Arabella escrita por Queen


Capítulo 4
And when she needs to shelter from reality


Notas iniciais do capítulo

Oiiiiii gente!
Cara, eu postei rápido dessa vez, né? né. Eu vou já deixar tudo pogramado, como prometi, aí é mais rapido.
Gostaria de pedir que vocês comentassem, pois a fic está cheia de leitores fantasmas, apenas duas pessoas comentam e isso me deixa um pouquinho triste.
Para quem não sabe a fic tem um trailer: https://www.youtube.com/watch?v=wPhHX7bnbYw

Beijos, espero que gostem.



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"Ele raramente pedia desculpas. Pedir desculpas não estava na sua lista de coisas para fazer, nunca esteve. Ele já havia recebido tantas desculpas em toda a sua vida que simplesmente não conseguia mais acreditar que elas valessem para algo."

Pequenas mãos macias e delicadas rodeavam o seu pescoço. As caricias em sua clavícula e no queixo, às vezes no cabelo. Ele se sentiu tão confortável, com uma imensa vontade de ronronar igual um gatinho de estimação. Ele poderia ter continuado com aquilo, de olhos fechados sentindo um leve cheiro de flores no ar, alguma coisa estava pinicando o seu rosto e aquilo o estava incomodando, além de que as mãos pararam de fazer caricias e pousaram em cima do seu curativo.

Ele automaticamente abriu os olhos.

Por um momento ficou confuso por haver dois grandes olhos verdes o encarando, mas então ele se lembrou. Lembrou-se dela. Katie. Ela estava deitada de barriga para baixo na cama, mas a cabeça estava esticada no canto, o encarando, já que ele estava deitado no colchonete. Seu cabelo estava solto e descia sobre seus olhos, atrapalhando sua visão e as vezes algumas mechas caiam sobre o rosto de Travis, o aroma de flor estava impregnando naqueles cabelos medianos. Sua sobrancelha estava se abaixando cada vez mais, seu olhar um tanto quanto curioso, Travis pode observar que ela ainda não havia percebido que ele estava acordado, já que ela estava muito concentrada tentando tirar o curativo do seu pescoço.

– O que você pensa que está fazendo? – Ele perguntou calmo, de forma fria e ácida, fazendo com que ela afastasse a mão bruscamente.

– Desculpa, eu só achei que... – Ela começou a falar, mas logo balançou a cabeça o encarando preocupada – O que é isso? Esse hematoma está roxo e muito feio. Você andou brigando?

Uma gota de suor surgiu na testa de Travis, ele estava tenso. Olhou para o relógio e viu que faltava pouco para três horas da tarde, ele iria ter aula extra de biologia pratica em poucos minutos, por isso se levantou e correu para o banheiro, saindo de lá com a roupa já trocada, os cabelos arrumados e o rosto molhado.

– Você é rápido.

– É que eu estou atrasado. – Ele declarou enxugando o rosto, pegou seu celular e vestiu seu habitual sobretudo – Tchau.

– Para onde você vai? Eu vou ficar aqui sozinha?

– Pra escola, e, bem, sim. Coloca um desenho legal aí, quem sabe a Dora, vocês até se parecem! – Ele falou zombeteiro e ela fechou a cara – Salvem o planeta. As florestas. A Amazônia. Os cangurus da África! Salvem!

– Desde quando na África tem canguru?

– E não tem?

– É na Austrália, idiota.

– Enfim! Salvem os... sei lá! Apenas salvem! Adeus!

E se foi, fechando a porta em seguida e pulando os degraus da escada. Correu pela rua e tentou pegar um taxi, mas não obteve sucesso, então continuou correndo. O sr. Hammires sempre foi muito chato nas aulas praticas de biologia, e aquilo o estressava, mas ele manteve a calma quando conseguiu chegar na escola no momento em que o sinal bateu. Ele não era obrigado a assistir aulas extras, mas preferia passar seu tempo dentro da escola, lá dentro ele conseguia acreditar que a sua vida tinha futuro.

Entrou na sala e esperou como de costume que todos os alunos chegassem. Por incrível que pareça ele sempre chegava primeiro, sentava-se perto da janela, observava o transito e os alunos que entravam na sala. Angelina discutia com ele quase todos os dias por ele ser tão chato e sem graça, ela dizia que ele deveria ser como Connor, por mais retardado que fosse. Ele deveria ser mais alegre. E, Travis como sempre, apensa assentia, com o olhar distante.

Sua vida era realmente sem graça, mas ele tentava ao máximo possível disfarçar com pequenos truques na manga e com algumas pegadinhas ao lado do seu irmão. Era só simplesmente fazer alguém rir e voalá, ele não era mais aquele garoto sombrio. Ninguém nunca percebia as coisas estranhas que Travie fazia silenciosamente. Nunca.

– Vocês não vão acreditar no que eu acabei de ver! – Angel falou empolgada, havia chegado junto de Will e sentou-se entre ele e Travis, esses que a encararam esperando ela continuar. Angel deu um suspiro e revirou os olhos antes de falar : – James Stiles.

– Mas o que ele está fazendo aqui? – Travis perguntou tenso, Stiles era um antigo colega de todos – Todos menos de Angel, ela o odiava mais do que odiava as pessoas falarem mal da parada gay – e havia sido expulso da escola no verão passado. Travis nunca se deu muito bem com ele, pois Stiles era sempre o observando de uma forma desconfiada, como se soubesse sobre o segredo de Travis e isso o deixava apavorado – Não me diga que ele tá se matriculando aqui novamente.

– Está, e vai começar as aulas em breve.

Will olhou para Travis, que devolveu o olhar de soslaio. O professor de biologia pratica chegou e junto dele os outros alunos que faltavam, para logo em seguida começar a aula. Travis deu um suspiro, cansado, ele estava sempre cansado.

Em determinado momento da aula, quando o professor começou a falar sobre os nomes originais das formulas e sobre protozoários, lipídios, proteínas e etc. – Assunto que ele já havia visto – Travis se pegou olhando para seu braço, então subiu um pouco a manga do casaco de lã e puxou vagarosamente o band-aid que estava ao redor do seu pulso, sentiu a ardência invadir aquela área. Respirou fundo e se mexeu lentamente, abrindo a bolsa e pegando um spray e uma pomada, colocou nos bolsos e levantou a mão.

– Posso ir ao banheiro? – Perguntou e o professor ergueu a sobrancelhas. Hammires nunca deixava os alunos sair de suas aulas, mas Travis havia conseguido descobrir algo bem interessante sobre seu professor e resolveu usar aquilo de forma beneficente para o seu lado - Comi ovos fritos com bacon essa manhã e não estou me sentindo muito bem...

A sala gargalhou e Travis deu um sorriso amarelo, na maior cara de pau que tinha, Hammires suspirou e assentiu, sem antes lhe informar para ir na enfermaria pegar alguns laxantes, isso fez a sala rir ainda mais.

Ao entrar na cabine do banheiro Travis abaixou a tampa do vaso e despejou o spray e a pomada ali. Depois tirou o casaco para logo em seguida tirar a camisa. Respirou fundo e colocou calmamente as mãos ao redor do pescoço, tirando dali o curativo. Depois tirou os curativos das costas, quatro deles, dois na barriga, três no braço esquerdo e um no pulso. Sua pele estava ardendo pra caramba então ele apertou o spray contra as cicatrizes e hematomas, depois passou a pomada. Esperou por um tempo olhando pacientemente para o relógio, Sr. Hammires já deveria ter imaginado que o seu caso era realmente grave e ele havia sido dispensado. Melhor assim, faltava apenas vinte minutos para a aula acabar, de qualquer forma. Colocou os curativos, vestiu a blusa e depois a jaqueta.

Antes de sair mandou uma mensagem para Will, pedindo que ele pegasse seu material. Quando o sinal bateu Travis se encostou-se no muro da escola. Viu de longe James Stiles no campus, conversando com algumas garotas, ele sempre foi o garanhão da escola, depois vinha Percy e por incrível que pareça Connor. Algumas meninas as vezes os confundiam, chegavam em Travis perguntando sobre o tal encontro que eles iriam ter, Travia ficava tão sem ação que apenas dava de ombros, alguns minutos depois via Connor com a mesma garota. Angel dizia que ele deveria se aproveitar para aprontar alguma ou ficar com a garota, mas ele não era capaz de fazer tal ato, não tinha animação para isso.

Chegava a ser estranho a forma como Travis vinha mudando ultimamente. Ele era igualzinho ao irmão, sempre se divertindo, sempre dando as melhores festas, contando as melhores piadas, até que humor se Travis foi sendo afetado pelos seus atos e raramente o via fazendo alguma gracinha, mas quando fazia, era inesquecível. Seu talento para arquitetar planos era incrível.

– Ah, por favor, a quem você quer enganar? – Will perguntou quando os dois se encontraram e foram caminhando em direção a lanchonete – Você não passou mal na aula, você nem ao menos gosta de bacon! Você estava cabulando aula?

– Não exatamente... – Travis deu um sorrisinho nervoso, deixando a frase no ar. Sentaram-se em uma mesa – Sabe me dizer se o Night Dark vai abrir hoje?

– Não, só na próxima semana. Pelo que eu fiquei sabendo tá em reforma – Will declarou comendo um pedaço de bolo, Travis apenas bebia água – O que eu não entendo, Stoll, é que você parou de fazer festas a mó tempão mas sempre que possível tá na melhor e mais sinistra balada de Vancouver. Eu não gosto muito de lá, faz jus ao nome.

E era exatamente por isso que Travis gostava de lá. Sem querer sorriu maliciosamente.

– Bom... Não tenho nada a declarar. – Ele disse e deu um longo gole de água, depois olhou para o relógio, ligou o celular e viu havia uma mensagem de Johanna falando para ele não demorar a ir para casa, pois Connor havia ido a um dos seus famosos encontros no shopping e ela não iria voltar cedo do trabalho, o que significava que Katie estava sozinha – Puff, agora eu vou ter que ficar de babá. Cara, meu padrasto tem uma filha e aí a criatura veio morar conosco, ela é... Sei lá, muito naturalista, sabe?

– Sei não. Qual o nome dela? É gata? Tenho chance?

– É Katie. Em relação a isso eu não sei o que falar, ela é meio que quase minha irmã, sei lá, é nojento pensar em uma coisa assim. Além de que ela é baixinha pra cacete, e super irritadinha.

– É assim que eu gosto.

– Você é estranho.

– E você é muito mais.

***

Travis semicerrou os olhos tentando checar se aquilo que ele estava vendo era real : Katie em cima de uma escada pintando a fachada. Ela estava com os cabelos amarrados e usava um óculos escuro, com uma careta de quem estava se esforçando para ter forças, ele reprimiu uma risada, colocou as mãos nos bolsos e caminhou calmamente em sua direção.

– Oi.

– Ah! Oi Travis! – Ela falou ofegante nas pontas dos pés. Sem perceber deu um paço em falso e se desiquilibrou. Soltou um gritinho e fechou os olhos, esperando pelo impacto contra o chão. Seria uma queda horrível. Mas ela não ocorreu, já que Travis passou os braços ao redor de sua cintura e ergueu. – Socorro.

– Calma. – Travis disse calmamente a colocando no chão – Por que você tá pintando a fachada?

– Obrigada. E, hum, sua tia não disse que eu deveria pintar...?

Travis sorriu.

– Era brincadeira!

– Você tá falando serio?

– Sim.

– Argh! – Katie falou ficando avermelhada. – Não acredito nisso.

– É, na próxima semana vai vir um pessoal aqui pintar a casa inteira.

– Puta merda – Katie falou tirando as luvas e jogando o pincel na lata de tinta. Respirou fundo e tirou a liga dos cabelos – Eu to cansada e cheirando a tinta! Droga.

Travis riu baixo enquanto a seguia, entrou em casa e se jogou no sofá. Katie declarou que iria tomar banho, ele apenas assentiu. Começou a assistir Revenge esperando pacientemente que a pipoca no micro-ondas ficasse pronta. Quando apitou, levantou-se preguiçosamente e pôs em uma vasilha, quando voltou para a sala Katie estava sentada no chão vestida de pijamas e com uma tinta preta de cabelo na mão, começando a separar as mechas.

– Seu cabelo não é preto?

– Não. É uma cor totalmente podre e estranha, é meio caramelo ou sei lá, e era enorme, então eu cortei e pintei, para ficar parecida com a Summer.

– Quem?

– Summer, de “500 dias com ela”.

– Ah... Mas acho que eu iria preferir a verdadeira cor.

– Acho que não. -–Katie disse jogando seu celular em sua direção, em uma pasta com fotos antigas. Travis arqueou as sobrancelhas ao notar o quanto o cabelo de Katie era bonito, por mais que agora fosse interessante antes era bem melhor.

– Prefiro o antigo.

– Você é estranho.

– Todo mundo diz isso.

Depois de um tempo começou a passar outro seriado desconhecido e Travis se espreguiçou no sofá, seu dia estava sendo tão entediante. Precisava se divertir, precisava ocupar a cabeça, o Night Dark deveria estar aberto naquela noite, era a única coisa que poderia fazer o seu dia valer um pouquinho mais a pena. Seu corpo estava extasiado, ele iria enlouquecer.

– Esse cheiro de tinta tá me deixando enjoado.

– Problema seu.

Travis revirou os olhos e reprimiu um gemido, estava igual um fumante tendo crises de abstinência, necessitado de nicotina. Estalou a língua varias vezes, tentando se distrair com qualquer coisa. Fechou os olhos e então imaginou os corredores vazios tão conhecidos por ele, deu um sorriso canto, lembrando-se das salas que haviam ali, salas as quais poucas pessoas tinha permissão para entrar. Então, se lembrou de Nico, e que ele trabalhava lá, por isso automaticamente abriu os olhos. A procura do seu celular, discou o numero que ele se perguntou por que havia gravado. Chamou quatro vezes antes de uma garota atender.

– Nicolas?

– Oi... Er, vou passar pra ele. Quem fala?

– Travis.

Ouviu-se um longo chiado, fazendo com que Travis afastasse um pouco o telefone do ouvido e fechasse os olhos. Quando tudo ficou silencioso novamente, respirou fundo.

– Fala Stoll.

– Nico, o ND vai abrir hoje?

– Mas é claro, a reforma foi adiada. Por que?

– Pode conseguir algum ingresso para mim?

– Por que não comprou antes?

– Eu não sabia que estaria aberto.

– Tá, quer quantos?

Travis pensou por um tempo e olhou para Katie, que estava olhando para ele de forma curiosa. Abriu a boca e fechou varias vezes, se ela fosse será que ela notaria algo? Talvez não.

– Dois.

– Ok, na hora da entrada eu te dou.

– Valeu.

Ele desligou e olhou para Katie.

– Tá a fim de ir para a balada hoje?

– Você tá me convidando pra sair? Um encontro?

– Claro que não, não seja idiota, apenas acho que é bem melhor do que ficar aqui assistindo novela mexicana com a Tia Johanna ou ouvindo os gemidos da transa do Connor com a garota que ele saiu hoje. Você quem sabe.

– Tudo bem.

– Mas, por favor, se vista normalmente.

– Tem algo contra meu jeito de vestir? – Katie perguntou arqueando as sobrancelhas.

– Você veste muito verde e tem muita roupa de florzinha, parece ate que está usando uma camuflagem e está se escondendo na mata, ou sei lá, parece essas roupas que se encontram em brechó, nem minha mãe gosta dessas roupas. Nem minha avó.

Katie abriu e fechou a boca, ofendida. Ela não sabia exatamente como responder, como retrucar, então ela semicerrou os olhos e deu uma fungada após fazer uma careta.

– Tudo bem então.

Travis percebeu que ela estava magoada, mas não pediu desculpas. Ele raramente pedia desculpas. Pedir desculpas não estava na sua lista de coisas para fazer, nunca esteve. Ele já havia recebido tantas desculpas em toda a sua vida que simplesmente não conseguia mais acreditar que elas valessem para algo. Talvez valessem para Katie, mas ele sabia que era porque ela era sentimental de mais.

***

O frio noturno atingiu sua pele, fazendo-o se encolher um pouco. Suas botas de couro faziam o mínimo barulho possível no asfalto, ao contrario da sandália dela, que tinha um som estridente e rasteiro. Suas mãos dentro dos bolsos, a cabeça erguia, vendo de longe as luzes azuis e cintilantes no alto de uma torre. Em um raio de mais ou menos sete quilômetros se era possível ouvir o som das musicas eletrônicas vindo de lá, não havia nenhuma casa ao redor do prédio, apenas lojas e mais lojas.

Travis parou na porta de entrada com Katie ao seu lado. Ela estava vestida com um vestido florido e uma simples sandália de dedo. Talvez ela se arrependesse ao entrar na boate e ver todos vestidos diferente dela, mas Travis não estava se importando. Sua jaqueta de couro preta chamava atenção ao fazer um contraste com sua blusa branca, um perfeito badboy. Não enfrentou a fila, entrou direto pela ala vip. Ao entrarem Katie se encolheu com o barulho e tudo o que Travis fez foi apenas rir e balançar a cabeça junto da musica, as luzes dos globos deixavam seu rosto sombrio. Ele deu um sorriso de escarnio.

– Bem vinda a Vancouver, baixinha.

Katie deu um sorriso fraco e tentou acompanhar as batidas que o dj dava, mas foi um completo fracasso, ele era tão atrapalhada que tudo o que era capaz de fazer era dar divertimento as pessoas por ser tão palhaça e a Travis, que pulava ao com um copo de bebida laranja na mão ao lado de uma garota loira.

– Connor? Lembra-se de mim, sou a Jannie.

– Eu não sou o Connor – Travis disse divertido dando um gole, a garota o observava – Sou o Travis, irmão dele. Somos gêmeos.

– Beleza em dobro! – Jannie disse em tom malicioso, próximo ao ouvido de Travis. Katie observava a cena emburrada de longe, ela deveria estar se divertindo, mas não, estava em um canto de braços cruzados. Havia dado três foras seguidos no mesmo cara, ela queria ir embora. – Aqui tá muito barulhento, vamos para um lugar mais calmo?

Travis arqueou as sobrancelhas, surpreso. Normalmente ele ia atrás das garotas, não elas que vinham ate ele. Pensou por um tempo, havia ido ali para ir até a terceira sala no corredor vazio e fazer aquilo que realmente trazia divertimento para ele, aquilo que realmente o fazia sentir prazer em algo. Mas decidiu mudar o rumo da sua noite ao assentir e por a mão nos ombros de Jannie, a arrastando para o bar. Sentaram-se lado a lado nos bancos e se encararam. Havia um sorriso discreto em seus rostos, mas ambos com segundas intenções por baixo daqueles olhares. Ficaram conversando por um bom tempo enquanto bebiam, Travis havia esquecido totalmente de Katie, nem se lembrou de que a havia levado atá ali, seu pensamento era que ele estava sozinho, como nas diversas vezes em que ele havia vindo antes. Estava tão perdido em pensamentos que não percebeu quando Jannie colocou a mão sobre o seu joelho, depois subiu até o seu tronco. Ele deu um sorriso de canto e olhou de esguelha para os lados, ninguém prestava atenção neles. Afastou-se e se pôs de pé, deixando a garota constrangida.

– Então, decidiu se eu sou melhor que o Connor? –Ele perguntou provocante se aproximando, bebendo calmamente o wiski no copo.

– Eu ainda não obtive o tour completo – Ela fisgou a ultima palavra com certa malicia após morder o lábio inferior.

– Que tal completarmos o tour agora? – Ele perguntou colocando as mãos ao redor do seu rosto, próximo ao seu ouvido. Percebeu que ela se arrepiou, seu riso então escapou e para disfarçar beijou seu pescoço. Ela assentiu.

Ela se levantou e segurou a sua mão, passaram pelas dezenas de pessoas que estavam na frente e foram até o andar de cima da boate. Pegou a chave de um quarto na recepção e subiram o elevador, se encarando, o desejo de se agarrar ali mesmo estava a flor da pele.

Antes mesmo que Travis fechasse a porta Jannie cravou as unhas em sua nuca e se aproximou. Suas mãos automaticamente foram para a sua cintura enquanto a boca dos dois se fundiam, os lábios sincronizado, a língua gélida dançando sobre a quente. As mãos de Travis corriam por toda a extensão das costas de Jannie, que estava na ponta dos pés e os braços enlaçados ao redor do pescoço de Travis. Ele a deitou na cama, ofegante, distribuindo beijos sobre o seu colo, em questão de minutos a blusa dela estava no chão e as mãos de Travis estavam no fecho do sutiã de Jannie.

Um som estridente preencheu o quarto. Alguém estava batendo na porta, Jannie se afastou.

– Mas que merda é essa? – Travis exclamou se levantando enquanto ela se vestia, abriu a porta do quarto com uma cara nada amigável. Seus cabelos estavam bagunçados, a boca avermelhada e a jaqueta em seus dedos, encarava a garota na sua frente: Katie. Era Katie que estava batendo na porta, com o rosto vermelho e um ar de superioridade. Ela se sentiu ainda mais baixa ao ver Travis ali, com uma carranca em sua direção. Ele estava muito bravo com ela – Mas que diabos...?

– Nós temos que ir! Já são duas da manha, entende? Sua tia vai ficar preocupada.

Mas que merda! – Travis pensou revirando os olhos – Eu fico aqui até o raiar do dia e ela está me chamando para ir embora as duas da manha?

– Eu sabia que não deveria ter trazido uma criança comigo.

– Não me chame de criança – Ela disse, mas logo se arrependeu, pois Travis lhe lançou um olhar sombrio. Um silencio se instalou e foi quebrado com o barulho de saltos. Katis olhou por cima do ombro de Travis, e avistou a mesma garota loira vindo em sua direção. Ela parecia irritada – Ai Meu Deus... Gente, desculpa eu atrapalhar, eu...

– Já atrapalhou, não tem volta. – Jannie disse maldosamente e olhou para Travis – Depois continuamos isso.

Ela passou por ele, mas antes de passar pela porta ele a puxou novamente, depositando um beijo rápido em seus lábios. Queria fechar a porta na cara de Katie e voltar para a cama com Jannie, mas não podia.

– Eu te ligo – Travis declarou após uma piscadela, ela sorriu de volta. Então ele olhou para Katie e sua expressão mudou para desgosto. Saiu do quarto e colocou a jaqueta sobre os ombros – Vamos logo.

– Travis, me desculpa, por favor. Eu não sabia que você estava acompanhado – Katie desatou a falar quando eles chegaram em casa. Subiram as escadas silenciosamente e entraram no quarto. Ele acendeu a luz e tirou os sapatos, depois a jaqueta. Estava com calor, estava enjoado, queria vomitar, queria descansar, queria dormir, queria fazer diversas coisas ao mesmo tempo. Tirou a blusa sem se importar se Katie veria seus hematomas ou não, ele não estava ligando para nada. Jogou-se na cama e ligou o ar, cobrindo-se dos pés a cabeça – Sério Travis, me desculpa?

Katie se sentia envergonhada. Respirou fundo e pegou seu pijama, entrou no banheiro e se trocou. Quando saiu Travis estava com os olhos abertos, fixos nela. Não desviou os olhos em nenhum segundo.

– Você tem noção do que você fez? – Ele perguntou irritado e ela negou, era tão ingênua, tão boba, tão inocente – Você fez eu perder a melhor coisa que poderia acontecer na minha noite.

Travis observou ela assentir e deitar-se no colchonete. Eles se encararam pelo reflexo do espelho. Seus olhos estavam frios e os dela estavam amendrontados.

– Não ache que tudo vai ficar bem. Vai ter volta. E você está me devendo uma transa – Ele declarou e ela engoliu em seco. – Uma transa bem comovente com direito a orgasmo, com a Jannie Martin, saiba que eu vou cobrar.

E ele realmente iria. Quando ela menos esperasse. Ele sempre cumpria a sua palavra.


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Notas finais do capítulo

Confesso que não gosto desse capitulo, apesar de ele ser bem interessante. Sei lá, já reescrevi ele umas quatro vezes nessa semana, tentando melhorar, e sempre dá na mesma coisa :/