Ventos do Inverno: Jaime & Brienne escrita por Cary Monteiro


Capítulo 6
Brienne III


Notas iniciais do capítulo

Brienne está pretty redundante neste capítulo, mas é só por que acredito que, apaixonada, ela sofra de crises de ansiedade. Sei lá.



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Servir como muleta era fácil. Tanto Brienne como Jaime haviam largado as armaduras na floresta a fim de diminuir o peso, deixando apenas as ombreiras, que seguravam os mantos, agora já secos depois de receber o calor da fogueira. Brienne achava difícil controlar sua respiração, sentia-se sadia, porém ter Jaime tão perto de si lhe embriagava seriamente.

Os dois haviam deixado o local de descanso uma hora depois de comerem. Brienne preferia o silêncio, mas havia acostumado tanto com Jaime tagarelando sem parar que a ausência de uma conversa lhe era estranho. Sabia que ele estava apenas falando o indispensável por conta das dores que sentia e pensando melhor sobre o assunto, era melhor daquele jeito. Eu o amo. Eu amo Jaime Lannister. Não se atrevia a falar sobre isso, mas só de pensar lhe queimava o estômago.

Fizeram uma longa caminhada antes de encontrar a estrada, ainda sem saber exatamente onde se encontravam e andando um pouco mais logo cruzaram com um mercador humilde, levando sua carroça para Porto Real. Por algumas moedas de prata que Brienne havia escondido na roupa puderam seguir viagem finalmente.

– Um cavalo seria melhor – Jaime fez uma careta quando a roda da carroça bateu numa pedra e cambaleou. Levou a mão à ferida – Mas isso vai bastar. – Depois nada disse o restante do caminho. O objetivo era chegar até o acampamento, em Pennytree, e não Porto Real. Mas sim, era melhor do que ter que andar todo o caminho de volta.

– Eu não queria me intrometer muito, senhores, mas suas feridas me amedrontam. O que fizeram a vocês? – Brienne havia dado uma moeda a mais ao mercador anteriormente para que se mantivesse calado já que Jaime sentia dores ao se mexer demais. Imaginou se a culpa era dela por não ter sido mais específica sobre o pedido. Jaime olhou-a de soslaio e depois voltou a observar a estrada.

– Fomos vítimas de uma emboscada, mas conseguimos escapar com feridas...Leves. – Não era uma mentira no final das contas.

– E quem é a senhora exatamente? – O mercador perguntou ao olhar para trás, de cima a baixo. Jaime observava o homenzinho da mesma maneira e soltou um tsc.

– Esta é Brienne de Tarth, caro mercador, minha fiel escudeira. Agradeceria de coração se parasse de direcioná-la com este tom de desdém. – Ele respondeu antes que ela pudesse.

– Não foi minha intenção, senhor. – O mercador explicou.

– Não sou escudeira nenhuma. Sou um cavaleiro também e estou numa missão especial, assinada pelo próprio rei Tommen. O destino apenas nos obrigou a se encontrar...De novo. – Respondeu ao homem, que pareceu arrependido de ter perguntado alguma coisa. Eu sei me cuidar, senhor Jaime. Quis falar, mas começar uma briga era insensato, tanto pelas feridas do cavaleiro, tanto pelos dois estarem acompanhados de um terceiro indivíduo. Jaime revirou os olhos.

– Destino. Claro. Chame do que quiser, garota. Fui de bom grado, botou minha vida em risco e agora estou levemente ferido. Ao menos me agradeça de forma mais apropriada quando este pesadelo terminar. – Brienne precisou olhar a feição de surpresa do mercador para entender do que Jaime falava. Se já não estava vermelha o bastante, havia ficado ainda mais. Não sabia nem como lidar com o comentário na verdade. Jaime já havia lhe lançado outros comentários sem graças como este antes, mas antes ela não se importava, não estava interessada. Agora...

– Eu já pedi perdão, é o máximo que posso fazer por hora. – Disse depois de desviar o olhar de um e outro. Isto está ficando ridículo, pareço um cão assustado por uma chuva de trovões. Cada coisa que ele diz me atinge como um soco no estômago. Eu não me sentia assim nem mesmo com Renly! , pensou. Se continuasse assim, ele descobriria sobre seus sentimentos e não sabia quanto tempo duraria até lá.

Quando a noite caiu os três pararam em uma estalagem. Brienne agradeceu o mercador pela viagem e a comida, lembrando de pegar a moeda de volta dele por não manter a boca fechada. Ele por sua vez devolveu sem pestanejar e seu olhar era de pura culpa.

– Vai ser bom poder dormir numa cama depois desses dois dias de loucura. Não acha, garota?

– Fique quieto, por favor. – Ela tratava de enfaixar o tronco de Jaime com uma tala. Não sabia tratar do ferimento com o conhecimento que um meistre instruído teria, mas isso manteria o cavaleiro a salvo até encontrarem alguém mais hábil ao serviço.

Por conta da hora tarde em que haviam chegado à estalagem, um quarto apenas foi dado aos dois. Jaime inventou que eram um casal novamente, e um quarto com cama grande foi lhes dado. Brienne se segurou muito para não reclamar e se irritar. Dividir um quarto com um homem, não que ela tivesse alguma escolha, era o pior de seus pesadelos. Ainda mais por que este homem era ninguém menos do que sua mais recente paixonite. Não que tal informação fossem levá-la a algum lugar (ela esperava que não). Se preocupar não era falta de bom senso. Estava tranquila ao menos de saber que o mercador havia mantido segredo sobre a identidade dos dois. Fofocas voam mais rápido que asas de corvo. Imaginou o que a rainha Cersei seria capaz de fazer quando soubesse que seu querido Jaime Lannister fazia viagem com uma mulher que não era ela. Não que ela devesse realmente se importar. Brienne nada faria, nada tentaria. Por mais que parte dela quisesse. Ela tinha princípios e deveres e precisaria quebra-los para tal. Mesmo quando amava Renly, tinha em mente que ele nunca a veria do jeito que ela o via e com Jaime não era diferente. Quando ele a pediu para ficar ao seu lado ela aceitou com mais ardor que o necessário.

– Durma comigo, garota, apenas durma ao meu lado, e considere sua dívida paga. – Ele disse já deitado na cama, chamando-a. Não queria cair nas brincadeiras dele, mas era um pedido tentador.

– Vou dormir ao seu lado, ao lado da cama, sor. – Respondeu e sentou-se encostada na parede por perto como havia dito. Enrolou o manto sobre o corpo e fechou os olhos.

– Não acredito que vai realmente dormir no chão quando pode muito bem dividir a cama comigo. Vamos, está frio! Não estou em condições de fazer ou tentar absolutamente nada, nem se eu quisesse. – disse. Não era realmente dele que Brienne sentia perigo. A lembrança de ter se sentado encolhida ao peito de Jaime na floresta por conta do tempo frio ainda estava viva em sua mente. Não tinha nem mesmo certeza se tinha sido um sonho ou tinha sido real, mas estava realmente tentada a querer esta sensação novamente. – Vamos, Brienne. Estou irritado com este frio. Estes cobertores fedorentos não me esquentam nada…

– Melhor não. – Respondeu. Ouviu Jaime soltar um longo suspiro e se revirar para o outro lado da cama lentamente. Será que estava sendo apenas teimosa? Já haviam dividido uma banheira antes em Harrenhal e a noite anterior a esta também haviam dormido agarrados no meio da floresta. A roupa de Brienne não podia salvá-la do duro e frio chão de madeira daquele quarto. Viu-se vencida e foi até a cama, levantou e entrou por debaixo das cobertas, pegando um dos travesseiros e pondo na frente entre ela e Jaime antes de deitar.

– Não é o que eu tinha em mente, mas... – Ele começou. O que pelos deuses ele quer que eu faça?! Não, ela sabia o que, só não tinha coragem. – Boa noite, Brienne. – Terminou. Ela respirou fundo esperando que ele dormisse logo, que ela dormisse também. Aquelas borboletas em seu estômago não cessavam nunca.

Quando tinha se dado conta desse sentimento por ele? Ela não tinha certeza. Insistia em retirá-lo da cabeça quando os pensamentos e lembranças vinham, trocá-los por Renly. Tinha sido fácil enquanto ela estivera longe dele, mas agora nunca tivera tanta dificuldade em respirar, em se manter calma. Não entendia o que realmente queria ou o que esperar, tudo estava apenas acontecendo. E no final das contas eu não passo de uma donzela apaixonada pelo seu cavaleiro de armadura brilhante, fala mansa e braços fortes. Parecia errado pensar de tal maneira, mas era assim. Destino. O destino havia forçado os dois a se conhecerem e a permanecerem juntos. Ela havia cuidado dele contra a sua vontade em Harrenhal. Cuidado de seus ferimentos, de sua saúde, até mesmo o banhado. Limpado seus cabelos, ralos na época, mas ainda tinha aparência de um deus. Ela observava os fios, num cinza cintilante que eram naquele escuro do cômodo, maiores do que já vira antes. E quando percebera já estava com a mão lá, tocando-os gentilmente. Puxou a mão como alguém puxaria ao tocar uma água fervente em reflexo.

– Não – Jaime disparou um sussurro. Aquilo a deixou incerta. Não devia tê-lo tocado. – Pode tocar. – sussurrou outra vez. Brienne manteve a mão parada. O que estava fazendo? – Pode tocar, eu disse. – Ela piscou várias vezes incrédula. Ele queria que ela o tocasse. Pos a mão de volta aos cabelos dele agora de forma curiosa. Esfregou os dedos vagarosamente por entre as mechas. Eram tão macios e delicados. Aventurou-se mais um pouco e deslizou a mão para o ombro nu dele vagarosamente. Estava tão morno, era a hora de parar. Foi quando ele pousou a mão esquerda dele na dela e a segurou.

– Brienne... – sussurrou. Ela o ouviu engolir em seco antes de continuar – Brienne... Achei que fosse te perder na noite passada. – Ela não sabia o que responder. Os sentimentos entraram em conflito. Não lembrava muito da última noite. Lembrava que estava muito frio e quando dormiu ficou ainda mais, até achar que não aguentaria. Então tudo ficou quente e mais quente até que ela acordou assustada com Jaime lhe apertando contra seu peito. – Estava tão fria. Está tão quente agora.

– Jaime, eu...

– Não voltei pra Cersei. – Ela não havia entendido e permaneceu calada. – Ela me pediu que voltasse. Disse que me amava. Mas não voltei. Não quis voltar. Por que, Brienne? – E por que aquela informação havia feito seu coração disparar? Ela respirou fundo e encostou a cabeça na nuca dele.

– Jaime, me perdoe...

– Pelo quê? Não foi sua culpa. – Ele acariciou a mão dela.

– Eu o amo, sor Jaime. – Disse finalmente. Jaime não se mexeu. Brienne não esperou por uma resposta, queria apenas declarar aquilo. Estava cansada de omitir aquele sentimento que não cabia mais no peito. Ele tirou a mão da dela. Ela quis chorar. A rejeição doía mais do que qualquer ferimento que um dia teve, qualquer osso quebrado ou febre. Ele se revirou de frente pra ela, ignorando a dor da costela, observou pálido os seus olhos.


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Notas finais do capítulo

O próximo capítulo promete -n

Mas vou demorar a postar por que quero manter sempre 2 capítulos prontos antes de colocar algum por aqui. Vlw, flw. Amo vocês, não esqueçam os comentários do que tão achando. Pretty important ♥♥♥



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