– Então a ideia é a seguinte, eu pesquisei e pensei em Fernando de Noronha, o que vocês acham. – Giovana explicava sues planos para os irmãos e Marcelo e Meg que os acompanhavam.

– É um lugar lindo. – Opinou Anita. – Você já viu hotel, passagem e preço Gio. – A morena questionou disposta a ajudar na viagem dos pais, que a ruivinha queria organizar.

– Então eu pesquisei e vi uns preços numa agencia de viagem, que uma amiga lá do colégio indicou, e o orçamento é esse aqui. – Disse ela alcançando um papel à irmã.

– Cruzes! – Isso é uma viagem ou um assalto. – Anita se espantou com o preço, nem ela imaginava que passasse tanto dos limites aceitáveis.

– Ah gente, mais sejamos corretos, eles merecem. – Argumentou Giovana para convencer a todos.

– Eu concordo, acho que não custava nós fazermos um esforço. – Ben afirmou, sabendo que o pai e a madrasta mereciam e muito.

– Eu também acho, mais resta saber se vamos conseguir levantar esse dinheiro, em um tempo tão curto assim. – Anita explicou seu ponto de vista, lançando um olhar contrariado a Ben.

– Eu, o Vitor, a Clara também ajudou, até o Pedro gente, a Sofia, e juntamos isso. – Giovana falou entregando um segundo papel a Ben.

– Me deixa ver isso Ben. – Alegou Anita, pedindo o papel a Ben. – Mais isso é só a metade do dinheiro que a gente precisa. – Percebeu ela.

– Só uma pergunta quem que vai ceder o resto. – Perguntou Ben ficando confuso.

– Vocês. – Respondeu Vitor em um tom óbvio.

– A gente. – Anita os olhou com espanto.

– Ué gente, é que a gente não tem tanto dinheiro assim né. – Giovana quis se justificar.

– Ah e eu sou riquíssima gente. – Argumentou Anita insatisfeita. –Porque vocês não pedem a maior parte pro Ben, é ele que tem mãe rica aqui, não eu. – Alfinetou Anita.

– Porque você tem sempre que lançar a pior ironia na minha direção, é pra irritar ou é só porque você não tem nada melhor pra fazer. – Indagou Ben desaprovando a atitude dela.

– Nem uma coisa e nem outra meu caro. – Declarou ela. – Estou sendo realista, e depois se você não quisesse brincar, era melhor não ter entrado na brincadeira. – Afirmou a garota sem se importar.

– Isso que eu chamo de uma mulher direta. – Marcelo acabou zombando, sendo repreendido por Meg, que o olhou séria.

– Então gente, vamos concentrar no que interessa. – Anita achou melhor mudar o rumo da conversa antes que começassem as especulações dos outros. – Eu proponho que a gente faça o seguinte, em vez se rachar em dois, a outra parte do dinheiro, que nós rachemos em quarto, Marcelo e Meg, será que vocês poderiam dar uma ajuda. – Sugeriu Anita.

– Quem mandou você dizer que ela era direta. – Achou graça Meg.

– Fui zoado agora. – O garoto fingiu chateação. – Mais gente lógico, que pra ajudar a Vera e o Ronaldo, eu topo, da minha parte está tudo certo. – Disse ele. – Eu acho que eu nunca fui tão bem recebido por pessoas que nunca tinham me visto na vida, como aqui e que me trataram como se já me conhecessem. – Elogiou o garoto.

– Bom e eu também não tenho nada contra. – Proferiu a loira.

– Então fechou, agora é só avisar pra eles. – Disse Anita contente.

– Ai que bom gente. – Sorriu Giovana satisfeita por sua ideia ter dado certo.

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A casa já se encontrava vazia e todos conversavam, e pensavam em como daria trabalho para arrumar toda bagunça.

– Ai gente eu to exausta. – Confidencia Meg, se escorando a pia da cozinha.

– E também esta impagável de chinelo e vestido. – Brincou Marcelo.

– Ai que bonitinho você. – Ironizou ela. – Esse sapato da Anita que acabou com meu pé. – Ela justificou.

– Ah o sapato da Anita. – Retrucou Anita vindo da sala e se intrometendo no papo. – Ela só se esqueceu de dizer pra vocês que ela trouxe duas malas, cheias de coisas e conseguiu me fazer o feito de trazer só um pé do sapato dela, o outro ela deve ter deixado em casa, fazendo companhia sei lá, pro tapete. – Anita se divertiu com a situação.

– Pelo menos você foi só o sapato Meg, pior eu quase perdi o vestido. – Amanda disse em um tom de irritação misturado a desdém para Anita.

– Pior seria se tivesse perdido alguma parte do corpo. – Rebateu Anita não sei intimidando.

– Velho diz logo qual das duas que venceu o embate, se não elas vão acabar se matando ainda. – Marcelo sussurrou se aproximando de Bem, que pairava com pensamentos vagos enquanto observava a conversa na cozinha.

– Marcelo para. – Ben desdenhou das palavras do amigo.

– Então tá. – Marcelo balançou a cabeça não acreditando.

– Mais o que houve com você afinal Amanda. – Perguntou Vera, não compreendendo muita coisa.

– Uma louca virou um copo com suco em cima de mim, ou seria tua filha. – Amanda disse sarcástica, não conseguia acreditar que a filha da doceira teria feito tal façanha somente por acidente, talvez o motivo estivesse muito mais ligado a Ben, do que ela mesma pudesse supor.

– No caso eu, realmente sou, a rainha dos desastres, deveria até ser condecorada por isso. – Anita assumiu a culpa naturalmente. – Me desculpa mais uma vez Amanda. – Respondeu ela dissimulando.

– Eu já entendi, a Anita venceu não é. – Marcelo puxou assunto com Ben novamente enquanto prestava atenção na conversa que rolava na cozinha.

– Porque você tá me dizendo isso. – Perguntou Ben meio disperso e não entendendo onde o amigo queria chegar.

– Você olhando pra ela desse jeito talvez. – Afirmou ele, contendo um sorriso satisfeito que o amigo não iria aprovar.

– Que jeito, não tem jeito nenhum, amanhã o encanto acaba e tudo volta a ser como sempre foi Marcelo. – Disse Ben não confiando que o desfecho seria outro.

– Claro eu também acredito em papai Noel. – Ironizou Marcelo quase rindo e não acreditando nele.

– Faz muito tempo que eu deixei de acreditar em milagres. – Contrariou Ben, fitando Anita na cozinha, que se desdobrava em sorrisos brincalhões, enquanto discutia com Meg e Giovana a cerca da pilha de louça que estava na pia. Ah aquele sorriso, iluminado que parecia que só a garota, tinha o poder de faze-lo ver, sorriso este que ele achou que nunca mais veria e que talvez estivesse prestes a perder novamente.

– Se bem que realmente eu te fiz uma pergunta idiota, não é, a Anita ganhou... Ou pra ser mais direto ela sempre vai ganhar de qualquer outra. – Pronunciou ele, fazendo Ben franzir a testa desgostoso, junto a um olhar contrariado. – Se for ela na disputa nenhuma outra tem chance não é. – Marcelo afirmou, tentando de alguma forma abrir os olhos do amigo para o que estava acontecendo, que apenas continuou mudo sem responder nada.

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Anita andou pela casa, contemplando o silêncio que percorria cada canto, depois de tanta agitação durante o dia por conta da festa, agora o lugar parecia um cômodo distante de tudo aquilo, algumas coisas ainda jogadas por cima da mesa, cheiro de bagunça percorrendo cada canto, já que ninguém teve animo e forças para arrumar toda a bagunça de uma vez, nem mesmo Vera, que parecia ter perdido o pique diante da felicidade que emanava nos sorrisos que ela demostrava. Sua mente sendo perturbada por uma agonia que parecia sem fim, ela tinha um avião para pegar no dia seguinte, mas mal sabia como faria isso, já que não conseguia dormir por nada, nem mesmo depois de todo cansaço. Sentou-se ao sofá, olhando cada detalhe por todos os lados, sendo atropelada por algumas lembranças que se encontravam ali, naquelas paredes, dos pais, dos irmãos, das brigas, das confusões, das alegrias, de tudo que era tão intenso e real em seu mente. Na verdade só tinha um pensamento que jamais sairia de sua cabeça, ao contrário continuaria ecoando em sua memória e que sem dúvidas era muito maior que todos os outros. A firmação de Julia mais cedo, a voz da garota embriagava os pensamentos de Anita incessantemente. “Você se apaixonou pelo Ben de novo, você esta apaixonada por ele”... Ela não sabia o que fazer com tal afirmação.

Ela realmente não sabia que decisão tomar, e isso, era o que a estava deixando mais sem rumo, ela estava amedrontada, confusa, e tendo medo de fazer escolhas que fossem erradas, que ela se arrependesse e que principalmente lhe trouxessem mais sofrimento.

– Oi, ué tá aí ainda. – Marcelo sorriu ao vê-la, quando descia a escada ainda.

– É, eu não consegui dormir, aí voltei pra cá. – Afirmou ela, sorrindo, mas no fundo com uma enorme tristeza por atrás, daquele sorriso sereno que era totalmente ilusório.

– Tá tudo bem com você. – Disse ele se aproximando. – Achei que você fosse cair dura de tanto somo depois de toda agitação. – Previu ele, sentando a seu lado no sofá.

– Era o que eu deveria ter feito mesmo. – Sorriu ela. - Não tá Marcelo, na verdade eu só queria que alguém me dissesse que me entende e que vai ficar do meu lado, independente do que aconteça. – Disse ela desabafando ao ver que já não aguentava, a angustia que Anita sentia estava a sufocando.

– Hey, mais o que foi. – O garoto se sensibilizou ao ver o olhar agoniado dela, se encher de lágrimas sem que Anita conseguisse controlar.

– Eu juro que eu passei muito tempo da minha vida me perguntando, o que eu fiz de tão errado, pra merecer certas coisas sabe. – Falou ela, não conseguindo segurar uma lágrima.

– A gente faz essas perguntas mesmo, faz parte da vida, às vezes ela é cruel demais com a gente e nós nem sabemos o porque. – Disse Marcelo, envolvendo a garota em um abraço, sensibilizado. – Eu sei de tudo o que aconteceu, agora e antes, enfim, mais não fica assim não, eu tenho certeza de que você não merecia nada disso, com esse poucos dias que a gente ficou aqui, se falando, eu posso dizer com certeza, que em poucos momentos da minha vida eu conheci uma pessoa tão incrível quanto você. – Pronunciou ele a elogiando sincero, tentando achar uma forma de conforta-la.

– Acontecem, assim, só acontecem, eu já ouviu isso tantas vezes que, eu já nem sei. – Retrucou Anita não conseguindo se convencer, o discurso era sempre o mais óbvio de todos, mas ele nunca a convenceu. - Eu acho que eu cansei de pensar isso, ou pelo menos às vezes eu não consigo pensar assim, sem me sentir a pessoa mais tola do universo. – Declarou a garota entristecida.

– Acontece com todo mundo Anita, você pode ter certeza disso. – Marcelo quis encoraja-la. – E quanto a uma pessoa que iria gostar muito de ficar do teu lado, inclusive ele esta lá em cima agora, deitado olhando pro teto, morrendo de medo que você pegue aquele avião amanhã e vocês nunca mais se vejam. – Afirmou ele, se referindo a Ben que parecia não saber direito como encarar o desfeche que sei encontro com Anita estava prestes a ter. – Porque você não diz isso pra ele, acho que ele iria gostar muito de ouvir. – Marcelo disse, enxugando as lágrimas do rosto dela.

– Não sei Marcelo, eu to muito estranha, na verdade eu não consigo pensar nada que faça algum sentido nesse momento, eu to me sentindo mal. – Desabafou ela, sem nem mesmo raciocinar.

– É eu acho que eu estou vendo. – Falou ele concordando, a abraçando forte apenas.

– Desculpa pelo chilique, eu me descontrolei foi só isso, sei lá perdi a paciência com tudo, acontece às vezes né, eu não sou de ferro não é, mesmo que eu quisesse. – Anita argumentou um pouco mais calma, se perguntando o que aconteceu de fato para tal desabafo que parecia tão fora de hora. – Você deve estar achando que eu devo ser mesmo uma maluca, que não sabe o quer. – Anita sorriu para amenizar um pouco suas tensões.

– Relaxa, eu não estou te cobrando nada. – Ele garantiu. – Mais não fica assim não. – Marcelo quase a suplicou.

– Eu to bem. – Ela garantiu. – E a propósito você não viu isso aqui tá, não fala pra ninguém por favor, e quando eu digo ninguém eu digo também o Ben, me promete. – Anita pediu, não querendo que ninguém se preocupasse com seus dilemas.

– Tá, eu acho que eu devia falar, mais se você está pedindo, eu não falo. – Marcelo prometeu, mesmo não estando muito de acordo. – Mas, posso te dar um conselho, conversa com o Ben, Anita você pode até ter carregado o lado mais pesado disso tudo que abalou a vida de vocês, mais ele também , pra ele nada disso está totalmente superado e esquecido, eu conheço meu amigo, pôr os olhos em você de novo fez muito mal pra ele, mais ao mesmo tempo foi a melhor coisa que podia ter acontecido na vida dele. – Ele acabou aconselhando Anita, mesmo em um impulso.

– Obrigado, mesmo eu não sabendo se isso pode me ajudar. – Sorriu ela desconcertada.