Ele.

Tá, eu nunca acreditei em destino ou em coincidências, mas encontrar ele na festa do Nate já era demais.

Ele continuava com a mão esticada, eu alterava o olhar entre seus olhos e meu vestido. Ele estava lindo, com um moletom da Gap e uma bermuda, já o meu vestido ensopado, fazendo com que meu sutiã marcasse.

Levantei do chão recusando sua mão e corri em direção a qualquer quarto para dar um jeito no meu vestido. Quando estava com a mão na maçaneta de um quarto no fim do corredor, provavelmente do Nate, percebi que estava sendo seguida.

– Hey! – disse se aproximando ofegante.

– O que você quer hein garoto?

– Pode me chamar de Owen, e desculpe por isso – apontou para o meu vestido, com um sorriso pevertido. Involuntariamente abracei-me para tentar cobrir a parte que estava molhada.

– Agora que você já se desculpou – disse entrando no quarto, que era realmente do Nate – pode ir embora Owen

– Eu acho que mereço saber seu nome... – se aproximou, estávamos a menos de quinze centímetros um do outro, e como aqueles olhos eram brilhantes... FOCO TÉSS!

– Tessalia – me virei em direção ao banheiro.

– Espera – disse tirando seu moletom – toma coloca isso.

Meu Deus do Céu! Que barriga era aquela! Eu acho que fiquei um tempinho admirando a vista, porque quando dei por mim ele estava vermelhinho, owwnnt.

– Mas... Ér... Você vai ficar sem camisa? – disse corando um pouco também.

– Eu pego uma do Nate – se virou para o closet.

– Brigada – ele não responde e eu me virei para o banheiro mas sem ser interrompida dessa vez.

*

Quando sai do banheiro alguma parte bem pequeninha de mim ficou decepcionada quando encontrei o quarto vazio. O moletom dele era super grande pra mim, ficava praticamente na metade da minha coxa, mas era bem quentinho e tinha um cheiro hm... bom...

Sentei num sofazinho para processar o que havia acontecido em apenas um dia. 1: Jace e a Jéssica se revelaram o casal do ano, o que responde a minha pergunta quanto quem era a sortuda que o Jace estava in love. 2: Owen, o estranho que me derrubou no meio da rua e não disse seu nome e que me derrubou de novo em menos de 24 horas, o que responde a minha segunda pergunta. Owen.

Estava distraída em meus pensamentos que não percebi quando ele entrou no quarto, quando ele me viu sorriu timidamente e eu retribui o sorriso.

– Quer voltar para festa? – não respondi e ele continuou – Se você não quiser eu posso ficar aqui com você... Se você quiser é claro.

Fiz que sim com a cabeça, eu me sentia extremamente tímida, o que não é muito normal. Ele se sentou do meu lado, mas não muito próximo.

– E então, você é quieta assim mesmo ou eu que sou muito falante?

– A segunda opção – disse roubando um sorriso dele.

– Outch – disse fazendo uma careta – como você conhece o Nate?

– Eu estudo com ele desde... tipo sempre, e você?

– Nossos pais são amigos e eu sou vizinho dele.

*

Por incrível que pareça, depois de umas duas horas conversando com aquele praticamente estranho, depois de alguns silêncios constrangedores e muitas gargalhadas, nós éramos hm... amigos.

– Hm Téss... Ér... você namora? – disse meio envergonhado.

– Não e você? – conseguia sentir minhas bochechas arderem.

– Não.

O moletom dele era quentinho mas eu tava ficando com frio, o Owen percebeu e para minha total surpresa se aproximou e me abraçou. Cara, eu não sabia o que fazer. Um quase desconhecido, amigo ou sei lá te abraça (não esquecemos da parte que ele é um gato né) o que você faz? Bom, eu não sei o que você faria, mas eu apenas me aconcheguei nele...

Houve um momento constrangedor, mas depois começamos a falar de assuntos aleatórios, como o fato da maioria das meninas da festa serem as maiores putas da cidade e os meninos os mais galinhas.

– Nem sei como perguntar isso mas – falei entre risos – você é pegador Owen? – Não aguentei e disparei a rir, mas ele ficou super vermelho e não me respondeu.

– Owen? – disse tentando ficar séria – você não faz o tipo putão né? Diz que não, diz que não, já tenho bastante amigos assim e não é legal.

– Quer dizer que somos amigos então?

– Hey não tenta desviar do assunto – disse dando soquinhos no braço dele. Ele soltou um “outch” e começou a rir junto comigo, nós estávamos quase chorando de rir quando a porta se abriu.

– Hm... oi Jace – falei meio rindo e dando cotoveladas no Owen para ele parar de rir.

– Oi Tessalia - disse me fuzilando – quem é esse ai?

– “esse ai” é o Owen.

Owen fez menção de que ia falar alguma coisa, mas eu apenas apertei sua mão, repreendendo-o.

– Posso falar com você? Em particular. – disse fuzilando Owen.

– Já volto garanhão, você me deve uma resposta – dei um beijo na sua bochecha, em parte para provocar o Jace, mas de outro lado porque eu queria fazer aquilo mesmo.

Acompanhei Jace até o corredor, ele estava estranho, parecia preocupado.

– O que foi papai?

– Tessalia, você some durante duas horas e não avisa ninguém! Eu pensei que você tivesse sido estuprada ou sei la. Te procurei pela casa inteira, mas pelo visto você tá bem né – encarou o moletom do Owen.

– Ah Jace vai encher o saco da Jéssica eu tenho mais o que fazer. Você nunca se preocupou comigo em festas ou sei la o que, e agora vem com essa de amigo protetor? Ah me poupe. Ele não me respondeu, só me encarava incrédulo. Tá, eu acho que exagerei um pouquinho... Mas eu não podia perder a pose.

– Mais alguma coisa – eu disse.

– Na verdade, tem uma coisa sim – e me puxou para perto de si. Estávamos muito próximos um do outro, ele encarava minha boca e eu não sabia o que fazer.

– Jace...