A Garota do Cabelo Lavanda escrita por Chibieska


Capítulo 35
Capítulo 35


Notas iniciais do capítulo

É um pássaro? Um avião? Um unicórnio voador? Nãooo!!! É só a tia Chibieska voltando do hiatus...

Olá pessoas do meu kokoro, tudo bem com vocês? Alguém ainda acompanha essa joça? Depois de cinco, sim CINCO, longos meses afastadas de AGCL temos um capítulo novo o/.

Eu admito que a coisa atrasou muito mais do que eu queria por motivos que nem eu sei, sinceramente. Eu simplesmente coloquei a fic de lado, mas agora voltei e prometo não abandoná-la mais.

Eu prometo trazer mais romances, mais Kaiser, mais tretas e um capítulo novo a cada quinze dias. Mentira, essa última parte não prometo não, mas pretendo postar com frequência novamente. Só não será semanal porque não vou conseguir, mas entre quinze e vinte dias, muito provavelmente.

Podem me xingar nos comentários, eu mereço.

E para quem ainda aguentou esperar essa bendita atualização, obrigada por confiar no meu retorno.

Tema: Tabu

Boa leitura!



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DOIS PESOS, DUAS MEDIDAS

Os olhos de Hikari se arregalaram por um momento e ela quase engasgou com o glacê do bolo que comia. Tailmon espiou a parceira de esguelha só para se certificar se estava tudo bem, então voltou a se aninhar na cadeira vazia, enrolada no próprio rabo.

“Então aconteceu tudo isso?” Os olhos inadvertidamente vagaram para o peito de Inoue, como se pudesse ver o ferimento sob o tecido.

“Sim, mas eu estou bem, já até cicatrizou.” E instintivamente, levou a mão ao peito.

Inoue Miyako e Yagami Hikari estavam em uma confeitaria no centro de Odaiba. Era pouco após o almoço, em um domingo não muito frio, mas permeado por rajadas de vento gélidas e violentas. Tailmon as acompanhava, mais interessada em sua soneca vespertina do que na conversa entre as meninas. Hawkmon se negou a sair do apartamento dos Inoue, após ver uma rajada de vento desfolhar a árvore diante do edifício. Ele não gostava de climas acentuados, nada que fosse muito frio, com muito vento, muita chuva ou mesmo muito calor. Talvez o calor ele pudesse suportar, mas não o restante.

“Achei que Taichi-san tivesse te contado.” A garota de óculos misturou o chantili no café.

“Ele voltou direto para Tóquio naquele dia.” Hikari partiu mais um pedaço do bolo. “E eu fiquei um bom tempo no hospital, até os pais do Hanamizuki chegarem.”

“É mesmo.” Miyako desviou o olhar para a enorme vidraça da loja de roupas do outro lado da rua. Eram roupas infantis, com ilustrações de animes e animais, que combinariam perfeitamente com Kariya. “Será que ele está bem?” Murmurou mais para si mesmo.

“Ele tinha vários ossos quebrados, principalmente no rosto.” Hikari completou sombriamente. “Foi difícil explicar o que aconteceu a família. Eu nem sabia realmente.”

Quando a jovem Yagami levou o menino para o hospital tudo o que sabia era que o menino estava quase morto, envolvido em uma peça de roupa de Ichijouji e que o gênio estava desaparecido. Então, a guardiã da luz teve que usar as poucas informações que possuía para tentar explicar o que acontecera ao caçula da família Hanamizuki.

“A Hanamizuki acha que Ken é um grande herói.” Miyako voltou os olhos ao café, o chantilly quase nem aparecia mais misturado ao líquido escuro.

“Bem, eu disse a ela que o casaco pertencia ao Ichijouji-kun e que provavelmente ele tinha ajudado o irmão dela.”

“Melhor que ela pense assim.” Respirou fundo e bebericou da bebida fumegante.

“Está tudo bem com isso?” Hikari lambeu o resto do glacê da colher. “Quer dizer, ela foi vê-lo e você não.”

Inoue ainda se lembrava de como a menina a interceptou no corredor do colégio, achou que seria para perguntar do sumiço de Ken, mas a garota enfiou um embrulho em suas mãos e pediu que entregasse para o gênio, em sinal de agradecimento por ter salvado Kariya.

Mesmo que Miyako se sentisse desconfortável com sua “rival” visitando seu namorado, fazia muito mais sentido que a própria garota entregasse o presente, já que se sentia com tamanha dívida. Além disso, ela ainda não se sentia pronta para ver o rapaz.

“Está tudo bem.” Embora a expressão alegre de Hanamizuki no dia seguinte a vista não a deixava nem um pouco animada.

=8=

Ichijouji Ken se ajeitou no sofá na casa de Hida e encarou os garotos diante de si. As mãos apertaram nervosamente as pernas da calça e depois migraram para o cabelo, puxando uma mecha para trás da orelha. Então, abaixou a cabeça e ponta do cabelo escapou cobrindo o rosto.

Sentia os olhares intensos sobre si, alguns curiosos, outros interrogativos e até mesmo acusadores. Patamon estava aninhado na cabeleira de Takeru. O mais novo dos Ishida estava sentado no chão, entre as pernas do irmão. Daisuke estava ao seu lado, abraçado aos joelhos, os olhos grandes presos no melhor amigo.

Chibimon não estava lá, tinha ficado em casa fazendo companhia a Wormmon, tecnicamente, Ken ainda estava em quarentena. Iori estava em uma poltrona na lateral da sala, Armadilomon deitado aos seus pés. Taichi estava ao lado de Yamato. Embora Ken não pudesse ver seus olhos, sabia que havia um misto de expectativa e desaprovação no semblante do veterano.

Ichijouji sabia o que fazia ali e também sabia o que eles esperavam: um cerimonioso pedido de desculpas. E sabia que deveria, tinha tentando matar os amigos, ferido Inoue e causado o caos, mas também queria um pedido de desculpas, por não entendê-lo e não fazerem o menor esforço para isso, mas sabia que esse pedido jamais viria.

“Eu sei que devo pedir desculpas a vocês...” Começou, encarando o chão. “Afinal, eu fiz coisas horríveis e...”

“O que aconteceu lá?” Taichi interrompeu o discurso. Ken levantou os olhos e encarou o eterno líder, era possível ver uma curiosidade velada nos olhos castanhos. Os lábios do gênio se moveram sem proferi r som algum. “Quer dizer, você estava normal e então voltou a ser o Kaiser... “

“Isso mesmo.” Iori completou com um aceno de cabeça. “Sabíamos que Kariya estava com esporos, então de alguma forma eles foram parar em você...”

“Mas esporos podem fazer isso?” Daisuke coçou o rosto. “Daquela vez com as outras crianças, Oikawa Yukio precisava colher as flores não?”

“Mas Ken conseguiu se livrar deles sozinho.” Takeru observou. Daisuke deu de ombros, sem realmente entender como as coisas funcionavam.

“Pode-se dizer que, de certa forma, eu tirei os esporos do Kariya.” Ichijouji falou pausadamente.

“Então foi isso que aconteceu?” Yagami arqueou uma sobrancelha. “Os esporos te controlaram como naquela vez?”

Ichijouji encarou o grupo por um tempo. Os olhos presos em si, esperando a confirmação das suposições de Taichi. Ele poderia encerrar ali. Poderia concordar com as palavras do veterano, dizer que os esporos o controlaram e que de alguma forma havia se livrado deles. Evitaria mais perguntas, mais desconfianças, mais problemas. Mas seria uma mentira.

“Não.” E a mão foi de novo aos cabelos, puxando-o para trás. “Na verdade, isso não faz muita diferença.”

“Do que está falando?” Yamato se ajeitou melhor no sofá.

“Os esporos do Kariya, eu negociei com as trevas para que ele fosse libertado. Mas quanto ao que aconteceu comigo...” Sentiu as mãos ficarem geladas, mas já tinha começado, não podia voltar atrás. “Isso não está relacionado.”

“Mas você se transformou no Kaiser.” Iori se inclinou no sofá, a voz mais alta do que de costume.

“Eu não me transformei no Kaiser.”

“Nós vimos lá, você estava daquele jeito de novo.” Iori insistiu.

“Não é nada disso.” E instintivamente sorriu. “Vocês não entendem.” E podia ouvir o Kaiser se vangloriar que estava certo, não importa o que acontecesse, seus amigos não o entendiam.

“O Kaiser disse isso muitas vezes.” Yagami ponderou.

“Eu disse.”

“Mas...” Daisuke começou, mas o gênio o interrompeu.

“Eu sou o Kaiser.”

=8=

Inoue sabia que exatamente naquela mesma hora, os garotos estavam reunidos no apartamento de Iori, discutindo a situação do namorado. Elas deveriam estar lá, mas Miyako recusou o convite quando Iori a informou e Yagami achou que seria adequado não aparecer também, e confortar a amiga de alguma forma.

Por mais que fizesse sentido todos estarem presentes, ela não se sentia pronta para vê-lo. Não era medo dele nem do que ele poderia se tornar, mas ela ainda não estava pronta. Ela o amava, o entendia e o aceitava e aceitaria a escolha que ele fizesse, mas não sabia se teria forças para apoiá-lo. Desejava isso de todo seu coração, mas sabia que havia grandes chances de vacilar. Era seu Ken, mas era também Kaiser. Era uma parte dele que ela teria que aprender a conviver, por mais que a assustasse, uma parte que pesaria nas decisões do garoto e que poderia causar atritos entre eles.

Que na verdade já causara muito, pois suspeitava que todas as desavenças que tinham vivido no ano anterior, era o Kaiser sussurrando no ouvido do gênio, controlando parte de suas emoções.

“Você deve estar com saudade dele, não? Há quanto tempo vocês não se veem?” Hikari atraiu sua atenção, empurrando o prato de sobremesa vazio pelo tampo da mesa, abrindo espaço para apoiar os cotovelos no móvel.

“Algumas semanas.” A mais velha informou. “E deve continuar assim até ele permanecer em quarentena.”

“Isso está durando mais tempo do que imaginei. Mas é um assunto delicado de qualquer forma.” Miyako arqueou a sobrancelha curiosa. “Bem, é do Kaiser que estamos falando e isso sempre é um tabu.”

“Um tabu?” A garota do cabelo lavanda podia dizer que comentar sobre o Kaiser era estranho, desconfortável até, mas não consideraria um tabu. Afinal, era só o Ken.

“Você sabe, esse lance das trevas...”

“Mas todo mundo tem um pouco de trevas, não?” A mão enrolou em uma mecha do cabelo. “Até mesmo eu.”

“Mas você não tenta matar ninguém por isso.” A guardiã da luz falou enfática. De certa forma, Hikari tinha razão.

=8=

“Do que está falando, Ken?” Motomiya se ajeitou, mudando de posição.

Ichijouji estudou o olhar que o amigo lhe lançava, era um misto de ingenuidade e receio, quase como se esperasse que Ken estivesse brincando.

“O Kaiser não existe.” Constatou. A sala pareceu mergulhar em um sombrio silêncio, como se até respirar fosse proibido. “Tudo o que vocês sabem e presenciaram sobre o Kaiser, aquilo foi real. “ Umedeceu os lábios com a língua. “Mas o Kaiser, a figura. Ela não existe.”

“Como pode dizer isso?” Daisuke se exaltou. “Você viu tudo o que ele fez...”

“Ele não fez nada. Eu fiz.”

Silêncio novamente, muito mais opressor do que o anterior. Dava quase para ouvir os cérebros maquinando aquelas informações.

“Os esporos, eles não tornam ninguém cruel ou sombrio, eles simplesmente se alimentam das trevas que já existem no portador para florescerem. E elas tiveram muito êxito ao encontrarem meu coração.” E ali estava, sua última defesa tinha caído. Nunca mais poderia dizer que o culpado de tudo aquilo não tinha sido ele. Era ele quem tinha massacrado, oprimido, mentido e manipulado. Era ele quem era frio e cruel. Ele sabia bem disso, mas agora todos também iriam saber. “Se não houvesse trevas no meu coração, nada daquilo teria acontecido. É minha culpa de qualquer forma. Daquela vez e também agora.”

“De certa forma isso faz sentido.” Yamato se manifestou. Takeru se virou para encará-lo, exatamente por que seu irmão estava concordando? “Quando eu estive no Digital World, eu tive um confronto com as trevas do meu coração.”

Ainda se lembrava de como sua briga com Taichi culminara numa queda para as trevas. Não tinha sido nada tão sombrio quando o que Ichijouji vivera, mas Ishida sabia como era ver seus maiores medos se estamparem diante de seus olhos e o assombrarem. Se não fosse por Gabumon, talvez tivesse tido uma queda similar ao do garoto gênio.

Por um segundo, Ken se sentiu aliviado, até mesmo compreendido. Ele não sabia dessa história do mais velho dos Ishida e de repente, ele não parecia uma apenas uma aberração. Mas estudando os olhos azuis, pôde perceber que a vivência deles tinha sido muito diferente. E assim como as trevas de Miyako haviam se manifestado de uma forma branda, as de Yamato também tinham outra roupagem. Apenas as dele o fizeram pirar, apenas as dele o fizeram mostrar o pior de si e desejar o pior do mundo. No final das contas, mesmo dentro do lado sombrio, ele ainda era diferente dos outros.

“Você tem noção do que está dizendo, não é?” Taichi passou a mão pelos cabelos, tirando o de seus pensamentos. “Você está chamando toda a responsabilidade para si.”

Ichijouji apenas confirmou com a cabeça.

“Então sabe que você tentou, deliberadamente, nos matar.” Ichijouji confirmou novamente. “E sabe que isso é algo muito grave.” Os olhos escuros brilharam, ele sabia onde o líder queria chegar. Ele teria que pagar por aquilo. Não imaginava o que o mais velho dos Yagami pensava, mas poderia ser qualquer coisa, inclusive ser banido do grupo. Por mais que ainda permanecesse como Digiescolhido, ele voltaria a ser solitário.

“Qual será minha punição?” Questionou sem cerimônias. Os olhos de Daisuke se arregalaram e migraram para Taichi. Sua mente processava lentamente todas aquelas informações. Então, diferente do que pensava, Kaiser era uma parte do Ken que nunca poderia ser eliminada. Não que imaginasse o Kaiser como uma possessão, era algo mais como um mau hábito que poderia ser modificado ou eliminado.

Mas se sempre era o Ken, totalmente consciente do que fazia, significava que ele podia fazer coisas horríveis e fugir muito do significado do seu brasão. Significava que havia muitas camadas do amigo que ele desconhecia.

“Eu acredito que você já será punido o suficiente.” Ichijouji encarou o mais velho sem entender. “Assumir a responsabilidade de quem você é será um peso que você terá que carregar pelo resto da vida. Isso já é punição suficiente.” O líder então se levantou e se espreguiçou demoradamente. “Com isso, podemos encerrar sua quarentena.”

“Yagami-san, tem certeza disso?” A vozinha de Iori se fez ouvir. Ele ainda estava chocado com tudo o que ouvira. Fora o que tivera mais dificuldade em aceitar Ken no grupo, duvidava da sua reabilitação. Mas a convivência o fizera perceber que o garoto do cabelo escuro era uma pessoa boa e gentil. Só que agora, não sabia mais como pensar. O garoto sentado diante de si não podia ser o mesmo monstro que vira semanas atrás, cravando um pedaço de Torre Negra no peito da Miyako.

“Está tudo bem para você assim?” O gênio se levantou também.

“A quarentena era um período para você pensar no que fez e tomar uma decisão, você já a tomou.”

“Mas essa não era a resposta que você queria.” Soou como provocação, mas era uma constatação sábia. Obviamente nenhum deles esperava que ele fosse assumir o Kaiser.

“Realmente não.” Taichi se aproximou até ficar diante do garoto. “Mas se eu quisesse que você dissesse apenas às coisas que eu queria ouvir, não precisava deixá-lo em quarentena, era apenas convencê-lo, talvez até obriga-lo a aceitar minha opinião como correta.” Os dois se encararam, havia uma pequena tensão ali, como se cada um quisesse dizer mais.

“Certo.” Disse por fim, sem realmente externar o que pensava. Mesmo com aquelas palavras bonitas e aquele ‘tapinha no ombro’, Ken tinha certeza que Yagami não o entendia, não completamente, ao menos.

Então com uma profunda reverência se despediu e deixou o apartamento. Iori não acompanhou até a porta, parecia petrificado no sofá e olhava com um misto de desconfiança e choque.

O corredor reverberava com seus passos, a sensação de alívio que acreditou que sentiria quando contasse a verdade não veio. Era como ter dado uma palestra enorme para uma sala lotada de alunos e perceber que ninguém fazia ideia do que ele falava.

No final, Kaiser estava certo, eles não o entendiam. Ainda o viam como o garoto modelo que nunca falhava. O olhar de Hida o encarando enquanto calçava os sapatos era uma expressão clara disso.

Agora que sabiam que ele era o Kaiser e que todo aquele mal habitava seu coração, provavelmente manteriam o olho nele. Sempre alertas esperando quando ele piraria novamente. Era uma estratégia segura, não podia negar, manter o inimigo perto e vigiado era uma saída mais conveniente do que bani-lo do grupo.

Acionou o botão e chamou o elevador. Ficou vendo os números serem trocados, enquanto o módulo trocava de andar, até chegar ao qual aguardava, mas antes que as portas se abrissem, ouviu alguém chamar seu nome.

Daisuke estava parado poucos metros dali, sem sapatos, tinha corrido apenas de meias pelo corredor.

“Há quanto tempo sabia disso?” O ruivo despejou. Ichijouji não entendeu ao que o amigo se referia e arqueou as sobrancelhas. “Sobre você e o Kaiser.”

“Desde sempre, eu acho.” O seu outro lado nunca tinha ido embora, apenas hibernado por um tempo. “Mas só quando conheci Kariya tive certeza, o que ele se tornou não é muito diferente de quem eu sou até hoje.”

“E por que você nunca me contou?” O garoto do goggle parecia bastante chateado por isso.

“Eu não queria que você soubesse da pessoa horrível que eu sou.” E ele deu um sorriso triste. Daisuke confiava tanto nele, eram tão próximos, tão unidos que lhe doía saber que não teria mais todo aquele afeto.

A porta do elevador se abriu com um estalo sonoro e Ken adentrou, apertando o botão para o térreo. Mas antes que as folhas metálicas se fechassem, Daisuke segurou-as com a mão, impedindo-as.

“Você não é uma pessoa horrível.” Como ele podia dizer tal coisa? “Miyako está certa sobre você. Você é bom demais, até para aceitar seu lado ruim.” E sorriu. Ken não estava entendendo onde o outro queria chegar. “Você salvou o Kariya, não?”

“Ele está quase morto.”

“Ele está vivo e graças a você.”

“Eu feri seu parceiro, eu tentei matar você e...”

“Você titubeou.” Os olhos de Ken se arregalaram com a interrupção. Quando ele havia feito isso? “Eu disse que conhecia você e que você não era daquele jeito e você titubeou.”

Ah, aquele momento. Embora se lembrasse de tudo o que ocorrera naquela noite, muita coisa lhe parecia um borrão desconexo e essa conversa que tivera com Daisuke, boba e inocente, mais pareciam seus papos sob a árvore durante o intervalo no colégio.

“Mas agora você sabe como eu sou.” E olhos instintivamente miraram o chão.

“Sei.” E realmente sabia. Mesmo que Ichijouji tivesse tido aquele berserk sombrio e estranho, ali estava ele, sendo doce e gentil, humilde e delicado, assumindo muito mais culpa do que realmente seus ombros podiam carregar. “Você se deu ao trabalho de admitir tudo o que fez, você poderia ter se escorado nas trevas, se quisesse. Você é uma boa pessoa.”

“Isso que você acha de mim?” E os olhos voltaram a encarar os grandes orbes do líder.

“Não, é isso que você é.”


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Notas finais do capítulo

N/T: Que emoção!!!! Capítulo novo o/

Eu tenho um monte de coisas para dizer, mas ao mesmo tempo sinto que não devo dizer nada.

Comentem, se ainda estão por ai, se estão felizes porque voltei e se querem meu couro por essa pausa enorme.

Beijokinhas e até!