Just Tonight escrita por Lúcia Hill
Naomi abriu a porta de entrada da mansão de forma lenta tentando não fazer barulho, eram seis e meia da manhã do sábado, um fugaz sorriso surgiu em seus lábios ao se virar na direção de Charles que estava logo atrás, pela primeira vez não sentiu se a vontade na companhia dele.
– Vou subir e tomar um banho, você quer vir junto? – convidou o enquanto tentava não cair na gargalhada.
– Acho que devo recusar essa notória oferta, mesmo que estou balançado a aceitar – respondeu retribuindo um leve sorriso, Naomi assentiu.
Ela o olhou por cima do ombro, para certificar que ninguém os tinha visto chegar, deu uma piscada e mandou um beijo de forma provocante, subiu os imensos degraus com tamanha agilidade, enquanto Charles permaneceu parado encarando a desaparecer.
– Pelo visto teve uma boa noite – anunciou uma voz bem familiar, ao se virar pôde notar Michael Bolton parado junto a porta.
O sorriso desapareceu do rosto de Charles, rapidamente ajeitou sua camisa e o encarou.
– Creio que não é de sua conta o que faço – respondeu de forma dura, mas educada. – Agora se me permitir tenho que me aprontar para o café da manhã.
Charles ameaçou a continuar seus passos, mas a voz irônica de Michael o impediu.
– Qual é cara, não quis ofende. – disse enquanto seus lábios se curvavam em um sorriso ácido – Mas tenho que dizer, Naomi pode até ser boa de cama, mas tem que ficar de olho, pois não é nem uma santa e adora usar as pessoas para se beneficiar.
Antes que Charles pudesse responder, Michael se virou e desapareceu, soltou um longo suspiro.
Meia hora depois todos estavam reunidos para o café da manhã, Naomi estava linda com aquele vestido floral rodado, a jovem conversava com sua irmã de forma descontraída.
Charles permaneceu em silêncio. O sorriso que se desenhava nos lábios de Naomi parecia de certa forma o hipnotizar.
– Vejo que se entendeu com minha futura cunhada – disse George segurando seu ombro quebrando aquele transe. – Irá me contar os detalhes ou terei que descobri-los sozinho? – perguntou enquanto sentava se ao seu lado.
Charles franziu o cenho e o encarou por um instante, sentiu seu rosto esquentar logo desviou seus olhos, voltando os para o jornal, para que ele não notasse, George meneou a cabeça, parecendo satisfeito com a reação do irmão, e depois se virou, bebericou um pouco de seu café.
– Qual é Charles, somos adultos e por outro lado já esperava que acontecesse. – insistiu para que ele abrisse o jogo.
– Fomos ao teatro o que tem de tão interessante nisso? – indagou sem encará-lo.
– E dormiram por lá também? – rebateu George, fazendo o se virar em sua direção com uma expressão pálida – O Byron me contou que a Naomi o dispensou pelo resto da noite e que vocês foram a um barzinho.
– Está sendo indelicado com suas perguntas – grunhiu entre os dentes. – Bebemos apenas e como estava chovendo paramos e ficamos em um hotel, não vejo o que isso seja de seu interesse, meu caro irmão.
George não conteve uma gargalhada deixando claro que imaginara o resto, depois de uns drinques e um quarto de hotel, tinha rolado algo mais.
– Tudo bem, irei parar de te atormentar, deveria ir mais ao teatro isso lhe fez um bem danado, pois faz um bom tempo que não o vejo de bom humor – brincou.
[...]
O organizador estava conversando com Claire no canto da capela que ficava nos fundos da casa do campo, enquanto George permanecia sentado ao lado de Michael e dos padrinhos conversavam de forma descontraída.
– Vejo que não é muito de se misturar não é? – questionou Naomi parada logo atrás, pegando o de surpresa.
Ele se virou e a examinou por completo, balançou a cabeça de forma lenta e pensativa, apontou para que se sentasse a seu lado.
– Às vezes prefiro ficar sozinho, mas e você porque não está com as outras madrinhas?– quis saber, virando se para encará-la.
– Odeio aquelas garotas que minha querida irmã convidou para serem suas madrinhas – ao se virar na direção dele pode notar um olhar curioso, ela sorriu quando ele desviou os olhos para o canto – O que foi?
Charles apenas sorriu, como poderia alguém ser tão sincera daquela forma, pois cresceu em um ambiente em que era forçado a esconder seus verdadeiros sentimentos.
– É que vocês americanos tem um modo diferente de expressar suas emoções e reações – disse encarando a – Diferente de nós ingleses que preferimos nos manter neutros.
Naomi não conteve uma gargalhada, chamando a atenção dos demais presentes na capela, até pareciam um jovem casal. George pode notar o ódio nos olhos de Michael Bolton. Se era essa intenção que Naomi desejava, estava conseguindo.
Não demorou a que o ensaio começasse, saiu tudo como Claire desejava a sincronia dos casais, a música.
– Ta a fim de fazer alguma coisa agora? – perguntou Naomi parada próxima à entrada. Charles encarou por alguns instantes.
– Adoraria, mas tenho que finalizar alguns relatórios.
Ela assentiu, caminhou na direção do banco solitário, o sol estava baixo dando-lhe uma boa sombra.
Encostou se e relaxou o corpo, as lembranças da noite passada, fez soltar uma risada de satisfação.
– Vejo que está adorando fazer aquele pobre coitado de besta – grunhiu Michael, pegando a de surpresa.
Naomi se virou lançando um olhar rancoroso em sua direção.
– Me poupe de seu mau humor – disse enquanto se levantava para sair dali, mas sentiu a mão dele a impedir – Me larga, seu imbecil. – resmungou enquanto tentava se livrar daquela mão.
Michael a puxou fazendo com que seus corpos se chocassem, segurou a nuca de Naomi e aproximou seus lábios do ouvido dela.
– Sei que ainda me deseja loucamente – murmurou ao pé se seu ouvido, fazendo seu corpo todo se arrepiar.
Por um segundo achou que iria ceder aquele maldito desejo, mas se afastou bruscamente dele com passos rápidos e desajeitados em direção a casa, se odiando por não ter dado um tapa bem no meio daquela fuça.
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