Sarah saiu do quarto em choque. Fechou a porta do quarto da filha e pôs a mãe no peito sentindo seu coração quase sair pela boca.
Ela chegou na cozinha e tentou beber um copo d’água, que com o tremor de suas mãos acabou caindo no chão e quebrando em vários pedacinhos.
Ginny, que chegava na mesma hora de um passeio com Frank, levou um susto.
- Sarah!!! O que aconteceu? Você se machucou?
- não Ginny, eu não estou bem e não me machuquei.
- vem, senta aqui no sofá. Você tá pálida. O que houve?
- o Gerard. A Rachel conheceu ele.
- eu sabia que isso ia acabar acontecendo! Mais cedo ou mais tarde, isso tinha que acontecer.
- não, não tinha!!! Ele não podia te-la visto, Ginny! Agora está tudo perdido! Vou perder minha filha.
- não diga isso, nunca. Ele por acaso sabe que ela é filha dele?
- não sei, acho que ainda não. Eu não sei.
- então? Calma, ele não vai saber.
- mas ele a conheceu, Ginny! E ela me disse que ele ficou a encarando! Deve ter achado que ela se parece com ele!
- e não estaria errado não é? Ela tem os olhos dele! Me desculpe, mas ela é bem mais parecida com ele do que com você.
- eu sei disso. Ela é linda... como ele. – e ela continuou a chorar, só que mais e mais.
- você não pode lutar contra o destino, Sarah. Só Deus sabe o que faz com nossas vidas.
- você tem razão. Eu não posso fazer nada.

No outro dia, Sarah proibiu que Rachel fosse pra casa de Julie. Queria evitar que Gerard visse a filha novamente a qualquer custo.
Com isso, Rachel passou a ficar cada vez mais triste. Pra ela, ficar longe da ‘amiga’ era um castigo muito grande. Ela era muito pequena mas entendia muito bem que o erro de um adulto não deve ser pago por uma criança. Por isso ficou vários dias sem nem olhar pra cara da mãe, de tanta raiva. Sarah estava triste também. Não sabia que a companhia da priminha fazia tanta falta para sua filha.
- você não pode continuar com isso, Sarah. A Rachel precisa ter amigos!
- mas Ginny...
- olha, Sarah. Se você não quer ver o Gerard novamente o problema é seu!! Mas deixe a sua filha viver! Ela ainda é uma criança, poxa! Ela não pode ficar trancada em casa sem ninguém pra brincar e a Julie foi a única criança que ela manteve uma amizade tão forte assim.
Ela não soube o que responder. Aquilo fez Sarah pensar se valia a pena continuar com toda a sua angústia e raiva no lugar da felicidade de sua própria filha. Tinha perdido a guerra e a única opção era se entregar.

No mesmo dia, um sábado de manhã, Sarah ligou pra Mikey e pediu que ele levasse Julie até sua casa. Ela foi até o quarto da filha e abriu a porta que estava encostada. Ela ouvia uma música baixinha, que Sarah logo reconheceu de quem era.
- filha... posso entrar?
- pode mamãe. – apesar de tudo, Rachel era uma criança educada e não mantinha ódio no coração.
- você gosta mesmo dessa música né?
- adoro, é tão linda! – no fundo tocava “I Don’t Love You” num som mais baixo que antes. – me desculpe mamãe, eu sei que a senhora não gosta.
- não desligue, filha. Pode ouvir, mamãe não vai brigar com você por isso. – Rachel abriu um sorriso – eu tenho uma surpresa pra você, minha linda.
- o que é mamãe?? Presente??
- melhor que isso. – a campainha toca. – acho que sua surpresa chegou.
- obaaaaaaaaaaaaaaaa!
As duas foram até a sala e Sarah abriu a porta.
- Julieeeeeeeeeee!
- Racheeeeeeel! – as duas se abraçaram e correram pro quarto de Rachel.
Quando Sarah se deu conta, havia mais alguém ali, olhando surpreso pra ela. Ele estava com as mãos no bolso da calça jeans, seu cabelo preto caindo no rosto e seus inesquecíveis olhos verdes fixados somente nela.
- Sarah? É você?
- Gerard?

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