O Beijo do Anjo. escrita por Anjinha Herondale Uchiha


Capítulo 26
Vigésimo primeiro capítulo.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/493716/chapter/26

Flashback on:

– Beije-me.

Valentim estava assustado, mesmo quando sabia que não deveria temer. Era aquela a consequência. Era aquela a prova de que seria condenado ao inferno, de que iria queimar junto de todos os seus ideais.

Ela era estupenda, principalmente enquanto suplicava. Ele sabia, tão bem quanto o peito que apertava cada vez que os olhos dela queimavam nos dele, que faria cada coisa que ela pedisse. Estava em tal estágio que cravaria uma espada em seu próprio peito se assim ela ordenasse.

– Quero que me liberte.

Sofrera tanto a perda de Alexandra que por muito duvidou que seria feliz novamente. Mas ele sentia a liberdade voltando, aquela sensação de êxtase, de plenitude. Eles se beijaram. Foi mútuo. E todo aquele medo que Valentim sentia, aquele temor por vê-la deixá-lo, por vê-la ir embora. Ele quebrou as correntes e então ela estava livre. Mas não fugiu. Ela ficou, ficou e o abraçou, o amou.

– Deixe-me ser seu ar.

E ele deixou. Se ele precisava de oxigênio, ela iria ser o ar que permeava seus pulmões. Ela seria tudo para ele. E eles se amaram por cada instante que passaram juntos.

Ela prometera nunca deixá-lo, jurando solenemente enquanto beijava os nós de seus dedos e acariciava seu dorso nu iluminado pela luz da lua. E, em sua vez, ele jurou que iriam superar tudo - a condenação, a vingança, o pecado.

– Isso não é pecado. - Ela dissera, convicta. - Isso é amor.

– Um amor impuro. - Ele respondera, suspirando. Era difícil para ele sentir todo aquele calor angelical que ela emanava, aquele mesmo que queimava sua pele no fogo celestial, mas era um sacrifício que ele estava disposto a arcar durante toda a sua vida. Ele queria estar com ela, para sempre. - E estamos condenados ao inferno por isso. Por Deus.

Ela levantou a cabeça suavemente e fitou ele, séria. Quando calma, seus cabelos não pegavam fogo e os olhos eram de um puro verde que emanava esperança. Que emanava vontade.

– O Criador não condena o amor. Não o amor puro. Vocês, mundanos, se condenam, mas não o Pai. Ele acredita na união, na plenitude, na confiança. Você confia em mim, Valentim?

Ele adorava quando ela usava seu nome. Principalmente quando combinado com aquele olhar de quem queria mudar o mundo e podia. Ele confiava nela?

– Mais que tudo.

– Então, sem inibições, não tem pecado.

Ele sorriu. Ela também.

– Diga-me novamente.

– O que?

– Diga-me novamente que não vai me deixar. É a única coisa que te peço. - Ele rogou.

– Enquanto a vitalidade presenciar meu corpo, estarei com você. Eu te amo, Valentim. Nós vamos continuar juntos enquanto seu coração continuar batendo e, quando parar de bater, vou carregar a sua alma até o meu céu e te mostrar todas as belezas do paraíso, porque eu pertenço a você, assim como você pertence a mim.

– Jura?

– Jura é uma ofensa ao Pai. Mas anjos não mentem.

– Não mentem?

– Não. Somos criaturas puras demais para isso. - Murmurou, beijando os lábios finos dele.

– Bom. - Ele murmurou em resposta e, mais uma vez, apaixonaram-se um pelo outro naquela paixão renovada de cada dia...

Valentim então despertou, sozinho em sua cama, sem ar. Estava suando frio e nervoso.

– Anjos não mentem, não é?... - Sussurrou para consigo mesmo. - Tsc. Tsc. Tsc.

Flashback off.

POV AUTORA.

Clary estava parada e perdida no meio do altar. Não conseguia acreditar naquela grande quantidade de pessoas lutando. Lutando por ela. Com ela.

Os aliados de Chase não estavam totalmente despreparados, por mais que estivessem surpresos. Após um ou dois ataques repentinos, eles começaram a reagir com suas facas e lâminas afiadas. Clary conseguia ver seus amigos lutando separados pelo campo de batalha. Isabelle usava seu chicote contra um grupo de cinco. Estavam em desvantagem, Clary pensou. Haviam ali mais inimigos do que amigos e estavam em clara desvantagem. Mas seus aliados não desistiam. Eles lutavam ainda mais bravamente.

Isso fazia parte de ser caçadores de sombras. Lutar em desvantagem, mas dar o melhor de si mesmo assim.

Ela sentia algo farfalhar suavemente em seu peito e uma dor lancinante nas costas. Algo como poder escorregava suavemente por todo o seu corpo, a vitalidade se misturando com o fogo celestial enquanto a pele ardia. Ela podia sentir tão dentro dela a necessidade da luta, a necessidade do bem.

Jace correra o mais rápido possível para perto dela e estava bem próximo ao altar quando Chase percebeu sua presença. O mesmo cercava ela, todo aquele poder demoníaco que invocara formando uma barreira ao redor dela. A mesma barreira deveria deixá-la fraca, ela sabia, mas estava emanando brilho. Estava... Abençoada. Verdadeiramente abençoada.

– Deixe ela livre ou eu juro. por. Deus. que corto você ao meio. - Jace rosnou. Nunca fora uma pessoa crente, Clary pensou. Mas estava jurando por Deus.

Ele tinha uma aparência, aos olhos dela, meio translúcida. Como se não estivesse devidamente no plano terreno - o que ela imaginou ser verdade, considerando que ele tinha morrido no encontro anterior.

– Você! Você estava morto! Eu mesmo te matei! - Chase murmurou e em seguida soltou um berro. - CASTIEL!

– Alec está dando um jeito nesse covarde. - Jace sorriu aquele sorriso zombeteiro que guardava para os confrontos perigosos. - Agora, eu saio do ar por um tempinho e você já quer levar minha garota para o altar. Tsc. Tsc. Tsc. Pensei que isso só acontecia no Texas.

– Ela nunca foi a sua garota! - Chase praguejou.

– Oh, então por que ela está caminhando na minha direção?

Chase virou o rosto enquanto falava: - O que? Ela não pode sair do circu...

Mas Jace já havia atacado - Os dons divinos deixaram-no rápido, mais rápido do que antigamente - e então, sem fazer nem mesmo um ruído, já estava jogando Chase contra o chão e invocando uma lâmina serafim. Chase não teve tempo de se defender da pancada, muito menos da sequência que viera após ela, enquanto ele se debatia e tentava acertar seu oponente. Girou o corpo, puxando uma adaga do bolso interno do paletó e apoiando-a na palma da mão para fazer deslizar contra o corpo de Jace em um movimento inesperado, mas o loiro - com a sua rapidez recentemente adquirida, já estava do outro lado de Chase, socando a parte exposta do seu rosto. E fora um soco forte. Chase recuou alguns metros, a mão segurando o maxilar e os olhos queimando de ódio. Ele rosnou, atirando-se contra Jace em seguida. Estava cego pelo ódio. Jace reagiu rapidamente, saltando pelo corpo de Chase e cortando grande parte da superfície de suas costas com a lâmina serafim. Celinel - a lâmina que invocara, a lâmina de sua mãe. Por Chase ter associações demoníacas, a lâmina mais queimou seu sangue que cortou sua pele. Chase rodou, mesmo ferido, e segurou a ponta da bainha da calça de Jace, fazendo-o, em vez de pousar suavemente ao pé do altar, cair no meio do caminho, as mãos em reflexo protegendo o rosto durante a queda.

Eles rolaram pelo chão, distribuindo socos e derrubando as cadeiras que estavam antes postas por sob aquela barraca comprida.

– Você não merece ela! Nunca mereceu! - Jace rosnou enquanto socava-lhe o rosto. Chase girou o corpo e então era sua vez de praguejar enquanto socava-o.

– Quer falar de quem? Você estava com outra. Eu sempre lhe fui fiel.

Jace empurrou ele pro lado, que caiu sem defesas, enquanto pulava por sobre seu corpo. Ele acertou um par de socos antes de soltar o seu praguejo.

– Pelo menos eu não estou organizando um casamento satânico seguido de estupro coletivo para a garota que eu gosto.

Clary, um pouco perto dali, ficou assustada.

– Estupro coletivo? - Ela murmurou.

– Clary, não é o que você está pensando! - Chase levantou a cabeça para ela, os olhos suplicantes. Ela caminhou com raiva até o círculo que à cercava, tentando ultrapassar os limites para matar ela mesmo aquele que já havia amado um dia. Mas bateu contra uma superfície dura e recuou.

– Eu mato você, Ironstorm! - Ela gritou, a voz soando alta enquanto ela sentia aquela sensação de ardência tornar-se o próprio fogo e, bem ali, no meio da guerra, ela incendiou.

Os cabelos, que já eram ruivos, agora constituíam-se de chamas, os olhos não eram mais daquele verde inocente, mas assumiram um tom dourado, o mesmo tom de sua mãe. A pele dela estava incandescente e, em um rompante, as asas expeliram, maiores que nunca e brilhando como o próprio sol. Aquela era a ira de um anjo.

Jace e Chase pararam de brigar para observá-la. Ela estava assustadora e feroz, nenhuma das características da menininha que beijara pela primeira vez nem da adolescente ferida que curava com beijos.

Ela fitou o ex amor nos olhos e ele viu refletido ali seu maior medo. O descontrole dela.

Ela se agachou feito o próprio pouso de Raziel e, depois de alguns segundos, saltou alto. Ela deveria ter sido impedida pela barreira, Chase sabia, mas não foi. Ela diminuiu cada vez mais na escuridão noturna, apenas o fulgor de seus cabelos e pele e asas mostrando sua figura, para então parar no ar.

Ela rodopiou algumas vezes, olhando para as asas que sustentavam-na, as mesmas que saíram pelo decote que o vestido ostentava nas costas, a pele parecia ouro derretido, assim como seu sangue. Ela sabia tão bem que aquele poder vinha dos céus, vinha dos padroeiros que ela invocou durante seu juramento. Ela estava mesmo abençoada e, pela primeira vez na vida, não precisava de ninguém nem de nada. Ela era tudo o que tinha e tudo o que sabia. Ela era um anjo. Um anjo guerreiro.

Em um suspiro, ela deslocou-se pelo ar e desceu com força e velocidade, as asas enrolando ela durante a descida. Ela flutuava pelo ar cortante, a sensação de liberdade corroendo suas veias, para então arquear as asas e as alinhar, voando rasteiro e derrubando todos os inimigos que estavam na sua frente. Ela aterrissou junto de Alec, que brigava no meio de vários inimigos junto de Magnus. Arqueou as asas e rodopiou muito rápido, derrubando mais uma orla de inimigos, socando a face daqueles que conseguiram escapar do golpe anterior. Não esperou nada, apenas saltou no ar novamente, parando alguns segundos no ar e respirando fundo antes de deixar-se cair novamente. Ela movimentava-se tão rapidamente pelo campo de batalha, hora usando as asas como arma, horas pegando objetos do chão e transformando-nos em próprias lâminas. Clariel, as lâminas daquele próprio anjo. E elas queimavam num ardor nunca antes visto. Nem pela espada de Raziel.

Ela era rápida e forte, a velocidade que surpreendia os inimigos enquanto a fortitude os desarmava. Numa dessas intromissões, ela parou ao lado de Isabelle - que estava em clara desvantagem - e puxou o corpo da melhor amiga para junto de si. Ouviu a morena arquejar enquanto a ruiva enrolava suas asas em volta de ambas como num casulo. As asas, então, arderam e queimaram em pleno fogo celestial, contraindo-se antes de liberar uma chama tão intensa quanto fogos de artifício. Clary desenrolou-as logo em seguida, vendo todos olharem para sua figura enquanto os inimigos que antes as cercavam terminavam de virar cinzas no chão. Ela sorriu o sorriso mais macabro já visto e, desta vez, quando saltou e retornou ao chão, ela provocou um intenso tremor.

– Jace! - Isabelle gritou. - Pare ela! Ela está fora de controle!

Ele tinha voltado a se atracar com Chase, que agora estava irado, então não podia fazer isso. Ele tinha que parar o moreno antes dele poder invocar as grandes tropas com seu sangue. Ele tinha.

– CASTIEL! Pegue ela! - Chase gritou novamente e, dessa vez, Jace sabia que seria eficaz.

Enquanto Clary lutava, Castiel - que estava escondido atrás de umas mesas caídas - sorrateiramente espreitou por ali. Ela estava linda, mesmo brigando. Havia algo nos movimentos dela, algo suave que deslizava para fora dela. Algo etéreo.

Ele ainda tinha sua paixão por ela, desde o dia em que ela o rejeitara pela primeira vez, na praça. Ele queria ela, mas não podia tê-la, então à odiara por cada segundo em que não podia pensar nela de outro jeito se não como rival. Ela estava forte, mas distraída. Sempre fora esse seu ponto fraco. A distração.

Quando ela foi içar o corpo novamente, Castiel pulou contra ela e agarrou a ponta de uma asa. Ela girou o corpo, surpresa, e sacudiu a asa enquanto voava. Ele, em resposta, agarrou com força a asa dela, puxando-a para baixo. E então eles foram bambeando por um curto caminho, sobrevoando as pedras gigantes que os cercavam, até que ele puxou a asa dela com tanta força que eles caíram. Eles separaram-se durante a queda, mas não deu tempo dela se proteger. Caíram contra a areia fofa da praia depois das pedras. Ele alguns metros além dela, cuspindo areia.

Ela tentou se levantar e sentiu uma dor terrível nas costas. Virou o rosto para olhar e viu a base da sua asa quebrada num pequeno pedaço no topo da omoplata direita.

Castiel, que já estava se recuperando, olhou para ela e riu, os dentes cheios de sangue. Ela então realmente se enfureceu e, segurando um pedaço da saia daquele elaborado vestido de noiva, rasgou um grande pedaço de pano, até a metade das coxas. Ficou mais livre para movimentar-se e, sem esperar que ele se levantasse, avançou contra o inimigo. Ele foi pego de surpresa e caiu quando o punho dela alcançou sua face. Mas ela não pegou leve por isso. No segundo seguinte ela já estava chutando suas costelas com força. Ele arquejou de dor, mas conseguiu agarrar um de seus tornozelos e torcê-lo. Ela guinchou e caiu, gritando enquanto ele se erguia e pulava nela. Ela rolou para o lado bem na hora e ele caiu contra a areia. Isso deu tempo à ela para engatinhar para longe dele e então ela o fez. Mas, assim que acabou de levantar, viu o corpo dele sendo jogado contra o dela. Ergueu a perna em sua direção e o corpo dele acabou sendo jogado contra seu salto fino. Cravado bem no estômago. Sangue saiu de sua boca gorgolejando. Ela abaixou a perna, levando o corpo dele junto e, com um impulso - ao vê-lo no chão, tirou o salto de sua barriga, vendo a mancha de sangue no mesmo. Ela, pensando que ele estava acabado, deu-lhe as costas e seguiu andando.

Mas nunca se deve dar as costas ao inimigo e Castiel tão logo se aproveitou disso. Avançou contra ela, agarrando seu pescoço em uma gravata apertada. Ela caiu de joelhos contra a areia.

– Castiel! Não faça isso! - Era Chase falando. Ele e Jace vinham correndo na direção deles, um empurrando o outro pelo caminho. Jace chutou Chase e o mesmo caiu, mas puxou seu calcanhar junto e ele também caiu na areia.

Clary estava asfixiando de tão forte que Castiel apertava, a visão tremendo e ficando escura, as mãos cravando suas unhas na pele dos braços dele, quando sentiu algo suave contra a pele, em sua perna. Era o pedaço rasgado de sua saia. Ela então teve uma ideia.

– Largue ela! - Jace berrou enquanto Chase o arrastava por seus tornozelos pela areia. O moreno largou o mesmo e saiu correndo em direção aos dois, mas Jace já tinha saltado em suas costas e o derrubado.

Clary tentou esquecer o pedido silencioso dos pulmões ardentes e se concentrou em reunir todo o poder que tinha naquele pedaço de tecido. Ela sentiu sua pele voltar ao normal e o cabelo flutuar feito fogo ao redor de seu rosto enquanto o pano branco tornava-se volúvel, flexível.

Chase sabia que algo muito ruim iria acontecer quando, pela segunda vez naquela noite, ela abriu os olhos e os mesmos estavam dourado.

– CASTIEL! CUIDADO!

– O que? Ela não pode me to...

Mas o pedaço de tecido já havia se enrolado no pescoço dele feito o chicote de Isabelle. Com um giro de punho por parte de Clary, ele já tinha sido derrubado. Clary ergueu-se daquele mesmo modo sinistro, uma asa pendendo atrás de suas costas, quebrada, enquanto girava o punho para erguer Castiel pelo pescoço. Ele se debatia, os olhos revirados e a garganta cuspindo sangue.

Ela abriu a mão e, no centro dela, apareceu uma chama dourada. Ela esfregou os dedos com essa chama.

– Clary! Não! - Chase berrou, empurrando Jace para longe de si. Mas já era tarde demais. A mão dela tão logo atravessou o peito de Castiel, que caiu sem vida ao chão. O coração dele explodiu com a cor do fogo celestial bem na mão dela - que tinha o olhar vidrado.

– NÃO! - Chase gritou, acertando um soco bem dano no queixo de Jace que o derrubou e saindo correndo na direção dela, puxando uma adaga do bolso e mirando bem no peito dela, que tinha acabado de despertar do seu transe e gritou em uma tentativa frustada de desviar. Ele estava bem perto de matar quem amava, mas tinha que ser assim. Ela estava contra ele, ela matou seu parceiro e nunca se uniria por livre e espontânea vontade. - Eu vou acabar com você!

Ele estava bem próximo, a faca mirando o coração dela e, quando ele finalmente conseguiu alcançá-la, fechou os olhos e enfim cravou o objeto pontudo que estava em sua mão. Sentiu o sangue suavemente escorrer por sua mão e, então, abriu os olhos com pesar. Tinha feito aquilo. Tinha matado a garota que amava.

Só que, quando levantou o olhar, não era Clary quem sangrava. Era Jace. Ele tinha entrado na frente do golpe por ela. Ele era alto o suficiente para não ter recebido a adaga no coração, mas ainda tinha acertado um órgão vital. Atrás dele, sem nenhuma energia, Clary caíra no chão. Ela tentava rastejar para longe apoiada nos braços, mas estava chocada demais para algo assim.

– Você...! - Chase praguejou ao ver o sangue que manchava os dentes do loiro.

Jace apenas sorriu um sorriso sinistro e tossiu um pouco de sangue. Logo em seguida, a lâmina serafim dele estava cravada bem no meio de sua barriga. Jace ainda girou o cabo da espada para cortar tudo por dentro.

– Não! - Fora Clary que gritou, amedrontada e exausta depois de tamanha luta.

Jace arrancou a adaga de seu dorso ao ver Chase cair no chão uma última vez. Ele jogou a mesma contra seu corpo sem vida e caminhou dois passos antes de cair por sobre Clary.

– Jace! - Ela disse, segurando os dois lados de seu rosto. O sangue dele agora jorrava pelo vestido dela.

– Cla-Ry... - Ele murmurou pausadamente, os olhos se fechando.

– Não se vá! Jace! Não ouse! Fique comigo! Olhe para mim! - Ele berrou. Suavemente, ele abriu os olhos e sorriu para ela um genuíno sorriso sangrento.

– Vo-cê... Foi tão... - Ele disse. -... Perfeita... Ho-

– JACE!

–...Je. - E então fechou os olhos e, dessa vez, ela sabia que não iria abrir novamente. Em um ato impulsivo, ela tomou seus lábios. Havia muito sangue saindo da boca dele, mas ela não se importou. Beijou-o, debruçando o corpo pelo dele, chorando, mas ele não esboçava nenhuma reação. Ela se afastou e esperou, mas nada aconteceu, então ela o beijou novamente.

– Não me deixe! Não ouse me deixar! - Ela gritava entre um beijo e outro, até que viu que de nada adiantava. Ela lembrou-se então do trecho do livro que lera na biblioteca de Chase.

"Quando um anjo ama..."

Ela amava Jace?

Sim. Ela o amava. Mais do que a própria vida. E precisava dele.

Cambaleante, ela ergueu-se e foi a procura da lâmina de Chase. Encontrou-a próxima ao corpo de seu dono, mas não sentiu um aperto no peito por isso. Não conseguia pensar em nada a não ser em ter Jace em seus braços novamente. Pegando a asa já quebrada pela ponta, cravou a faca onde a ferida começava e, em uma agonia que fazia ela gritar, foi cortando centímetro por centímetro. Lágrimas escorriam por sua face, mas ela não se importou. Aquele era o caçador de sombras que ela amava e, mesmo que ela tivesse que arrancar suas asas mil vezes, ela faria aquele sacrifício. Terminou de cortar a primeira e a jogou no chão para então começar a cortar a outra. Foi ainda mais difícil. O sangue fresco escorria por suas costas e ela caiu de joelhos contra a areia, machucando-os, mas não se importava.

– CLARY! NÃO! CLARY! - Era a voz de Alec. Ele corria sozinho em direção a ela, mas ela também não se importou. Jogou a outra asa por sobre a primeira. As duas arderam no fogo celestial antes de desaparecerem e, então, ela se permitiu desmaiar pela dor enquanto, do outro lado do corpo morto de Chase, um garoto arquejava e abria os olhos.

TO BE CONTINUED...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Beijo do Anjo." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.