Coven escrita por André


Capítulo 2
I - Bitchcraft


Notas iniciais do capítulo

O capítulo vai desde o final da abertura do episódio 1, Bitchcraft, até o final da reunião matinal do Coven. Como podem perceber, já aconteceram algumas mudanças, quase imperceptíveis, mas aconteceram! Até amanhã (ou até hoje a noite, não sei), com mais um capítulo!



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Nova York, 2013

Eu quero tanto...

Não sabia se aquilo era certo.

Eu quero...

Era simplesmente incontrolável.

Eu...

Zoe e seu namorado entraram em casa aos beijos, e mal fechando a porta, já começaram a despir-se.

– Tem certeza disso? - Perguntou ele.

– Venha, minha mãe só chega depois das seis.

Se dirigiram até o quarto de Zoe. A casa estava cheia de fotos da família Benson, uma grande janela se abria para uma área externa ainda maior, no centro da casa.

– Está mesmo pronta para isso? - Reafirmou a pergunta. Zoe fez um sinal afirmativo com a cabeça. Tirou a camisa e a calça de seu namorado, e ele fez o mesmo com ela. Foram ambos para a cama e então, ficando inteiramente nus, começaram.

A princípio, Zoe só sentia prazer. Mas seu namorado foi fazendo cada vez mais rápido, rápido demais. Zoe achou aquilo estranho, e quando olhou para o rosto dele, tudo o que viu foi sangue, e soltou um grito tão alto que quase conseguiu quebrar a janela de seu quarto.

Quando saiu de cima dele, ele não parou de se mexer, e, sem saber o que fazer, ligou para sua mãe.

– Não é sua culpa, querida...

Zoe estava em sua cama, com uma roupa que cobria cada parte de seu corpo. Tímida demais para conversar, tanto por sua mãe ter descoberto que ela não era mais virgem, como pelo fato de seu namorado ter morrido. Ficou só escutando a mãe.

– A culpa é nossa... Devíamos ter te contado.

Zoe não entendia.

– Filha... Você, bem... Sua avó sofria da mesma, ahn, aflição genética. Tem algo que deveríamos ter te contado muito tempo atrás. Rezamos para pular sua geração.

Seu pai estava sentando em um canto, sem dizer nenhuma palavra desde que tinha chego. A notícia só adicionou peso, e uma excitação que pensou ser errada sentir, além de culpa, para o que estava sentindo.

– Existe uma escola de iniciação para garotas como você, em Nova Orleans. Você ficará bem.

– Está me mandando embora? - Perguntou choramingando.

– Eu te amo querida, mas não podemos te manter aqui. É perigoso demais, Zoe.

Ouviu passos. Conseguiu contar três pessoas, mas só dois homens entraram no quarto, violentamente. Ambos albinos, cabelos loiros e olhos azuis. Pegaram-na pelos braços e a levaram, enquanto chorava, para fora. Viu a terceira pessoa ali no corredor. Era uma mulher velha, estranha. O cabelo era de um profundo ruivo, e tinha a aparência de uma vassoura velha. Usava um sobretudo que Zoe, nem ninguém que ela conhece, usaria nem em pesadelos, luvas pretas com detalhes vermelhos. Sua roupa de baixo era do mesmo estilo das luvas, além de um óculos. Para completar usava uma botina preta que ridiculamente combinava com seu batom vermelho. Sua mãe a seguiu, mas foi bloqueada pela mulher.

– Nós assumimos daqui.

– Não posso acompanha-la até a estação?

– Ela é nossa filha agora, Nora, você fez tudo o que pôde. Uma longa despedida só faria as coisas piores - olhou para o lado, fazendo uma pose trágica - Essas cortinas... Eu sou simplesmente louca por tartan - Sua voz era puxada, como se cada palavra retirasse todo o ar de seus pulmões. Sem se despedir, seguiu os homens até um carro clássico estilo anos 60.

É um clichê, mas como todos os clichês, é uma verdade. Sua vida pode mudar da noite para o dia, ou em um momento. A causa oficial da morte de Charlie foi um aneurisma cerebral. Mas os médicos nunca viram algo parecido antes. O sangue... Tanto sangue.

Então, aparentemente sou uma bruxa. É coisa de família, mas não é mostrada em todas as gerações, ou toda garota. Como minha prima, Amanda, ela só é bulímica.

Aprendemos sobre a caça às bruxas de Salem na quinta série. Acho que deveria ter prestado mais atenção. Aquelas pobres garotas não eram nem bruxas, as verdadeiras se esconderam, eram cuidadosas demais para não serem pegas, e na primeira oportunidade fugiram. Para o mais longe ao sul que conseguiram.

Foi assim que Nova Orleans se tornou a Salem do século XXI.

O carro foi até uma estação de trem que Zoe não conhecia. Pegaram os trens da linha Amtrak, que ia direto de Nova York até Nova Orleans. A mulher ruiva não tinha dito seu nome, mas chamava atenção para qualquer lugar que fosse. E então, chegaram.

Nova Orleans, 2013

Na estação, eles alugaram um carro e foram até uma mansão no subúrbio da cidade. A visão do local era maravilhosa, mas Zoe não conseguia deixar de pensar no que tinha acontecido só algumas horas antes. A mulher colocou uma bolsa com algumas roupas no portão da mansão. Uma placa ao lado do portão dizia Academia Robichaux para Excepcionais Jovens Garotas. A ruiva tocou a campainha e o portão se abriu, quando Zoe olhou para o lado, não viu ninguém, então entrou.

O local era de um branco profundo. Tanto paredes, quanto chão e teto. Hesitante, continuou andando vagarosamente.

– Olá? - Ninguém respondeu. A porta da mansão se fechou.

– Olá? - Ninguém respondeu - Oi? - Avançou lentamente.

A sua esquerda, um arco abria o corredor para uma sala. A sala tinha um sofá e algumas poltronas, num canto estava um piano e no outro uma mesa com uma só cadeira. Uma lareira tinhas pequenas chamas em seu interior. Olhou para as paredes e percebeu que elas estavam repletas de quadros de várias mulheres. Algumas eram velhas, outras jovens, alguns quadros eram pequenos, outros grandes e alguns poucos eram gigantescos. Viu um vulto em outro arco na sala. Levada pela curiosidade, seguiu o vulto. Passando pelo arco, chegou num hall com grandes escadarias que levavam para um andar superior. Também brancas, mas com degraus negros. Ainda andando, viu uma cozinha, com uma pequena mesa logo na porta. Voltou para trás, e ali mesmo se abria uma sala de jantar, com uma mesa de oito lugares. Dois vultos passaram por trás dela, e Zoe fugiu para o lado contrário, onde se encontrava a porta, para fugir daquele lugar.

Mas quando chegou no corredor soltou um grito. Algum ser mascarado, que Zoe não fazia ideia do que era, estava andando em sua direção. Era uma pessoa, com uma capa preta e uma máscara preta e branca. A pessoa era uma das mais gordas que já tinha visto na vida. Quando virou para o outro lado do corredor para correr, viu mais duas pessoas com as mesmas roupas e máscaras, porém de diferentes tamanhos e alturas, além de que a mais baixa usava uma máscara preta e outra, mais alta e magra uma máscara vermelha. Soltou outro grito e correu para a sala dos quadros que tinha visto quando entrou.

Mas as pessoas conseguiram pega-la, e a jogaram em cima da mesa no canto da sala. A pessoa com a máscara vermelha pegou uma faca e falou, como uma prece. E Zoe percebeu que era outra mulher.

– Ó, Pai da Escuridão, oferecemos essa carne a você. Sangue, vida e tudo mais.

Ela abaixou a faca, para o lado direito da cabeça de Zoe, alguns centímetros de distância da sua orelha.

– Saia de cima de mim! - Gritou Zoe, e todas as velas, inclusive a lareira do local incendiaram e logo depois apagaram, soltando uma pouca fumaça.

As três retiraram as máscaras. A da máscara vermelha foi a primeira, era jovem, loira e bonita.

– Por Deus, Sabrina. Relaxe! Estamos só brincando com você - Zoe a reconheceu na hora.

– Puta merda, você é...

– Madison Montgomery, atriz.

A mais alta e mais gorda retirou sua máscara preta e branca. Era negra, bonita e, bem... gorda.

– Merda, qual foi o último filme que você fez, garota?

A última então tirou sua máscara também. Ela tinha síndrome de Down, era morena e branca. A mais baixinha de todas.

– Oi, sou a Nan.

– Zoe - Disse Zoe, encolhida em cima da mesa.

A negra também olhou para Zoe e disse seu nome.

– Queenie.

– Tão entediada agora - Disse Madison para si mesma.

– Então, essas são todas as bruxas?

– No momento - Uma outra voz de mulher falou do Hall - Cordelia Foxx, diretora. Certo, meninas. Tem uma van cheia de compras para descarregar. Mostrarei a Zoe seu quarto e então nos encontraremos para a reunião. Vão logo!

Um mordomo surgiu e pegou a mala de Zoe, que na realidade tinha sido dada pela velha no carro.

– Aí dentro tem tudo o que você vai precisar depois de chegar na Academia e tomar um banho - Disse ela - Mais tarde poderá comprar roupas novas ou pegar emprestadas de suas colegas, caso as roupas sirvam em você.

Começaram a subir a escada. Zoe e Cordelia lado a lado, enquanto o mordomo, com um cabelo oleoso e careca de um lado da cabeça, unhas amareladas e um terno que parecia recém-lavado, seguia atrás.

– A Academia Robichaux para Excepcionais Jovens Garotas foi fundada como escola de aperfeiçoamento em 1790. Durante a guerra Civil, foi convertida em um hospital militar. Depois disso ficou sobre nova direção, nossa direção. Em 1868, Marianne Wharton, uma matrona notável da costa leste, sufragista, autora de vários livros infantis e, além disso, a Suprema de sua época, comprou essa propriedade mantendo o nome como um disfarce, e criando um paraíso onde jovens bruxas podiam aprender. Em seu auge, a Academia foi o lar de mais de sessenta meninas. Com o passar dos anos, esses números caíram.

– Por quê?

– Somos uma espécie em extinção - Nesse momento já tinham visto o quarto de Zoe, deixado sua mala lá, e se dirigido novamente até a sala dos quadros, onde Zoe, Madison, Queenie, Nan e Cordelia se reuniram para a conversa matinal diária - Muitas famílias que sabiam que tinham o gene, decidiram não se reproduzir.

– Então, o que é uma suprema? - perguntou Zoe.

– Uma bruxa comum nasce com alguns dons naturais e, se for talentosa, pode mostrar até cinco ou seis dons sem ser a suprema. Mas a cada geração nasce uma mulher que possui vários dons, alguns dizem que todos eles. Ela é a suprema.

– Você é a suprema?

Queenie e Madison riram. Nan pegou mais chá.

– Não, sou como vocês, só uma bruxa. E uma professora. Estou aqui para ajuda-las a identificar seus dons e ensinar vocês a controlá-los.

– Ela quer dizer escondê-los - Zombou Queenie.

– Escondê-los não. Controlá-los.

– Ela acha que ainda é 1600 - Disse Madison.

– Não. Naquela época, nossa espécie pelo menos entendia os perigos. Hoje em dia, há tantas famílias que não sabem nada sobre sua linhagem. Várias garotas não tiveram a sorte de nos encontrar, ou de serem identificadas e encontradas por nós. Como aquela pobre garota Cajun, nos arredores de Lafayette, há alguns meses. Misty Day. Ela não era muito mais velha que vocês, e ela tinha um dom; o poder do ressurgimento. Misty podia alcançar um lugar entre a vida e a morte e trazer uma alma de volta do precipício. De volta para esse lado. De volta à vida. Para alguns, parecia ser o dom divino da ressurreição. Para outros, necromancia.

– E o que aconteceu com ela? - Perguntou Zoe.

– O mesmo que aconteceu à muitas mulheres como nós com o passar dos séculos. Misty foi queimada na fogueira. Presa por religiosos da Luisiana que não entendiam o que ela era e queimada. Estamos sendo caçadas, meninas. Nossas vidas, nossa própria espécie e existência está sempre em risco. Tenham isso em mente ou enfrentem a extinção.


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Notas finais do capítulo

Todos os personagens e cenários pertencem a Ryan Murphy e Brad Falchuk. Créditos a FX por transmitir uma série tão incrível quanto essa!



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