Por Ben:

Nós chegamos depois de algumas horas parados no aeroporto esperando por um táxi, a espera foi tanta que resolvemos ir pela rua até acharmos algum, com toda a certeza a Meg e a Anita adoraram a situação, as duas estavam mudadas e pelo jeito não era para a melhor.

Olhar em volta, e encarar o portão do casarão depois de tanto tempo era no mínimo frustrante, tudo estava ali ainda, eu realmente não sabia quais eram meus sentimentos naquele momento, havia uma mistura de emoções dentro de mim, emoções angustiantes, pude me lembrar da ultima vez que eu sai por aquele portão para ir para os Estados Unidos, é eu não havia mais voltado ao Brasil, meu pai e a Vera foram nos visitar duas vezes, e eu falava com meus irmãos somente pela internet, naquele dia todos estavam ali desolados, esperando encarecidamente que eu desistisse, menos Anita, era não apareceu, nem se quer para se despedir, e eu quis muito que ela estivesse ali e pedisse que eu não fosse, mas meus pedidos foram inúteis, eu esperava sinceramente que esse encontro com meu passado não piorasse as coisas ainda mais para mim, Anita estava ali, e eu não podia negar que a presença dela me incomodava, ela era a pessoa que eu mais conhecia de todos ali, mas hoje acredito que não era bem assim, um abismo se abriu entre nós, e esse encontro só iria fazer ele ficar maior, isso era inerente nos olhares que nós trocamos no aeroporto, a decepção por tudo ainda estava ali, nós ainda carregávamos ela dentro de nossos corações. Era um lugar totalmente cheio de lembranças boas e confusas, de tempos que eu ainda acreditava que q vida não iria me castigar tanto, principalmente depois de tudo que o Antônio fez, mais eu estava errado, a vida se encarregou de não unir nossos caminhos, e de fazer de tanto amor, um sentimento tão frustrante, e complicado.

– Ben, é você mesmo. – Ronaldo chamou o garoto por trás, quando lhe viu de costas parado olhando para o casarão.

– Pai, eu não acredito. – Ele virou-se e abriu um sorriso enorme.

– O meu filho, você veio. – Ronaldo afirmou com um abraço.

– É vim, relutei, mas vim. – Ben respondeu tentando espantar a tensão que o rondava.

– Que bom, eu estou muito feliz por ti ver. – Ronaldo falou ao filho sorridente.

– Eu também pai. – Disse ele concordando.

– Oi gente tudo bem. – Marcelo aproximou-se com calma dos dois.

– É pai, esse aqui é o Marcelo, um amigo, eu acabei convidando ele pra vir junto. – Ben se explicou apontando para o garoto.

– Prazer, não tem problema você sabe que aqui sempre cabe mais um. – Ronaldo afirmou com simpatia.

– Muito prazer, mas eu não quero atrapalhar. – Respondeu ele estendendo a mão ao pai do amigo.

– Prazer é todo meu. – Ronaldo falou apertando a mão do garoto.

– Bom vamos entrar então. – Ronaldo disse.

– Vamos. – Ben concordou, tentando manter a calma.

– Oi gente, olha quem chegou. – Ronaldo disse alegre.

– Ben, que bom, eu tava morrendo de saudades. – Giovana falou correndo para abraça-lo.

– Caramba você cresceu hein. – Ben disse retribuindo o abraço, nesse momento ele avistou Anita sentada à mesa.

– Vocês demoraram Ben. - Vera disse vindo para cumprimenta-lo.

– É nós tivemos uns problemas com o voo. – Ben justificou fuzilando Meg, parada com os braços cruzados em frente à escada.

– E esse quem é. – Giovana perguntou com curiosidade.

– É um amigo. – Ben explicou.

– Marcelo prazer. – Respondeu o garoto sorridente.

– Prazer. – Giovana falou de volta.

– Ben e ai. – Vitor disse quando o viu.

– E ai meu irmão, tudo bem. – Ben afirmou com um abraço.

– Que bom que você apareceu sabia, você faz falta. – Vitor falou contente.

– Vem vocês, sentem eu vou fazer um lanche pra vocês. – Vera afirmou solicita.

– É ai, eu não vou negar estou com fome, nós viemos andando um bom pedaço. – Marcelo acabou deixando escapar, e Meg não pode deixar de rir, mas acabou disfarçando.

– E você filha, não vai cumprimentar o Ben. – Vera questionou a garota, que parecia não se importar com a chegada dos dois, continuava imóvel escorada com os braços sobre a mesa.

– Não, acho que não precisa não é. – Anita respondeu sem se importar.

– É, tá tudo certo Vera. – Ben afirmou tenso com a situação.

– Mais é o que. – Vera enrolou-se diante do jeito dos dois.

– É eu posso explicar, nós nos encontramos no aeroporto, foi isso. – Anita achou melhor explicar antes que o espanto de todos se espalhassem.

– Foi isso mesmo, Vera. – Ele confirmou.

– Nossa filha você não falou nada, que eles estavam vindo, que você tinha os vistos. – Vera a indagou intrigada.

– Não, eu devo ter esquecido, foi mal gente, e enfim vocês também não perguntaram, e foi uma confusão toda que sei lá. – Anita se defendeu, evitando encarar Ben.

– Claro. – Ronaldo disse.

– Então vamos lanchar agora. – Vera disse com alegria.

– Vamos então. – Concordou Ben.

A noite.

– Meg você viu meu telefone, eu não consigo achar. – Anita perguntava a garota no quarto.

– Não, mas será que você não deixou lá em baixo, você estava com ele mais cedo. – Sugeriu Meg tirando algumas coisas da mala.

– É pode ser, vou lá ver. – Anita afirmou abrindo a porta e descendo até a sala, quando ela chegou na sala deu com a figura de Ben sentando ao sofá, com o olhar distante encarando algum porta- retrato, de repente ela viu um bolo formar-se em seu estomago.

– Oi boa noite. – Anita falou com desconforto quando se aproximou dele.

– É oi. – Ben respondeu com um sorriso descompensado.

– Eu perdi meu telefone por aqui, ai que droga. – Anita dizia mexendo na instante.

– Ah bom, eu não vi. – Ele respondeu a ela.

– Que foto é essa. – Anita perguntou encarando o porta-retratos na mão dele.

– Lembra, o aniversario do Pedro. – Ben afirmou, entregando a foto a ela.

– Nossa, aquele que o Fulano devorou um dos bolos, e a mamãe ficou irada, tentando fazer outro na hora, eu lembro que ela me procurou por tudo que é lugar, pra eu ajudar e me deu uma bronca porque então me achou, depois. – Anita respondeu sorrindo, lembrando-se da situação.

– É, ela não te achou por que. – Ele hesitou. – Porque, enfim. – Ben achou melhor deixar quieto.

– Porque a gente tinha aproveitado e saído pra namorar escondido, no meio da agitação da festa. – Anita falou, com uma certa tristeza.

– É, foi, parece que não faz tanto tempo assim, sei lá. – Ben desabafou.

– Pois é. – Ela encarou-o por um momento. – Bom, eu vou procurar meu telefone. – Anita disse soltando o porta- retrato, sobre a mesa.

– Aqui, é esse. – Ben indagou quando achou um celular embaixo de uma almofada sobre o sofá.

– É, é sim. – Anita respondeu sorrindo.

– Toma. – Ele falou a alcançando.

– Obrigada. – Anita respondeu com a voz embaralhada a ele, quando sentiu a calor de suas mãos se misturarem.

– Imagina, não tem de que. – Respondeu ele, incomodado com a proximidade dos dois, encarando o toque da mão dela sobre a sua.

– Bom eu. – Anita viu uma confusão se formar dentro de si mesma.

– Você o que. – Ben a questionou olhando fixamente para ela.

– Eu vou. – Ela fez uma pausa quando o telefone tocou, sendo segurado pelos dois. – Eu vou atender, boa noite. – Anita proferiu pegando o celular, Ben acabou soltando o celular e a mão dela.

– Claro, boa noite. – Ben consentiu com uma certa frustração.

– Boa noite. – Anita respondeu se afastando, ele apenas a observou. – Oi Gustavo, é eu sei que fiquei de te ligar, mas aconteceu tanta coisa, enfim. – Anita falava com o garoto ao telefone, enquanto, subia as escadas até o quarto, Ben sentou no sofá novamente, e desejou desesperadamente saber quem era o tal de Gustavo.