Naomi girou sobre os saltos e arfou enquanto olhava de minuto em minuto a tela de seu relógio, Toddy nunca esquecia seus deveres, estava a quase quinze minutos aguardando o na frente do belo restaurante "Nereu". Sentia seu rosto queimar devida a arfada de ventos gelados, assim que sentiu o celular vibrar - sentiu um alivio - retirou o da pequena bolsa da Colcci e o desbloqueou.

Desculpaaa, mais terá que encontrar o patrocinador sozinha, Chéri! Problemas com o bofe! Beijos e até amanhã. – Ass: Toddy Benson.

Naomi leu incrédula aquela mensagem umas quatro vezes, fechou os olhos por um minuto enquanto guardava o aparelho dentro da bolsa, sentiu uma imensa vontade de esganá-lo. Aquela era a primeira vez em quase cinco anos que T. Benson deixava-a sozinha. Ela não respondeu o SMS, mas suas mãos se fecharam em punhos.

— Nunca abandone seu parceiro — resmungou a norma da empresa enquanto caminhava lentamente na direção da entrada — Me aguarde, Toddy.

Aproximou-se da recepção do lugar onde estava um belo rapaz alto de cabelos louros, que a saudou como sempre fazia sem delongas a morena disse o nome reservado, o rapaz achou a reserva em segundos, pediu para que o seguisse, ela o seguiu em silêncio na direção da mesa que estava ocupada, sentiu o rosto ferver de vergonha, estava novamente atrasada.

Naomi lançou um olhar confuso, o patrocinador nem se quer se levantou estava de costa para ela — sendo indelicado —, rapidamente ela agradeceu o funcionário que os deixou sozinhos. Ela franziu o cenho e se aproximou da mesa.

— Me perdoe pelo atraso — se justificou ao se aproximar, mas parou bruscamente assim que ele se levantou — impossível — Naomi sentiu suas pernas amolecer a cor de seu rosto desapareceu — C-Charles? - se odiou por gaguejar.

Ele se levantou e permaneceu imóvel enquanto fazia uma leve analise, deixando a ainda mais confusa, — pressentia que Toddy tinha alguma coisa com aquela situação — Charles estendeu a mão na direção dela que sem vacilar apertou-a.

— Acho que foi um engano, estava esperando um patrocinador e enfim... — grunhiu Naomi ainda em pé parada frente a frente com ele.

Tinha que concordar que ele estava divinamente vestido, com aquele terno Armani — sem dizer seu perfume amadeirado — Naomi tentou se afastar da mesa, mais sentiu a mão dele impedi-la. Causando lhe uma onda de adrenalina percorrer suas veias, rapidamente ela se afastou.

— Não tem engano nem um, sou o novo patrocinador da campainha —respondeu de forma categórica — Acho que está alguns minutos atrasada se puder começar, pois pretendo pegar o voo das dez para onze para Londres.

Ela arqueou a sobrancelha, ele estava sendo um pouco indelicado — Toddy era o responsável por aquele encontro —, por fim assentiu e sentou-se.

— Meu assistente teve problemas pessoais e só me avisou quinze minutos depois, espero que não tenha sido uma catástrofe ter esperado todo esse tempo — disse com um tom de arrogância na voz — Acho que nossos ramos são completamente diferentes e pode acabar em desastre iminente e por isso não poderei lhe propor nossas ofertas, a não ser que esteja disposto a expor nossos cartazes para os pinguins do ártico — se levantou — Agradeço por sua paciência e não irei tomar lhe seu precioso tempo, passar bem — concluiu.

Antes que Naomi pudesse se afastar a voz rouca de Charles quebrou o silêncio.

— Boa comparação, mas acho que seu supervisor de Londres não ira gostar nem um pouco a forma com que tratou um velho amigo — grunhiu, Naomi permaneceu de costas para ele e fechou os olhos - droga ele conhecia Harriott Carter - sem delongas a morena voltou para sua cadeira — Ele me pediu para vir pessoalmente falar com uma de suas melhores representantes da América.

Naomi encarou-o perplexa por alguns minutos, antes que pudesse falar o garçom se aproximou e de forma gentil anotou os pedidos.

— Apenas um copo d’ água — pediu enquanto fechava o cardápio, deixando Charles surpreso com a escolha, sem demoras o rapaz anotou e se afastou — Está bem, quer falar sobre as campanhas, então irei lhe mostrá-las com prazer — grunhiu enquanto se abaixava para pegar os cartazes e colocou na frente dele — Ai está, os meus tediosos desenhos para o outono/inverno e aqui está meu cartão se precisar de alguma coisa é só me ligar.

— Linhas agressivas — disse.

Naomi encarou-o boquiaberta, aquilo era o limite que poderia aguentar, se apoiou sobre as duas mãos e lançou lhe um olhar furioso.

— Tão sutil para alguém tão antiquado e mesquinho — respondeu de forma áspera — Se quiser pode ligar para Harriott e dizer exatamente essas palavras, "Não o suporto e de forma alguma e não irei me expor ao ridículo e apresentar meus trabalhos a alguém que nem se quer sabe de modo". Passar bem.

O rosto de Naomi ficou vermelho quando notou o olhar curioso de Charles em seu generoso decote, rapidamente se levantou e desviou seus olhos para o canto.

Endireitou-se e caminhou na direção da saída, ignorando os olhares dos outros clientes e dos funcionários do restaurante ao redor.

Praticamente conseguia ouvir seus nervos se agitarem a cada passo que dava. Assim que chegou a porta da entrada, vestiu o casaco e saiu, uma arfada de vento gelado envolveu seu rosto, fazendo seu corpo todo tremer.

Ao se aproximar da beirada da calçada estendeu a mão para o Táxi parar — em vão — praguejou mentalmente.

— Vai fugir de novo? — questionou a voz rouca de Charles, fazendo-a se virar, lá estava ele parado alguns passos — Achei que meu plano de alguma forma fosse sair perfeitamente, mas vejo que foi um tiro no escuro — grunhiu — Até conheço o velho estilista Carter, mais não fomos próximos. Seu assistente me ligou alguns dias atrás e me disse sobre a conversa que vocês tiveram em Londres e confesso que quando a vi naquela noite me senti perdido, mais de algum modo conseguiu fugir — ele pausou procurando as palavras certas. Prosseguiu — Minha atitude naquela noite fora um tanto precipitada, se quiser podemos terminar essa conversa do lado de dentro ou iremos morrer de frio.

Naomi permaneceu relutante, mas logo cedeu.