Ventos do Inverno: Jaime & Brienne escrita por Cary Monteiro


Capítulo 5
Jaime III




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– VOCÊ PRECISA VIVER! – Gritou. Não tinha tomado conta disso. Mas sentia Brienne morrendo bem ali em seu peito. Isso não podia estar acontecendo. – BRIENNE! NÃO DURMA! – Ela abriu os olhos assustada e voltou a fechá-los vagarosamente.

– Eu não vou, só estou descansando... – respondeu numa voz rouca, distante.

– Se você dormir irá morrer. Sei que está cansada, sei que está doente e cansada, mas eu te suplico, não durma. – Ela não respondeu, mas mexeu a cabeça, apenas o som da respiração de ambos foi ouvido por alguns longos minutos.

– Converse comigo. – disse. Conversar sobre o que? Jaime perguntou-se...

– Eu sabia que você estava mentindo... O tempo todo. Eu só... Não pude lhe negar o pedido.

– Ah... Imaginei.

– Estou feliz que não tenha me matado. – Mencionar aquilo fez Brienne se encolher e tremer.

– Eu não tive escolha, eu...

– Shh... Já passou, não importa mais. Falei isso por que, a verdade é que, senti medo naquela hora... Você não fugiria do juramento. Por isso tive medo. – A frase morreu no ar, que se tornava cada vez mais congelante. A noite caía e o tempo permanecia nublado e agora a floresta estava escura e sombria. Não havia ruídos naquela mata a não ser deles mesmos. Jaime ponderou sobre a chance de uma neve começar a cair.

– Você disse que sonhou comigo, uma vez... – Ela comentou. Jaime respirou fundo e revirou suas lembranças para lembrar-se do sonho, ainda se lembrava como se tivesse acabado de tê-lo.

– Ah, sim... Eu nunca cheguei a te contar, não é mesmo? – Achou melhor pular a parte sobre os dois estarem nus. – Eu estava em algum tipo de cripta talvez, no Rochedo Casterly, e batia água nos meus pés, e... Todos os Lannisters, todos os meus antepassados estavam lá e me olhavam com certo desgosto. Então eu vi você, estava algemada. Encontrei uma espada e te libertei. Você passou a andar ao meu lado e havia uma espada brilhante também. Parecia uma verdadeira cavaleira. – O corpo dela havia parado de tremer, estava ficando frio. Os batimentos que ele passou a ouvir por conta do abraço ficaram espaçosos. Jaime sentiu um nó na garganta. – Vamos, garota, deixe-me terminar... Alguns cavaleiros apareceram e me julgaram. Raeghar disse que eu não havia salvado os filhos dele e quiseram me atacar. Mas você ficou ao meu lado, Brienne. Ficou ao meu... – As lágrimas caíam e com elas os flocos de neve. A dor do osso quebrado não era maior que o aperto que ele passou a sentir no peito – Vamos, garota. Foi para isso que eu te salvei daquele maldito urso. Não me deixe só! Precisa viver! – Mas a resposta não veio. Então ele chorou ainda mais, rangeu os dentes, não podia ser verdade. Ela havia partido. – Você ficou do meu lado, garot... Brienne. Eu não fiquei do seu. Me desculpe... – e a apertou para junto do seu corpo, amaldiçoando as armaduras estarem tão frias. Então ouviu passos na recente neve e levantou o rosto de imediato. Ela estava ali, a somente alguns passos deles. Lady Coração de Pedra. Vadia Stark, acabe logo com isto ou eu me assegurarei de te matar uma segunda vez. Ela andou silenciosamente até eles e agachou-se ficando cara a cara com Jaime. Ele tremia e não largava Brienne de forma alguma. A Lady estreitou os olhos e se moveu para a garota, Jaime apertou-a ainda mais contra seu corpo, mas não impediu a falecida Catelyn renascida de lhe tocar o ombro. Ela beijou a têmpora de Brienne e se afastou. Olhou para ele novamente e pos a mão no corte da garganta.

– Mantenha-a viva, Jaime Lannister. Ela tem juramentos a cumprir e você também. Não esqueça disto. – A voz era muito rouca, mas direta. Jaime não soube o que responder. Ela tinha dado vida novamente à Brienne? Não tinha certeza, mas a garota não estava mais esfriando. Uma dor forte na costela lhe atacou e ele desmaiou.

No dia seguinte quando acordou ouviu o sons dos pássaros e abriu os olhos lentamente, a dor ainda estava lá em seu estômago, junto da dor da fatiga e da fome. Os dois mantos estavam sobre seu corpo, um pouco gelados ainda, mas o mantiveram aquecido. No chão havia uma leve camada de neve, mas o sol brilhava as vezes quando as nuvens deixavam passar e haviam poças de neve derretida por todo lado. Onde está Brienne? Olhou para os lados, nada, nenhum sinal dela. Lady Coração de Pedra... Terá a levado embora?

Ele avistou toda a armadura dela num monte ao lado, junto estava a Cumpridora de promessas. Passos pesados vieram por detrás da árvore, Jaime tentou se mover, mas o osso quebrado o fez ranger os dentes de aflição. Então ela apareceu segurando numa das mãos um par de coelhos mortos. Sua feição do rosto era de confusão, a ferida na bochecha estava fechada e muito avermelhada. Na verdade, Brienne estava completamente vermelha, ao menos onde ele podia vê-la.

– Bom que o senhor acordou. Encontrei isto. Já irei assá-los... – Depois desviou o olhar. Sentou-se numa pedra um pouco afastada e começou a limpar a carne. Ela está viva.

– Brienne... Está se sentindo bem? – perguntou, surpreso, descrente.

– Estou melhor do que nunca. Penso que eu só precisava de uma boa noite de sono, senhor. E foi boa... – Brienne havia falado a última frase num tom mais baixo que o restante, mas foi o bastante para Jaime conseguir ouvir.

– Boa?Não é nem mesmo donzela mais depois de ter dormido no aconchego do meu peito, não acha? – A ação de Brienne foi imediata. Surpresa com o comentário repentino ela quase caiu da pedra em que sentava. Jaime sentiu uma dor imensa ao rir, mas mesmo assim tentou e só conseguiu lacrimejar. – Ah, garota, você não muda. Estou só brincando! – Estou feliz que esteja viva, garota!

– Foi uma noite difícil... Você ajudou muito. Eu agradeço. – disse. Devo eu dizer que ela morreu por um momento e Lady Catelyn a salvou?

– Foi uma noite difícil para nós dois. E de alguma forma estamos bem. Devíamos comemorar com um bom vinho.

– Só consegui coelhos. Desculpe.

– Ah, típico de você, garota... No meu acampamento temos vinho, se conseguirmos chegar até lá.

– Não... Não sei se quero ir... Senhor. – Respondeu, inquieta, limpando os coelhos com maior rapidez. Jaime soltou um longo suspiro, irritando-se por conta da dor e pela teimosia de Brienne.

– Escute, garota. Eu fiz mal em ter te deixado seguir missão sozinha. Eu devia ter lhe dado alguns companheiros de viagem, uns cuidariam dos outros ou algo assim...

– Eu trabalho melhor sozinha.

– Então por que o escudeiro de meu irmão lhe seguiu e quase o fez me matar pela vida dele em troca. Ou o outro homem de quem falou... - Tocar no nome de Podrick fez Brienne se entristecer.

– Podrick... Eu jurei protege-lo e não consegui.

– Você fez o que pode, Brienne. Não se torture tanto... Mas, enfim, o que quero dizer é que... Perdoe-me. Sansa é a minha missão e eu a entreguei totalmente à você com todos os riscos e improvisos.

– Não importa, eu falhei. – Jaime rangeu os dentes de dor ao tentar se levantar quando ouviu aquilo.

– Eu juro, garota, eu juro que vou te bater quando ficar bom desse osso! – Ela olhou-o surpresa e havia parado de cortar a carne – Apenas escute. Você gostando ou não vai passar a ficar do meu lado de agora em diante ou voltará para Tarth à força. Você escolhe! – Ela nada disse. Voltou ao o que estava fazendo e assim continuou. Jaime pretendeu ficar calado também, estava cheio daquela teimosia e da maldita dor do osso quebrado. A moça acendeu uma fogueira e os dois deram início ao almoço em silêncio.

– Eu... Escolho ficar ao seu lado de agora em diante, senhor. – Ela começou.

– Estamos fazendo progresso.

– Mas terei minha própria tenda.

– Não estamos fazendo progresso.





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Notas finais do capítulo

I demand love ;3;



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