– Oi posso entrar. – Anita perguntou batendo a porta do quarto de Sofia, que estava sentada na cama com o notebook na mão.

– Oi, entra. – Sofia respondeu com um sorriso surpreso.

– Eu não to te atrapalhando não, porque se eu estiver, a gente conversa em outro momento. – Indagou Anita com um certo receio.

– Não, eu não estava fazendo nada de mais. – Sofia afirmou.

– Bom, então eu vou falar. – Anita proferiu com um sorriso, sentando-se de frente para ela.

– Fala. – Sofia consentiu soltando o computador.

– Você tá sabendo da festa da mamãe, bom, claro que esta, todo mundo veio pra cá por isso. – Começou ela a se explicar.

– To sim, aliás, eu adorei que você apareceu. – Sofia aproveitou a brecha.

– É então, eu comprei um presente pra ela, quer dizer além do que a gente entregou outro dia. – Anita explicou.

– Tá, mais onde eu entro nessa história. - Questionou Sofia, sem entender muita coisa.

– Segundo a mamãe e todo mundo aqui, você tem feitos uns desenhos lindos, você podia fazer um vestido pra ela usar no dia que combinasse, que tal. – Perguntou ela com um sorriso. – Que combine com isso aqui. – Anita falou alcançando uma caixinha a ela.

– Deixa eu ver. – Sofia disse pegando a caixa e abrindo. - Anita do céu, isso aqui é joia de verdade, a mamãe vai adorar é a cara dela. – Sofia afirmou.

– É, que bom, eu tava achando que eu podia ter meio que exagerado, bom é de verdade, mais é melhor eu pensar que não é, pelo menos quando eu for me lembrar do saldo do meu cartão de credito que há essa altura deve estar menos um. – Anita respondeu rindo.

– Eu tinha até pensado em umas coisas, confesso. – Sofia proferiu com animação, alcançando uns desenhos a ela.

– Nossa Sofia, são lindos, você desenha muito. – Anita falou encantada com os desenhos da irmã.

– Obrigada, mais imagina eu tenho que fazer muito melhor que isso pra chegar onde eu quero. – Ela afirmou, alegre pelas palavras de Anita.

– Todos são lindos, sinceramente eu não consigo escolher um. – Anita falou sorridente.

– Eu acho que esse aqui vai combinar um pouco mais. – Sofia disse, separando um e mostrando a ela.

– Bom, se você tá dizendo quem sou pra contrariar. - Afirmou ele simpática.

– Tá mais como é que eu vou fazer pra produzir isso aqui tão rápido, e sem a mamãe saber obvio, porque tá na cara que ela vai pegar um vestido antigo do armário pra colocar. – Sofia respondeu rindo.

– Vai, então a gente não pode contar nada pra ela. – Anita disse sorrindo.

– Já sei eu posso pedi pro Sidney me indica alguém que ajude, já que eu tenho que trabalha pra aquele traste não é. – A loira não resistiu, em implicar com o garoto.

– Então é verdade isso, que o Sidney virou dono de grife, logo o Sidney. – Anita afirmou achando graça da situação.

– Pura verdade Anita, mais ele andou morando fora lá com o pai, e herdou um negocio pequeno do pai dele, o pai dele tem uma grife muito conhecida pelo mundo, e ó ele que não me ouça, mais ele jeito, pelo menos pra administrar o negocio. – Sofia confessou sorrindo, feliz pela conversa das duas.

– É, sei lá mais eu achei que ele iria virar poeta, era isso que ele sempre falava. – Respondeu Anita.

– Mais ele não desistiu não, ele escreve ainda pelo que eu sei, e faz faculdade de letras também, ou seja, Sidney virou o intelectual. – Explicou ela rindo.

– Ai, vontade de rever o Sidney, a gente se conhece a tanto tempo, desde que a mamãe veio morar no Grajaú, quando ela e o Ronaldo finalmente se acertaram. – Anita falou, se lembrando das boas lembranças.

– Muito, mais ele tá por ai, acho que ele tá na cara da Maura. – Comunicou Sofia.

– Quem sabe a gente não se cruza por ai. – Disse Anita. – O tempo passa não é, sei lá e como se a gente não tivesse noção de que nós duas não somos mais aquelas duas meninas, que ficaram muito assustada quando viram os pais se separarem, e depois ganharam uma família enorme, e muito maluca. – Desabafou ela melancólica.

– É, eu também às vezes não consigo acreditar nisso, essa família trouxe tanta coisa doida pra gente, não é Anita. – Sofia também confidenciou.

– É muitas, brigas, confusões, um irmão postiço que chegou depois, a gente se estapeando. – Anita afirmou rindo.

– É, e você lutou com unhas e dentes pra fica com o Ben, enfrentou todo mundo. – Ela falou com angustia. – Anita, eu sinto muito, eu queria muito que você me perdoasse pelo que eu fiz, porque às vezes eu sinto que. – Sofia desandou a falar.

– Esquece, isso não importa mais, eram outros tempos, nós tínhamos outra cabeça, e isso não tem a mínima importância hoje, eu não quero ficar remexendo no passado, jogando culpa pra todo lado, eu não vou guardar rancor, eu não quis guardar, eu acho que a gente tem que andar pra frente e não relembrar o que já foi, pra que, não adianta em nada. – Afirmou ela com uma certa emoção.

– Mais eu me sinto muito mal, quando eu penso em tudo que houve, eu juro que às vezes eu fico me perguntando, como que eu embarquei nessa, o que me deu. – Sofia falou deixando uma lágrima escapar.

– Você era uma menina, a gente tava começando a colocar o pé pra fora de casa sem a mamãe interferir, nós duas nos perdemos, eu não sei se tem algo que justifique tudo que aconteceu, mais a gente ainda é irmã Sofia, e eu acredito que mesmo apesar de tudo, nós duas nunca esquecemos disso. – Anita respondeu emocionada, não querendo que ela se culpasse.

– Claro que não, eu acho que é por isso, que eu me sinto desse jeito, você foi embora, você se afastou de todo mundo e eu sei que esse não era teu sonho Anita. – Falou Sofia.

– Eu não sei se esse era meu projeto de vida, talvez não fosse, mais eu não posso reclamar dele, e nem do que a vida me deu depois, eu aprendi que não adianta olhar pra o que já passou eu sempre caminhei pra frente depois de tudo, não que as vezes, eu não me pegue pensando em como teria sido, se eu tivesse ficado e aceitado as desculpas do Ben, na verdade eu não sei porque eu não aceitei, porque a gente não se acertou, eu acho que nós dois perdemos as forças depois de tudo, e aí nesse momento a mágoa tomou conta, enfim. – Anita desabafou.

– Me desculpa Anita, eu acho que eu vou ter que passar o resto da minha vida te pedindo desculpas. – Sofia afirmou a ela com um abraço forte.

– Não, não vai, até porque isso não combina com você, e nem comigo, não gosto de gente insistente. – Anita brincou, enxugando uma lágrima. – E também não precisa, mais agora a gente tem que produzir a surpresa pra mamãe se não, não vai dar tempo. – Ela tentou mudar o rumo da conversa.

– Tá, eu vou ajeitar tudo e depois falo com você. – Sofia respondeu se sentindo mais leve.

– Ah tem mais uma coisa, eu preciso que você me ajude a reunir todo mundo, eu quero fazer outra surpresa pra eles. – Anita pediu alegre.

– Eu te ajudo, por mais que reunir todo mundo seja complicado. – Sofia concordou rindo.

– Tá bom, é quase missão impossível, mas acho que a gente consegue. – Disse Anita, com um certo alivio.