O Beijo do Anjo. escrita por Anjinha Herondale Uchiha


Capítulo 28
Vigésimo terceiro capítulo


Notas iniciais do capítulo

Me perdoem!



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POV Autora

A notícia bombardeou Clary, deixando-na atônita. Saiu da sala às pressas, correndo para nenhum lugar específico. Trombou em pessoas, não se desculpando, enquanto milhares de cenas passavam por sua cabeça. Não sabia o que fazer. Não sabia como reagir. Mas estava enlouquecendo. 

Nunca teve paz. Nunca teve calma. Nunca realmente vivera. 

Queria que seu pai nunca tivesse conhecido sua mãe. Que ela nunca tivesse nascido. Que fosse poupada de tudo aquilo. Nunca quisera ser assim. Nunca quisera possuir dons. Queria brincar na praça do anjo com companheiros da sua idade, treinar, gostar de alguém que gostasse dela também. 

Correu o máximo que pôde pra chegar em casa. A casa estava cheia dos seus amigos e visitantes.

— Clary! Estávamos te esperando! - Izzy disse. Mas Clary não se importou. Continuou seu caminho, passando pelos corredores, indo até o sótão. Aquele era seu refúgio. Tinha um sofá antiquado e largo em um dos cantos e um amplo espaço para treino, além de armas em duas das várias paredes. Foi para a parede que tinha janela, abrindo a mesma. Suspirou. 

— Coragem, Clarissa!

Uma ou duas lágrimas estavam presas em seus olhos, mas ela não iria chorar. Ela se recusava. Ela não era forte o suficiente para chorar sem ter que enfrentar consequências depois disso. 

Pegou uma adaga. Essa tinha uma rosa incrustada no cabo, suave. Era bela. Bela e mortal. Como ela. Sentou-se no apoio da janela, virada para a sala, sendo abraçada pelo céu cinzento. Respirou fundo. 

— Você precisa disso. 

Esticou os braços segurando o cabo da adaga, a lâmina mortal virada para si, mirando o próprio peito, onde batia o coração. 

— Você é forte. 

Fechou os olhos, os braços se preparando para o golpe final, a última vez que ela teria que sentir dor. 

— Você. É. Forte. - Murmurou uma última vez e, por fim, puxou os braços. 

                                                ~||~

Jace estava bebendo um copo d'água quando sentiu a presença extracorpórea. Já estava se acostumando com aquilo. Virou-se de rompante. Seu tempo como espírito havia dado a ele a habilidade de ver outros espíritos. Espíritos sem paz, como ele fora. Mas aquele não era um espírito. Era um anjo. A mãe de Clary. 

— O que você quer agora? - Ele foi rude. Mas ela sempre trazia problemas quando aparecia. 

Jocelyn chorava lágrimas de luz. - Ela precisa de ajuda. Ela precisa de ajuda. Meu bebê, meu pobre bebê. Não posso me comunicar com ela sem as asas, sem a aproximação do angelical. Mas você pode. Corre! Corre!

— Clary? O que houve? O que tá acontecendo? Onde é que ela está?

Jocelyn apontou pra cima.

— No sótão. Corre, Jonathan. Salve a vida dela. Você deve isso pra ela. 

Ele saiu em disparada pro sótão, passando por todo mundo sem dar justificativas, percorrendo os corredores. Não sentia o ar nos pulmões. A porta estava entreaberta. Adentrou, parando em seguida. 

Clary estava ali, sentada na janela, segurando uma adaga que mirava o próprio coração. Os olhos estavam fechados.

— Você é forte... - Ouviu a voz dela num sussurro, pronta pra tirar a própria vida. Não poderia deixar aquilo acontecer. Viu seus braços tensionarem e então começarem a se mover, lentamente na sua visão. Mas já estava na metade do caminho. Alcançou ela antes que a lâmina tocasse o peito, meio centímetro antes que isso acontecesse. Parou seus braços. Ela abriu os olhos de rompante ao sentir a mão dele no antebraço dela. - ...Jace... 

— No que você tá pensando? - Ele tirou a adaga da mão dela e, num arremesso, cravou a mesma na parede do outro lado da sala. Puxou ela pra longe da janela. - No que você tá pensando, sua idiota?

— Eu... Eu... Me desculpe... 

— Não peça desculpas pra mim. Peça pra si mesma. O que houve? O que está acontecendo contigo?

— Eu... Eu não aguento mais isso! Eu não aguento mais essa vida!

— Reaja. 

— Você fala como se fosse fácil. Como se tudo pra mim fosse fácil. 

— Eu sei que é difícil. - Disse ele, consciente de que estava sendo rude e insensato. Aproximou-se dela. Ela atraia ele pra perto, isso sempre acontecia. - Mas essa não é a melhor solução, Clary. Nunca é. 

— Eu só não sei mais o que fazer... - E então, lágrimas começaram a escorrer por seu rosto. - Eu não sei mais o que fazer, Jace. Eu estou enlouquecendo. Eu estou insana. 

Ele abraçou ela, um corpo acolhendo o outro, enquanto ela soluçava. Ele apertou ela contra si enquanto ela repetia sem parar "Não sei mais o que fazer, não sei mais o que fazer". Não suportava vê-la sofrendo. 

— Me diz o que eu posso fazer por você que eu faço. Qualquer coisa. Qualquer coisa. 

Ela se afastou dele, enxugando as lágrimas. 

— Me beije. - Pediu. 

Ele engoliu em seco. - Por quê? - Sua voz era um sussurro. 

— Eu não aguento mais toda essa loucura. Eu quero alimentar o vício, me deixar alimentar o vício, nem que seja por um momento. Eu quero tocar em você e absorver você, pra ficar sã. 

Ele se aproximou mais dela, segurando seu rosto corado. - Vício? É isso que eu represento pra você?

— Sim.

Ele ficou furioso. Ele não era um vício. Ela não poderia sentir o que sentia por ele, fazer o que fazia por ele, e achar que aquilo era um mero vício. Ele provaria aquilo pra ela. Segurou seu rosto com as duas mãos e afundou a boca na dela. As mãos dela grudaram em sua camisa, procurando um lugar pra apoiar, enquanto ele beijava ela, faminto. Um choque percorreu seu corpo, forte, mas ele insistiu no beijo. Beijou ainda mais forte, mais firme, rude, inconstante, fazendo ela soltar um gemido de surpresa e isso acarretou em um choque mais potente. 

— Ai. - Ele se afastou. 

— Desculpa, desculpa... - Ela murmurou, atônita, puxando ele pra ela. - Eu vou conter... Eu juro... - Grudou a boca na dele, que retomou o beijo. Ela estava visivelmente mais tensa, o corpo evitando soltar os espasmos de fogo celestial. Quando ele a beijava mais forte, ela deixava escapar um pouco, mas ele conseguia aguentar. Ele puxou o corpo dela pro dele e então se desequilibraram, ela caindo por cima, mas sem interromper o beijo. Não havia espaços pra risadas. 

Ele desgrudou os lábios dos dela pra percorrer o pescoço, sentando-se no chão e puxando suas pernas para que ela ficasse encaixada, mais confortável, e pra mostrar pra ela o quanto ele a queria. Ela gemeu, a pele muito mais quente. Outro choque percorreu o corpo dele, mas não sentiu dor. Só desejo. 

Segurou o corpo dela e levantou com a mesma a tira colo, sentando-se no sofá largo com ela por cima. Ela estava extasiada, ele podia perceber. Os choques que queimavam ele davam prazer a ela. Começou a desabotoar a blusa dela, vendo a pele cheia de marcas dela, marcas de combate. Foram se despindo e, conforme ele tirava a camisa, percebia que todas as feridas estavam curadas. Ela estava fazendo isso nele. 

Ela o abraçou, quando a dor foi muito intensa, e ele abrandou a mesma com beijos e toques e demonstrações. E rolaram pelo corpo um do outro, sentindo, a pele dela incandescente, queimando ele de um jeito que ele nunca pensou ser prazeroso. Mas era. Ele conseguia sentir toda a energia vindo dela, contagiando ele, ardendo a pele dele. E ela se esforçava pra não liberar tudo de uma vez e sobrecarregá-lo. Mas depois de uma hora ou duas, ela não tinha controle sobre si mesma e, com a voz suplicante, rezou para que não fosse demais pra ele. Que ela não fosse demais pra ele. E, num último beijo, suspirou e deixou que tudo explodisse para além dela, para ele também. 

                                         ~||~

Ela estava deitada no peito dele, exausta, a respiração calma e ritmada. Ele estava se sentido renovado, recarregado, com a pele sensível mediante tantos choques. Ela começou a cochilar e ele aproveitou a oportunidade pra examinar ela. As costas estavam com enormes curativos. Tocou a beirada e o corpo dela assumiu uma posição defensiva. De repente, os curativos foram arrancados e, no lugar onde asas deveriam aparecer, pedaços cartilaginosos delas vieram, cobertos por sangue. 

Ele tomou um susto, se afastando dela, que soltou um grito de dor e acordou. 

— Suas asas... O que aconteceu com suas asas?

Ela revirou os olhos, sentando-se no sofá de costas pra ele e respirando fundo. Os pedaços de asa voltaram pra de onde saíram e ela suspirou de dor. 

— Clary? 

Ela começou a catar e vestir suas peças de roupa, o corpo ainda extasiado, dormente, mas agora com resquícios da dor. 

— Me responda! - Ele gritou, quando ela já estava completamente vestida. 

— Não. Não é da sua conta. - Ela respondeu. - Vou descer. 

— E me deixar aqui? Assim? Não significou nada pra você? Foi pra me usar?

— Pra te usar? - Ela questionou. 

— Sim. - A voz dele tremeu. - Num momento você está aqui, quente e em cima de mim. Noutro, tá aí, vestida enquanto eu estou desnudo, fria enquanto eu estou tentando mostrar que me importo. 

Ela fechou os olhos e respirou fundo. Quando os abriu, estavam dourados. 

— Foi. Eu te usei. Lide com isso. Eu estou descendo. - E deu as costas pra ele, andando em direção à porta. 

— Você só queria sexo! - Ele gritou, ofendido. Mas ela ignorou. Assim era melhor. 

                                        ~||~

Estavam todos reunidos na sala de jantar, preparados pra comer, quando a campainha tocou. Valentim levantou-se e foi atender. Jace chutou Clary por debaixo da mesa.

— Ai! - Izzy gritou, olhando pra ele. 

— Foi mal, espasmos musculares. - Ele disse, sorrindo forçado. Tentou novamente, dessa vez pegando na perna da ruiva.

— Ai! - Ela berrou.

Ele sorriu jocoso pra ela. - Foi mal, espasmos musculares.

Alec deu um tapa na cabeça dele. 

— Que porra foi essa? - Jace rosnou.

— Foi mal. - Alec riu. - Espasmos musculares. 

Valentim então voltou na companhia de um rapaz. Deveria ter seus 22/24 anos. Era alto, com cabelos tão pretos quanto a penumbra e um sorriso arisco. Tinha uma aura maligna, algo hostil. Jace se pôs tenso enquanto Clary engoliu em seco.

Ah, não, não tão rápido assim... 

— Quero apresentar a vocês... - Valentim começou, a voz grave. - Arthur Fairlight, o futuro esposo de Clarissa.

 


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Notas finais do capítulo

beijinhos
Psicoticamente, A.
Ps: O A. é de Fallen, não de PLL!!! AHUAHUAHUA :3



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