Tales of Lost Love escrita por Dani Schirmer


Capítulo 1
Devastation




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Todos os dias eu pensava que nada de novo poderia acontecer em La Thuile, e então tudo mudou, a vida em uma cidade pequena se tornou um tormento, vivi minha infância, minha vida toda naquele lugar e agora simplesmente o odeio. Não me encaixava ali, não andava na moda, não seguia as tendências e muito menos era popular, era somente uma adolescente estranha com milhões de defeitos e medos, que somente queria se encaixar.

Hoje era o primeiro dia de aula, e o ultimo ano da escola, todos estavam animados com o grande baile, o ultimo ano, mas para mim não fazia nenhuma diferença, quando sai do meu carro a primeira coisa que avistei foi Gaia Roverato, somente a menina mais popular da escola e filha do prefeito, ela usava seu casaco Gucci como sempre, não havia um dia que seu cabelo loiro não estava perfeito, não havia um dia que ela não estivesse perfeita.
Passei direto por Gaia e seu grupo de lacaias e então fui para a biblioteca, fui direto para a ultima sessão e sentei, fiquei ali quieta rabiscando em um caderno ate que escuto alguns passos e então quando olho pro lado lá estava Grace, talvez umas das poucas pessoas que falavam.

– Vai passar o semestre inteiro ai? – Ela se abaixa e senta ao meu lado.

– Pelo menos não desperdiço minha vida fumando cigarro por ai e bebendo. – Deixo um riso de deboche escapar.

– Charlotte não seja mal criada. – Ela tira da bolsa um cigarro e acende sem medo de ser punida.

– Como eu odeio esse nome, maldito dia em que minha mãe resolveu escolher esse nome. – Começo a tossir e me astato um pouco de Grace.

– Acho seu nome lindo, muito mais bonito que o meu, mas a questão aqui não é o nome e sim o que vamos fazer esse semestre. – Ela apaga o cigarro e pega algo que parecia ser uma bala.

– Não sei, minha mãe voltou para a guerra e minha vida esta sem rumo.

– Ela ainda esta servindo? – Grace levanta do chão e me puxa em sua direção.

– Sim.

Vamos ate o corredor, mas paramos na porta da biblioteca ao ver algo que parecia ser um tumulto, percebo que alguns alunos olhavam para nós e cochichavam e isso começava a me incomodar.

– Grace, eu acho que já estamos metidas em confusão. – Começo a rir.

– Vou ver o que esta acontecendo e a senhorita me espera aqui. – Ela some entre a multidão me deixando para trás.

Já fazia quase dez minutos que ela tinha sumido e eu já estava agoniada por que todos olhavam pra mim e cochichavam, e então ela finalmente aparece entre uma pequena multidão, mas sua cara não era de felicidade, tinha algo errado.

– Tem alguém no estacionamento esperando por você, é melhor ir logo. – Grace pega minha bolsa e então começo a ir em direção ao estacionamento.

– Pai! – A abracei com força. – O que você esta fazendo aqui?

– Charlotte, vamos para casa meu amor. – Ele me puxa em direção a uma Mercedes parada e abre a porta.

Assim que entramos em casa me joguei no sofá, fazia anos que não via meu pai, ele havia casado novamente, estava morando em uma outra cidade e só me visitava às vezes.
Ele se sentou na minha frente e não parecia estar muito bem, ele estava serio e seus olhos pareciam inchados, algo me dizia que eu não iria gostar do que ele tinha para me dizer.

– O que esta acontecendo? O que você esta fazendo aqui? – Fico olhando seriamente para ele.

–Sua mãe morreu Charlotte, eu recebi uma ligação do General e eu não sabia como lhe falar. – Ele deixa uma lagrima cair.

Aquelas palavras soaram como um tiro no meu peito e comecei a chorar e não sabia o que responder, eu só queria minha mãe de volta, queria abraça-la e pedir desculpas por todas as vezes que falei besteira, todas as vezes que não fui uma boa filha.

– O vovô te ligou? Por que ele não me ligou? – Limpei algumas lagrimas.

– Melhor você fazer suas malas meu amor, você vai embora comigo. – Ele sentou ao meu lado e me abraçou.

Quando terminei de guardas as coisas na mala fiquei olhando para o meu quarto, nada daquilo fazia sentindo, minha vida não fazia sentindo sem ela.
Entrei no carro e fiquei olhando pelo retrovisor a casa sumir, eu iria deixar tudo e todos para trás, eu estava indo viver com uma pessoa que eu chamava de pai, mas mal me conhecia, uma pessoa que me abandonou.
A minha vida inteira eu só tive ela e meu avo, e os dois foram tirados de mim pela guerra, por que o mundo não podia ser justo, por que as pessoas não podiam fazer a paz, quantas pessoas mais precisavam morrer pela guerra para isso acabar, tudo estava sendo tirado de mim.

Quando o carro parou enfrente a uma casa enorme fiquei meio confusa, meu pai saltou do carro levando uma de minhas malas, mas continuei sentada ali tentando entender o que estava acontecendo e então me lembrei das vezes que vi minha mãe ir e voltar da guerra, e do ultimo Natal que tivemos juntas.
Sai do carro e fui andando devagar ate a casa, olhei para todos os lados e eu só me sentia uma estranha ali, aquilo não era para mim, aquela casa parecia mais um castelo do que uma casa.

Fiquei parada olhando um quadro na parede, Príncipe Jordan Van Heyningen e suas duas filhas Stephanie e Katherine, duas meninas loiras e que eram a cara da mãe.

– Venha Charlotte, vou lhe mostrar seu quarto. – Meu pai me puxou em direção a uma enorme escada. – Não esta bem arrumado ainda, mas, assim que Aurora chegar de viagem vamos arrumar tudo.

Ele me arrastou ate o que parecia ser o ultimo andar daquela “casa castelo”, eu tinha contado quatro andares e já estava cansada, ele abriu uma porta e então avistei um quarto com paredes brancas e duas portas, era bem maior que o meu antigo.

– Fique a vontade, eu tenho que sair e mais tarde eu volto. – Ele me da um beijo na testa e some escada a baixo.

Entrei no quarto e fiquei olhando, havia uma enorme cama de casal, umas fotos minhas pendurada na parede e quando abri uma porta, havia um enorme closet que estava vazio, e na outra porta, um banheiro enorme com uma banheira de mármore.
Me joguei na cama e tentei não chorar novamente, eu não queria essa vida para mim, eu queria voltar a ser a antiga menina simples de antes, fiquei ali quieta ate que...


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