O Beijo do Anjo. escrita por Anjinha Herondale Uchiha


Capítulo 9
Season 3 - Sexto Capítulo


Notas iniciais do capítulo

Heeeey, JaceCóticas!!

Tá aí o fim da primeira parte das seasons. Depois eu vou continuar com elas, vai até a Season 5.

Só para avisar, eu não estou de bom humor. O que quer dizer: Mau Humor = Sem Clace para vocês! xD

Beijitos
Psicoticamente, A.



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FlashBack On:
– Vamos, Clary! Está com medo de perder para mim? - Provocou o moreno,
piscando seus lindos olhos daquele azul único que assombrava os
pensamentos da menina ao seu lado.
– É claro que não, mas eu estou usando estes sapatos ridículos. -
Justificou a ruiva. - Não consguirei correr, Chase.
– Mentirosa! Você pode muito bem tirar os sapatos, está é com medo de
perder para mim na corrida. - Declarou Chase, induzindo-a a correr
contra o mesmo.
– Vou te mostrar quem é a mentirosa! - Exclamou Clary, tirando os
sapatos de salto e ficando descalça na grama bem cuidada no quintal da
mansão Mongestern.
– Era isso que eu queria ouvir, futura perdedora!
– Você que vai perder, IronStorm!
Chase sorriu maliciosamente.
– Quer apostar nisso, Mongestern? - Perguntou o garoto, mordendo o
lábio inferior propositalmente - Sabendo extrair exatamente as reações
que queria da ruivinha.
Clary ofegou um pouco, perdendo sua linha de raciocínio. Chase riu e
deslizou suavemente os dentes pelo lábio, o soltando. Clary precisava
aprender a resistir ao charme. Precisava urgentemente.
– O que você quer apostar? - Perguntou, com a voz fraca.
O garoto comemorou internamente por conseguir fazer a garota entrar na
brincadeira. Ele poderia pedir o que mais ansiava.
– O que você quer apostar? - Contra-atacou.
– Hmm... - A menina pensou. - Se eu ganhar, você vai ter que andar à
cavalo pela praça do Anjo...
– Fácil. - Chase a cortou.
– Trajando um dos meus vestidos. - Completou Clary, com seu melhor
sorriso malicioso (Seu único, para falar a verdade).
Chase engoliu em seco, mas não deixou de concordar. Ele ganharia de
Clary, se esforçaria muito para ganhar.
– E o que você vai querer? - Ela perguntou.
– Se eu ganhar, eu quero um beijo. - Declarou e sorriu envergonhado,
olhando para o chão.
Clary deu de ombros e deu um passo à frente.
– Não precisa me desafiar para pedir um beijo, Chase. Eu te dou um
beijo. - E se aproximou mais do menino, que fez a mesma coisa. Seu
coração falhou uma batida e ele até fechou os olhos, aguardando o
momento tão esperado em sua vida.
Porém, quando Chase pensou que Clary iria tocar os lábios aos seus,
ela os tocou em sua bochecha.
Um beijo. Na Bochecha.
Clary se afastou e sorriu.
– Viu, Chase? Agora peça outra coisa, eu já te dei seu beijo.
Sabe de nada, inocente...
Chase riu. Riu de frustração e riu por achar graça da inocência de Clary.
– Do que você está rindo? - Ela perguntou, confusa.
– De você. - Disse. - Eu não queria um beijo na bochecha, Clary.
– Então onde... Ah! - Ela pareceu entender, então passou a fitar seus
próprios pés - com as bochechas coradas feito tomate maduro, mexendo
na fita de seu vestido azul. Lembrou-se do que os irmãos do silêncio
haviam lhe dito sobre beijar e não pensou que seria uma boa ideia
aquilo acontecer. - Eu não... - Clary enfim levantou a cabeça. -
Chase, não acho que...
– Pelo Anjo, Clarissa Mongestern está amarelando? - Chase explodiu em
gargalhadas, mas por dentro estava nervoso. Nervoso e triste por ela
não querer beijá-lo.
– Não estou amarelando, seu idiota! Apenas não acho conveniente seus termos.
– Está amarelando sim! - E soltou mais risos.
– Não estou!
– Está sim!
– Ahh, eu vou te mostrar quem está amarelando! - Ela exclamou,
empurrando o menino. - Quem chegar na árvore da Mansão IronStorm
primeiro ganha!
E saiu correndo.
Chase demorou um segundo para se recompor e começar a correr e, por
ser mais alto e ter pernas mais longas do que a garota, a alcançou
rapidamente. Nunca havia se esforçado tanto para ganhar uma corrida,
mas precisava ganhar aquela. Precisava.
Como esperado, mesmo Clary dando tudo de sí e o alcançando em certas
partes do caminho, Chase chegou à Enorme árvore primeiro. Clary, na
lanterna, bufou e se jogou no jardim, apoiando as costas na árvore.
Que Droga! - Praguejou mentalmente.
Chase se juntou à ela e esperou que suas respirações normalizassem. O
que para ele foi impossível, já que ele sabia o que iria acontecer.
– Agora, me pague o que deve, Mongestern. - Pediu o garoto, rindo.
Clary bufou mas fez o que ele pediu, tocando os lábios aos seus
minimamente e se afastando, sem nem fazer barulho e nem nada.
Chase se sentiu frustrado.
– Nem pensar, eu quero um beijo de verdade. Um beijo como os dos
livros que minha prima tanto lê. - E puxou a garota para junto de si,
a fazendo ofegar de um jeito fofo. - Quero um beijo assim... - E ia
beijá-la, quando a garota - temerosa - o interrompeu.
– Mas eu nunca...
– Eu também não, mas acho que, nesse momento, isso não importa. -
Declarou e selou seus lábios aos dela.
Foi meio estranho no início, principalmente quando ela entreabriu os
lábios e eles de fato começaram a se beijar. Clary demorou um pouco
para ceder a passagem, mas Chase foi paciente. Ele sentia algo dentro
de si queimar. Não uma queimadura insuportável, mas sim uma trilha de
fogo energizande abrindo caminho por dentro. Sentiu uma força dentro
de si que parecia o reconstituir. E estava amando a sensação. Já Clary
pensou ir ao céu e retornar durante aquele beijo.
Seu primeiro. Seu memorável e eterno primeiro beijo.

FlashBack Off.

:)
POVs Jace.
Assim que ela terminou de falar a melancolia que falava, peguei a
garrafa de tequila e bebi. Estava precisando de um porre.
Sim, um porre me deixaria de bom-humor.
Dei mais um gole. Nada. Parecia não ter efeito.
Dei outro. Nada de novo.
Eu sabia que o efeito demorava um pouquinho, mas eu precisava de algo
rápido. Algo que me fizesse esquecer da menina ruiva que me fez sentir
culpa por querer usá-la.
Dei mais um gole, dessa vez mais demorado.
Senti uma mãozinha puxar a garrafa da minha boca.
– Ei, o que você pensa que está fazendo? - Perguntou.
– Bebendo? - Respondi com outra pergunta, olhando para ela como se ela
fosse louca. - Você já não estava de saída?
Ela me olhou como quem pode te matar, mas não faz isso porque não quer
sujar as próprias mãos com um idiota.
Por fim, se levantou, revirando os olhos e bufando, e deu o primeiro
passo em direção à rua.
Minha vontade foi de me agredir, pelo simples fato de eu conseguir
estragar tudo. Mas fiquei tranquilo. Ela voltaria.
Elas sempre voltam.
Clary provou meu argumento mental virando-se para mim novamente, mas -
em vez da raiva habitual - seus olhos estavam carregados de frieza e
indiferença.
Esperei ela gritar comigo, esbravejar ou até mesmo me bater, mas ela
só estendeu a mão.
– Está me chamando para dançar? - Perguntei, com uma dose de sarcasmo
para completar. Ela parecia odiar o sarcasmo.
– Não. - Respondeu. - Vou guardar a dança para o dia do seu enterro,
quando eu dançar sobre seu túmulo.
– Uau, a Dama de ferro está respondendo uma provocação? - Debochei.
– Não, a Dama de ferro respondeu apenas mais um garoto idiota, que
fala e faz coisas idiotas para poder ferir os outros. Você quer me
ferir? Pode começar, eu não ligo. Acha que eu não sei o que é viver
com pessoas tentando te ferir a cada instante? - Ela perguntou, dando
de ombros. - Depois de um tempo, você até se acostuma. Agora... -
Pegou o telefone e olhou as horas. - Vamos logo com isso, eu prometi
para Camille um horário para ela me ferir e não quero ficar magoada
demais por suas palavras incríveis.
– E Izzy falando que você era monossilábica. Só se for no mundo dela,
não é possível, Dama de Ferro.
Ela deu de ombros pela quarta ou quinta vez na noite, isso já estava
começando a me irritar.
– Você pode até me chamar de Dama de ferro ou o que você acabar de
inventar com essa sua imaginação fútil de bêbado, mas saiba que - pelo
menos - eu supero meus demônios.
– Ah, supera? - Usei o sarcasmo implantado novamente. - Se você
tivesse superado, não estaria aqui.
Ela deu de ombros, mas continuou com a mão esticada.
– O que você quer, cacete?
– A garrafa.
A garrafa? - Perguntei, incrédulo.
– Sim, a garrafa é minha. Morcego me deu. - Respondeu.
Bufei e estiquei a mão para que ela pegasse garrafa. Assim que ela
pegou, com cuidado excessivo para que nenhum pedaço de pele encostasse
no meu, puxei a mão.
Clary jogou a garrafa no chão e ela se e quebrou em vários pedacinhos,
espalhando tequila pelo chão.
– Ei! Se era para quebrar, me deixava terminar de beber! - Exclamei, possesso.
– Não. - Ela respondeu, dando-me as costas e seguindo seu rumo. - Não
tenho paciência para pessoas como você, Jonathan.
– Pessoas como eu? - Gritei, já que ela já estava longe.
Ela não respondeu, apenas continuou andando.
Como assim, pessoas como eu?
Pessoas inteligentes, incríveis, com um puta senso de direção, um
cabelo fabuloso, olhos dourados lindos, um físico escultural e
habilidade em exatamente tudo o que eu faço?
"Não, seu idiota! - Começou a consciência. - Pessoas petulantes, que
usam o humor para se esconder e as palavras para ferir. Você é
exatamente esse tipo de pessoa desde..."
"Não ouse falar disso, consciência!"
"Eu falo do que eu quiser!"
"Não fala não! Não se esqueça que eu te deixo morar aqui na minha
cabeça de graça!"
"Ah, nesse lugar apertado? Eu tenho que dividir o espaço com seu Ego
enorme e seu Orgulho inflado. Acredite, aqui não é um bom lugar para
se morar!"
"- Não me chame de inflado, consciência!" - Exclamou o orgulho,
despertando. "- Você que tenta levar nosso Jace para o mau caminho!"
"- MAU CAMINHO? MAU CAMINHO! " - A Consciência gritou na minha cabeça.
"- Eu só estou pensando no melhor para nós, Orgulho. Jace só se mete
em encrenca. Só quer saber de usar as garotas e, quando eu sinto que
algo dentro dele está mudando, você estraga tudo com o sarcasmo! "
O orgulho ficou quieto e se retirou. Parecia que a consciência tinha razão.
" - Algo dentro de mim mudou?" - Perguntei, incrédulo.
" - Sim, Jace. Eu posso sentir. Do nada, seu coração começou a bater
mais forte, algo dentro de ti se acendeu." - Respondeu.
" - Então, o que você acha que eu tenho que fazer?"
" - Sinceramente?"
"- Sinceramente."
" - Vá atrás dela."
" - Mas..."
" - Só vá atrás dela, Jace. Não estrague tudo, não hoje."
Bufei, mas me levantei e fiz o que ela pediu. Minha consciência sabia
o que era melhor para mim.
Saí correndo em direção ao caminho que ela seguia. Não era muito
difícil, já que ela deixava uma espécie de aura dourada por onde
passava. Isso era estranho e, ao mesmo tempo, reconfortante.
Enquanto corria, peguei a estela no bolso no casaco e desenhei um
símbolo de velocidade no meu braço. Logo a alcancei, Clary andava em
direção à estação do metrô.
– Clary! Clary espera! - Segurei seu pulso, coberto pelo casaco azul.
Ela estremeceu um pouco, não entendi o por quê.
Será que Clary estava em um conflito interno, como eu estava há pouco tempo?
Eu adoraria saber que causei alguma reação nela (Mesmo já sabendo que
causei), mas, ao contrário dela, eu não conseguia ler mentes.
– O que você quer? - Perguntou ríspida.
– Me... Me desculpe. - Pedi, sentindo as palavras com gosto de vinagre
na minha boca. - Eu não queria te magoar, mas eu fui...
– Um idiota. - Murmurou, puxando o braço para que eu o soltasse. Mas
eu não soltei, apenas a puxei para ainda mais perto.
– Eu não deveria tê-la chamado de Dama de ferro. É que... Você fez eu
me sentir um lixo e eu só estava tentando me defender. Só me defender.
– Eu sei disso. - Ela respondeu, puxando o braço novamente. E,
conforme ela fazia esse gesto, eu a puxava para mais perto ainda.
– Eu sei que fui um idiota, eu sempre sou. Mas... Pela primeira vez na
vida, eu me sinto mal por ter sido um babaca.
– Não tenha... pena - Cuspiu a palavra - de mim, Herondale! Você é um
babaca com todo mundo, não se sinta incomodado por ter sido um babaca comigo. Você nunca se sente incomodado com isso, se sente?
– Não. Mas é diferente, você é...
– Eu sou só mais uma pessoa, Jonathan.
– É Jace.
– Jonathan. - Afirmou, com foco. - Prefiro quem fala o que pensa, como
Camille, do que quem sente pena só porque a pessoa passou por
situações desagradáveis.
Ela tentou puxar ainda mais o braço, mas eu não permiti.
– Me solta. - Rosnou.
– Não. - Respondi, não conseguindo segurar o riso diante daquela cena
patética dela tentando se soltar. Parecendo uma gatinha raivosa.
– Jonathan Christopher Herondale, me solte ou eu juro que você não sai
daqui vivo. – Declarou.

Se eu pensava já ter me irritado antes, estava muito enganado. Eu nunca havia ficado tão irritado antes.

POV Clary.

Eu sentia raiva. Não raiva pelos insultos de Jace, mas sim por ele estar sentindo pena de mim.

Era como Camille havia dito, ele só sentia pena de mim. Pena.

– Jonathan Christopher Herondale, me solte ou eu juro que você não sai daqui vivo. – Ralhei.

Jace bufou ao meu lado e, sem me dar tempo de prever sua reação, me prensou contra a parede. Ele estava perto, perto demais.

Eu podia sentir o calor excessivo de sua pele e o leve odor de menta do seu hálito. Do jeito que ele se curvou para encarar meus olhos, sua respiração chocava sobre meu rosto – O que me deixava desconcentrada.

Engoli em seco, não conseguindo tirar os olhos dos seus. Hipnotizada. O calor me inundava e os arrepios de ter suas mãos segurando meus punhos contra a parede me deixavam incrivelmente zonza.

– E então, anjinha? Cadê as consequências? – Desafiou, com um sorriso triunfante.

Eu poderia me livrar de qualquer pessoa, com um pouquinho de concentração – Os irmãos do silencio haviam me ensinaram isso. Mas Jace me fazia perder a linha de raciocínio. Ele me pressionou um pouco mais e eu ofeguei, perdendo completamente meu ar.

– Eu aposto que você quer me beijar. – Provocou, aproximando perigosamente os lábios dos meus. – Eu poderia muito bem simplesmente te agarrar. Aqui e agora... – Sussurrou, desviando o olhar do meu para fitar meus lábios. – Só assim você deixaria de fazer birra, depois que eu te fizesse ficar quieta. Você adoraria, não é? Seria hipocrisia minha dizer que não adoraria te beijar. Ainda mais sendo tão marrenta. Geralmente as meninas são fáceis, mas você gosta de me provocar. E, quer saber? É muito melhor assim. É mais... excitante.

E então, seus lábios roçaram os meus. Milimetricamente. Meu instinto foi entreabrir os lábios. E, quando eu pensei que ele finalmente ia me beijar (Dividida em expectativa e medo), ele soltou uma risadinha e se afastou um pouco.

– Eu só não te beijei porque estou guardando minhas habilidades fenomenais para o dia em que você me implorar pelo beijo, Mongestern. Porque, pode apostar, você ainda vai implorar pelos meus lábios. Pode ter certeza disso!

Dito isso, ele me deu as costas e saiu caminhando devagar – Bem devagar mesmo, como se estivesse me esperando.

Mas eu estava desconcentrada demais, arfante e chocada por tamanha fraqueza de minha parte.

Jace se virou novamente para mim.

– Vamos, eu tenho que te levar a salvo para o instituto ou seu irmão vai me matar.

Respirei fundo e me juntei a Jace, meio hesitante. Caminhamos até a principal e ficamos cinco minutos plantados feito palmeiras no meio da calçada a procura de um taxi. Quando chegamos ao instituto, Alec nos esperava – à porta de fora, com uma cara de desesperado. Camille Verlac e Isabelle também estavam ali.

Jace entregou um punhado de notas ao taxista e saiu do taxi, me ajudando a descer logo depois. Ele não estava bêbado, parecia mesmo não ser fraco para bebidas. Eu era fraca para bebidas. Só havia bebido mais que ele porque estava com um símbolo de lucidez e sobriedade na clavícula. Eu estava trapaceando, era mais divertido assim.

Alec me fuzilou com o olhar e eu sabia que estava encrencada. Podia sentir a energia raivosa que o rodeava.

– Posso saber, Clarissa – Alec começou, com a voz contida. – O motivo de você ter saído sem me avisar?

– Ér... – Pensei no assunto. – Seria uma resposta inteligente eu dizer que não?

– Vai pro seu quarto. Agora. – Alec vociferou, apertando a ponte do nariz.

Eu assenti e me virei para olhar uma ultima fez para Jace antes de adentrar o instituto, mas ele não estava ali.

Ele estava com Camille. Beijando ela.

Não era uma cena fácil de se ver, já que ELE estava claramente beijando ela.

Eu senti algo se apertar no meu peito, algo doloroso. Muito doloroso. Algo nunca sentido antes, não por mim. E, naquele exato momento, já não existia mais raiva. Eu não sentia mais raiva de Jace, nem ódio, nem desgosto. Nada. Só um vazio dentro de mim, algo oco.

Eu não tinha lágrimas para chorar, não tinha voz para gritar, não tinha mãos para esmurrar tudo o que aparecesse no meu caminho. E nem vontade de brigar, com ninguém. Apenas acolhi minha dor e me virei para Alec, assentindo mais uma vez, antes de entrar no instituto – Em silêncio.

Subi pelo elevador, ainda sem voz para gritar, e segui para o meu quarto – Ouvindo vozes desconhecidas, mas ignorei. Estava cansada demais, cansada demais para tudo.

Quando cheguei no meu quarto, tirei meu casaco e o tênis e me sentei na Cama. Não tinha vontade de deitar, não tinha vontade de nada.

Era clichê e dramático.

As lágrimas continuavam retidas, eu não tinha coragem de chorar. Depois de alguns minutos – poucos – Alec apareceu no quarto, com uma expressão de raiva. Ele encostou a porta e caminhou até minha frente, tropeçando no meu tênis, mas logo se recompondo.

– Clarissa Adele Mongestern, o que você tem na cabeça, hein? – Perguntou. – Sabe o quanto eu fiquei preocupado? O quanto Maryse e Robert ficaram preocupados quando e chagaram e você não estava aqui? E Isabelle! Por Raziel, Clary, você foi muito irresponsável esta noite e eu nunca pensei que você aprontasse desse jeito.

Assenti, fitando-o.

– Você está de castigo, mocinha. Seu primeiro dia aqui e você já apronta. – Declarou e eu assenti novamente, sem nada para dizer. Seu tom de raiva passou a preocupado. – Peraí, você não vai me contradizer?

Neguei com a cabeça.

– E me questionar pelo castigo? – Neguei novamente. – Explodir comigo? Tentar me convencer de que não estava errada?

– Não. – Foi o que consegui dizer, com a voz fraca. – Eu mereço.

Alec se sentou ao meu lado e suspirou.

– O que aconteceu? Você não é assim.

– Não aconteceu nada, eu estou bem. – Menti, sentindo as lágrimas finalmente se acumularem.

Malditas! Têm que aparecer logo agora?

– Clary, você está tudo, só não está bem. – Afirmou, tirando uma madeixa de cabelo do meu rosto. – Jace tentou alguma coisa?

– Não, não foi isso. É que... – Minha voz morreu. – Eu estou bem, é serio.

– Clary, você nunca mente. Por que está mentindo agora? – Perguntou, com a voz suave. – Você quer que eu chame Izzy?

– Não. – Respondi e, já não conseguindo segurar as lágrimas, me permiti desabar. – É que... Dói, Alec! Dói muito, muito, muito.

Ele entendeu. Ele entendeu o motivo de eu estar assim.

– Ah. – Foi tudo o que ele disse antes de me puxar contra si e me abraçar com força. Eu me permiti chorar como nunca chorei, nem mesmo enquanto morava na cidade do silêncio. Solucei e chorei como uma criancinha. O máximo de uma adolescente normal da minha idade que eu conseguia alcançar.

– Shhhh! – Alec murmurou, depositando um beijo no topo da minha cabeça. – Não fique assim, pequena. Isso... acontece. Não fique assim não!

– É que... Eu nunca vou poder ser assim, Alec. Eu nunca vou poder nutrir isso, essa coisa que vocês sentem. Não viu o que aconteceu com Chase? As pessoas só me machucam. Eu quero fugir. Fugir para bem longe de todos.

– Shhhh! – Alec parecia sentir dor. – Vai ficar tudo bem, minha irmã. Eu estou aqui, vai ficar tudo bem.

Fiquei muito tempo chorando. Não sei por que razão, mas as lágrimas não cessavam. Quando enfim me acalmei, me afastei do abraço de Alec e enxuguei as lágrimas.

– Eu quero ir para casa, Alec.

– Você está em casa, Clary.

– Não, Alec. Eu quero voltar para Idris. Voltar para Valentim ou até mesmo para a cidade dos ossos. Eu não sei se agüento ficar aqui.

Alec suspirou e me olhou com pesar.

– Ok, pequena. Vamos esperar até amanhã de manhã, ok? – Assenti. – Agora, tente dormir. Você precisa ter uma boa noite de sono, vai te fazer bem.

Ele deu um beijo na minha testa.

– Você vai ficar bem? – Perguntou.

– Vou. – Respondi, mas não tinha certeza. Antes dele sair, o chamei novamente. – Alec?

– oi?

– Eu te amo.

Ele sorriu, mas seu sorriso era cansado.

– Eu também te amo, pequena.

POV Jace.

Eu estava na sala de armas, com Izzy, Sebastian e Camille, quando Alec entrou. As mangas da sua camisa social estavam dobradas até o cotovelo e sua expressão era de fadiga. Ele foi caminhando em direção à Izzy,

– Alec, eu estava falando para Isabelle sobre aquela vez que... – Comecei.

O olhar que ele me mandou, frio, feroz e raivoso, fez até com que eu me calasse.

– Isabelle, por favor vá lá falar com ela.

– Claro, mas o que aconteceu, pegou pesado com ela no esporro, Alec?

– Não, Izzy. – Ele suspirou. – Ela quer voltar para casa. Está de tal jeito que quer até voltar para a cidade dos ossos.

– Eu já estou indo. – Izzy se levantou e saiu correndo.

– Camille, vamos deixar eles dois conversarem. – Disse Sebastian, puxando Camille junto de si para fora da sala.

Alec se jogou na poltrona mais distante de mim. Ele estava estranho, então permaneci em silêncio. Alec falaria quando estivesse pronto, era assim o jeito dele.

Depois de alguns minutos em silêncio total, ele começou a falar.

– Sabe, Jace, eu nunca tinha visto minha irmã chorar. Você tem noção disso? Eu nunca, em toda a minha vida, havia visto minha irmã chorar. Isabelle também não e Valentim só viu isso uma vez, durante doze segundos. – Sua voz era cansada.

Do nada, Alec começou a bater palmas.

– Por que você está batendo palmas, seu maluco? – Provoquei, mas ele não respondeu do mesmo jeito.

– Estou batendo palmas para você, Jace. – Respondeu, me deixando confuso.

– Enfim reconheceu minha beleza?

– Não Jace. Estou batendo palmas para você pela sua habilidade de conseguir fazer minha irmã chorar em menos de 24 horas conhecendo ela.

– Mas eu não fiz nada! Sim, nós discutimos. Mas eu nem toquei nela direito! – Me exasperei.

– Eu sei, não foi por isso que... Quer saber? Esquece! Acho que vai ser melhor para ela voltar para Idris. Você não vale aquelas lágrimas Jace, você não merece nenhuma delas.

TO BE CONTINUED


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Notas finais do capítulo

E ae? Mereço Reviews??

Beijitos
Psicoticamente, A.