Por Ben:

Andei durante algumas horas pensando na minha briga descompassada com a Anita, queria entender o que nos unia, naquele momento, será que era realmente só brigas e mágoas e mais nada, foi isso que aquele sentimento puro e forte que nos unia, se transformou, eu relutava em acreditar nisso, eu não queria pensar que a minha vida se resumia em um grande abismo, que não tinha fim, ao contrário só aumentava, eu caminhava para ele toda vez que eu colocava os olhos na Anita e me lembrava de tudo que ficou para trás, de tudo que deu errado, de tudo que vou pó, e tristeza para nós.

A verdade, é que eu não sabia como iria olhar na cara dela depois disso, precisava pedir desculpas, mas não sabia como e nem se quer sabia que argumentos usar, foi burrice minha ter a pressionado daquele jeito, ela tem razão eu não tenho o direito de cobrar nada dela, por mais perdido que eu estivesse lá atrás, eu errei tanto, quanto ela, fiz escolhas que me custaram muito caro, e eu tinha plena consciência disso.

– E ai Ben, você sumiu, achei que tinha ido embora. – Marcelo brincou quando o viu entrando no quarto.

– Bem que eu queria. – Ben respondeu, fechando a porta e sentando-se na cama, cabisbaixo.

– Ihhh, que foi que houve. – Ele perguntou vendo o jeito tenso do amigo.

– Nada besteira. – Ben afirmou.

– O que você fez no braço, foi atropelado por um carro. – Marcelo disse quando o viu, parecendo estar com dor.

– Nada, dei um salto de mau jeito só isso. – Ben falou, não querendo prolongar o assunto.

– Xiii, então foi sério, se você tentou se suicidar fazendo parkour, é porque foi sério, anda desembucha o que foi. – Marcelo deduziu o questionando.

– Já disse que não foi nada, caramba não implica, dá pra me deixar, por favor. – Ele afirmou perdendo a paciência.

– Tá bom, eu só estava querendo te ajudar, foi mal. – Ele justificou. – Bom, só pra você saber, amanhã eu já vou pra casa da minha mãe, não vou mais te dar trabalho. – Explicou-se ele.

– Marcelo, desculpa, eu não queria ser grosso com você, o problema é que comigo, eu to sei lá, vivendo um inferno, não vai embora não, fica mais um pouco, eu te chamei pra vir comigo não te chamei, então. – Ben argumentou tentando se defender.

– Desculpa eu sei que você não tá bem, a barra pesou, não é, em ter que voltar pra cá. – Disse Marcelo tentando compreendê-lo.

– Demais, eu não sei até quando vou aguentar isso tudo, e sinceramente eu queria mesmo ter caído de cabeça numa pedra, pra ver se eu esqueço, tudo que esta aqui dentro me atormentando. – Ben confirmou gesticulando.

– Fica calmo, uma hora tudo se acerta, vai por mim. – Respondeu ele, preocupado com o amigo.

– Impossível, eu tive uma briga feia com a Anita, a gente se encontrou por acaso e foi um desastre. – Ben acabou confessando tudo de uma vez, precisava desabafar.

– Sério! – Falou ele com espanto. – Bom pela tua cara, não teve beijo no final, e nem eu te amo, ainda, não é.- Marcelo afirmou.

– Não, jamais teria, a gente não consegue nem conversar, preciso ir embora daqui o mais rápido possível, é isso que preciso fazer. – Comunicou Ben, completamente sem chão diante de sua situação.

– Cara, você não vai gostar do que eu vou falar, mas eu preciso falar, alguém precisa abrir teu olho, ou caso contrário daqui a pouco, você voa de cabeça em um muro, numa pedra, sei lá, e a menina lá pula de uma ponte, porque ela tem cara de dramática. – Marcelo afirmou. – Isso aí tudo, é paixão encubada, sai dessa resolve, ou pra acabar de vez , ou pra vocês se acertaram, agora você com isso já deu, não é. – Marcelo completou de maneira sincera.

– Você tem cada uma, só você pra me fazer rir, não é o palhaço. – Ben falou achando graça dele.

– É, mais essa é a verdade Ben, encara, você no mínimo, tem um amor traumático por essa garota, ou você ama ela de um jeito que, na boa, é a tua perdição e você sabe disso. – Ele afirmou novamente sem se importar.

– Ham, tá o gênio, e o que eu faço então. – Ben o indagou rindo.

– Ué, sei lá, você sabe, eu vou te explicar agora como é que se conquista alguém, até porque nem seria a primeira vez, então te vira. – Marcelo falou meio impaciente.

– Você é doido mesmo, acho que tudo se resolve, mais essa hipótese não existe, pra deixar bem claro, e depois ela deve ter alguém. – Ben afirmou, sem se importar nem um pouco com a falação dele.

– Ué desde quando isso é um empecilho, relações acabam e começam a todo o momento. – Marcelo disse debochando.

– Faz um favor pra mim, vai ver se eu estou na esquina. – Ben se irritou. – Vou descer pra comer alguma coisa, porque eu estou com fome, e você tomou café, oh mala. – Ele perguntou.

– Não, eu estava aqui respondendo uns e-mails de trabalho, você não estava eu fiquei meio sem graça de me intrometer na mesa da tua família. – Marcelo se justificou.

– E a Vera deixou isso. – Ben falou achando graça da cara dele.

– Não, ela teve aqui, mais eu menti que não tava com fome. – O garoto confessou rindo.

– Só você mesmo, fala mais que nem sei o que, e nessas horas, faz a linha me escondo. – Respondeu ele irônico.

– Pode até ser, pode não parecer mais eu sei meu lugar tá legal, apesar deu ser meio espaçoso. – Resmungou Marcelo incomodado.

– Meio, não é. – Ben implicou rindo.

No salão.

Anita chegou no salão e avistou Serguei de costas, ajeitando algumas coisas em frente a uma mesa.

– Duvido você adivinhar, quem é. – Anita afirmou no ouvido dele, colocando suas mãos em seus olhos.

– Espera, essa voz, se eu não estou louco. – Serguei falou, se virando para ela.

– E ai, como vai. – Respondeu ela contente por vê-lo.

– Ai mais eu morri de saudades de você. – Serguei afirmou, com um abraço apertado em Anita.

– Eu também meu amigo. – Anita disse alegre.

– Pensei que você tivesse esquecido de mim, chegou e não veio me ver. – Serguei falou, fazendo uma cara de chateado.

– Imagina, nunca, impossível esquecer de você, eu tive uns imprevistos na chegada. – Anita explicou sorridente.

– Oi. – Flaviana disse, vindo com Meg até eles.

– Oi, tudo bem Flaviana. – Anita afirmou, com alegria quando a viu.

– Tudo ótimo. – Flaviana respondeu, com um abraço na garota.

– Você tá diva Anita, tenho quer admitir. – Flaviana falou a Anita com animação.

– Ah tá bom, muito obrigada, e você continua diva, ok. – Anita respondeu, rindo.

– Ó gente tem presente pra vocês, lá no casarão só tem que buscar. – Meg afirmou rindo.

– Até pra mim gente. – Questionou Flaviana, melancólica.

– Claro, e dá pra esquecer de você, tá tudo na mala da Meg, melhor vocês irem lá buscar. – Anita disse, com alegria.

– Certo, mais agora, vocês me contem tudo, quero saber tudo. – Flaviana afirmou com empolgação, arrancando risadas de Anita, Serguei e Meg.