A cidade da Califórnia se mantinha em seu vislumbre comum, carros por toda a parte, um grande número de pessoas. Um dia normal para Dean White: trabalho, namorada e casa. Seria como um dia qualquer.

Verônica Scotts, a namorada de Dean, iria encontrá-lo ao final da tarde, os dois iriam para um jantar, seria tudo perfeito, pensou Dean. Os dois estão juntos a dois anos e Dean pretendia pedi-la em casamento neste jantar.

Precisava pegar um táxi e ir para casa se arrumar, queria uma noite perfeita, precisava que aquela noite definisse sua vida e queria que Verônica fizesse parte de seu futuro.

Arrumou-se como de costume: camisa social (típica dos empresários de médio porte), calça preta, sapatos e um penteado galante. Estava pronto para pedir à mulher que tanto amava em casamento.

Pontual como sempre, Dean buscou Verônica em sua casa e, juntos, foram para o restaurante.

– O que vai querer Dean? - a moça de fios suntuosos pergunta ao rapaz com um tom de desdém

– Para comemorar nossa noite eu vou pedir Filets de Sole aux Fruits de La Passion - pede Dean esbanjando seu límpido francês - e você querida?

Dean estava tão animado e ansioso pelo momento de ouvir a resposta de seu pedido que não notou que Verônica 'não estava ali', a mulher se desligara completamente do momento, não dava atenção ao rapaz. Verônica estava muito pensativa nos últimos dias, porém hoje estava relativamente angustiada com algo, parecia querer resolver alguma pendência.

– Verônica, aconteceu alguma coisa? - Dean cutuca Verônica, que parece sair de um transe

– Dean! Tenho que ir, não posso ficar aqui - Verônica levanta da cadeira pegando seus pertences

– Como assim? - exclama Dean, sem compreender o que houve - Espere um instante, tenho que te contar uma coisa!

Dean corre até Verônica, que se vira para ouvir o rapaz, no mesmo instante ele se ajoelha:

– Verônica Scotts, quer se casar comigo? - Dean declama o pedido e, neste momento, todos ao redor observavam

– Dean, eu absolutamente... - Dean se exalta, esperando a resposta que para ele era óbvia - não posso, não vou. Desculpe-me.

Verônica saí do restaurante, Dean desaba por dentro. Verônica era o pilar de sua existência naquele momento. O rapaz fica sem reação alguma, não ouve nada, não vê, só sabe que acabara de perder algo muito importante, mas ao mesmo tempo percebe que essa perda não significava uma derrota, essa perda também representava uma oportunidade única, a de descobrir quem ele de fato era. Tirar essas conclusões para si mesmo.

[...]

– White! White!

Dean acorda de sua lembrança mais profunda e tenebrosa, era uma lembrança que ele preferia esquecer de vez. Desde que o mundo inteiro virou de cabeça para baixo, Dean se tornou uma pessoa inóspita de qualquer sentimento, se tornou neutro de emoções; puro instinto.

Os mortos andavam por aí, Dean estava com um grupo de cinco pessoas: Mark, Jinx, Roxanne, Sara e Liam.

Dean ouvia os gritos de Mark o chamando, talvez fosse outro zumbi tentando entrar pela janela do galpão.

Sara aparece e Dean percebe que deveria ser algo a mais. Os dois se dirigem até a parte inferior do galpão.

– White! Há duas mulheres do lado de fora sendo rodeadas por alguns zumbis, eles ainda não a notaram, porém ao perceberem serão estraçalhadas por esses comedores de gente! - Mark, era mais velho que Dean, e muito preocupado com a vida alheia - Vamos até lá buscá-las e trazê-las para cá! Liam pegue as armas e venha com a gente!

– Mark, não é arriscado? - Jinx, era namorada de Mark e a mais velha do grupo

– Precisamos salva-las! - Roxanne intervém, ela era a mais culta, se estava querendo tomar uma decisão como essa é por que de fato deveria valer à pena

– Roxanne tem razão querida, devemos ao menos tentar, se corrermos qualquer risco voltaremos na hora, está bem? - Mark consola Jinx, Mark é pacifico demais, surpreende não ter mudado após tudo o que houve. Talvez conseguisse ficar bem por conta de Jinx

Dean, Liam e Mark saem do galpão. Jinx fica no telhado com um rifle, caso fosse necessário ajudar os rapazes. As duas mulheres já avistaram seus salvadores, mas pela infelicidade das mesmas, alguns zumbis já notam a presença do trio. Liam parte na frente e abate dois zumbis com um bastão de ferro. Liam era novo e forte. Mark deveria estar fora de si quando tomou a decisão de ir salvar aquelas frágeis mulheres, não notara que havia um número expressivo de zumbis do outro lado, 50 talvez. A horda de zumbis parte em direção ao trio. Mark tenta chamar a atenção das duas mulheres, enquanto Dean atira nos que ousassem se aproximar de Mark. Liam abate freneticamente um zumbi atrás do outro, mas houve um descuido, Liam não esperava por um pequeno buraco no chão, o que o fez tropeçar. Mark perde a atenção dos zumbis a sua volta e corre para, junto das moças, voltarem ao galpão. Dean atira nos zumbis próximos a moça, e vendo Liam em uma situação terminal, parte para tentar acabar com o que sobrava de Liam e os outros zumbis. Dean pega o bastão de Liam, e antes de tudo abate o rapaz, que ainda não tinha sido mordido e freneticamente começa a esterilizar todos aqueles zumbis que estavam a sua volta. Mark e as duas moças já chegaram à porta do galpão, mas Dean continuava ali, acabando com cada pedaço de carne morta que adentrava um circulo de 10 metros. Eram muitos, Dean acabou com todos eles, inclusive com o jovem Liam. Foi rápido, aterrorizante aos olhos alheios, porém, algo normal para Dean, fora só mais um momento em uma época como esse apocalipse.

Havia ainda um problema, Dean avistara algo que já não poderia conter sozinho: uma horda muito maior de zumbis lá longe, atravessando um rio próximo. Dean corre até o galpão e recolhe seus pertences. O resto do grupo ainda não havia processado tudo o que houve, e juntos, quase que instintivamente correm para fora do galpão. Dean não tinha preocupação em manter aquelas frágeis vidas a salvo. Sequer sabia o que fazia com aquelas pessoas. Só tinha uma certeza: sentia uma energia pulsando por todo seu corpo e só tinha vontade de acabar com o que viesse a frente, mas ainda lhe sobrava algo de humano, lhe sobrava um pouco de Sanidade.