Havia se passado alguns dias desde que Jake havia rejeitado o beijo de Emma na Torre de Astronomia. Alguns dias? Duas semanas, ou algo assim... Aquilo o estava destruindo por dentro. Mas do que ele esperava.

Ele precisava fazer alguma coisa, porque pelo jeito, os dois eram orgulhosos. Ele suspirou, e decidiu ir atrás dela.
Atravessou todo o castelo, indo até a entrada do S.C. da Ravenclaw. O problema era entrar. Teve que esperar no mínimo 20 minutos, para poder acompanhar duas alunas do primeiro ano. Quando adentrou no local, ficou boquiaberto. O salão era extremamente... Simples. Muito diferente do seu próprio. Ele nunca se costumaria com a falta de luxo. Ainda bem que não era inteligente, para cair em Ravenclaw.

Ele foi até o quarto de Emma, e bateu na porta.

–Jake? O que faz aqui?

Essa foi a primeira reação de Emma. Previsível...

–Vim... Pedir desculpas. Conversar... Sei lá.

Mas essa conversa não foi muito uma conversa. Eles acabaram brigando. Por fim, Emma, que estava sem os canos que lhe davam oxigênio, ficou sem ar. Em uma tentativa desesperada, Jake lhe deu sua própria bombinha de ar. Depois lhe passou o carrinho com o tubo de oxigênio, que ela logo pegou, e encaixou os caninhos no nariz.

–Porque você anda com bombinha?

–Tive asma até os 10 anos.

Jake, além de claustrofóbico, fora asmático.

Depois do ataque da Emma, ele sentou-se ao lado dela, e eles conversaram, pediram desculpas, e acabaram por se acertar. Tudo ficara bem. Tudo teria que ficar bem.

Na verdade, uma coisa que aconteceu nesse dia marcou muito Jake. Ele cantou para ela. E não cantou uma música qualquer. Cantou uma composição dele. Ele nunca havia cantado para ninguém bruxo. Nenhum amigo... Se Emma puder ser chamada de amiga...

–*-

20/04/2014

Querido, blablabla.

Uau. Eu consegui brigar e me desculpar com Emma no mesmo dia. Bati meu recorde. Tudo bem...

Ahh, eu cantei para ela hoje. estranho não? Qual foi a última vez que cantei para alguém, tirando a minha mãe?
Enfim, a gente teve uma conversa meio pesada. Ela disse que vai viver apenas até os 27 anos. Ela tem uma doença nos pulmões... Emma disse que os planos dela vão até os 27, mas que também gostaria de casar e ter filhos. Claro. Aposto que esse é o desejo de qualquer garota.

Eu tomei uma decisão hoje. Vou morrer. Não se assuste, diário. É para uma boa causa. Eu vou parar de fumar. Vou cuidar dos meus pulmões, e quando chegar a hora, vou morrer. Para doar meus pulmões a Emma. Ela tem planos. Eu não. Ela fará mais falta do que eu.

Credo. Que vitimismo. Parece aqueles caras depressivos. Não. Não vou me matar porque não sou amado e blablabla. Vou me matar porque eu quero. Porque acho mais justo ela viver. Ela tem mais a acrescentar ao mundo do que eu.

Fim, já me decidi.