pode sair.

— Ok. — A mulher se encarregou de pegar algumas pastas e etc. E enquanto saímos ela teve a cara de pau para falar. — Senhor, liga para mim.

Apesar de ter falado baixinho para Edward, ouvi porque estava por perto com Jasper e sua cadeira que foi infantilmente apelidada como Relâmpago.

— Relâmpago você é um dos meus melhores amigos depois da Bella. — Jasper brincou enquanto estávamos no corredor. A médica olhava tudo isso meio emocionada e Edward só ficava em silêncio observando tudo com um sorriso amarelado.

— Edward, o que acha do relâmpago? — Perguntei dando espaço para ele entrar na brincadeira.

— Jasper, vai ficar massa se você botar algumas fotos de mulheres nas rodas e alguns relâmpagos ao redor. — Edward ironizou e os dois riram enquanto eu revirava os olhos.

— Oh poxa, vai ficar ridículo. Pensei que cadeira de rodas fosse para saúde e não para... Vocês sabem. — E fiquei vermelhinha.

Edward riu tocando em minha bochecha levemente e chegava a ser um movimento muito convidativo depois do nosso beijo naquela ponte.

— Ela é tão fofa quando cora. — Ele ironizou e dei um tapa em seu ombro. — Ouch, doí.

— É para doer.

— Parem de serem crianças. — Jasper dava um sorriso amarelado. — Vamos! Quero voltar para casa.

— Jasper... Você terá que dividir o apartamento comigo. — Falei dando um sorriso amarelado vendo as feições dele mudar. Senti até alguma esperança nos seus olhos.

— Isso tudo é cuidado? — A médica falou rindo.

— Sim doutora, trabalhamos juntos e tenho que deixa-lo a par de tudo.

— Entendo, é uma boa maneira já que soube que o Senhor Hale mora sozinho e cadeirante não é recomendado a morar sozinhos.

— Pois é, mas não iremos morar no meu apartamento porque lá não é totalmente plano e tudo mais. Por sorte, Emmett tinha uma casa já saindo de Nova York perto de praias. Uma casa de praia muito legal. — Expliquei tudo enquanto via os olhos de Jasper se arregalarem em surpresa. — Gostou? Ela é linda, aquela que passamos o final de ano!

— Ah sim, tinha até água cristalina em um lago próximo.

— Isso.

— Eu tenho que ligar para a editora, desculpe. — Edward falou saindo de lá e eu assenti com a cabeça.

— Me fale os detalhes dessa casa, para melhorar a condição dele lá. — A médica falou.

Pov. Edward

Saí de lá meio enciumado com todas aquelas palavras carinhosas de Bella com Jasper, sério aquilo poderia dar uma diabete. Eram doces demais, melosos demais... Não achava nada sério que Bella não o amasse. O cara é muito romântico do tipo que te trás flores todos os dias e quando não trás deixa uma decepção imensa.

— Por favor, meu livro está quase no final! — Implorei ao meu chefe mais dois meses para concluir o livro, era difícil fazer livros de mistério com grande fama e eu precisava disso para evoluir.

— Sinto muito Edward, se você não trouxer nenhum livro amanhã para essa editora... — Ameaçou-me mais uma vez das mil e poucas.

— Eu irei trazer. — Prometi e ele desligou na minha cara, NA MINHA CARA. — MERDA, CACETE!

E lá estava eu gritando como um louco no meio de um hospital, uma idosa passava com um idoso e um menino pequeno. E jogou a bolsa em mim, quando fui pegar o menino correu e pegou entregando novamente para a vó.

— Seu mal-educado! Sem vergonha! Têm pacientes dormindo, respeite! — E então as portas do elevador fecharam enquanto ela me xingava até os infernos.

Então Bella saiu de trás de um corredor rindo.

— Sério Edward? Uma velhinha? — Ainda ria descontroladamente enquanto eu a olhava com cara de tacho. — Cara, em um hospital?!

— Bella parece que você tá com TPM, toda hora ama me irritar. — Crispei o olhar para ela enquanto a mesma me olhava mortalmente.

— Some. Da. Minha. Frente. — Falou pausadamente.

— Bells... Desculpe... — E então senti os socos por todo meu peitoral e barriga, sério na barriga doí. — Mulher, calma!

— Cala a boca, homem.

— Ah tá, você acha que com... — Um soco bem no meio da barriga e eu gemi de dor. — Violência se resolve tudo?

— É claro que SIM! — Ela falou e continuou a me bater.

— Bella. Desculpe-me! — Falei agoniado com seus tapas.

— Ah é? Agora é desculpas e...

Não deixei ela falar mais nada, encostei minha boca nela. Senão ela havia me batido mais e daqui a pouco estaria dando um chute bem no meio das minhas pernas, bem no meu Jr. Mas também não significava que não estava se aproveitando de minha amiga.

Seus lábios macios e vermelhos se chocavam com um meu em certa perfeição que nem eu poderia falar a intensidade do nosso beijo. Suas mãos estavam bagunçando e puxando meus cabelos enquanto eu depositava minha mão em uma cintura e outra passava por suas costas. Estávamos tão ligados ao beijo que não percebemos a presença daquela secretária da médica do Jasper.

— EI! Aqui é um hospital. — Ela falou, se não me lembro o nome dela era Mônica... Morgan... Sei lá! Alguma coisa assim.

— Pois é, e então porque uma vaca como você tá aqui? — Alfinetou Bella enquanto eu mordia os lábios para não rir na frente delas.

— E você? Se agarrando desse jeito com ele...

— E você com vontade de estar no meu lugar. Mas olha, eu não pedi para esse louco me beijar e fazer essas coisas todas que foram absurdamente confusas e...

Novamente não a deixei falar, e a beijei na mesma intensidade anterior. Olhei de relance para a secretária que saía de lá bufando irritada e fechei os olhos dando uma risada mesmo que minha boca estivesse encostada na de Bella.

— Vou falar mais bobagens agora. — Ela falou baixinho e rimos.

— Não precisa, eu te beijo quando você quiser.

— Quando eu quiser? — Perguntou arqueando as sobrancelhas.

— Aham, aliás, a aposta acabou.

— Nada haver, você que perdeu a aposta.

— Quem estava me agarrando antes com até mais intensidade do que eu? — Zombei dela e a mesma ficou vermelha. — Vai Bells, responda.

— Me recuso a responder perguntas em lógicas, seu... Otário. — Virou-se para trás e saiu andando.

Gente, juro que não olhei para a bunda dela. Sério mesmo!

— Ei me espere!

— Corra Eddie! — Ela debochou de mim e saímos correndo pelos corredores.